Era dia dos namorados. Eu tinha 14 anos. Era normal, todas as garotas ir nos armários dos garotos que gostavam e colocar uma cartinha dentro. Resolvi fazer o mesmo. Lá estava eu indo em direção ao armário dele. Eu tinha que ser rápida. Na cartinha estava escrito.

Bem, não sei como escrever isso, mas... de um jeito ou de outro eu tenho que escrever. Eu gosto de você Oliver. Feliz dia dos namorados.

Assinado: Garota que no ano que vem terá cabelos rosa.

Mas, no próximo ano, ele não pode me ver de cabelo rosa.

-Mãe! Me deixa ficar aqui só por mais um ano!-

-Filha não dá. Onde eu trabalho fica a 200 quilômetros daqui. Eu não posso simplesmente ir trabalhar e te deixar sozinha!-

-M-mas mãe...-

-Desculpa filha. Vamos, entre no carro.- Eu tive que ir. Era só fingir que aquela escola não existia. Que minhas amigas não existiam... que o Oliver não existia...

Todos esses 3 anos. Eu chorava. Todo ano que passava. Eu não conseguia esquecer eles. Todo ano novo que eu via se passar... eu não era feliz. Por que não consigo esquecer ele!? Ele é só um garoto... mas... por quê?

Faz três anos que estou na mesma escola. Depois de 2 meses eu sempre pintava as pontas do meu cabelo de rosa. Vai que, a 200 quilômetros de lá, ele venha aqui, e me reconheça. Mas aposto que ele já esqueceu.

Mais um dia de aula. A cada vez que vou pra escola, penso: ''É só um dia. Seis horas de aula. Nada de mais.''

-Filha. Alexya acorda.-

-Já estou acordada.- Virei minha cabeça para o lado onde minha mãe me chamara.

-Vai tomar um banho, se arruma. E desce pra tomar café da manhã.-

-Tá. Já vou.-

Eu aproveito o barulho da água, e começo a chorar, sei que isso já está enjoando. Mas... esse é o meu defeito.

Terminei. Agora vou descer, e fazer o que tenho que fazer.

-Filha. Seu leite com chocolate tá no microondas.- Ela apontou para o microondas.- E tem torrada no armário.-

-Tá.- Peguei meu leite com chocolate e comi duas torradas.

Fui pra escola como se fosse um dia normal, voltei pra casa. E tudo foi bem.