Nathan POV

A estrada estava um pouco vazia pelo período de turistas tinha dado uma leve pausa, tornando a viagem mais tranquila. Observei a estrada e obtive uma visão do lago Leathan¹, não importa quantas vezes eu o veja sempre o acharei um lugar lindo e aconchegante; parei o carro e olhei para a janela pensativo.

“Sinto que você não irá voltar Nathan... Não gosto desse sentimento”

_Maya... O que deu em você? – pensei alto e dei a partida.

Estava pensando em como minha irmã mais nova estava mais distante de mim, do nada ela muda sua expressão extrovertida para uma mais preocupada e chorosa e solta uma frase dessas. Lembro-me do dia em que ela acabou com meu casamento com minha ex-mulher, em um dia depois em que nossa mãe foi enterrada. Eu não a culpo e não consigo culpá-la pelo acontecido, ela adotou uma força de vontade em querer me proteger de tudo depois em que ela visitou Susana antes da mesma se suicidar, já que eu não estava presente não soube o que nossa mãe disse para ela, e Maya se recusa a me contar o que Susana falou e não ousa chegar a esse assunto. Toda a vez que entro no assunto ela nega e somente diz que nossa mãe teve um “lapso” de memória.

Balancei a cabeça tentando apagar essas lembranças ruins e peguei o celular observando se tinha sinal. Sem sucesso procurei por uma pensão ou um hotel barato. Consegui um com vista para o Lago Leathan e o mar logo atrás.

Decidi ligar para Maya assim que terminei de entrar no quarto.

_Alô Nath? – uma voz alegre

_Hey Maya acabei de chegar no hotel...

_Que ótimo! – ela suspirou aliviada – Pretende ir visitar o Sound of Raasay hoje? Eu amo a vista de lá, me lembra quando mamãe nos levou quando éramos pequenos. Eu tinha uns três anos?

Ri da animação de Maya e prossegui:

_Não sei o tempo está meio nublado, se não chover talvez eu vá. – pude imaginar seu sorriso e ri internamente.

Conversamos sobre banalidades até ouvir uma voz grossa e Maya pedindo licença deixou o telefone, devia ser do noivo da minha irmã pedindo para que ela desligasse o telefone. Pude ouvir ao fundo Maya brigando com o futuro marido.

_Pare com isso Erick! Ele é meu irmão e não meu amante! Pare de ser ciumento sem motivo!

_Desde que sua mãe morreu você ficou tão “super-protetora” do seu irmão que se esqueceu de que tem um noivo! – Erick ao fundo gritou de volta – Não sei o que você tem é remorso por acabar com o casamento dele ou se é por que o ama demais! – rugiu

_ Erick você não sabe de nada! – A ruiva estourou

Ouve um momento de silêncio e ouvi ao fundo uma porta batendo com força, logo em seguida uma voz mais baixa apareceu.

_Finja que não ouviu essa briga boba Nathan... Certo? – Maya falou desanimada

_Não vou esquecer e quando voltar terei uma conversinha com seu noivo – respondi irritado

_Não se preocupe com isso, não tem nada a ver com você. É culpa minha, e eu vou resolvei meus problemas com Erick. – Maya disse séria – Nath vou ter que desligar me ligue mais tarde, por favor. Durma bem.

Ouvi o telefone ser desligado e em seguida desliguei o celular, e sentei na cama pensativo, teria uma longa conversa com Maya e Erick logo quando voltar. Nem deveria sair e deixá-la sozinha com os seus problemas. Eu sou um idiota.

Bati a mão na cabeça e fui trocar de roupa, precisava sair.

Maya PoV

Desliguei o telefone e sai do escritório a procura do meu noivo que estava no quarto arrumando alguma mochila com algumas coisas minhas. Arregalei os olhos e corri em sua direção tropicando no caminho.

_Erick o que você está fazendo? – pus a mão em seu ombro e o mesmo me repeliu

_Arrumando a sua mala.

_POR QUÊ?! – gritei horrorizada

_ESTOU CANSADO DE VOCÊ! DECIDA SE QUER CASAR COMIGO OU PROTEGER TEU IRMÃO! – Erick gritou de volta e olhou para mim com raiva

Senti meus joelhos bambearem e irem ao chão, lágrimas se formaram no canto dos meus olhos e olhei para o homem loiro em minha frente sem palavras, e o homem se ajoelhou em minha frente e disse de forma mais calma.

_Nosso noivado está em aberto a partir de agora, mas, você escolhe, ou casa comigo e deixa de correr atrás do teu irmão, ou me esquece e volta a “proteger” teu irmão.

Minha boca secou e senti um mal estar pus uma mão à cabeça e puxei uma mexa ruiva, como Erick pode fazer isso comigo?! Eu o amo! Mas também amo meu irmão... Eu devo protegê-lo! Mas... Senti minha vista embaçou pelas lágrimas, mas decidi não chorar e olhei para Erick tendo decidido a acabar com aquilo tudo.

_Erick...Eu preciso te contar... – levantei pegando a mochila e ao mesmo tempo sendo interrompida

Senti um puxão no meu braço e um tapa forte me atingir em cheio me derrubando sobre o sofá, estava chocada Erick havia me batido e o desespero me invadiu tendo uma vontade de fugir daquele lugar, tentei levantar do sofá enquanto Erick me olhava enfurecido, senti minha boca secar e uma tontura se apossar do meu corpo.

“Erick me bateu” – repetia em minha cabeça

Estava muito chocada com o ocorrido, eu jamais achei que ele pudesse fazer isso comigo. Com medo aproveitei enquanto Erick estava parado e corri para a cozinha tentando sair pela porta dos fundos, cheguei à porta da cozinha e Erick me alcançou e em seguida puxou-me pelo braço novamente me fazendo encará-lo.

_Erick para... Você está fora de si! – gritei o que veio em minha mente

_Você dormiu com ele?! COMO PODE? – ele levantou a sua mão pronto para me dar um soco – COM TEU PRÓPRIO IRMÃO?!

Não consegui escapar, o soco atingiu-me em cheio no olho direito que com a força que foi dado fui ao chão derrubando junto uma mesa com os pratos recém colocados por mim antes de tudo, os pratos espatifaram e caí de costas por sorte não em cima dos caquinhos só que meu braço não teve sorte que caiu sobre um caco cortando-o em seguida, chorei esganiçada a dor me invadia e o meu desespero só crescia. Não podia mais ficar ali com Erick me agredindo, segurei o choro e respirei fundo quando ele avançava sobre mim gritei em fúria.

_PARE!

Erick parou no mesmo instante voltando ao seu estado normal e se deu conta do que tinha acabado de fazer.

_EU NÃO DORMI COM O NATHAN! SE TIVESSE FEITO ISSO NÃO TERIA NOIVADO CONTIGO! E MUITO MENOS ESTARIA ESPERANDO UM FILHO TEU! – gritei num momento de euforia sentindo minha cabeça latejar depois.

Erick me olhou incrédulo e arregalou os olhos para a última frase, decidi prosseguir para acabar logo com isso e sumir daquela casa. Sentei com muito esforço no chão e sentindo uma dor aguda nas costas prossegui com a voz fraca.

_Erick... O Nathan salvou minha vida em diversos sentidos, ele cuidou de mim, eu a amo como irmão e eu ultimamente tenho tido sonhos ruins, e tudo com aquilo que minha mãe me contou. Eu tenho medo do que vai acontecer com ele se o abandonar.

_Então porque não me contou antes? – o loiro me olhou incrédulo

Enquanto tentava me pegar no colo, mas me assustei e afastei suas mãos com um tapa eu prossegui.

_Não me toque Erick –falei séria – Eu ia contar tudo hoje, sobre os sonhos, o Nathan, e nosso filho. Mas eu fiz tudo errado e deu nisso... Eu jamais o trairia você sabe que odeio traições, e pensei que tivesse deixado isso claro. Sobre meu irmão, depois da visita que tive com nossa mãe antes dela vier a falecer, eu percebi que coisas ruins poderiam com Nathan se não estivesse por perto. Os pesadelos que tenho são iguais ao que minha mãe teve e por isso ela sempre estava grudada conosco antes dela enlouquecer. – levantei me apoiando na parede da cozinha um mal estar e as costas.

_Ainda não compreendo aonde você quer chegar – o homem desesperado ao meu encontro com medo de eu sair pela porta.

Bati novamente em suas mãos sujas e peguei na maçaneta abrindo em seguida e senti o vento frio da noite.

_Não importa mais, adeus Erick... – virei às costas e cambaleando sai da casa

Meu noivado tinha tomado um trágico final. Abri a porta do meu carro e coloquei a chave na ignição, mas não liguei o carro, lágrimas grossas vieram a descer descontroladas por meu rosto, queria voltar para a nossa casa; queria ver Nathan. Limpei o meu rosto e olhei no espelho para ver meu estado e me vi decrépita, o olho direito inchado começando a arroxear, procurei por uma pomada dentro da minha bolsa que estava no banco de trás do carro peguei-a e o celular reserva também. Olhei para o estado do meu braço que sangrava, mas não muito, rasguei minha blusa e amarrei em cima da ferida. Iria para a casa do meu irmão e de lá iria para Old Man of Storr.

Cheguei a casa e abri a porta tranquei-a em seguida e corri para o banheiro, estava com pressa e necessitava de um banho. Retirei minhas roupas e entrei dentro do box ligando o chuveiro em seguida, pus a mão sobre minha barriga e chorei mais.

_ Vai dar tudo certo... – alisei a barriga e funguei

Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha, caminhei em passos lentos até meu quarto, senti uma tontura repentina e cai sobre a cama, senti que estava perdendo a consciência e logo tudo se tornou escuro.