Am I Beautiful? Slit Mouthed Woman escrita por RegalFamily


Capítulo 1
Watashi Kirei? Kuchisake-Onna


Notas iniciais do capítulo

Escrevi há um tempo, então tentem ignorar a possível imaturidade da narração.



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Fevereiro, fim do inverno na cidade de Amanogawa. Chuva, densas neblinas e finas camadas de neve se iniciaram em Dezembro do ano passado e, dali a umas semanas ele acabaria, dando início à primavera. Além do mais, as aulas já haviam começado no fim do mês anterior. Uma senhorita que aparentava uns 36 anos, voltava de mais um dia cansativo de trabalho, sob seu guarda-chuva. Possuía cabelos longos e castanho-claros e pele branca. Ela carregava consigo um celular, e parecia conversar com seu chefe.

Senhorita: _Eu sei senhor diretor... Não se preocupe... Eu sei que no inverno as crianças ficam doentes com mais frequência... As aulas começaram há três semanas. Daqui a pouco o inverno acaba e...

O telefone parou, perdeu o sinal. A senhorita, então, o guardou no bolso, e logo se deparou com uma mulher, parada a uns 5 metros de distância. Tal moça estava vestida com um casacão amarelo que ia até seus joelhos, meias que ficavam um pouco abaixo do mesmo e sapatos pretos. Possuía grandes unhas vermelhas e cabelos castanho-escuros, presos em um rabo de cavalo, mas estava desprovida de um guarda-chuva. A senhorita correu até ela, para prestar ajuda.

Mulher: _Eu sou bonita?

Ao dizer isso, ela levantou a cabeça, mostrando usar uma máscara cirúrgica.

Senhorita: _O que está fazendo aqui, sozinha, há essa hora? Ora, não importa, venha, senão você vai pegar uma gripe...

A mulher retirou, sutilmente, uma tesoura de dentro da vestimenta. A neblina começou a se dissipar. Um guarda-chuva voou pelos ares, o corpo inerte caiu. Um relâmpago foi ouvido, deixando o ambiente completamente iluminado, porém escurecendo o rosto da mulher misteriosa. Sua tesoura ganhava brilho, destacando o sangue que dela escorria.

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Mais um dia na vida ‘incomum’ de alguns alunos ’incomuns’ da escola Amanogawa. Satsuki, Hajime, Reo, Momoko e Keiichiro se reuniram no pátio da escola, como sempre faziam antes de começar as aulas, para conversar sobre assuntos que, na maioria das vezes, só eles entendiam. Satsuki estava com uma blusa amarela, um casaco rosa e sua saia azul. Seus cabelos castanho-avermelhados estavam presos em uma trança. Hajime estava com um casaco amarelo que tinha detalhes vermelhos e pretos e uma calça folgada. Reo estava com um casaco cinza com detalhes em vermelho, seu boné com a gravura ‘2001’, uma calça despojada e seus óculos. Momoko usava um casacão marrom-claro. Seus cabelos roxos estavam presos por uma fita. Keiichiro usava uma blusa de manga-longa cinza que tinha detalhes em vermelho e um ‘K’ amarelo gravado. Também estava com um short e com uma máscara cirúrgica.

Momoko: _Então, Keiichiro-kun, você está doente?

Keiichiro: _Estou Momoko-nii-chan. Eu não gosto dessa máscara.

Hajime: _Que isso rapaz? Você sabe que tem que usar isso. Amanhã você já deve estar melhor e vai poder tirar isso.

Reo: _Aliás, vocês perceberam que muitas pessoas faltaram essa semana?

Satsuki: _É mesmo. Deve ser por causa de doenças...

Um pequeno vulto passou sobre suas cabeças tão rápido, que ao perceber um felino de pelos negros e olhos de cores diferentes já estava a observá-los. Tal felino já fora, um dia, um gato normal. Mas agora era somente uma carcaça que era controlada por um espírito nada amigável.

Amanojaku: _Será mesmo? Será que faltaram por causas tão simples assim?

Satsuki: _Do que é que você está falando? Que outro motivo poderia...

Amanojaku: _Se fosse por doenças, eles viriam assim como o Keiichiro...

O gato-demônio olhou para Momoko com certo sarcasmo.

Amanojaku: _Se eu fosse vocês, teria muito cuidado. Pelo menos até o fim do inverno... Hehehe...

O estranho alerta deixou todos intrigados. Amanojaku desapareceu, como se nunca tivesse aparecido ali.

Satsuki: _Ele está tão estranho... Será que ele sabe alguma coisa que nós não sabemos?

Reo: _Não sei, mas vocês já ouviram falar dos vários ataques que têm ocorrido por aqui? Dizem que eles vêm acontecendo desde o fim do ano passado.

Satsuki: _O quê? Que tipos de ataques?

Hajime: _Bem, é que... As vítimas dos ataques... Aparecem com um corte na área da boca que vai quase de orelha a orelha.

Hajime fez um gesto, colocando seus dois dedos indicadores, um em cada extremidade do lábio e arreganhando eles. O sinal tocou indicando a todos que fossem para suas salas. Realmente, muitos alunos haviam faltado. Na classe de Satsuki, veio apenas metade da turma, contando com ela, Hajime e Reo. Já a 3ª série precisou que unissem os alunos em duas salas, pois muitos alunos tinham faltado. Na classe de Momoko, a maioria havia faltado. Fora isso, as aulas continuaram como qualquer outro dia, até que o diretor bateu à porta da sala de Momoko, para fazer um comunicado.

Diretor: _Bem, todos vocês sabem que não é todo dia que eu venho às salas. Então, vou direto ao assunto. Nossa enfermeira necessitou se hospitalizar. Por isso, a administração da escola decidiu escolher um aluno da 6ª série para substituí-la. Qualquer um de vocês que se interessar, por favor, vá até minha sala...

Uma das garotas que sentava ao fundo da sala levantou a mão e fez a pergunta que todos queriam fazer, “Por que ela teve que se hospitalizar?”. Todos na sala ficaram quietos, esperando a resposta. O diretor engoliu seco, mas por fim, conseguiu responder:

Diretor: _ Um dia, no fim do ano passado, eu conversava com a senhorita Reiko pelo telefone quando, de repente, a ligação caiu... Então, hoje cedo, um corpo foi encontrado no caminho de sua casa, em estado de composição e... Ela também estava com dois horríveis cortes em sua boca. Ambos indo de orelha a orelha.

Todos da sala ficaram pasmos, inclusive a professora. Momoko ficou muito surpresa e um pouco pensativa sobre o comentário que ouviu de Amanojaku. Ao fim das aulas, Momoko se reuniu com seus amigos e comentou sobre o ocorrido.

Reo: _O quê?! Seus lábios foram cortados?!

Momoko: _Sim. Parece que a polícia já está investigando sobre o caso.

Hajime: _Mas que tipo de pessoa faria isso...

Hajime foi interrompido pela professora Matsushima e o professor Sakata. Ambos vieram chamar Momoko e Satsuki para conversar com o diretor. Reo ficou abalado pelo aviso do diretor. Ao chegarem lá, o diretor pediu que se sentassem, e começou a explicar.

Diretor: _ Senhorita Miyanoshita, gostaria de se tornar auxiliar na enfermaria?

Satsuki: _O que? Auxiliar na enfermaria...

Momoko: _Sim. Eu me candidatei ao cargo de enfermeira. Mas eu preciso de ajuda...

Satsuki: _Ah, sim! Eu aceito, senhor diretor!

Diretor: _Muito bem. Então, vocês começam Segunda-feira.

Quando voltaram ao pátio da escola, os meninos quiseram saber o que havia acontecido. Por isso, os assuntos mais comentados eram: Momoko ser a nova enfermeira da escola e o fato da enfermeira ter sido encontrada com os lábios cortados. Durante a volta pra casa, o grupo decidiu que iria até o hospital, visitar a senhorita Reiko. Quando chegaram lá, já era fim de tarde. Eles foram avisados que somente três deles poderiam entrar no quarto. Entre si, eles decidiram que Satsuki, Momoko e Reo entrariam. No quarto, Momoko ficou espantada com o tamanho da fissura.

Satsuki: _Nossa gente. Realmente, é uma visão horrível.

Reo: _É. Quem será que fez isso?

Ao ouvir aquela pergunta, a paciente começou a se remexer e a gritar “Eu sou bonita?! Eu sou bonita?!” Os médicos e enfermeiras começaram a entrar no quarto. Era uma imagem tão desesperadora, que Reo saiu correndo do quarto. Os amigos correram atrás dele, mas o perderam de vista assim que ele saiu do hospital.

Ao retornarem à recepção do hospital, a recepcionista atendeu um telefonema e chamou por uma senhorita Momoko. Portanto, a jovem foi até o balcão atendê-lo. Enquanto isso, Hajime, Keiichiro e Satsuki conversavam.

Hajime: _Nossa, o que aconteceu com o Reo pra ele sair daquele jeito?

Satsuki: _A senhorita Reiko teve um ataque e disse umas coisas estranhas...

Ela parou de falar, pois Momoko havia chegado até eles.

Keiichiro: _Quem era Momoko-nii-chan?

Momoko: _Uma mulher... Ela não disse quem era só disse “Rua Akazawa com Rua Sakakibara”.

Satsuki: _Por que alguém ligaria pra falar isso?

Momoko: _Não sei, mas estou com o mau pressentimento... Acho que devemos ir até lá.

Hajime, Satsuki e Keiichiro: _Ok.

Enquanto isso, Reo corria tão desesperadamente, que nem percebeu que uma densa neblina começou a se formar. Ele parou sob a sacada de uma loja exatamente no momento em que a chuva começou a cair. Quando estava reparado para voltar a correr para sua casa, ele esbarrou em alguém que estava do seu lado. Era uma mulher, alta, com cabelos castanho-escuros presos em um rabo de cavalo. Tal moça estava vestida com um casacão amarelo que ia até seus joelhos, meias que ficavam um pouco abaixo do mesmo, sapatos pretos e possuía grandes unhas vermelhas.

Ele pensou ”Como foi que eu não vi ela antes?”, mas, como sinal de respeito ele se curvou para ela e disse “Desculpe senhora”. Ao se curvar, ele reparou que ela estava segurando uma enorme tesoura. Isso o assustou e ao levantar sua cabeça, percebeu que ela também usava uma máscara. A moça olhou para ele fixamente e disse:

Mulher: _Eu sou bonita?

Quando ele escutou isso, teve certeza de quem era. Ele correu em meio à neblina e a chuva, e gritou bem alto “NÃO!”. A mulher soltou seus cabelos e começou a segui-lo. O estudante entrou num banheiro público que lhe apareceu.

*NOTA: No Japão é comum haver banheiros espalhados pelas tuas, mas não de plástico como os outros. Esses são conjuntos de boxes, com muitas pias e espelhos.

Reo se apressou e entrou em um Box. Lá dentro, ele se encolheu bastante, e então pensou em ligar para Hajime, para comunicá-lo de ‘quem’ se tratava, mas quando pegou no celular percebeu que estava sem sinal. Os quatro jovens corriam para o endereço dado pela mulher. Um barulho de passos começava a surgir no banheiro. O estudante abraçou suas pernas e fechou os olhos. Momoko e os outros já estavam bem próximos de seu destino. A porta do Box onde Reo se escondia se abriu, e o local foi tomado por um grito de horror.

O grupo escutou o som e entraram no banheiro. Momoko pôs sua mão nos lábios, como reação à visão do corpo de Reo inerte no chão, sob uma poça de sangue e com um enorme corte na face. Hajime, chorando, caiu de joelhos ao lado do amigo, Satsuki gritou e Keiichiro agarrou sua irmã e gritou junto com ela.

No dia seguinte, todos se encontraram, mas não tinham ânimo para conversa. Só pensavam na visão traumatizante que tiveram ontem. As meninas e Keiichiro tentaram consolar Hajime, mas não conseguiram. O dia seguiu do mesmo jeito, Hajime não disse nada durante toda a aula. Na saída, o grupo seguiu o mesmo caminho, mas conversaram pouco.

Satsuki: _Os médicos disseram que o Reo está sedado, então não está podendo ser visitado.

Keiichiro: _Eu queria ir vê ele hoje. Como alguém pode fazer isso com o Reo-kun?

Hajime: _Eu vou descobrir quem fez isso com o Reo...

Momoko: _Hajime-san, você não deve ficar assim. Os policias já estão...

Hajime interrompeu Momoko.

Hajime: _Eu vou descobrir quem fez isso, e essa pessoa, ou seja lá o que isso for, vai pagar por isso...

O jovem saiu correndo e pulou um muro, sendo impossível que os outros o seguissem. Momoko foi junto com os irmãos Miyanoshita até sua. Ao chegarem lá, eles foram surpreendidos pelo senhor Miyanoshita lhes perguntando o que havia acontecido com Reo. Eles ficaram tristes com a pergunta, mas responderam. Ele disse que teria que ir para uma reunião em outra cidade, e que teria de ficar uma semana fora. Então, pediu para que Momoko cuidasse de seus filhos. A bela garota atendeu ao pedido e pediu ao senhor Miyanoshita que, antes de pegar o avião, a levasse até sua casa, para buscar algumas roupas.

No caminho, eles conversavam sobre Satsuki e Keiichiro.

Momoko: _Eles são ótimos amigos. O Keiichiro é uma gracinha e um amor de menino. A Satsuki é forte e decidida. Eu a tenho como minha melhor amiga.

Reiichiro: _Que bom que eles têm uma garota tão legal como você como amiga. Fico feliz. Fiquei preocupado de que eles não se adaptassem a Amanogawa, mas você e os garotos os acolheram e eu sou muito grato a vocês por isso...

O celular do senhor Miyanoshita tocou então ele parou o carro no acostamento para atender. Ele o pôs ao ouvido e então o estendeu para Momoko. “É pra você. Uma mulher diz ter algo para falar com você”. A jovem o pegou e disse “Alô?” e, ao escutar a voz da mulher, a reconheceu imediatamente.

Mulher: _Beco Mochizuki...

Momoko: _Quem é você? Por que fica me ligando e...

A ligação caiu. A estudante ficou tão nervosa que nem respondeu o senhor Miyanoshita quando ele lhe perguntou o que havia acontecido. Ela só saiu do carro e disse “Obrigado senhor Miyanoshita. Daqui eu vou sozinha.”. Ela correu para o outro lado da calçada e, assim que o fez, começou a chover. Encharcada, ela corria com uma expressão de medo na face e pensava “Por quê? Por que ela me liga? Tomara que eu esteja errada”. No Beco Mochizuki, encontrava-se Hajime, encharcado e sozinho. Atrás dele, uma forma sombria surgia, chamando sua atenção. Ele se virou e via-se a encarar a misteriosa mulher, de longos cabelos castanho-escuros e, dessa vez, soltos. A primeira coisa que ele observou foi a máscara cirúrgica que ela usava no rosto.

Mulher: _Eu sou... Bonita?

Hajime: _C-Claro moça. O que você está...

Mulher: _Mesmo assim?

A mulher retirou a máscara, mas a luz precária do local não deixou ser revelado o que havia sob ela, a não ser para Hajime, que ficou tão assustado que deu alguns passos para trás. A mulher se aproximou mais dele e perguntou de novo.

Mulher: _Mesmo assim?

Hajime: _Então, é você...

A mulher parou e ficou olhando para ele. Ela já retirava algo de seu casaco.

Hajime: _Não, você é um monstro desse jeito... E, eu vou vingar o Reo...

Um grito foi ouvido, mas não era o grito de Hajime. Momoko chegou ao destino, mas não dava mais tempo. Hajime estava estendido no chão, imóvel. Uma enorme mulher estava de costas e em pé ao lado do corpo. Colocou a máscara de volta e se virou para Momoko, revelando uma tesoura afiadíssima e com sangue escorrendo de suas lâminas. Ela parecia sorrir. Então, como se nada tivesse acontecido, ela se virou para o lado e foi embora, simplesmente sumiu. A jovem desmaiou, mas foi amparada pelo senhor Miyanoshita.

Na casa dos Miyanoshita, Momoko despertou e se encontrou no sofá, com Satsuki apoiando cabeça em seu colo, e Keiichiro sentado no chão, mas virado para ela.

Keiichiro: _Nii-chan, nii-chan! A Momoko-nii-chan acordou.

Momoko se levantou e sentou-se. Ao observar a sua volta, percebeu a enorme tristeza estampada no rosto de Satsuki. A Miyanoshita tentou disfarçar dizendo coisas do tipo “Que bom Momoko-san” ou “Graças a Deus você está bem”, mas não conseguiu.

Momoko: _Satsuki-san, onde está o senhor Miyanoshita?

Satsuki: _Ele está no hospital, junto com os senhor e senhora Aoyama. Keiichiro, por favor, pegue algo para a Momoko-san comer.

A jovem começou a chorar.

Satsuki: _O que aconteceu Momoko-san? Como foi que isso pôde acontecer?

Momoko: _Satsuki-san, calma. Eu vou te contar o que aconteceu lá. Você se lembra de que no dia em que o Reo-kun foi... Você sabe... Alguém me ligou lá no hospital e me disse onde ele foi atacado?

Satsuki: _Sim, mas o que isso...

Momoko: _Aconteceu hoje de novo. A mesma mulher ligou para o celular do seu pai e me disse para ir ao Beco Mochizuki. Quando eu cheguei lá, já era tarde demais... Além disso, eu vi.

Satsuki: _Viu o que Momoko-san?

Momoko: _Eu vi uma mulher alta parada do lado do corpo do Hajime. Ela estava com uma máscara e com uma tesoura na mão...

Ela parou e apertou suas mãos. Estava muito nervosa com tudo aquilo.

Momoko: _Essa tesoura, estava com... Sangue. E... Quando ela se virou para mim, parecia estar sorrindo. Eu senti uma dor no meu coração, como se aquela tesoura que ela carregava, estivesse rasgando a minha alma.

Um pequeno felino atravessou a sala e se pôs entre Momoko e Keiichiro.

Amanojaku: _É o que acontece quando você é perseguido por um fantasma.

Keiichiro: _Do que você está falando Kaya?

Amanojaku: _Estou falando da responsável pelos ataques que estão ocorrendo desde o período Heian. Estou falando do ser rancoroso que, quando surgiu, todos os fantasmas se intimidaram com tamanha maldade. Eu estou falando da...

O gato parou suas declarações, pois o pai de Satsuki e Keiichiro havia acabado de entrar na sala, acompanhado do senhor e da senhora Aoyama.

Reiichiro: _Bem, parece que ele terá de ficar no hospital por alguns dias, até a saúde dele se estabilizar...

Sra. Aoyama: _Coitado do meu filho. Hajime tinha um rosto tão bonito...

Ela chorava por pena de seu filho.

Sr. Aoyama: _ Vamos querida. Vamos pra casa, temos que ter uma boa noite de sono.

O senhor Miyanoshita levou-os até a porta e subiu para cama, sem jantar. Afinal, ele viajaria cedo para a cidade de Sakurami. Os três jovens ficaram na sala, mas quando procuraram Amanojaku para esclarecer suas hipóteses perceberam que, durante os prantos da mãe de Hajime, ele havia saído.

Satsuki: _Se essa coisa que atacou o Reo e o Hajime for realmente um fantasma, só nos resta procurar um jeito de vencê-lo no Diário Fantasma.

Momoko: _Mas nós não sabemos o nome dela. Não adianta procurar.

Keiichiro: _Onde foi o Kaya? Ele sabe o nome do fantasma, tenho certeza.

Satsuki: _Ele não vai nos ajudar, ele nos odeia.

Momoko: _Não acho que o Amanojaku nos odeie. Acho que ele só não se conformou ainda por estar preso no corpo de um gato.

Satsuki: _Pode ser, mas não podemos contar com a ajuda dele.

Momoko: _*Suspira* Devemos esquecer isso. Vamos, precisamos dormir.

Depois da saída do senhor Miyanoshita, os jovens foram para a escola. Lá, o clima de sexta-feira não estava animado, principalmente para Momoko, Satsuki e Keiichiro. Na hora do recreio, os três se reuniram na sala de Satsuki para tentarem arrumar um jeito de parar com os ataques.

Satsuki: _Não sabemos o nome, como vamos saber como pará-la?

Momoko: _Eu estive pensando em uma coisa: ela só ataca quando estamos sozinhos. Então, é só não sairmos desacompanhados.

Keiichiro: _Mas, e se eu sair para brincar no quintal de casa?

Momoko: _Não se preocupe. Sempre que ela vai atacar alguém, por algum motivo, ela liga para mim.

Ela se abaixou e ficou de cara a cara com Keiichiro.

Momoko: _Eu vou cuidar de você, tá bem?

Keiichiro: _S-sim! Momoko-nii-chan, você vem brincar comigo?

Momoko: _Desculpe Keiichiro-kun. Eu tenho que ir até a enfermaria agora. Você quer ir comigo?

Keiichiro: _Quero, eu vou poder vestir aqueles uniformes?

Momoko: _Claro. Satsuki-san, você não vem?

Satsuki: _Não Momoko-chan. Preciso pensar um pouco.

Momoko: _Está bem. Vamos Keiichiro-kun.

Satsuki ficou sozinha na sala. Ela pensava em Reo e Hajime, na mulher misteriosa e nas ligações que ela fazia para Momoko.

Satsuki: _Isso tudo não faz sentido. Por que ela liga para a Momoko avisando onde vai atacar as pessoas? Porque a Momoko?

No enfermaria, Momoko e Keiichiro pareciam dois médicos, com jalecos, tocas e máscaras.

Momoko: _Keiichiro-kun, acabaram os remédios de dor de cabeça. Eu vou até o depósito buscar mais.

Keiichiro: _Ok.

Na volta à enfermaria, Momoko carregava um cesto de metal que continha alguns vidros com remédios. Estava distraída pensando se ‘não andar sozinho’ iria servir de alguma coisa. Estava tão distraída que tropeçou e caiu quase de cara no cesto.

Keita, um amigo de Hajime e Satsuki veio ajudá-la a se levantar.

Keita: _Cuidado! Mais um pouco e você iria se cortar.

Momoko: _Me... Me cortar?

Keita: _É. Você não percebeu? Iria cair de boca no cesto de metal.

Momoko ficou muito assustada e somente agradeceu a Keita, pegou o cesto e correu para a enfermaria.

Keita: _De nada. Cuidado, não corra!

À noite, de volta à casa dos Miyanoshita, Satsuki preparava o jantar, Momoko e Keiichiro preparavam a mesa e Amanojaku estava deitado no sofá.

Momoko: _Satsuki-san, você quer ajuda com o jantar?

Satsuki: _Não Momoko-chan, obrigada. Eu preciso mesmo é que você vá até o mercado para comprar um pouco de macarrão para eu fazer um Udon. Vá ao mercado que tem perto da escola. Eu vou deixar a água esquentando e vou ali na rua Misaki comprar um refrigerante.

Momoko: _Certo. Keiichiro-kun quer ir comigo?

Keiichiro: _Sim!

Todos saíram. Satsuki foi para um lado e Momoko e Keiichiro para o outro. Na volta, Keiichiro andava um pouco à frente de Momoko.

Keiichiro: _Momoko-nii-chan, você gosta de Udon?

Momoko: _Se eu gosto de Udon?! Hum... Eu adoro!

Keiichiro: _Então você vai amar o da nii-chan. Será que ela já chegou em casa?

Quando passavam em frente à escola, um telefone público que ficava na calça tocou. Eles pararam, estranhando alguém ligar para aquele telefone, principalmente àquela hora. Momoko ficou muito nervosa, pois se lembrou das vezes que a mulher misteriosa lhe ligou.

Keiichiro: _Momoko-nii-chan, você não vai atender?

Momoko: _C-certo. Não deve ser nada, afinal, Satsuki-san não foi muito longe e já deve estar em casa.

A menina, receosa, estendeu a mão e pegou o telefone.

Ao colocá-lo no ouvido, escutou a voz da mulher dizendo ‘Rua Kouichi. Kukuku’. A jovem deixou as compras caírem no chão e o telefone pendurado. Pegou Keiichiro pelo braço e correu para o endereço dado.

Keiichiro: _Momoko-nii-chan, o que foi?

Momoko: _Keiichiro-kun, o nome da rua da sua casa é Rua ‘Kouichi’?

Keiichiro: _Sim, por quê?

Momoko: _ A Satsuki-san está em perigo! Temos que correr.

No caminho de casa, Satsuki andava carregando o refrigerante e lendo a nota.

Satsuki: _O quê? Que refrigerante caro! Se a banca da Rua Misaki estivesse aberta, eu não precisaria ir tão longe e nem gastar tanto assim.

Quando a menina iria atravessar a rua, o sinal ficou vermelho. Ela parou e olhou para os lados. Ao fazer isso, percebeu que estava só. Satsuki pensou no que sua amiga havia lhe dito: “É só não andarmos desacompanhados”. Ela engoliu seco e disse para si mesma “Não tem problema. Já estou chegando em casa e...” Um grande trovão assustou a menina. Logo após o estrondo, a chuva começou a cair e a neblina começou a se formar. Satsuki correu para o outro lado da rua e começou a andar rapidamente para sua casa. Quando já estava perto de casa e completamente encharcada, reparou que a alguns metros à frente, abaixo de um poste de luz, encontrava-se uma mulher que ela nunca tinha visto por ali. Ela estava de cabeça baixa, impossibilitando de ver seu rosto. Também usava um casacão amarelo e os cabelos castanho-escuros estavam soltos, indo até o fim de suas costas. A misteriosa tinha grandes unhas pintadas de vermelho.

A estudante não se mexeu, e a mulher também ficou parada. Satsuki recuou e pensou em correr e ir por outro caminho, mas quando se virou, deparou-se com a mulher, bem a sua frente, lhe encarando.

Mulher: _Eu sou bonita?

Mulher: _Eu sou bonita?

Satsuki: _S-Sim, você é muito bonita.

Mulher: _Mesmo assim?

Enquanto isso, Momoko e Keiichiro corriam para o destino indicado.

Keiichiro: _A nii-chan está bem?

Momoko:_Espero que sim. Como foi que eu fui deixar isso acontecer?

Agora, Satsuki já encarava a mulher. Ela estava tirando a máscara e, ao terminar, a luz vinda do poste não permitia ver muita coisa, mas a estudante ficou paralisada de medo. Não conseguia parar de fitar o rosto da mulher. Só ela, por estar perto, conseguia ver o que a máscara ocultava.

Mulher: _Mesmo assim?

Satsuki: _Se eu responder que não, ela vai me matar. Sim, mesmo assim você é belíssima.

Mulher: _...

Satsuki: _Eh... Bem, até!

Satsuki saiu correndo para sua casa, sem olhar para trás.

Satsuki: _Por que ela não me atacou? Será que esse é o jeito de pará-la?

A menina já estava perto de sua casa. Ela parou na porta de sua casa para procurar a chave e entrar, mas sentiu uma presença atrás de si e de repente uma sombra lhe cobriu. Ela virou para trás e se deparou com a mulher misteriosa, mas dessa vez, ela parecia mais irritada. Estava com o casacão aberto, revelando uma blusa verde e uma saia marrom, além de segurar uma tesoura em uma das mãos. Com a máscara no rosto, ela olhava com ódio para a menina.

Mulher: _Se eu sou bonita, vou te deixar como eu...

Um grito tomou o local. Momoko e Keiichiro corriam pela Rua Kouichi, mas não achavam Satsuki em lugar nenhum.

Keiichiro: _Momoko-nii-chan, o que estamos procurando?

Momoko: _Nada, acho que eu estava enganada. Ainda bem, a Satsuki-san já deve estar em casa.

A jovem chamou Keiichiro e disse para irem para casa. Ao chegarem à casa dos Miyanoshita, o menino gritou e correu para a porta. Momoko não entendeu e correu atrás dele e encontrou Satsuki, jogada na porta de casa, desacordada e da mesma forma que Hajime e Reo: com cortes nos lábios. A garota chamou os médicos rapidamente, para Satsuki não perder mais sangue. Após os policiais interrogarem Momoko, ela pediu que Keiichiro fosse tomar banho. O pequeno foi chorando, e a menina ficou muito tocada com isso. Foi preparar o jantar, e foi surpreendida por Amanojaku.

Amanojaku: _Parece que você é igual à Satsuki.

Momoko: _Un? Como assim?

Amanojaku: _As duas atraem o que não é comum, o que não é bom.

Momoko: _Amanojaku, você sabe quem é ela?

Amanojaku: _Ela é o fantasma de uma mulher que, quando viva, tinha uma irmã mais nova, do qual ela morria de inveja, por se achar mais feia do que ela. Sua irmã era muito gentil e amada por todos do vilarejo, enquanto a mais velha era arrogante e casada com um samurai. Quando descobriu que ele era apaixonado por sua irmã, ela enlouqueceu. Apanhou uma tesoura, foi até a casa da irmã e a matou. Os moradores da vila ficaram com muita raiva, principalmente o samurai. Todos decidiram puni-la. Foram até sua casa e a amarraram suas mãos e pés para jogá-la ao rio, mas antes de fazê-lo, seu marido samurai foi até ela e...

Momoko: _ “E...”? Termine Amanojaku.

Keiichiro: _Momoko-nii-chan, estou com fome...

Momoko: _Ah, sim. O jantar já está quase pronto Keiichiro-kun. Amanhã, antes de visitarmos Reo, Hajime e Satsuki no hospital, você quer ir ao parque?

Keiichiro: _Sim.

O menino aceitou, mas não parecia muito animado. Ele foi para sala, mas quando Momoko se virou para terminar de ouvir a história Amanojaku já havia sumido. Depois da janta, Keiichiro foi para seu quarto e deitou-se em sua cama. Momoko dormiu na cama que era de Satsuki, a pedido de Keiichiro.

No dia seguinte, como não tinham aula, Momoko e Keiichiro foram até o hospital fazer uma visita aos amigos. Chegando lá, foram no quarto em que estavam Reo e Hajime.

Momoko: _Meninos, como estão se sentindo?

Reo: _Bem, só essa cicatriz que me incomoda.

Hajime: _Ainda estou com um pouco de dor, mas vai passar.

Keiichiro: _Que bom. Vocês vão melhorar quando?

Momoko: _Keiichiro-kun, os médicos dizem que eles ainda vão ficar uns dias aqui.

Hajime: _Momoko-chan, onde está a Satsuki-san?

Keiichiro: _*Chora*

Momoko: _Hajime-san... Keiichiro-kun...

Reo: _Não me diga que…

Momoko: _*Balança a cabeça* Sim.

Hajime: _Desgraçada, como ela pôde fazer isso com a Satsuki?!

Momoko: _Hajime-san, acalme-se.

Reo: _Quando foi?

Momoko: _Ontem à noite...

Reo: _Isso quer dizer que ela está aqui no hospital, mas deve ser na ala mais grave.

Keiichiro: _Momoko-nii-chan, quero ver a Nii-chan!

Momoko: _Keiichiro-kun, tome. *Entrega uma nota na mão do menino*. Vá comprar algo na cantina, quando você voltar, nós vamos.

Keiichiro: _Ok.

Hajime: _Momoko-chan, por que você...

Momoko: _Reo-kun, me conte o que aconteceu quando você encontrou aquela mulher.

Reo: _Eu não me lembro direito. Só sei que, eu estava correndo, então, eu parei sob uma sacada porque tinha começado a chover. Aí, do nada, ela apareceu.

Momoko: _E depois?

Reo: _Ela me perguntou se era bonita, mas retirou uma tesoura do casaco... Então, eu me assustei e percebi que era ela que atacava as pessoas. Ela me perseguiu até o banheiro. Eu tentei ligar para o Hajime, para avisar, mas ela me pegou antes...

Momoko: _Quando ela te perguntou se era bonita... O que você respondeu?

Reo: _Eu fiquei muito assustado, então eu corri e gritei que ‘não’.

Momoko: _E você, Hajime-san?

Hajime: _Eu estava andando, sozinho, aí ela apareceu e me perguntou se era bonita. Eu respondi que sim.

Reo: _É um tarado mesmo...

Hajime: _Então, ela retirou a máscara, mas eu não me lembro o que ela escondia... Mas então, eu respondi que não... E aí, eu não me lembro mais.

Keiichiro: _Momoko-nii-chan...

Momoko:_Ah, Keiichiro-kun. Já estamos indo. Bem, tchau garotos...

Hajime: _Momoko-chan... Tome cuidado.

Momoko: _Certo.

No quarto de Satsuki, ela estava dormindo, mas acordou quando escutou a voz do irmão. Ainda estava com os cortes costurados, então não conseguia falar muito.

Momoko: _*Chora*Satsuki-san... Me desculpe... Eu não consegui cumprir a promessa que eu fiz ao seu pai...

Satsuki: _Nã... Não seja boba, Momoko-chan...

Keiichiro: _Nii-chan...

Momoko: _Não fale Satsuki-san, o médico disse...

Satsuki: _Ela... A mulher... Ela apareceu do nada...

Momoko: _...

Satsuki: _E-Estava chovendo... Eu estava indo pra casa... Então ela me parou e perguntou...

Momoko: _Perguntou se era bonita?

Satsuki: _Isso... Então eu respondi que sim, então ela retirou a máscara, mas eu não me lembro o que tinha embaixo dela... Daí, ela perguntou se era bonita mesmo ‘assim’.

Momoko: _ “Assim”?

Satsuki: _É. Então, eu pensei que se respondesse que sim, ela me deixaria ir... E foi o que ela fez. Mas parece que quando você concorda, ela te segue e bem, você acaba desse jeito.

Momoko se lembrou de como ela encontrou os amigos e sentiu um arrepio.

Satsuki: _Parece que ela está nos seguindo...

Ela olhou para Keiichiro, com um pouco de medo. Os médicos entraram e disseram para Satsuki não falar mais e deram um calmante para ela. Antes de pegar no sono, a menina olhou para Momoko e disse “Cuide do Keiichiro...”. Quando saíram do hospital eles foram para o parque, como Momoko havia falado. Keiichiro foi para os brinquedos, e a garota ficou sentada num banco do parque, pensando sobre tudo que estava acontecendo e olhando o menino.

Momoko: _Então... O fantasma é uma mulher. Ela parece ter sido muito vaidosa quando viva. Quando ela te pergunta se é bonita, qualquer resposta será inútil. Então, como pará-la?

Ela pôs a mão na cabeça e observou o pôs do sol. Ao fazê-lo, reparou que, atrás de uma árvore, uma mulher lhe observava. Ao reparar um pouco mais, percebeu que ela segurava uma tesoura e usava uma máscara. Momoko se assustou e ficou parada. O menino estava cansado de brincar e então foi até a jovem e sentou ao seu lado. A estudante olhou para Keiichiro e disse para irem para casa, pois já era tarde. No ato de levantar-se e ir embora, olhou novamente para árvore e percebeu que a mulher havia sumido. Os dois foram rapidamente para casa, e chegaram lá à noite. Amanojaku os esperava.

Amanojaku: _Garota, até quando você vai ficar escondendo isso do Keiichiro?

Momoko: _Como eu posso contar a ele que um fantasma atacou a Satsuki-san e eu não sei como pará-lo?

Keiichiro entrou na sala perguntando o que seria a janta.

Momoko: _O que você prefere Gyôza ou Lámen?

Keiichiro: _Lámen.

Momoko: _Então vamos ter lámen...

Amanojaku: _Tem certeza? Acho que está faltando os ingredientes para o molho...

Momoko ficou tensa, pois sabia que se saísse sozinha poderia ser pega pela mulher.

Amanojaku: _Até quando você vai ficar com esse medo?

Momoko: _Keiichiro-kun... Onde a Satsuki-san guarda o Diário Fantasma?

Keiichiro: _Lá no quarto, em uma gaveta.

Momoko: _Você pode pegá-lo para mim?

Keiichiro: _C-Certo.

O menino subiu para o quarto e a garota e o gato ficaram sozinhos na sala.

Amanojaku: _O que vai fazer? Você não pode simplesmente sair e esperar que o diário te salve...

Momoko: _Eu sei, e é por isso que você vem conosco.

Amanojaku: _*Se irrita*Você não pode me forçar a fazer isso...

Já do lado de fora da casa, a caminho do mercado que passava pela escola, Momoko segurava o Diário e Keiichiro segurava Kaya.

Amanojaku: _Não acredito que você me forçou a vir.

Momoko: _Desculpe por isso, mas eu não posso descumprir a promessa que eu fiz à Satsuki-san.

Quando passavam pela escola, o mesmo telefone que havia tocado da última vez, voltou a tocar. Keiichiro parou e pôs o gato no chão e atendeu ao telefone.

Keiichiro: _Alô?... Tá... Momoko-nii-chan é pra você. Uma mulher disse que quer falar com você.

Momoko: _*Engole seco e pega o telefone*

Ao colocá-lo no ouvido, escutou a mulher falar “Portão da escola de Amanogawa”. A menina colocou o telefone de volta no gancho e procurou por Amanojaku, mas ela já havia sumido. O ambiente se silenciou, até que eles ouviram passos vindos da escuridão da rua.

Momoko: _*Pega a mão de Keiichiro*Corra Keiichiro-kun!

Eles subiram as escadas que levavam ao pátio da escola e entraram na escola velha. Estava muito escuro, então Keiichiro se agarrou em Momoko. Sem perceberam, um felino começou a andar ao lado deles por aqueles corredores escuros.

Amanojaku: _Ele cortou os lábios dela...

Momoko: _O que?

Amanojaku: _A história... Eles a amarraram e seu marido cortou seus lábios. E então, antes de jogá-la ao rio, ele chegou perto dela e gritou “Quem te achará bonita agora?”. Depois disso, o espírito dela continua vagando pelas ruas e perguntando se é bonita ou não.

Momoko: _Qual é o nome dela?

Amanojaku: _Onna... Kuchisake Onna.

Um barulho de portas se abrindo tomou conta do lugar. Os jovens e o gato se esconderam na sala de teatro. Uma voz perturbadora soava pelos corredores.

Kuchisake Onna: _Eu sei que vocês estão aqui... Eu vou achar vocês...

Ela abriu seu casaco e retirou uma tesoura de lá. Soltou seus cabelos e, por fim, arrancou sua máscara e foi revelado o que tanto aterrorizava as pessoas: dois enormes cortes desproporcionais aumentavam a boca de Kuchisake Onna, formando um enorme sorriso desproporcional. Os cortes de Hajime, Reo e Satsuki eram tenebrosos, mas eram nada se comparados ao dela. Kuchisake começou a procurar os estudantes. Na sala onde estavam escondidos, havia várias fantasias e acessórios, porém todos estavam velhos e cheios de poeira. Momoko abriu o Diário Fantasma e procurou por ‘Kuchisake Onna’. Ao achá-la, percebeu que o desenho estava diferente do que ela tinha visto.

Momoko: _Essa não parece...

Amanojaku: _É porque Kuchisake Onna, antigamente, não usava essas roupas e nem mesmo a máscara. Ela vestia um longo kimono e tampava a boca com as mangas do mesmo.

A menina começou a ler o diário:

Momoko: _”Dia 21 de Fevereiro, eu me encontrei com Kuchisake Onna. Ela estava usando um kimono longo e tampava sua boca com as mangas. Eu estranhei, pois ninguém mais usa kimonos nas ruas. Quando ela te pergunta se é bonita, não há mais escapatória, a menos que você pegue um batom e diga quatro vezes “Não, você é feia e eu não quero ser como você!”“. Depois disse ela será presa no batom. Mas como este é um obejeto muito frágil, pode se quebrar facilmente. Estou preocupada, pois graças a isso o feitiço tem que ser feito de geração em geração. “

Keiichiro: _Então esse é o jeito.

Amanojaku: _Vocês não têm mais tempo... Ela já está aqui.

Quando ele disse isso, a porta da sala se arrastou e por ela entrou Kuchisake Onna. Ela parecia estar muito irritada. Pela primeira vez, Momoko e Keiichiro viram a estranha fissura e ficaram paralisados de medo. O gato pulou na frente deles e olhou para Kuchisake-Onna.

Amanojaku: _Não fiquem aí parados, façam o feitiço!

Momoko: _C-Certo.

Keiichiro: _Momoko-nii-chan, ali tem uma caixa. Vou ver se há algum batom.

Nesse momento, Amanojaku estava atacando Kuchisake Onna.

Kuchisake Onna: _Não permitirei que você interfira!

Amanojaku: _Essas crianças são minhas! Ninguém vai assustá-las, somente eu!

Kuchisake Onna: _Eu não pretendo assustá-las... Só vou deixá-las mais belas!*Ataca o gato*

Amanojaku cai no chão, desacordado. Keiichiro acha um batom e diz “Eu achei!”. Kuchisake Onna avança para Keiichiro e o agarra pelo pescoço. O batom cai e rola até Momoko. Ela o pega e o aponta para a fantasma. Kuchisake Onna já estava com a tesoura na mão, preparada para cortar o menino, mas parou e olhou para a jovem.

Momoko: _Solte-o, agora!

Kuchisake-Onna: _*Começa a rir e vira para a garota, ainda segurando Keiichiro*Então me diga... Eu sou bonita?

Momoko: _Não... Não! Você é feia e eu nunca quero ser como você.

A mulher largou Keiichiro, que caiu no chão e desmaiou.

Kuchisake Onna: _O que?! Como ousa me chamar de feia?!

Momoko: _Não, você é feia e eu nunca quero ser como você!

Kuchisake Onna: _NÃO! Não vou deixar que faça isso!

Ao dizer isso, a mulher investiu contra Momoko, pegando-a pelo pescoço assim como tinha feito com Keiichiro. A garota, quase sufocada, não conseguia falar nem respirar direito. Porém via, turvamente, a face deformada e raivosa do fantasma à sua frente. A menina falava com muita dificuldade

Momoko: _Você é feia e eu nunca quero ser como você! Você é feia e eu nunca quero ser como você!

Kuchisake Onna: _Não, pare sua desgraçada!

Um grande show de luzes iluminou a sala. Momoko teve que pôr as mãos à frente dos olhos. Kuchisake Onna agora estava irradiando uma luz amarela e sua tesoura caiu no chão.

Kuchisake Onna: _Ah! Sua desgraçada! Eu sou a mais bonita, ouviram?! Eu vou voltar pra te matar, sua peste!

Depois disso, a aterrorizante mulher desapareceu. Agora somente sua tesou estava caída no chão. Momoko caiu de joelhos e não largou o batom.

Momoko: _Não acredito... Finalmente acabou. Satsuki-san... Senhor Miyanoshita... Kayako-san... Eu consegui...

A menina caiu desacordada. No dia seguinte, foi acordada pelas lambidas de Amanojaku.

Momoko: _Amanojaku... Onde nós estamos?

Amanojaku: _Ainda estamos na escola velha. Vamos, acorde Keiichiro e vamos pra casa. Eu mereço um bom café da manhã...

Momoko acordou Keiichiro e disse que iriam para casa. A menina catou o Diário Fantasma e começou a andar para a porta.

Amanojaku: _Você não vai levá-lo? O batom?

Momoko: _Não. Nunca vou me esquecer do que aconteceu aqui, mas não quero ficar perto dessa mulher. É melhor deixá-la aqui mesmo, onde ela possa descansar em paz e não perturbar mais ninguém...

A estudante pegou o batom do chão e o colocou sob uma mesa de maquiagem empoeirada que tinha ali. Na mesa tinham muitos objetos de beleza: lápis de olho, maquiagens, até um espelho para se ver, e agora um batom. A menina juntou as mãos, como sinal de respeito.

Momoko: _Descanse em paz. Desculpe se lhe fiz algum mal.

Amanojaku: _Não menina, você não fez nada errado. Kuchisake-Onna deve ter visto algo em você que é semelhante à irmã dela: uma beleza interior e exterior. Coisa que ela nunca teve. Deve ser por isso lhe perseguiu.

Ao voltarem para casa, Momoko percebeu que havia um recado na secretaria eletrônica. Ela chamou Keiichiro e apertou o botão para os dois ouvirem juntos. O telefone disse “Olá, eu sou a enfermeira Mei. Estou ligando para comunicar que a senhorita Satsuki Miyanoshita apresentou uma grande melhora esta noite e que amanhã já poderá voltar às aulas. Devo lhe informar que a cicatriz de seus lábios também sumiu, ainda não descobrimos como...” Momoko apertou o botão e interrompeu a gravação. Ela e Keiichiro ficaram tão felizes que decidiram ir até o hospital na hora.

Chegando lá, Satsuki, Hajime e Reo estavam na cantina do hospital, sentados numa mesa conversando. Keiichiro correu até a irmã e a abraçou. Todos os três estavam sem as cicatrizes. Satsuki perguntou o que havia acontecido e Momoko sentou-se à mesa com os amigos para contar o real motivo de suas melhoras.


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Notas finais do capítulo

Tem um olho na minha lágrima.. Saudades desse anime.



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