E se...? escrita por Nicoly Faustino


Capítulo 18
Capítulo 17




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É tão dolorosa essa situação na qual me encontro. Eu sinto o toque de Jack em mim, e escuto, como se estivesse longe demais para ser alcançado, o som da sua voz, implorando para eu ficar. Mas, Deus, como eu conseguirei isso? Eu não sei se isso é realmente possível, mas estou chorando por dentro. A dor que sinto, o desespero de Jack. Eu nunca imaginei que pudesse sofrer tanto quanto estou sofrendo nesse momento. Dizem que quando você está morrendo, toda a sua vida passa por sua mente, seus arrependimentos, suas felicidades. Se isso for mesmo verdade, é triste constatar, mas estou morrendo. As lembranças começam, desde quando eu era pequena. Coisas simples como a primeira vez que menstruei, e como fiquei apavorada com isso. A primeira e talvez única vez que vi meus pais brigarem. A vez em que vi Jéssica beijando um garoto, coisa que se repetiu milhares de vezes. A primeira vez que vi Jack. Me demoro nessa lembrança, e sinto uma dor lancinante ao me lembrar daquele garoto despreocupado com um sorriso enorme no rosto. Não quero que minha última lembrança dele, seja com os olhos vermelhos de tanto chorar, uma tristeza profunda no olhar enquanto me diz adeus. Eu preciso ficar. Eu preciso de ajuda. Um turbilhão de memórias me atropela, todas envolvendo a vida que tive ao lado de Jack. Me demoro um pouco relembrando a primeira vez que fizemos amor. Eu estava nervosa, mas foi tudo tão natural, tão calmo. Depois disso, senti que estava ligada a ele pelo resto da minha vida. Ele fazia parte de mim. Todo meu corpo queimava a cada toque seu. Nunca perguntei se ele também era virgem, mas acredito que sim. Ele parecia tão nervoso quanto eu, mas conseguiu disfarçar com êxito. Um solavanco faz eu querer gritar de dor. É tão difícil estar presa em seu próprio corpo sem ter noção do que está acontecendo. Ás vezes deixo de escutar a voz de Jack. Ás vezes não sinto mais suas mãos. Como eu queria ter feito tudo diferente. Eu nunca devia ter o abandonado. Nem que isso me impedisse de viver meu sonho. Do que adianta agora todo meu dinheiro? Meus fãs? Minhas joias, roupas caras? Do que adianta tudo isso, se agora, que estou morrendo, tudo o que tenho são arrependimentos? A voz de Jack se torna mais intensa em minha cabeça. Posso estar delirando, mas eu sinto que é ele. Ao mesmo tempo, eu sinto como se o pouco de consciência que me resta, estivesse escorrendo, se misturando a um rio imenso de escuridão. Eu não quero me afogar, eu não quero deixar Jack. Eu não quero deixar meus pais. Tudo o que eu quero é viver. E fazer diferente. Por que eu precisei chegar a esse ponto, para entender como tudo que eu sempre precisei foi de Jack ao meu lado? Por que eu fiz tudo errado? Por que eu tenho que dizer adeus, logo agora que eu tinha a chance de consertar as coisas e ser verdadeiramente feliz? Num último esforço, tento a todo custo abrir meus olhos, e quando estou prestes a desistir, consigo, por um segundo apenas, vislumbrar Jack. Eu nunca tive tanto medo, como estou tendo agora, sentindo que algo está me puxando para um lugar do qual nunca mais o verei. Quero gritar, quero que ele saiba que eu irei lutar. Quero que ele saiba que eu quero ficar. Mas ao mesmo tempo quero que ele saiba que isso não depende apenas de mim. Quero que ele saiba que mesmo que eu não consiga, ele precisa viver, e ser feliz. Quero que ele saiba, que se eu morrer, será pensando nele, assim como pensei todos os dias da minha vida.


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