Boneca Humana escrita por SweetAmmy


Capítulo 13
Capítulo 12 — Ela conseguiu. De novo!


Notas iniciais do capítulo

→ Para quem odeia a Debrah, vai odiar mais ainda depois desse capítulo. Para quem não odeia, aqui vai um pequeno incentivo kkkkk
→ Estamos na reta final! Logo, logo postarei a segunda temporada de Boneca Humana.
→ "Você é muito melhor do que isso, Kaplan" - guardem essa frase. Pode não parecer nada por enquanto, mas no final do capítulo irá fazer diferença. Será? hihihi



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O QUÊ? — Do centro de Bridgeport provavelmente se ouvia minha voz, de tão alta que foi. — Não! Você não pode estar falando sério!

— Sinto muito, Kaplan. Não tem outro jeito. — Philippe disse. Ele tentava parecer firme em sua decisão, mas a verdade é que estava abatido também.

Philippe havia acabado de me contar que teríamos que mudar de cidade. De novo! Eu não deveria estar tão surpresa, afinal, eu me mudei várias vezes nos últimos quarto anos. Mas o motivo dessa vez era diferente.

— Por que? — Perguntei. — Por que vamos ter que voltar para os Estados Unidos?

— Você ainda é uma adolescente. Não tem idade para entender essas coisas. — Ele respondeu. Eu detestava quando ele me tratava como criança e não me contava as coisas.

— Tenho 38 anos de vida, pai. — Respondi. — Tente!

Philippe pensou muito, e então suspirou, pedindo para que eu me sentasse. Seria uma longa história.

— Lembra-se de Debrah Blocch? — Ele perguntou.

— É. Infelizmente eu me lembro sim. — Falei. Ah! Como esquecer dessa piranha que botou a escola inteira contra mim? Acho que a confusão com as gravações na escola ficaria gravada em minha mente mecânica para sempre.

— Ela ligou para os meus superiores da Golden Voice e disse que eu a havia demitido.

— Ela não contou a história toda? Que mentiu, trapaceou e armou para sua filha quando na verdade a vadia era ela? — Perguntei.

— É por isso que eu não conto nada a você, Kaplan. — Philippe disse. — Você nunca me deixa terminar uma frase.

— Desculpe… — Falei, um pouco constrangida. Decidi me calar e deixá-lo contar a história por completo.

Philippe pigarreou e continuou:

— Não, ela não contou a história toda. Dois dias atrás, Richie Barnes e outros associados ligaram para mim, furiosos, querendo uma explicação. Então eu contei tudo o que aconteceu. E você acha que adiantou alguma coisa? Que nada! Eles disseram que uma briga entre adolescentes não era motivo para eu expulsar Debrah Blocch da gravadora. Eles disseram que minha atitude foi impensável e totalmente irresponsável. Até ameaçaram tirar a Foxy Records da associação!

— Pimenta nos olhos dos outros é refresco! Eu queria ver se acontecesse o mesmo com a filha de qualquer um deles! — Falei, zangada.

— Não estou aqui para julgá-los, mas, parando para pensar, eu concordo com eles. Debrah fez uma coisa muito errada, mas minha atitude também não foi das mais corretas. — Philippe disse. Não! Ele estava dando razão para Debrah e os associados? — Acho que demiti-la foi exagero da minha parte e eu realmente não pensei nas consequências.

— E o que tudo isso tem a ver com o fato de nos mudarmos de novo para os Estados Unidos?

— Bom… Para que eu não saísse da associação, fizemos um acordo. Debrah está terminando as gravações de seu CD solo em uma gravadora americana. Mas, para divulgá-lo, ela irá fazer uma turnê daqui a três semanss e eu concordei em ser o empresário dela e acompanhá-la durante o trajeto.

— Três semanas??? — Arregalei os olhos. — Eu só tenho mais três semanas aqui na França?

— Kaplan, eu sinto muito, mas não posso discutir com meus superiores. Se eu sair da associação, minha imagem irá ficar manchada por muito tempo! Corremos o risco de falir!

— Tudo bem, não estou dizendo pra discordar deles. — Falei, enrolando uma mecha da peruca em meus dedos. — Só fiquei um pouco chocada.

— Você tem o direito de estar assim. — Philippe disse. — Acredite, eu também não fiquei satisfeito.

— Mas… Será uma turnê breve, não será? — Perguntei. A turnê de Os Engravatados seria em agosto e seria péssimo se a turnê de Debrah interferisse.

— Irá durar até novembro. — Ele respondeu. — Antes que pergunte, eu falei sobre a turnê de Os Engravatados e Richie Barnes disse que eu teria que adiá-la para dezembro, quando a turnê de Debrah acabaria.

— Você está de brincadeira comigo! Eu não vou acompanhar Debrah a turnê inteira! E você havia dito que eu ficaria na França até concluir o ensino médio! — Falei, me levantando. — Ligue pra Agatha, peça para ela vir mais cedo!

— Ela já está fazendo o favor de vir para cá em agosto. Não posso exigir mais isso dela. — Philippe respondeu, levantando-se também. — E ela tem coisas para fazer nos Estados Unidos.

— Coisas? Que coisas? Ela trabalha em uma confeitaria!

Agatha era formada em engenharia mecatrônica, mas não exercia a profissão. Trabalhava em uma confeitaria como designer de bolos. Motivos? Não faço ideia! Mas sempre achei isso muito estranho. Agatha era habilidosa demais com a tecnologia para escolher outro emprego. Quero dizer, ela conseguiu construiu uma boneca-robô realística idêntica a um ser humano de verdade! É claro que arranjaria emprego em qualquer lugar e ganharia um dinheirão!

— É o emprego dela e nós não podemos tirá-la de lá. — Ele disse. — Tenha bom senso, Kaplan!

— Eu tenho bom senso! — Falei. — E é exatamente por isso que eu não quero passar seis meses com uma pessoa que me odeia e já me chamou de “putinha escandalosa”!

— Não é questão de querer. Acha que eu queria ser o empresário dessa garota? Se a maioria das minhas decisões fossem tomadas com base no que eu quero, eu já não estaria mais nesse emprego. — Philippe suspirou. — Sua mãe vai amanhã em Sweet Amoris pedir sua transferência. Se tudo der certo, você não precisará ficar com Debrah o tempo todo. Você irá ficar na casa da sua tia Agatha e poderá voltar para sua antiga escola.

— Pelo menos um ponto positivo! — Resmunguei.

— Não pense assim. Você está acostumada a se mudar, não vai ser tão diferente dessa vez. — Ele sorriu para me animar.

E era verdade. Mas eu nunca tive que me mudar contra a vontade do meu pai. E muito menos contra a minha vontade!?


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No dia seguinte, fui com minha mãe a Sweet Amoris assinar os documentos de transferência. Mas eu não quis assistir a nenhuma aula. De que adiantaria, se em três semanas eu estaria em uma escola diferente?

Durante o intervalo, eu via alguns amigos no corredor, mas preferia não encará-los e não conversar com eles. Me mantive o tempo todo na salinha que separava o Grêmio Estudantil da diretoria.

— Kaplan? — Ouvi uma voz atrás de mim e senti uma mão em meu ombro. Era Nathaniel, que acabara de entrar na salinha. Ele sempre gostava de passar no Grêmio Estudantil no intervalo para checar tudo. — Você vai sair de Sweet Amoris?

Eu queria ao máximo evitar falar sobre isso com meus colegas. Especialmente com Nathaniel, que era um de meus amigos mais próximos.

— Vou. — Respondi. — Vou voltar para os Estados Unidos daqui a três semanas porque meu pai é o novo empresário da Debrah em sua turnê.

— E não vai assistir às aulas até lá?

Ao invés de dizer “Nossa, que pena!”, “Que horrível a Debrah fazer isso com você!”, ou no mínimo um “Vamos sentir sua falta, Kaplan!”, a única coisa que ele pensava era se eu estava estudando até ir embora? Nunca pensei que diria isso, mas: Puta que pariu, que CDF insensível!

Mas, como provavelmente seria meu último dia na escola, tentei não criar confusão. Então apenas balancei a cabeça negativamente.

— Acho que não. — Falei. — E tenho meus motivos pra isso.

— Bom… Vou sentir sua falta. — Nathaniel falou.

— Eu também vou sentir a sua, Nath. — Falei, abraçando-o e desejando que aquele abraço nunca acabasse. O abraço dele era reconfortante, sempre fazia eu me sentir melhor.

— Filha? — Lucia havia acabado de sair da diretoria. — Já acabei sua transferência. Quer ir comigo ou prefere ficar mais um pouco?

— Eu vou com você. — Falei, me soltando do abraço. — Até qualquer dia, Nathaniel!

E então, eu e minha mãe saímos de Sweet Amoris.

Passei o resto da manhã e o início da tarde em casa. Até que decidi dar uma volta. Passar pela praia de Bridgeport, talvez. Aquele era um lugar calmo e, normalmente, poucas pessoas iam lá. Eu teria um final de tarde tranquilo.

Ao chegar à praia, percebi que haviam poucas pessoas e eu não conhecia nenhuma delas. Sentei-me em uma mesa e fiquei a observar a cidade. Dava para ver o centro de Bridgeport inteiro da pequena praia. Eu iria sentir falta daquela cidade.

De repente, quando olho para a água, me deparo com uma figura conhecida saindo dela e vindo em direção à mim. Era Castiel, que usava uma bermuda vermelha e preta, exibindo seu abdome definido.

— Você vem à praia? — Perguntei a ele.

— De vez em quando. — Castiel respondeu, sentando-se ao meu lado. — Por que não está de biquíni?

— Eu não nado. — Respondi. Meu mecanismo interno podia ser perfeito, exceto por uma coisa: Ele era facilmente danificado pela água, então eu não podia nadar. Mesmo usando a pele falsa, ainda corria o risco de água entrar e dar curto-circuito em tudo. — Não faz sentido eu colocar um biquíni.

— Sei… — Ele disse. Estava na cara que Castiel queria dizer alguma coisa e não sabia como. — Soube que vai voltar pra América por causa da Debrah.

— Já estão comentando em Sweet Amoris? — Perguntei.

— Peggy disse que ouviu sua conversa com Nathaniel no intervalo. Disse também que você não vai mais assistir às aulas.

— De que adianta? Em três semanas não estarei mais aqui! — Falei. Depois de um breve silêncio, Castiel disse:

— É… Vai ser duro pra você ficar longe de mim!

— Cale a boca! — Dei um soquinho no braço dele. — Não se ache tanto. Eu me mudo o tempo todo, não perco meu tempo me apegando às pessoas sabendo que posso nunca mais vê-las.

— Tem certeza? Você pode chorar, se quiser. Não precisa ser tão forte o tempo todo.

Nem se eu quisesse eu poderia chorar. Não fui programada para isso. Eu não tinha lágrimas em meus olhos de vidro.

Então, apenas me levantei e suspirei, caminhando em volta.

— Quem eu quero enganar? Sim, eu estou triste por ter que me mudar. E tudo isso por culpa da vaca da Debrah! Ela conseguiu de novo! Eu contei com a vitória antes da hora sem saber que ela tinha mais uma carta na manga. Onde eu estava com a cabeça quando decidi competir contra ela? Debrah é uma rival bem mais perversa do que eu pensei e agora até meu pai está sofrendo as consequências!

Castiel se levantou, mantendo silêncio por algum tempo. Como se estivesse escolhendo as palavras certas para uma resposta. De repente, ele se aproximou de mim e segurou meu queixo, erguendo meu rosto para que pudesse olhar em meus olhos.

Ele esboçou um meio-sorriso sem mostrar os dentes e disse:

— Vai ficar tudo bem. Não gaste suas lamentações com alguém como a Debrah. Você é muito melhor do que isso, Kaplan.

Castiel me soltou e foi se distanciando aos poucos, cada vez para mais longe da praia, até que cruzou o meio-fio e sumiu do meu campo de vista. O sol já se escondia e sua luz me lembrava meus amigos franceses. Amigos que eu não veria com tanta frequência a partir daquele dia. Senti uma gota cair em meu braço - estava começando a chover. Antes que a chuva chegasse a um ponto que me prejudicaria, saí correndo de volta para casa.

Mais à noite, antes de me recarregar, as palavras de Castiel voltavam à minha mente.

"Você é muito melhor do que isso, Kaplan", ele dissera. E quer saber? Ele tinha razão. Eu era boa demais pra ficar me lamentando por causa disso. Se eu teria que deixar meus amigos, queria ter as melhores lembranças de momentos que eu passei com eles. Então eu não iria ficar depressiva nos meus últimos dias ou fazendo os outros ficarem com pena de mim (não porque vou me mudar, mas porque irei passar os próximos meses perto da Debrah); ao contrário, iria aproveitar cada minuto em Bridgeport para guardar só o melhor dessa cidade incrível.

Decidia a fazer dos próximos dias os melhores possíveis, me deitei e me conectei à tomada ao lado de minha cama. E foi aí que notei algo que devia ter percebido antes.

"Você é muito melhor do que isso, Kaplan".

"Você é muito melhor do que isso, KAPLAN”.

Ele havia me chamado de Kaplan... E não de Foxy. Aquela havia sido a primeira vez que Castiel me chamou pelo meu nome.

Isso significava alguma coisa?


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