A Little Nightmare Of Mine escrita por Nati Galdino


Capítulo 12
Cabana - part 3


Notas iniciais do capítulo

Raffa nova leitora! APROVEITEM A LEITURA :)



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You'll learn
Don't fear the future
I used to sit and watch the pouring rain
I used to wish to be back home again
I hadn't I hadn't the strength then
Hadn't the strength to reveal (it)
But it's all in your head
When do we begin?

Guster

Mil pedaços de vidros entrando numa perfeita sincronia em meu coração e com a lerdeza de uma lesma, para que dor fosse mais forte, mais intensificada, e para que nunca fosse esquecida. Assim estava meu coração após tudo o que Kate havia falado. Diante tudo isso que estava acontecendo, eu só queria desistir, estava disposta a morrer, queria não ter que passar por isso, não aguentava mais. A pessoa forte que fui não existia mais, agora, só restava uma Diana fraca, cansada e com medo, medo do escuro, medo de ficar sozinha, medo até de sua própria sombra, isso foi o que restou.

Ainda estou na cabana, o clima lá dentro era agradável, uma fogueira estava bem alimentada, o calor que saia dali aquecia a cabana por dentro, impedindo o frio que fazia lá fora entrar. Olhei pela janela, estava nevando, fazia tempos em que não via neve. Kate estava sentada em uma cadeira na minha frente, me observando, esperando qualquer movimento dos meus lábios para que começasse tudo de novo, todo aquele discurso ridículo e sem qualquer coesão. A garrafa de café estava no chão, destampada, Kate havia se servido e esquecido de fechar a garrafa, garota estúpida, o café vai esfriar. Kate era sempre assim, uma garota estúpida, sempre fazendo o que achava "ser certo" para ela, lógico. Lembro uma vez de ela ter me pedido para preencher uns formulários e depois vir tirar satisfação do porque havia preenchido os formulários, Kate estúpida demais. Mas, apesar de tudo, ela sempre vinha com um lindo e enorme sorriso no rosto pedindo desculpas, e tudo voltava ao normal. Mal sabia eu que, a Kate que eu achava conhecer, era apenas o eu queria ver, era só a Kate que eu queria e não quem ela era de verdade.

"Diana, você quer comer alguma coisa?" Diz Kate se levantando da cadeira e indo em direção a uma bolsa de papel que estava em cima da mesa.

"Não, obrigada, estou sem fome e estou bem assim" Fui o mais rude possível, algo que jamais eu teria feito com Kate, lhe responder com tamanha grosseria, me senti mal por te feito.

"Okay" Diz ela, tirando uma marmita de dentro da bolsa e colocando em cima da cama.

E nossa pequena conversa termina ali, eu não sabia o que dizer ou muito menos o que pensar, só podia sentir. Raiva, sim, raiva era o que eu senti naquele instante, raiva de mim, por ter sido idiota o suficiente por ter deixado tudo isso acontecer comigo, raiva por ter sido uma cega idiota, raiva por ter confiado em alguém, deveria ter permanecido dentro do meu castelo de marfim, lá estava seguro de tudo isso, de toda essa decepção, de todo esse ódio, estava protegida de todos, é isso que dar depositar confiança em alguém quem você acha "ser confiável" um belo tapa na cara que a vida me deu, posso até a ouvir dizendo "bem feito idiota, era pra você ter ficado dentro do seu castelo de merda, e nada disso teria acontecido com você" tarde demais para ouvir conselhos, ou até mesmo para segui-los, tarde demais, a "merda toda" já tinha saído de controle.

"Mesmo você não querendo conversar comigo ou me ouvir, eu irei falar mesmo assim, porque eu sei que depois disso tudo o que houve, irei morrer" Diz Kate, sentada á mesa olhando para a marmita e encarando uma rodela de tomate.

Estou a olhando, faço um movimento com a cabeça para ela continuar, queria saber o que ela tinha de tão importante para me dizer que me sequestrar era a melhor opção.

"Sabe Diana, você sabe que eu amo você, e que eu só quero o seu bem, apesar de você duvidar, mas eu realmente quero o seu bem, é pecado desejar o bem de quem amamos? Acho que não! Bem, vamos para de rodeios, Diana o que tenho para lhe contar tem haver com o acidente que você sofreu no ano passado, tudo o que está acontecendo com você hoje, é consequência daquele maldito acidente. Você não sabe, mas John era meu irmão, um bastardo na verdade, meu pai engravidou a empregada, John viveu conosco até seus quinze anos, e depois foi embora sem dizer nada, nem um adeus. E no começo do ano passado nós nos reencontramos, foi uma alegria e tanto, éramos muito próximos, eu fui a única a aceita-lo como irmão, meus outros irmãos e minha mãe o tratavam como um bastardo. Enfim, Diana o acidente do ano passado não foi realmente um "acidente" aquilo foi premeditado, por mim e por John, ele de alguma forma queria sumir, queria desaparecer da terra, e não há nada melhor do que a morte nessas horas. Então decidimos que John iria morrer. E tudo, tudo isso que vem acontecendo com você tem um proposito, a sua briga com Eduardo, o nosso "namoro" até sua morte, tudo está relacionado a você, a sua perda de memória tem uma explicação, seus sonhos tem explicação, sim Diana, você fala dormindo. Isso que você chama de sonhos, ou pesadelos, são parte de sua memória esquecida, apagada voltando a tona, o que não era pra está acontecendo, até porque seu tratamento foi intenso, mas isso lhe digo depois. Você não sabe quem era John, só via o que ela queria, a sua máscara, mas, seu verdadeiro eu, quem ele realmente era, nunca. Você foi a melhor coisa que aconteceu a ele, só você continha o cruel e terrível John, um ser humano cruel e horrendo, só você conseguia fazer o homem amável e afável vir a superfície. Diana, você merece muito mais que uma explicação, mas não sei se consigo lhe contar o que está havendo ..."

Kate se cala, estou tremendo, não acreditava em nada do que ela acabara de me contar, claro que não, não podia acreditar, que absurdo, eu conhecia John, ele foi o homem mais lindo e perfeito que conheci e a vida resolveu tira-lo de mim, isso tudo era mentira. Meu coração acelerado, meus olhos ardendo, minha mente beirando a loucura "NÃO, NÃO, NÃÃÃÃÃO ISSO NÃO É VERDADE, É TUDO UMA INVENÇÃO DA CABEÇA PERTURBADA DE KATE, ESTA LOUCA ESTÁ TENTANDO MEU DEIXAR LOUCA" minha mente grita, meu coração grita, não tenho voz para ecoar o que esta preso no pulmão, estou engasgada com tanta mentira e insanidade.

"CALA SUA BOCA, VADIAZINHA DE MERDA, TA QUERENDO ME DEIXAR LOUCA? É ISSO O QUE VOCÊ QUER? ME DEIXAR LOUCA? NÃO BASTASSE TER ME TRAGO PRA ESSA MALDITA CABANA, TER ME DROGADO, ME ESTUPRADO E AINDA VENS ME ENCHER A MENTE COM TAMANHA MENTIRA? ORA KATE, VÁ SE FUDER, E LEVA ESSA SUA MENTIRA DE MERDA JUNTO COM VOCÊ" Finalmente, já não era sem tempo, consegui gritar o que esta entalado. Estou "bufando" de ódio, mãos cerradas, pronta para acertar a cara de Kate de deixa-la deformada de tanta porrada.

"Não, você tem que acreditar, porque é a verdade, Diana é verdade. Tudo, tudo o que lhe contei é a mais pura verdade, John nunca foi uma boa pessoa, e nunca será. Diana, John está vivo."

Estava de pé indo em direção Kate, para encher-lhe a cara de bofetadas, mas o impacto que as palavras fizeram aos meus ouvidos foi grande demais, meu coração chegou a parar por alguns segundos, minha cabeça doía ainda mais. Uma tonelada, minha cabeça pesava um tonelada, meu Deus, socorro, o mundo está desabando e está caindo em cima de mim.

Não, John não está vivo, eu mesma havia lhe enterrado, eu mesma vi seu caixão descer para um buraco sem fim, eu vi, eu chorei todas as noites por sua perda, visitava seu túmulo todo dia deixava-lhe flores. Isso não é verdade.

Já não sabia mais o que mentira e o que era verdade, já não distinguia o certo do errado, já não sabia de mais nada, de todos os tapas que vida pôde me dar, esse foi o mais forte e o que vai me marcar para o resto da vida.

Ali, em pé no meio da cabana, olhando para Kate, uma lágrima escorre em seguida tantas outras vieram, não consegui controlar, sentei-me no chão, juntei as pernas, baixei minha cabeça e chorei, chorei como nunca havia chorado antes, chorei com espinhos perfurando minha pele, e indo de encontro com meu coração, a dor mais insuportável.

Kate estava sentada ao meu lado, ela acariciava meus cabelos, com um tapa tiro suas mão de mim, me levanto, as lagrimas escorrendo por meu rosto digo "se você não tivesse aparecido na minha vida, isso nunca teria acontecido, estava quieta no meu canto, com minha dor, e vem você pra mudar tudo, tirar tudo do eixo, a culpa é sua, toda sua." Falo apontando o dedo para Kate, viro-me de costas para ela e saio correndo dali, aproveitando que a porta esta aberta, sai dali, e fui para dentro da fria, misteriosa e escura floresta.


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Notas finais do capítulo

Dedico para Lay, por aguentar esse psicótica aqui todos os dias!



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