A Maldição de Pandora escrita por Ana


Capítulo 1
Ataque inesperado


Notas iniciais do capítulo

Olá habitantes desse grande mundo chamado Nyah!
Gostaria de deixar um pequeno aviso: sempre que o capítulo estiver editado, terá um novo título ( ao invés de "capítulo 1, 2, 3..." Será, por exemplo, "Ataque inesperado").

Espero que gostem ♥



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Dianne Green

— Venha Sue, não quero perder o ônibus!

Eu puxava minha irmã de 8 anos para entrar no ônibus. Nós éramos as últimas, e Sue travou no terceiro degrau. Ela não gostava de viagens, principalmente em veículos terrestres. Vi que o motorista estava perdendo a pouca paciência que lhe restava para uma pessoa que tem que trabalhar ás 6:30 da manhã.

— Quer saber, desisto.

Eu a peguei no colo e fui até nossa mãe, no banco 19/20/21 do Expresso Bus, que saia de Nova York, passava em Long Island - onde nós moramos - e vai para Boston. Todo ano vamos, nas férias de verão, para Avalon at Newton Highlands, um prédio onde temos um apartamento.

Me encostei na cadeira de veludo vermelho, com os olhos quase fechados. Estava caindo de sono. Consegui sonhar, mas logo acordei. Olhei o relógio do celular e já eram 7:40. Ainda bem que dormindo o tempo passa mais rápido. Guardei o celular depois de ver que não existia rede para onde nós estávamos.

De manhã, antes de sair de casa, eram ainda 05:30. Terminava de arrumar as malas e minha fiel mochila de não sei quanto tempo, quando minha mãe, Audrey, falava que já estávamos atrasadas para ir para a rodoviária. Essas viagens de ônibus são muito cansativas, e eu, particularmente, prefiro avião. É mais rápido, não tenho enjoou e posso ver as pessoas como se fossem meras formigas. Melhor coisa.

Quando notei, estava com a testa colada no vidro da janela. Chuviscava, com nuvens fechando o céu.

— Anne! Anne! – Sue puxava freneticamente a barra da minha blusa.

Descolei meu rosto da janela, ainda meio sonolenta, e a olhei. Sue, tão pequenina, conseguia me deixar extremamente feliz. Olhos grandes e azuis piscina, cabelo ruivo quase semelhante á fogo e sardas - além das bochechas rosadas - fazia qualquer pessoa derreter. Era difícil ficar irritada com ela por tanto tempo assim. Afinal, ela é uma criança, e pouco se importa com os problemas e irritações alheias.

— Diga, Sue. - a peguei no colo.

— Preciso ir ao banheiro. – sussurrou ela em meu ouvido.

— Eu te levei antes de sair de casa, Sue. Como pode já querer ir ao banheiro?

Ela deu de ombros. Sue é de poucas palavras. Na verdade, ela fala muito pouco, e prefere sussurrar em nossos ouvidos. Ela é um pouco tímida. 

Minha mãe me olhou e disse com calma:

— Ela bebeu um copo enorme de suco de uva no café hoje de manhã.

—Entendo - tirei o cinto e a coloquei no chão - Vamos, eu te acompanho.

Levei Sue até o final do corredor, onde fica o banheiro do ônibus. Abri a porta de metal e ela entrou, fechando a porta com rapidez.

— Quer que eu fique aqui fora? – falei.

— Não precisa - disse ela baixo - Eu já vou para lá.

Concordei e voltei a me sentar com minha mãe. Ela me olhou e sorriu. Eu sempre gostei de ser comparada com ela. Seus cabelos ruivos e olhos azuis claros, além de uma pele branca como papel, eram as principais características que tínhamos em comum, além da explosão de sardas em nossas faces. Para falar a verdade, acho que não herdei nada do meu pai fisicamente. Pareço uma cópia da minha mãe.

Passei as mãos em meus cabelos curtos e pensei em meu pai, e em como seria bom se ele nos acompanhasse nessas viagens loucas. Dizer que não sinto sua falta seria mentira, e que não penso nele também. Ele se foi quando eu era muito pequena, e parece não ter percebido que deixar a família para trás é algo que pode afetar todos á sua volta.

— Seu pai gostava de viajar de avião, assim como você. – ela pareceu ler meus pensamentos.

Minha mãe sofreu com sua partida. Mas ela pareceu compreender, e falava dele com carinho para nós. Eu achava isso tão estranho que nem tocava no assunto. Achava melhor deixar pára lá viver normalmente.

— Estranho ele ter sumido do nada. – falei, me acomodando na poltrona.

— Filha, não diga como se ele tivesse largado você e Sue. Ele tinha outras obrigações. Você só tinha 8 anos, e sua irmã tinha acabado de nascer. Não tinha jeito de ele ficar.

— Mas isso não faz sentido.  - Virei para ela - O nascimento de Sue era um bom motivo para ele ficar

Não pude concluir meus pensamentos. Sue chegou e se sentou na poltrona do meio. Minha mãe me lançou um olhar de depois a gente conversa. Eu assenti.

Algo pareceu chamar a atenção de Sue do lado de fora do ônibus, e ela se senta em meu colo, ficando com as mãos e o rosto colados no vidro.

— Olha! - ela tirou a mão direita e apontou para algo que se formava ao longe do vale de pinheiros. – um morceguinho!

Ampliei o olhar. Com certeza aquela coisa gigantesca não era um morceguinho. Com o tempo fechado, a chuva ficando mais forte e a névoa dançando entre os pinheiros, me impressionou o fato de Sue enxergar tão longe. Apertei os olhos e vi aquela coisa dar a volta em uma das árvores mais altas e se aproximar. Meu coração acelerou. Vinha em nossa direção.

— Abaixa! – escutei o barulho do vidro se estilhaçando e os cacos caindo em minhas costas, nos braços que coloquei na cabeça e nos meus joelhos.

Abri os olhos, o coração pulsando na minha nuca. Vi o sangue escorrer de buraquinhos em minha pele, mas não "sentia" nada. A adrenalina estava fazendo uma maratona de corrida em minhas veias.

Olhei para o lado, e Sue chorava nos braços de minha mãe. Elas estavam com alguns cortes, mas não estavam sangrando tanto. Tirei um pequeno caco de vidro enquanto me levantava. 

— Que diabos foi aquilo?

Talvez eu tenha dito aquilo só para mim, já que minha mãe tirava as malas - vulgo duas mochilas grandes e uma pequena mochila de princesa - do porta-malas e dizia coisas para Sue. Talvez instruções. Minha irmã poderia não falar muito, mas era bem esperta. Sabia escutar muito bem tudo que minha mãe falava que ela deveria fazer.

— Mãe, me dê as mochilas e saia logo, vejo vocês lá fora.

Ela assentiu e correu segurando Sue pela mão, passando pelo caos que se formara na saída do ônibus. Joguei nossas mochilas pela janela no lado oposto em que estávamos e corri para fora, empurrando as pessoas e vendo uma briga com o motorista. Ouvi até a palavra polícia.

Minha mãe me apressou com as mochilas, agora cada uma carregando a sua, e comecei a segui-la para um lugar que eu nem sei se ela sabia para onde estava nos levando.

Escutei uma voz áspera e sombria gritando ao fundo. Parecia um sussurro arrastado, fazendo arrepiar a espinha.

— Semideusas, o pai de vocês não poderá protegê-las por muito tempo!

                                                  ***

— Onde estamos indo, mãe? – minha mãe parecia não ouvir minhas perguntas. 

—Ainda estamos em Long Island; não chegamos nem a sair daqui. – ela pareceu pensar, e uma onda de tristeza ficou visível em seu rosto - Não achei que já teria que deixar vocês irem. – sussurrou ela.

Eu percebi que ela não respondeu á minha pergunta, mas sua melancolia me atingiu.

— Você não vai. Porque diz isso? – falei, preocupada. Não dimínuíamos o passo, fazendo minhas pernas arderem. Eu estava ensopada, não muito diferente de Sue e minha mãe, e podia ver os cortes mais claramente agora. 

A voz voltou a ecoar ao fundo novamente.

— Temos pouco tempo. A fúria pode nos alcançar e...

— Mãe, como você sabe o nome daquela criatura?

Eu a ouvir soltar um palavrão. Não me lembro muito bem das aulas de história, mas recordo-me de uma imagem no livro da biblioteca que estava estudando para as provas finais. Se eu estiver certa de minhas memórias, não me parece que essa Fúria vai querer amizade conosco.

Meu cérebro pareceu derreter. Porque eu acreditaria em uma figura do livro de história mitológica biblioteca?

— Olhe, Dianne. Eu quero que acredite em mim e que me escute bem.

Ok, agora eu estou com medo de minha mãe. Ela parou no topo de uma colina. Eu estava ao seu lado e não tinha percebido que já tínhamos subido tanto.

— Ficar aqui é perigoso para você e para sua irmã. Eu quero que vocês fiquem no acampamento que seu pai me pediu para que voês fossem. É mais seguro. 

—Acampamento? A senhora está, com todo o respeito, louca. Mãe, isso não tem cabimento.

— Sim. É o único lugar seguro para vocês duas. Vocês devem ir, eu não passo daqui. - respondeu minha mãe. 

— Não vou te deixar aqui. Eu não vou... Você não pode me obrigar a fazer isso. – falei.

A Fúria deu sinal de sua existência sussurrando por todos os cantos que estavam perto da colina.

— Vocês têm que ir - Sue agarrou minha mãe, que se abaixou e a abraçou forte. Meu coração estava acelerado, eu não posso acreditar que ela vai me obrigar á deixá-la.

Ela coloca Sue no chão e me abraça forte.

— Eu te amo - sussurro em seu ouvido.

— Eu também, minha florzinha.

Nos separamos e ela pegou minha mão, a abriu e colocou seu colar favorito, presente do meu pai para ela no dia dos namorados. Ela carregava aquilo por todos os lugares.

— Mãe, eu não posso.

— Você deve, Dianne. - ela fecha minha mão e a aperta - pense em alguma arma, um escudo ou algo para a defesa. Mas só funciona se você já tiver visto ou tocado. - a Fúria grita ainda mais alto e perto do que ante. - Corra até chegar ao acampamento e me liga assim que possível. Procure Quíron e diga que foi Audrey que mandou vocês.

Meu coração apertou e uma lágrima quis cair, mas não desceu. Não vou chorar. Vou fazer o que ela manda.

A abracei de novo e ela abraçou Sue. Dissemos mais um eu te amo e descemos correndo a colina. A última imagem da minha mãe foi ela abanando e voltando correndo para a estrada.

                                                 ***

Na frente, um enorme local se projetava. Entrei no acampamento - se é que tinha uma entrada - e vi pessoas com camisetas laranja, armadas com espadas e arco e flechas. Umas lutavam, outras assistiam, e algumas só passavam com mais armas. Andava devagar segurando a mão de Sue. Agora éramos só nós duas por enquanto. Minha cabeça ia explodir se alguém não me explicasse o que estava acontecendo.

Até que eu ouvi um grito e alguém se aproximando. Era um garoto sujo de graxa e óleo. Parece um mecânico ou pelo menos o ajudante.Enquanto me olhava, guardava um lenço sujo no bolso e arrumava os cabelos para trás, sem sucesso.

— Eai? Tudo bem? - olhei bem para a cara dele e ergui uma sobrancelha. Estou sangrando em alguns pontos e ensopada por causa da chuva.

—Não, eu não estou bem. Física e psicologicamente falando.

— Bem... Verdade, desculpe. - tirei um caco pequenino de vidro do meu braço e joguei no chão. - Sou Leo Valdez, filho de Hefesto e morador do Acampamento Meio- Sangue.

Um nome meio formal para um acampamento, mas ok. E ele é filho de quem?

— Dianne Green. - estendo a mão e ele aperta e balança -  Essa é Sue. – Sue olhou para Leo e abanou alegremente.

— Você quer alguma ajuda específica? Eu posso mostrar o lugar.

— Quero falar com Quíron, se possível.

— Ah, ok. Sem passeio. Magoou - eu estou tão imersa em outro mundo que nem percebi o que ele disse.

Sorri e disse um desculpe, fica para uma próxima, ok?

Acho que ele ficou feliz, mas o garoto está agitado desde a hora que nos vimos.

Mesmo não querendo visitar o acampamento no momento, Leo ia explicando o básico sobre o lugar. Para um acampamento, aquilo abrigava bastante coisa. Leo disse que era principalmente de verão, mas que alguns campistas, assim como ele, ficavam o ano todo. 

— Hey! Olhe, acho que isso é de um de vocês.

Nós 3 nos viramos e nos deparamos com um garoto segurando meu colar. Peguei nos meus bolsos e realmente não tinha nada, nem o troco do dinheiro da passagem de hoje mais cedo.

— Meu colar – disse - Eu não notei que havia caído. Obrigada.

O garoto loiro me entregou e sorriu.

— Quem é ela, Leo?

— Dianne - dissemos nós dois em uníssono.

— Bem, prazer. Sou Jason.

Jason parecia ser amigo de Leo. Com os olhos azuis intensos, olhava para mim, Leo e Sue, procurando saber um pouco sobre o porque de mim e Sue aparecermos. Ele franze o cenho, mas não deixa de sorrir.

— Estranho, não temos muitos semideuses nessa época do ano.

— Não incomodem as nossas campitas, meninos - era a voz de um homem mais velho. Me virei e eu realmente não consegui destinguir se aquilo era real.

— Meu santo Deus - espero que eu tenha sussurrado isso.

Ninguém percebeu. Ok, eu sussurrei isso.

— Jason, Leo, eu fico com ela agora.

Leo apareceu atrás de mim.

— Esse aí é Quíron  - disse ele baixinho.

— Obrigada - sussurrei no mesmo tom, sem tirar os olhos do homem. Quer dizer, quase homem.

Ele é metade cavalo. Eu estou muito confusa. Principalmente em saber que minha mãe o conhece.

— Qual seu nome? - ele estendeu a mão.

— Dianne - apertei sua mão, quase tendo que esticar o braço. - E essa é Sue.

Diferente de mim, Sue está completamente encantada.

— Prazer Sue - diz ele, e ela sorri em resposta.

— Vou levá-las primeiro á enfermaria, então conversamos - concordo com a cabeça e nos dirigimos ao local.

Quíron parece perceber que eu preciso proscessar tudo isso, então me deixa em silêncio.

Tenho que agradecê-lo por isso depois.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Deixem nos comentários, perguntas, críticas, dizer se gostaram ou não. Vou adorar responder ♥ Bjs e até a próxima.



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