– Katniss? Chamou Peeta, me tirando dos meus pensamentos.
–Ah, oi. Desculpe estava um pouco desconcentrada. A padaria agora estava vazia, sem nenhum cliente.
– Como foi seu passeio? Você demorou bastante, fiquei preocupado.
– Realmente. Perdi a noção do tempo, mas foi ótimo. Um pouco doloroso como sempre, mas digamos que isso me fortalece também. Você sabe... lembrar de Prim, não é nada fácil, mas está cicatrizando agora.
– Te entendo perfeitamente. Disse Peeta me envolvendo em seus braços. Ali era o único lugar no mundo onde eu me sentia segura. Nada poderia me machucar se estivesse ali, onde eu deveria ficar pra sempre.
– Já está na hora de fechar a padaria, melhor irmos arrumando as coisas. Disse ele se afastando.
– Claro, você está certo. Falei um pouco desanimada, queria ficar abraçada a ele o maior tempo possivel. Mas teria mais tempo para isso depois.
Eu e Peeta começamos a ajeitar as coisas na padaria, limpar as mesas que estavam sujas, os balcões, contar o dinheiro do caixa, e a limpar a cozinha. Nossa, sim a cozinha estava uma bagunça, massa de pão para todos os lados, farinha, glacê de bolo. E por falar em glacê de bolo, amanha era aniversário de Peeta. Eu tinha quase esquecido. Teria que preparar alguma coisa pra ele, talvez um bolo. Acho que um bolo séria uma ótima ideia, mas quero que seja surpresa, ele não poderia me ver fazendo o bolo. Teria que arrumar um jeito de manter Peeta fora de casa, já que no dia seguinte seria um domingo, no qual Peeta não abriria a Padaria, exeto na parte da manhã. Então uma ideia surgiu na minha cabeça. Talvez se eu falasse com Delly, ela poderia levar Peeta para caminhar, ficar conversando, relembrando a infância, já que os dois eram quase como irmãos, cresceram juntos. Seria perfeito.
– Peeta. Chamei ele da parte da frente da Padaria. -Eu preciso dar uma saída, tudo bem? Te vejo em casa, não demore muito ai. Da cozinha, ele gritou algo como ''Está tudo bem''.
Então sai da padaria, rumo a casa de Delly.

A casa dela era igual a da maioria dos moradores, nada muito sofisticado. Era uma casa simples, pintada em um tom de amarelo, com um jardim bem cuidado na frente. Me direcionei até a porta, e bati três vezes. Demorou um pouco para Delly atender, mas finalmente abriu a porta. Ela estava apenas de toalha no corpo.
–Oh, me desculpe Delly. Eu não sabia...
– Não! Imagina Katniss, eu ja estava saindo do banho mesmo. Entre. Vou me trocar, você me dá um minutinho? Sente-se, fique a vontade, já eu volto.
– Claro Delly, não precisa se preocupar.

Entrei, e me deparei com uma sala um pouco grande demais, por ser uma sala. Não havia muitos móveis, um sofá no meio, no centro uma mesinha para apoiar os pés, na frente uma estande com uma tv pequena, e completamente cheia de porta-retratos. Havia muitos quadros espalhados pelas paredes também, fotos antigas, que mostravam várias pessoas juntas. Crianças, idosos, adultos, aquela deveria ser a família de Delly (ou ter sido). Era quase impossivel não pensar que aquelas pessoas poderiam estar todas mortas, pois nunca vi Delly com algum parente por perto. E diante de tudo o que aconteceu á três anos atrás, provavelmente eu estaria certa. Não conseguia imaginar como seria suportar olhar todos os dias, para aquelas fotos. Mas Delly parecia feliz, sempre simpática, bonita, com um sorriso de orelha á orelha no rosto. Como ela conseguia fazer isso parecer tão natural, eu realmente não sabia. As vezes simpatia demais me encomodava, mas eu gostava muito de Delly, ela foi uma pessoa muito boa comigo, quando precisei. E com Peeta também, ela é muito especial pra ele.
Avistei Delly, saindo do quarto e vindo até a sala.

– Que bom que você veio aqui Katniss. Fazia bastante tempo que não te via, como vai Peeta?
– Ele está bem. Muito comprometido com a padaria, sempre atarefado, mas ele faz isso muito bem você sabe.
– Realmente. Aquela padaria é a vida de Peeta, além de você é claro, acho que foi aquilo que fez ele superar tudo tão bem. Mas e você Kat, como está?
– Estou bem Delly, obrigado. É muito bom, poder ver esse lugar tranquilo assim.
– Sim, agora está tudo tão maravilhoso. Nem parece mais o Distrito pobre de Panem. Mas... o que te traz aqui á essa hora Katniss?
– Bem, como você deve saber, amanhã é aniversário do Peeta...
– Claro! Nossa, é claro que eu lembro, estava contando os dias faz tempo. O que você pretende fazer? Quer fazer uma festa? Eu posso te ajudar sem problemas. Delly estava talvez, um pouco animada demais. Mas esse era o jeito dela, sempre disposta a ajudar, e com o carinho que sentia por Peeta, não poderia ser diferente.
– É não seria bem uma festa. Mas eu queria fazer alguma coisa especial pra ele. Só pra ele, entende. -Ah sim, claro que eu entendo. - Então, eu estive pensando, que para isso dar certo, ele não poderia estar em casa durante a tarde. Talvez você poderia sair com ele, aproveitar também para comemorar o aniversário dele com você, já que é uma irmã pra ele. Enquanto eu preparo as coisas.

– Mas que pergunta Katniss. É claro que sim! E não se preocupe com o tempo, por que tenho certeza que temos muitos assuntos para conversar, vai dar tempo de você preparar tudo, sem pressa.
– Obrigada Delly. Muito obrigada mesmo. Bem agora já está ficando tarde acho que ele já deve estar em casa, preciso ir. Me levantei, e dei um abraço rápido em Delly. E segui para casa.

Chegando em casa, percebi que as luzes estavam todas apagadas. Será que Peeta já tinha ido dormir? Na verdade ele não costumava ir dormir tão cedo, mas com o trabalho corrido hoje ele deveria estar cansado. Entrei com cuidado para não fazer barulho, retirei minhas botas, e pendurei o casaco ao lado da porta. Entrei no quarto, ele estava lá, já adormecido. Talvez tivesse ficado um tempo me esperando, mas acho que demorei demais. Estive o dia inteiro fora, na floresta, precisava de um bom banho para relaxar. Preparei meu banho, mergulhei em baixo do chuveiro e deixei a água limpar toda a sujeira sem pressa. Mil coisas passaram em minha mente, fiquei pensando em como deveria estar minha mãe no Distrito 4 trabalhando no Hospital. Por mais que ela tivesse ''me abandonado'' eu me preocupava muito com ela. Já não me importava tanto com as mágoas passadas, agora tudo já estava bem, o pior já se fora. Sai do banho, me enxuguei, vesti uma camisa larga, e me pus a deitar na cama. Lá fora não se ouvia nada além do cricrilar de grilos e o piado de corujas. Era uma noite calma, e quente. Não estava nenhum pouco com sono.
Peeta virou-se para o lado com tudo, oque me assustou.
–Pensou que eu estava dormindo né?! Fiquei te esperando, por que demorou tanto tempo? Disse ele.
–Peeta! Que susto, não faça mais isso. Consegui dizer em meio a risos.
–Sim, eu vi o susto que você levou. E explodiu em gargalhadas.

Eramos dois malucos rindo sem nenhum motivo no meio da noite, se rissemos mais alto, garanto que os vizinhos poderiam ouvir. Mas não ficamos rindo por mais tempo, logo ele me calou com um beijo, que eu correspondi é claro. Nossas bocas se separaram, ele ficou me olhando, com aquele olhar apaixonado. Era quase como se eu estivesse olhando para o Peeta de 4 anos atrás, quando ele me disse que ninguém precisava dele, eu lhe disse que eu precisava dele. E hoje eu não tenho a menor dúvida disso.
–Eu amo você. Ele sussurrou
–Eu também amo você.
E ele voltou a me beijar, dessa vez um beijo mais intenso, apaixonado. E então passamos nossa noite deixando todo o amor que sentiamos um pelo outro fluir da melhor maneira.