A Chance escrita por Pauliny Nunes


Capítulo 7
Capítulo 7




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É uma tarde preguiçosa de sexta-feira, Beatriz está relaxada no sofá da sala olhando sites a respeito do Cairo. Passou a semana toda pensando a respeito da proposta de Flávio e ainda não tinha certeza se aceitaria. Como não saía de casa, evitando os paparazzis, teve tempo de sobra para pensar e ler sobre o Egito e sua capital. Está tão concentrada que não percebe a presença de Helena na sala.

— Dona Beatriz, a senhorita Mari já está aqui – avisa Helena interrompendo a concentração de Bia.

— Peça-a para entrar, Leninha – responde Beatriz tirando os pés do sofá branco de três lugares.

Arruma sua camisa branca e o short bege enquanto senta corretamente à espera de Mari que não demora a entrar. A morena está elegante em um vestido reto laranja e com os cabelos cacheados, sua marca registrada, e sua pasta preta combinando com os sapatos de salto.

— Olá Beatriz, fico feliz que tenha me ligado – diz Mari estendendo a mão em direção a Beatriz que a aperta. Ela senta no sofá oposto ao de Beatriz, abre sua pasta tirando tablet de dentro — Tenho algumas notícias interessantes.

 — Eu também tenho uma, mas quero escutar as suas, primeiro – diz Beatriz sorrindo. — Espero que tenham parado de publicar sobre o jantar de ensaio da Sônia.

— Bom isso ainda não. Apesar da nota de esclarecimento ter surtido um efeito positivo – responde Mari ligando o tablet. Assim que encontra o arquivo no dispositivo, fala — Porém, a Clara, apresentadora do programa “Gente com a gente”, gostaria de fazer uma entrevista com você a respeito de traição e que você falasse mais  sobre o que aconteceu durante o jantar de ensaio. Acho que é uma coisa a se considerar, pois assim eles terão a sua versão da história e facilitaria muito para entrarmos com o pedido de divórcio. Só que precisamos ser rápidas, pois, com certeza, ela fez o mesmo pedido a Hugo. O que me lembra de mais uma coisa: solicitei que nenhum advogado do grupo aceite advogar em defesa de Hugo durante o processo de separação. A boa notícia é que nenhum deles foi acionado pelo Hugo, ainda. Isso significa que talvez ele esteja aberto a um acordo, mas não consigo entrar em contato para ter uma certeza. Ou não está ciente dos tabloides, o que acho pouco provável.

 — Eu duvido que ele esteja aberto a fazer qualquer tipo de acordo – comenta Beatriz olhando para janela da sala— Ele me disse que tenho um mês para assinar os papéis do divórcio, antes de acionar a justiça.

— Ele entrou em contato essa semana?– pergunta a assessora olhando para Beatriz, surpreendida — Deveria ter me contado, assim faríamos um acordo amigável sem envolver a mídia.

— Ele pede a separação tem um ano, Mari – confessa Bia — Eu que não quis me divorciar dele. Eu sabia que ele tinha outra, mas eu sempre tive a esperança de que era só uma fase e que ia passar… mas agora com a vinda dessa criança...

— a fase não passou e ainda temos um bebê a caminho. Isso ép perfeito – comenta Mari respirando fundo — Agora estamos em uma situação complicada. Se Hugo falar isso para qualquer entrevistador ou jornal, você se torna a vilã por impedir que ele seja feliz.

— Ele não fará isso – rebate Beatriz — Eu o conheço muito bem. Ele sempre foi muito reservado. É com essa certeza que também não falarei com ninguém da imprensa a respeito. Deixarei valer apenas a nota de esclarecimento que você fez.

— Somente por isso? -pressiona Mari com uma das mãos no joelho e a outra no queixo.

— Não… – confessa Beatriz apoiando os cotovelos nos joelhos e passando as mãos no cabelo. Entrelaça os dedos e diz — Pode parecer loucura, mas, no fundo, eu não tenho coragem de me desprender do meu casamento. Sinto que não saberia o que fazer depois da separação. Foram catorze anos de relacionamento, contando o tempo de namoro. Quase a metade da minha vida dedicada ao Hugo e ao amor que sinto por ele. Passei dez anos como esposa, entende? A minha e a vida estão entrelaçadas a tanto tempo, bem como nossas famílias e todo o resto. É como se não tivesse mais identidade individual, não sei mais quem eu sou sem ele.

— Um conselho pessoal: descubra quem é Beatriz Gouvêa e o que quer para o futuro, levando em conta o fato da separação – aconselha Mari segurando nas mãos de Bia — Olhe tudo isso por um ângulo impessoal,como se estivesse fora da situação e tome sua decisão.

— Já me falaram isso. Inclusive, é algo que gostaria de falar com você. Fui convidada para ir ao Cairo por duas semanas e gostaria de saber se isso implicaria de alguma forma em toda a situação ou na imagem da empresa junto aos investidores?

— Isso depende. Responda-me duas perguntas – responde Mari mexendo no tablete — Primeiro: quando pretende ir?

— Domingo – responde Beatriz, prontamente.

 — Por mais que você me diga que o Hugo não irá nos atacar, eu preciso manter a sua integridade e a da empresa, então essa hipótese sempre estará na minha lista. Falando isso, preciso que você me garanta que assim que voltar dará uma declaração mesmo que seja apenas para pedir privacidade nesse momento difícil da sua vida. Porém, preciso que se exponha e assim eles sintam sua dor. Precisamos disso, para que eles foquem no Hugo e não mais em você. Segunda pergunta: quem vai com você?

— Um amigo. O nome dele é Flávio Peixoto Wilkinson, primo da minha melhor amiga.

— Humm, devo admitir que essa não é uma situação ideal, você com um homem desconhecido viajando sozinhos para um lugar que sempre é retratado com erotismo pode trazer algumas fofocas maldosas. Se for mesmo viajar com ele, evite o máximo que isso vaze.

— Tudo bem, mas não é nada certo, estou pensando ainda – responde Beatriz – Ainda me sinto casada, como se ao aceitar o convite, eu estivesse traindo meu relacionamento.

— Então recomendo que vá a um bom psicólogo – ironiza Mari guardando seu tablet na pasta — Acho que essa viagem lhe fará bem. Desde que não se meta em nenhum escândalo. O que sua mãe disse a respeito?

— Nada. Ela não sabe ainda,mas saberá quando eu tiver um parecer definitivo.

— Tudo bem, Beatriz. Acho que isso é tudo. Se for viajar, envie seu número internacional para mim. Caso ocorra alguma eventualidade, entrarei em contato – levanta e vai para a porta — Cuide-se e pense bem a respeito da viagem.

 — Obrigada, por ter vindo – responde Beatriz acompanhando Mari até a porta — Assim que eu tiver alguma posição, entro em contato.

Despede-se de Mari e volta para o computador onde passa o resto da tarde pesquisando sobre o Cairo e suas maravilhas. Posso te levar para conhecer as maravilhas do Cairo, lembra Beatriz das palavras de Flávio. Fecha os olhos tentando relembrar a cena dele na cama Uma maravilha.

Então o celular de Beatriz toca fazendo com que ela volte à realidade. Ela olha a tela do telefone e está escrito Número Desconhecido, então sorri. Flávio, pensa Beatriz atendendo:

— Alô – Diz Beatriz sorrindo — Quem fala?

 — Precisamos conversar.

 ***

 Beatriz está paralisada, não esperava que justamente Hugo fosse ligar para ela. O que ele quer comigo? Um pedido de desculpas? Voltar para casa?

— Bia, você está aí? pergunta Hugo, despertando Beatriz de seus pensamentos.

— Sim, estou. Diga – responde Beatriz, tentando ser forte.

— Eu fui à empresa hoje O pessoal está falando que eu serei despedido, que a Mari foi lá a seu pedido e exigiu isso ao conselho. Você sabe que lutei para chegar ao cargo onde estou hoje, comecei de baixo. Se você realmente pediu isso,  te peço que não o faça. Se eu sair da empresa no meio de toda essa situação, nunca mais conseguirei um emprego em nenhuma empresa conceituada do Rio de Janeiro. Você sabe disso. Eles não querem nem interceder por mim a respeito do que a mídia está falando.

— Eu não disse nada a respeito de você ser desligado da empresa. A Mari foi lá somente para pedir que nenhum dos advogados tome partido da situação. Se você for despedido será por suas atitudes e eu não posso fazer nada a respeito disso. – Beatriz friamente. — Algo mais?

— Eu gostaria de pedir que você fosse à imprensa dar uma declaração a respeito das mentiras que estão falando a meu respeito. Eu nunca te traí. Você precisa contar a eles a verdade, que estamos separados há um ano e que você estava ciente disso. Eles estão me pintando de traidor. Não consigo sair de casa. Eu preciso de você nesse momento. Você sabe que eu faria isso por você mil vezes sem pensar. Faça isso por mim.

— Eu já fiz uma nota de esclarecimento que nos protege, Hugo. Eu já recusei o convite da “Gente como A gente” para falar desse assunto e não é só você que está com dificuldades para sair de casa. Eu prefiro deixar a poeira baixar e ver o que acontece.

— Então você vai omitir que sabia que não estávamos mais juntos? Vai se esconder a falar a verdade?  Vai mesmo destruir minha vida conjugal?

— Vida conjugal? Que vida conjugal? A única vida conjugal que você tem é comigo. Qualquer outra, eu desconheço e morrerei negando que exista!

—Que tipo de pessoa você se tornou Beatriz? Antes faria de tudo para provar a verdade e hoje prefere me jogar aos leões

— Você fez isso consigo! – grita Beatriz, irritada — Você a levou para o jantar de ensaio da minha amiga! Minha melhor amiga! Jogou na minha cara que será pai! Eu jamais pensei que você faria comigo. Então antes de dizer que eu mudei, olhe para você. Hugo, você me humilhou na frente de todos os convidados! Gostaria de dizer que sinto muito se eles estão destruindo sua imagem, mas você não pensou em mim e muito menos nas consequências quando foi para festa acompanhado de outra.

— Então vai ser assim? Vai me deixar ser o vilão da história? O traidor? O adúltero? Tudo bem, Beatriz, se é assim que você quer, pode deixar. Vamos ver se vai pensar da mesma forma quando a sua imagem ficar manchada.

— Você está me ameaçando? – pergunta Beatriz.

— Não, só vou fazer com você o que está fazendo comigo. E eu pensando que ainda existia alguma sombra da mulher a quem eu amei todos esses anos. Que tolo eu sou.

— Tola sou eu em acreditar que poderíamos ter qualquer chance de voltar. Quer saber, faça o que quiser. Fale o que quiser. Boa sorte com isso!

— Mais uma coisa Beatriz: Seu prazo para assinar o divórcio está correndo. E agora mais do que nunca eu quero estar separado de você! – grita Hugo do outro lado da linha.

— Passar bem, Hugo – despede-se Beatriz desligando o telefone na cara de seu marido.

 Ela respira fundo, e pega sua bolsa, onde decide procurar o papel que Flávio lhe deu. Tira-o da bolsa e digita o número no telefone. Enquanto espera Flávio atender, Beatriz toma sua decisão.


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