Eu ainda tento entender, mesmo depois de anos, o por que de minha família se mudar para esse país que - além de não ter nada a ver conosco - precisávamos sobreviver ao clima frio e dias chuvosos. E o pior não era o clima do lugar ou a localização geográfica, mas sim a escola. Droga! Enquanto minha classe era o mar de pessoas quietas, no outro lado do colégio, onde também estava o pátio, ficavam as turmas mais bagunceiras e badaladas de toda a Muihest. A minha classe, na verdade era o seguinte: Eu me sentava na última carteira da segunda fileira ao lado da primeira no canto esquerdo e, ao meu lado, Liandra que era o tipo de uma "colega quase amiga", mas não chegavámos ao ponto de melhores ou super amigas, só colegas. Os demais na classe eram divididos entre os quietos, os meche-meche, os engraçados e os fazem-nada. Só pessoas comuns, com responsabilidades comuns em busca de algo comum e por isso eu não me encaixo neles. Por que em mim, eu busco por algum tipo de aventura. Algo que me dê adrenalina.
E sem esquecer de mencionar que, exatamente na carteira no meio da classe, havia uma garota. Branca. Tão branca que chegava a ser difícil não olhar para ela. Na pele nenhum traço de manchas ou machucados. Só a pele, lisamente linda (pelo que eu via). Seus cabelos castanhos com estranhas mechas grisalhas, caíam por seus ombros e isso a tornava ainda mais bela. As vezes tento assimilar sua beleza com as das outras garotas mas nem adianta comparar, ela sempre vence. E ela tinha algo.. algo que eu não sabia dizer o que era. Não falava com ninguém e ficava sempre quieta. Um tempo atrás, um garoto com quem eu estava ficando, chegou a dizer que ela era o tipo "difícil" ou "desinteressada" e ninguém via nada demais nela, mas sempre que ela passava por certo grupode pessoas, lá estavam eles cochichando algo.
Como minha curiosidade é grande, sem pensar duas vezes comecei a segui-la depois das aulas mas sempre a perdia de vista. E eu tinha a leve sensação de que ela percebia isso.

Uma semana depois de começar a segui-la, um dos professores trocou toda nossa classe de lugar. Me colocou na segunda carteira na fileira do meio e a menina branca, duas carteiras atrás de mim e confesso que eu conseguia sentir seus olhos em mim o tempo todo. Seu nome, era na verdade Marina, mas eu fazia de tudo para não lembrar. Não por eu ser idiota, mas ela andava ocupando muito meus pensamentos e eu sentia algo estranho quanto a ela. Eu sentia que precisava descobrir coisas sobre ela, ainda que poucas, mas precisava.