A Chance escrita por Pauliny Nunes


Capítulo 8
Capítulo 8




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Helena colocava as roupas dentro da última pégase Louis Vuitton de Beatriz que verifica dentro do closet se falta algo para levar, quando Miranda entra no quarto, irritada:

— Estou há séculos esperando alguém abrir a porta para mim. - Miranda com as mãos na cintura. Então olha para Helena e pergunta — Que malas são essas? O que está acontecendo aqui, podem me dizer?

— Boa noite para a senhora também, mamãe – cumprimenta Beatriz saindo do closet — Como a senhora pode ver, estou arrumando minhas malas, pois tirarei umas férias.

— Férias? Em meio a uma crise, você decide tirar férias? – pergunta a mãe de Beatriz com os braços cruzados, incrédula — E para onde está indo?

— Cairo. Quer dizer primeiro irei a Cambridge e depois ao Cairo – responde Beatriz sentando em sua penteadeira.

— Cairo? – pergunta Miranda, surpresa, olhando para a filha pelo espelho — Você está brincando, não é?

— Não  – responde Beatriz, com um sorriso provocador no rosto, enquanto escolhe as joias que levará —Ficarei fora por duas longas e maravilhosas semanas.

Miranda se aproxima de Helena que continua arrumando a mala. A mãe de Bia coloca a mão na mala, sorri para Helena pedindo:

—Leninha, nos deixe a sós, por favor?

— Como quiser senhora – responde a empregada deixando a mala e indo para a porta.

— Leninha, fique – ordena Beatriz. Ela então se vira para a mãe — Você não manda em  meus funcionários.

—Eu cedi a Leninha para você, lembra? – retruca Miranda – Não conseguia encontrar uma boa empregada e eu cedi a minha para você. Então, não me venha com essa de sua funcionária.

— E quem paga sou eu – responde Bia de pé ficando atrás de Helena — E ela não é só uma funcionária, pelo menos para mim. Leninha fique.

— Tá tudo bem Dona Beatriz, eu tenho de ir lá fora mesmo pedir para o Antônio vir buscar as malas prontas. Licença – diz a empregada saindo do quarto.

— O que quer, mamãe? – pergunta Bia irritada.

— O que eu quero? – repete Miranda com uma das mãos no peito — Não sei, que tal você começar me contando que história é essa de ir para o Cairo? Achei que tínhamos decidido que pensaria a respeito da separação.

— E estou pensando,mas prefiro pensar longe de todo esse drama que tem sido a minha vida – responde Beatriz, colocando as joias em seu porta acessório.

— Mas tem de ser no Cairo? – questiona Miranda sentando na cama – Não pode ser aqui no país ou em um lugar mais civilizado?

— O Cairo é um lugar muito civilizado, mamãe. E se eu quiser, posso ir até mesmo à Faixa de Gaza – responde Beatriz voltando a sentar na penteadeira — E serão apenas duas semanas. Ninguém morrerá por isso e qualquer coisa a Mari já está de prontidão para qualquer eventualidade.

— Eu sei, mas achei que tínhamos entrado em acordo com acabar logo  isso, o quanto antes. Até reuni o conselho para que o Hugo fosse desligado da empresa.

— Foi à senhora quem reuniu o conselho? – pergunta Beatriz encarando a mãe pelo espelho, surpresa — Por que fez isso? Como pôde?

— Claro, a Mari foi bem clara. Ele está com a imagem manchada, não pode mais nos representar. Nós concordamos que seria mais fácil desligá-lo. Então, me antecipei e fiz o que tinha de ser feito. Não precisa me agradecer.

— Como ousa a se intrometer assim?  – questiona Beatriz virando em direção à sua mãe — Por que se intrometeu em um assunto que não é da sua conta? Por que faz isso sempre? E que “nós” é esse? Eu estava na mesma conversa que você e não foi dito nada disso. Esse seu “nós” tá mais para “você” que como sempre está se intrometendo, o Hugo sempre disse que você se intromete demais na nossa vida e  ele está certo. Ele lutou para estar dentro da empresa e cresceu com as próprias pernas.

— Convenhamos, ele só cresceu lá dentro porque era casado com a herdeira. Isso todos sabem, inclusive você. Se fosse por mérito, o Conselho não teria aceito a minha opinião.

— Como eles diriam não para a cofundadora, mamãe? – ironiza Beatriz— Quer saber, me faz um favor? Pare de se intrometer na minha vida.

— Sua vida? Sua vida é uma piada! Está em todos os jornais. Se eu me intrometesse tanto assim, nem casada com esse aproveitador estaria. É por eu não me impor que você está nesse poço sem fundo.

— Não, mãe. A senhora sempre se impôs. Queríamos um casamento simples, tivemos um casamento de uma semana. Queríamos um apartamento simples e a senhora se impôs e agora tenho um duplex. Sempre criticou o Hugo, dizendo que ele tinha de crescer mais, ser alguém e nunca foi o bastante. Ele nunca foi o bastante para a senhora. E nem vai ser, não é? Agora a senhora quer se impor na minha separação, no fato de eu querer viajar. Chega! – finaliza Beatriz batendo na mesa. Então ela se levanta e vai até a porta do quarto e a segura, dizendo — Saia. Deixe-me sozinha.

— Você me chamou para jantar hoje, esqueceu? Hoje é o casamento da sua amiga que você não vai porque estragou tudo. Sozinha. Se tivesse me escutado, o que nunca faz, estaria com ela – responde Miranda levantando da cama e indo em direção à Beatriz

— Estaria infeliz, pois teria engolido o fato de ter visto o Hugo com outra. E se quer saber, não me arrependo do que  fiz. Só escolhi o momento errado, mas faria de novo. - sua voz embarga. Então ela pede — Deixa-me errar, mãe. Pelo menos, eu estou tentando algo. Se a viagem para o Cairo não der certo e se algo acontecer, deixa. Só me apoie. É tudo o que eu preciso agora.

— Tudo bem, mas só para você não dizer que estou sendo má nisso tudo. Quer que eu vá com você para o Cairo? – pergunta Miranda.

— Não. - responde Beatriz, convicta.

— Alguém vai com você? – pergunta Miranda encarando a filha.

— Não – mente Beatriz. Se ela contar que vai com Flávio, elas começariam a discutir novamente e Bia não está disposta a isso — Vou completamente sozinha. O que eu preciso fazer nesse exato momento. Então, por favor.

— Se é o que deseja. Deixe-me pelo menos o número internacional para que eu possa te ligar – pede Miranda beijando a face de Beatriz — Promete?

— Não, eu realmente sei que a senhora me ligará de hora em hora. - nega Beatriz sorrindo —Porém, prometo que ligarei para a senhora, está bem?

 Miranda respira fundo e concorda, saindo do quarto. Uma batalha vencida, só falta a guerra, pensa Beatriz voltando para a penteadeira.

***

Após arrumar as malas, Bia deita em sua cama e decide assistir alguns filmes enquanto come sushi. Depois de passar por diversos canais com filmes românticos ela encontra O Jogo da Sedução que retrata a história de uma bela jovem espanhola que percebe que cometeu um grande erro, pois vivia um triângulo amoroso – entre traições, mágoas e culpas, ela descobre que nada é realmente o que parece ser. Está tão entretida que se assusta quando seu celular recebe uma mensagem. Ela olha e está escrito:

“Festa estranha, com gente esquisita… Esperando você amanhã, Flávio”.

 Ela sorri e relê a mensagem. Então depois de tentar escrever várias vezes, envia:

“Ansiosa para conhecer as Maravilhas do Cairo. Espero que seja um bom guia turístico. Bjs, Bia”.

 Não demora muito e ele responde:

“Somos dois. Sou o melhor guia turístico que você já conheceu. Espero que tire proveito. Chupões, Flávio, o seu guia turístico”.

 Beatriz fica vermelha como se ele tivesse dito aquilo, pessoalmente. Respira fundo e responde:

“Você deveria prestar atenção na cerimônia. Divirta-se aí por mim. Bjs, Bia”.

 Ela fica esperando por quase meia hora uma resposta dele que não veio. Fica triste, apesar de acreditar que ele só está fazendo o que pediu na mensagem. Já está dormindo, quando o celular vibra novamente. É uma mensagem de Flávio fazendo o coração de Bia saltar:

“Queria que você estivesse aqui. Te amo…. Sô”.

Sem demora, ela responde:

“Eu também. Te amo, Bibi”.

Ela agradece mentalmente a Flávio por ter feito aquilo por ela.

***

Beatriz se apoia na pia do banheiro do avião enquanto Flávio fica atrás dela e segura seu rosto e o vira para beijá-la. Um beijo suave que gradualmente fica mais intenso. Ela vira o corpo movimentando suas mãos no peitoral de Flávio que agora respira ofegante, mas sem tirar os lábios dos dela. Com o corpo tomado pelo desejo, Bia começa a tirar a camiseta do loiro que a ajuda esticando os braços. As mãos dela vão para o cós da calça dele que coloca as duas mãos sobre as de Beatriz e balança a cabeça com um sorriso a impedindo de abrir seu zíper. Flávio a segura pela cintura, girando o corpo dela fazendo com que fique de costas para ele.

Ele beija seu pescoço, lentamente, começando próximo da orelha, fazendo com que Beatriz soltasse um leve gemido. As mãos de Flávio percorrem o corpo de Bee até encontrar seus seios embaixo da blusa. Ele puxa o sutiã para baixo, fazendo com que os seios de Bia ficassem livres. Suas mãos quentes seguram cada um deles que endurecem ao sentir o toque. As mãos dela voltam a deslizar pelo corpo de Flávio até chegarem à virilha dele tocando em sua ereção. Os dedos curiosos de Flávio percorrem o sexo de Beatriz que só deseja ser penetrada. O prazer é imenso para ambos, ainda mais por conta da adrenalina de serem pegos a qualquer momento. Beatriz já não se lembra do motivo pelo qual ela foi contra aquela ideia de Flávio. Então alguém bate na porta do banheiro fazendo com que os dois parassem. Flávio toca levemente os lábios de Bia com os dedos pedindo silêncio, então diz em voz alta:

—Banheiro ocupado! Tente outro.

Mas a pessoa continua batendo insistentemente, deixando Flávio irritado. Ele veste a camisa, Beatriz arruma seu sutiã e calça, apreensiva.

—Eu vou sair primeiro – sussurra Flávio para Beatriz que consente. Então ele vira para a porta, onde alguém continua batendo freneticamente e diz — Já estou saindo. Tenha calma.

 Flávio abre a porta e olha chocado assim como Beatriz: Hugo os encara irritados.

— Bee, Bee? Acorde – A voz de Flávio é calma e invade o inconsciente de Beatriz — Estamos aterrissando.

 Ela acorda e o vê bem próximo dela com uma das mãos em seu rosto e a outra em seu ombro, a balançando suavemente. Os olhos verdes arregalados mostram curiosidade. Será que eu falei alguma coisa durante o sonho, pensa Beatriz olhando para Flávio, apreensiva.

— Daria uma libra para saber o que estava sonhando – diz Flávio respondendo ao pensamento de Beatriz.

— Meu sonho vale mais que isso – retruca Beatriz bocejando. Então pergunta — Você conseguiu dormir?

— Um pouco, mas prefiro olhar você dormindo. É tão expressiva – responde olhando intensamente para Beatriz que cora — Você precisa aprender a relaxar. Serão duas semanas juntos, terá de aprender que eu não mordo…. A menos que peça.

 Beatriz tem certeza de que se a viagem fosse igual ao seu sonho, àquelas semanas seriam as mais intensas de sua vida.

***

Flávio e Beatriz foram recepcionados por uma chuva leve, típica de Londres, no aeroporto. Depois de 15 horas de viagem tudo o que os corpos deles querem é um bom descanso que não ocorreria tão cedo, pois ainda tinham de ir para Cambridge, um percurso de quase duas horas indo de carro. Flávio encosta no guichê de estacionamento para retirar a chave de seu Bentley Continental GT Speed, quando seu telefone toca. Ele pede licença à Beatriz, se afastando para atender:

— Flávio, falando – diz ele em inglês — Oi, George… Acabamos de chegar a Londres… Não ainda não… Que horas? O que a fez mudar de ideia… Mamãe como sempre… acho que ela não vai se importar – olha para Beatriz que o encara curiosa — Qual o restaurante?… Certo… estaremos lá… mande um abraço a todos… Okay… tchau.

— Tudo bem? – pergunta Beatriz ao ver a cara fechada de Flávio que desliga o celular.

— Mais ou menos. Tenho uma boa e uma má notícia – responde Flávio pegando a chave do carro com o funcionário do guichê — Qual gostaria de ouvir primeiro?

— A boa – responde Beatriz rapidamente. Ela nunca entendeu o motivo pelo qual as pessoas escolhem a ruim primeiro.

— A boa notícia é que não vamos precisar mais ir à Cambridge – revela enquanto caminha em direção ao estacionamento, empurrando o carrinho com as malas.

— E qual seria a ruim? – pergunta Bia. Só o fato de não ter de viajar ainda mais já é o suficiente para animá-la.

— Quando minha mãe soube que estava acompanhado, trocou o lugar da festa. Será aqui em Londres, no Bibendum, às 19horas – responde Flávio abrindo o porta-malas do carro.

— Mas isso é daqui uma hora! – exclama Beatriz olhando para seu relógio de pulso.

— Sim. Então iremos à minha casa agora e espero que seja rápida, o suficiente para se arrumar. Minha mãe é brasileira, mas sua pontualidade é britânica.

— Então precisamos correr – acrescenta Beatriz, apressada, entrando no carro  com a ajuda de Flávio que entra no lado do motorista, em seguida — Não quero começar com o pé esquerdo.

— Na verdade, já começou – avisa Flávio ligando o Bentley — Ela pensa que você é minha namorada.

— E quem deu a entender isso para ela? – questiona Beatriz olhando a chuva caindo pela janela.

— Pelo visto, eu – confessa Flávio sob o olhar surpreso de Bia.


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