O tempo foi passando, faltavam apenas algumas semanas para o casamento e ainda não havia dado uma resposta para meu pai. Todos já sabiam do casamento e todos apoiaram e estariam presentes na cerimônia, que não seria em uma igreja, nem nada muito religioso, na verdade, eu não sabia muito sobre o local, Maura disse que seria surpresa, o que me deixou com um pingo de medo.

Eu queria ter mais participação no casamento, mas Maura estava tão feliz fazendo todos os planos que nem me incomodei em reclamar, era até bom, eu e Maura sempre acabávamos nos desentendendo com algo, mas ainda assim, dava minha opinião em tudo e ela aceitava com um sorriso... Às vezes.

Era meio dia, e eu estava na central trabalhando em um caso complicado, estava presa naquela sala desde que chegara lá. Comecei a ficar com fome, então dei uma pausa e fui para a lanchonete. O caminho até lá, foi quase automático, eu estava cansada, o dia mal começara, e eu já queria ir pra casa dormir.

Cheguei à lanchonete, me sentei em uma mesa qualquer e deitei minha cabeça nos meus braços que estavam sobre a mesa. Ouvi um barulho de saltos estralando sobre o chão, eu sabia que era Maura, mas meu pescoço estava muito pesado, era como se algo me prendesse pela nuca á aquela mesa.

– Oi amor. O que houve? – Perguntou Maura enquanto me fazia cafuné.

– Estou exausta, preciso da minha cama.

– Sério? Você não dormiu bem?
– Eu quase não dormi, graças á você. – Disse isso e ela ficou corada.

– Jane! – Deu um tapa no meu braço. –Você precisa descansar.

– Você acha que eu não sei? Tudo que eu mais quero é dormir.

Ficamos ali conversando por um tempo, comemos um pouco e voltei ao trabalho. Quando deu 14:00 eu vi que estava atrasada para experimentar a roupa para o casamento.

Mesmo com Maura discordando, eu iria usar terninho, nada de vestido, ela até entendeu, e viu que eu ficaria melhor e mais confortável sem o vestido.

Fui com minha mãe até a loja, eu já havia escolhido um terninho, mas tiveram que fazer alguns ajustes, e hoje ele deveria estar pronto. Botei a roupa, sai do provador e “desfilei” para minha mãe.

– Você está linda!

– Sério mesmo? – Olhei para o espelho.

Nunca me importei muito com o que os outros pensavam sobre o jeito que eu me vestia, mas agora era importante.

– Com certeza! Maura vai amar!

– Eu ou a roupa? – Brinquei.

– Você ela já ama. – Rimos.

Fiquei me olhando no espelho por um tempinho, a roupa era simples, mas ainda assim linda. Era basicamente um terno preto que marcava minha cintura, com um colete por baixo, uma calça formal e um sapato – Também formal.

Depois da prova da roupa, voltei para casa e guardei o conjunto no armário, a roupa estava dentro de um saco preto, sempre vejo Maura com um desses, e dentro deles sempre tem um vestido. Eu amo isso em Maura, ela é tão vaidosa... Enfim, quando guardei tudo no lugar certo, tomei um banho e ia para o trabalho, eu ainda tinha muito a fazer, mas antes tinha que resolver um assunto.

*****

Faltavam algumas semanas para o casamento e eu estava muito nervosa e ansiosa. Eram exatamente 15:47 e eu tinha que ir à loja de vestidos para ver se o meu traje estava pronto depois de alguns ajustes. Fui acompanhada de Constance, Hope e Angela, basicamente, fui com minhas mães.

Chegando à loja, a atendente já me reconheceu e me levou para o provador, me vesti e fui até minhas mães exibi-lo e receber suas opiniões. Meu vestido era lindo, completamente lindo; ele era praticamente todo de renda com algumas flores como detalhe, tinha uma fita simples que realçava minha cintura, tinha também alguns detalhes no busto, era lindo.

– E então? O que acham?

– Maura... Você está linda! – Disse Angela com os olhos marejados.

– Você está perfeita! – Era vez de Hope falar.

– Minha filha, você está maravilhosa, estou muito feliz por você.

– Nesse momento todas nos já estávamos com lágrimas nos olhos.

Virei-me para o espelho e assim que vi meu reflexo eu quis chorar, aquele certamente era o vestido ideal, sempre sonhei com esse momento, chorar de emoção apenas por vestir uma coisa tão simples, mas tão importante ao mesmo tempo, era uma sensação ótima e única.

Vestido de Maura

Fui pra casa, mas não levei o vestido comigo, minha mãe Hope se encarregou de cuidar dele, já que Constance só veio visitar para ver o vestido, e depois iria embora e só voltaria no dia do casamento e Angela é minha vizinha então...

Voltei para o serviço eram 17:30 fui ver Jane na central, mas os rapazes disseram que ela ainda não havia chego. Fui falar com Ângela.

–Angela, você viu Jane?

– Não meu amor. Sinto muito.

– Alguma chance de ela ainda estar provando sua roupa?

– Não, eu fui junto com ela, e a acompanhei até em casa, mas lembro de ela ter dito que ia resolver alguns assuntos sobre o casamento.

– Estranho, já foi tudo resolvido, será que aconteceu alguma coisa? – Me preocupei.

– Não, tenho certeza que ela está bem. – Passou as mãos nas minhas costas.

Me senti mais confortável, mas ainda estava preocupada com Jane, liguei pra ela, mas sempre caía na caixa de mensagem.

*****

Depois de ter tomado meu banho, fui para meu carro e me dirigi até o endereço desejado. Quando cheguei, desci do carro, entrei no terreno, e quando cheguei até a porta respirei fundo, tomei coragem e toquei a campainha e logo fui atendida.

– Jane! Que bom te ver.

– Obrigado. Posso entrar?

– Claro, por favor. – Abriu espaço para eu passar – O que te traz aqui?

– Eu te devo uma resposta, não devo pai?

– Sim, e eu ainda não sei como me redimir pelo o que fiz, não espero que você... – O interrompi.

– Meu casamento vai ser daqui a duas semanas, esteja lá. – Entreguei o convite em suas mãos.

– Oh... Eu não pensei que você fosse... Nossa... Eu estou sem palavras.

– Eu tenho que ir, mas eu espero te ver lá, e não significa que estou de bem com você.

– Eu sei... Bem, foi ótimo te ver, mas você deve ter trabalho a fazer certo?

– Certo.

– Você é sempre ocupada, deveria tirar férias.

– Eu vou, daqui a duas semanas. – Disse seca.

– De novo, foi ótimo te ver.

– Te vejo no casamento. – Sai, acenei como despedida e fui ao trabalho.

Quando cheguei no departamento era 18:45 e vi Maura correndo em minha direção já me fazendo perguntas.

– Onde você estava? Com quem você estava? Pensei que alguma coisa tinha acontecido com você! Você está bem? Está machucada? Por que não atendeu minhas ligações?

– Calma! Uma coisa de cada vez. Eu estava na casa do meu pai, conversando com ele, nada aconteceu, apenas entreguei o convite do casamento, não estou machucada e eu estou bem.

– Eu estava aqui toda preocupada com você, pensei que tinha acontecido algo, por que não atendeu minhas ligações?

– Eu deixei meu celular no carro e esqueci-me de checar, me desculpe.

– Tudo bem... Como foi?

– Não foi um mar de rosas, mas deu tudo certo.

– Estou muito orgulhosa de você.

– Eu também – Sorri

– Convencida... – Ela riu e me abraçou. – Eu estava mesmo muito preocupada.

– Está tudo bem baixinha. – A abracei de volta e beijei o topo da cabeça dela.

– Arrumem um quarto. – Disse Frost.

– Você sempre tem estragar tudo né? – Comentei.

– Desculpe, mas eu preciso roubar Maura por um instante.

– Tudo bem, eu já estava indo pro escritório mesmo. – Olhei pra Maura. – Te vejo depois?

– Sim. –

Dei um beijo rápido nela, o que a deixou muito irritada, ela não gosta de misturar sua vida pessoal com a profissional. Sorri e saí correndo até o elevador antes de levar um tapa.

Fiquei na frente do computador fazendo meu trabalho até 20:00 e então desci até o escritório de Maura e fui pegá-la para irmos pra casa.

– Vamos mi amore?

– Sim. – Riu. – Apenas deixe-me terminar isso.

Sentei no sofá e fiquei encarando- a trabalhar, apenas admirando sua beleza e um flashback tomou conta de meus pensamentos.

– No que está pensando?

– Em como consegui esconder meus sentimentos por tanto tempo, de como eu morria um pouquinho todo o dia por não ter coragem de te contar a verdade.

– Que dramática.

– Obrigado, por arruinar meu momento fofo de revelação.

– Desculpe, podemos ir? – Sorriu.

Acenei com a cabeça, e deixamos o prédio. Logo já estávamos em casa, nossa noite era sempre a mesma, comemos, tomávamos banho – Na maioria das vezes juntas – E íamos pra cama. E fizemos isso. Já na cama eu me perdi nos pensamentos de novo, como tudo passou tão rápido...

– Você está muito pensativa hoje. – Maura falou enquanto passava creme em suas pernas.

– Eu estava refletindo... De estranhas para amigas, depois melhores amigas, e então namoradas, e agora noivas.

– E daqui a duas semanas estaremos casadas, e eu serei Dra. Maura Isles-Rizzoli. – Riu

– E eu Detetive Jane Rizzoli-Isles, ou Isles-Rizzoli? Isso é muito confuso.

Rimos e Maura deitou ao meu lado encostando sua cabeça sobre meu peito.

– Boa noite. – Eu disse.

– Boa noite, eu te amo.

– Também te amo. – Beijei o topo da cabeça dela e logo já estávamos dormindo.