–Isso. -Mostrei a bailarina-Entregue para Fiora e diga que acabei de cumprir uma promessa.
–Como assim? -Ele perguntou recolhendo a dançarina.
–Ela vai entender..."

E foi assim que estava prestes a me encrencar muito. Muito mesmo. Muito, muito, muito mesmo, como dirá Teemo mais para frente.
Bem, ainda um pouco agitado por ter roubado a aliança do príncipe que era do rei, eu saí do castelo e fui a uma joalheria.
Pedi para o vendedor cortar a aliança ao meio. Ele fez isso com uma máquina estranha e devolveu as duas partes. Mas só peguei uma e saí dizendo para ele ficar com o resto. E agora era oficial, Fiora não se casaria com Jarvan sem essa aliança, e a aliança não existia mais.
Como já era de noite e eu estava exausto, fui para um hotel qualquer. Paguei com a outra metade da aliança e pedi para que me chamassem de Yon.
Então você pergunta, "por quê?"; Simples, quem mais suspeito de roubar a aliança do que o único "plebeu" que disse ter ido até o quarto real? E ainda se passou por príncipe?
Eu devia estar muito cansado (ou bêbado) para não ter saído de Demacia naquele momento.
A última coisa que vi antes de dormir, foi a vassoura encostada no canto do meu quarto e a minha cama.

***

Acordei com um barulho imenso nos primeiro andares do hotel. Levantei-me meio sonolento e olhei pela janela para ver se era dia. O que vi, foi mais do que o sol brilhando e o azul do céu. Vi muitos guardas reais vasculhando a idade inteira a procura de um Yon. Eu dei a aliança para aquele homem, ele sabia que eu havia roubado, só não sabia meu nome. E por mais que me descrevesse, jamais fariam um bom retrato falado. Pelo menos era o que eu ingenuamente, achava (é achava, porque agora pensando bem, quantas pessoas por ai andam igual eu?).
Já estava de pé, meio desesperado ouvindo os passos de guardas na escada. Era lógico que eu era o ladrão. O vendedor não sabia meu nome, ou minha origem. Mas sabia qual quarto eu havia alugado.
Meio que em um golpe de sorte peguei a vassoura e comecei a varrer de cabeça baixa, como se fosse um simples faxineiro.
A porta caiu do meu lado, continuei varrendo. Dois ou três homens do rei entraram gritando:
–Você é Yon? Yon é você? É o ladrão?
–Não senhor. Que ladrão senhor?
–Não questione! Eu faço perguntas, não você faz perguntas! Você responde, eu faço perguntas!
–Tá bom, senhor...
–Seu nome?
–Meu nome não é Yon, meu nome é... Brom. O Yon é o ladrão? Eu posso conhecer um Yon.
–Sério? Sim, Yon é ladrão do rei. Você conhece? Onde ele está?
–O homem que dormia aqui, saiu mais cedo antes de você chegar. Muito cedo, ainda de noite. Pediu para que eu varresse por aqui. Estou fazendo isso.
–Certo, se ver um Yon, avise-nos, ok?
–Pode deixar senhor.
Acho que tive sorte. Imitei um zelador ou faxineiro, sei lá, de novela! Assim que tive chance de sair despercebido, fiz.
Corri para a entrada de Demacia na esperança de achar Teemo... Nada. É teria muito trabalho para encontra-lo.
–Onde será que ele se meteu? -Resmunguei para mim mesmo.
Mas fui surpreendido por uma resposta, na voz marota do meu pequeno e invisível amigo:
–Ele quem?
Logo que e o vi, pude perceber que Ahri (a donzela) também estava por ali. Como eu tinha visto, se ele estava invisível? Isso, nunca saberei, talvez porque somos ou eramos aliados.
–O-olá. -Falei sem jeito.
–Oi! -Ela deu um grito de alegria -Muito obrigada Yasuo!
Olhei para Teemo com desprezo e sussurrei:
–Por que a trouxe aqui?
–Ela insistiu... -Respondeu Teemo olhando para outra coisa -O que é aquilo, Yasuo?
Eu virei-me receoso do que seria. E sim era exatamente o que eu não queria que fosse. O retrato falado tinha ficado perfeito então. Jayce e Garen vinham em minha direção, bravos, por um segundo fiquei pensando se ele realmente arrumara um emprego por Demacia. Junto deles mais um monte de guardas reais e o próprio Jarvan.
–Fiora, cadê a Fiora?! -Pude ouvir esse grito de Jarvan.
–E a aliança? - Jayce foi se metendo.
Olhei para Teemo, imaginando a bronca que me daria. Seria muito desaforo mesmo. Mas ao contrario disso ele puxava Ahri para fora de Demacia. Achei uma boa ideia e corri com eles.
E foi assim que eu fui exilado de outra cidade.

***

Depois daquela corrida pela floresta só existia uma pessoa mais cansada que eu, Ahri, e Teemo parecia um energético em pessoa... Corremos quase três horas. Mas, encontramos uma gruta e nos escondemos.
Logo, Teemo... o Teemo falou baixinho:
–Como?
Percebi que ele estava bravo...
–Er... A Fiora... A Fiora ia se casar... Ia ser um casamento aranjado...
–E você?
–Peguei emprestada a aliança do Jarvan...
–E a Fiora?
–Deve ter fugido... Eu acho.
–Nossa Yasuo! Você não pode ficar uma noite sem mim que é exilado de uma cidade!
–Hm. Não dúvido que você faria a mesma coisa...
–Pois duvide! Eu teria pegado a aliança e ficado invisível até tu chegar, ninguém saberia que fui eu.
Fiquei em silêncio. Não estava afim de ter mais uma "discussão besta" com o Teemo... Não na frente da Ahri.

***

Ainda estava de dia, quando saímos da gruta. Eu, Teemo e Ahri.
Fiquei pensando, quanto tempo ficaríamos com ela? Mas não falei nada para não ser hostil.
Eu e Teemo fizemos o que sempre fazíamos quando andávamos sozinhos, caminhamos sem rumo, direção norte, pela floresta. Eu e Teemo sabíamos que aquela direção dava para o rio: cruzando o rio, haviam umas montanhas (e Freljord) e depois delas Piltover e Zaun. Seguindo o curso do rio para o sul, voltavamos a Demacia ou íamos para o deserto de Shurima.
Eu e Teemo conhecemos tão bem Runeterra que parece que é nossa terceira vida nessas terras.
Mas, por falar em Runeterra, isso me lembrou que Ionia é uma ilha. Que fica muito longe de Demacia. Eu não sabia até então que tinham uma colonia perto de Demacia, seria uma guerra?
Isso me lembrou que Ahri, era de Ionia. Achei estranho ela não ter me... Bem...
Voltando ao assunto principal, agora tinha mais um motivo para não querer ela perto de mim. Queria andar só com Teemo. E foi sobre isso que falei:
–E você?
Um breve silêncio e meu amigo yordle resolveu caçoar da minha cara:
–Eu o estou bem. Não fui exilado de Demacia. Eu acho.
–Hm. E você Ahri?
Achei que ela não responderia porque só o fez quinze minutos depois:
–Não, eu não volto para casa Yasuo. Preste atenção: Iona está muito mudada desde que você saiu. Agora temos uma colônia perto de Demacia e da Great Barrier. Algumas pessoas como eu nos mudamos para lá achando que ia ser melhor, mas não é. É muito pior. Já tentei voltar e avisar o pessoal da ilha, mas é impossível voltar! Quando viajamos para a colônia, soldados nos escoltavam, agora temos que ir por conta. Quando Warwick me atacou... Eu tentava atravessar o rio...
–O que Warwick faz tão distante de Zaun?
–Ele procura Soraka. Ela é de Ionia e também está na colônia... Já é a terceira vez que ele... Me acha.
Olhei para Teemo e para ela. Vi gotas escorrendo de seus olhos e meu pequeno Yordle nem virou para mim.
–Então eu e Teemo te levaremos até Ionia, certo Teemo?
–Sim... -Ele falou entediado.
–Como? -Perguntou Ahri esperançosa.
–Cruzaremos o rio, passaremos pelo deserto de Shurima na direção de Yodoo Lands, iremos para Bland City e pegaremos um barco até Bilgewater. De lá será fácil atravessar o mar até Ionia, você poderá ir sozinha.
–Não. -Teemo pronunciou-se- Será mais fácil passarmos por Great Barrier, as ruínas de Uristan, Fyrone Flats, Kumungo, subimos as montanhas e chegamos em Yordle land. Daí fazemos a mesma coisa que o Yasuo queria. Embora seja difícil uma pessoa que não consegue atravessar o rio, atravesse o mar.
Fiz um "sim" com a cabeça. Andamos na direção contrária.