Lilu encarou Yue com um olhar acusatório. O elfo, que cozinhava, se virou e encarou a adolescente.

– Eu estive pensando... – Lilu disse enquanto pegava sua tigela cheia de mingau. – Você tem algum irmão solteiro?

Akay engasgou com o suco que bebia e começou a gargalhar. Yue encarou a amiga e balançou a cabeça.

– É sério! – Ela olhou com expectativa para o elfo. Abaixou a cabeça e começou a mexer o mingau. – Estou atrás de alguém... Acho que meus pais gostariam de me ver casada.

– Não te imagino casada. – Disse Akay com um sorriso no rosto. Ela olhou para o namorado e então compreendeu por que Lilu de repente ficou tão preocupada.

– Ainda mais com um elfo. – Completou Yue. – Elfos não casam outras espécies. Principalmente domadores de dragões.

– Você vai casar com uma.

– Eu não sou um elfo normal. Não sei se ainda não percebeu.

Lilu olhou em volta e sorriu.

– Definitivamente, você não é um elfo normal.

Alguém bateu na porta. Akay pegou a carta que o mensageiro trazia e o entregou algumas moedas de prata. A abriu quando sentou. Conforme ia lendo a carta, seu sorriso desaparecia, então lágrimas começaram a descer pelo seu rosto. Yue se abaixou ao lado dela.

– O que foi? – Ele limpou as lágrimas com o polegar. – Me diga como posso ajudar.

Akay balançou a cabeça e colocou a carta de lado, não confiava em sua própria voz. Yue a pegou e leu. Seu rosto ficou tenso e a raiva inundou seus olhos azuis.

– Quem fez isso?

– Não... Não sabem ao certo – Gaguejou com a voz fraca.

Após um tempo, Akay parou de chorar e olhou para os amigos com raiva nos olhos. “Eles são tão parecidos e perfeitos...” Lilu pensou com raiva.

– Tenho que voltar.

– Para aonde? – Lilu perguntou.

– Minha vila foi destruída. Preciso voltar e ajudá-los a se reconstruir.

Lilu sentiu seu corpo virar pedra. Sua face perdeu a cor, mas ninguém pareceu notar.

– Vou com você. – Yue disse de imediato e começou a arrumar as coisas da casa.

– Bom... Acho que vou com você. – Lilu conseguiu dizer.

– Não é necessário. – Disse Akay com a voz fraca. Lilu se esticou e pegou a mão da amiga.

– Eu jurei lealdade a você sete anos atrás. Não vou quebrar esse juramento hoje. Além disso, você é minha amiga.

Elas sorriram. Akay se levantou e foi arrumar as malas. Lilu continuou sentada encarando a mesa. “Quem mandou a mensagem? Kuro?” Ela olhou para a carta. “Poderia ser... Não. Meu mestre nunca faria algo assim. Nunca”. Ela se levantou e começou a ajudar Akay. “Por enquanto vou ficar quieta. Eles não vão suspeitar de mim. Sou a melhor amiga de Akay”. Lilu sorriu para si mesma. Após algumas horas, eles estavam viajando em cima de seus dragões. Akay e Yue em Gorny e Lilu sozinha junto com algumas malas em Rox.