Os Reis do Inferno escrita por Thaís Teixeira


Capítulo 4
O gosto na boca.




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– Você o quê? – Gritou Sebastian, querendo avançar no pescoço da irmã – Você deixou uma humana viver? MESMO DEPOIS DE ELA TER VISTO TUDO O QUE VOCÊ PODE FAZER?

– Você é tão careta – Disse a mais nova, sentando-se ao lado de Vincent – Pare de ser tão careta, irmão.

– Careta? Você realmente acha que pode confiar em humanos, Katherine? Humanos?

Vincent não parecia se importar com a discussão; estava muito ocupado brincando com um cubo mágico totalmente empoeirado que achara em uma escola destruída. Realmente não ligava para os dois irmãos, afinal, não era da conta dele. Era?

– Katherine – Sebastian a puxou pelos braços, fazendo-a ficar de pé novamente – Quantas vezes terei que repetir?

– Eu já sei, humanos s... – O irmão gritou e não a deixou terminar.

Cale a boca! – O mais velho parecia realmente irritado – São mentirosos, pisam uns nos outros, roubam e são roubados, dão sempre as mesmas desculpas e mesmo assim acham que poderão ir para o céu – Então ele empurrou a ruiva, que caiu no chão com força – Você é burra demais, irmã.

Jogada no chão, a ruiva não ousou abrir a boca. Não tinha sentimentos humanos como tristeza – é claro que não – mas ela possuía um orgulho, atualmente ferido pelas ofensas do mais velho. Mais velho este que havia sumido, e logo Vincent imaginou que tinha ido matar a pequena Flora. Oh, pequena e inocente Flora.

Flora esta que não estava nem um pouco insatisfeita com o que havia ganhado, afinal, sabia atirar desde seus doze anos de idade e tinha enorme admiração por armas. Estava feliz com seu novo arsenal e disposta a atirar em qualquer ser vivo que passasse por ela. Em seus plenos dezenove anos de idade, é claro que sabia atirar melhor que nunca. Havia cortado os cabelos exatamente porque lhe atrapalhavam quando ventava e isso realmente a irritava.

Enquanto a loira trilhava seu caminho até algum lugar que nem ela mesma conhecia e apenas esperava encontrar um teto para passar a noite, ouviu passos largos e pesados atrás de si.

Ora, ora, então é você que conseguiu mudar a cabeça de uma ruivinha burra – A voz parecia ecoar pela rua inteira e Flora ficou bem assustada com o fato – Que interessante, hm? Quem diria pequena Flora.

– Quem é você? – Virou na escuridão a garota perdida – O que você quer? – Pegou uma das armas que estava em sua cintura e apontou cegamente para a escuridão enevoada.

– Eu? – O demônio foi se aproximando da loira assustada e a pegou pela cintura – Eu quero apenas uma coisa.

– Nem tente me estuprar! – Gritou a garota antes de virar para vê-lo, e quando viu, suas mãos ficaram geladas, seu lábio dormente e sua arma caiu no chão em apenas um estrondo. Envolvida pela cintura por ambas as mãos do demônio e desarmada, não sabia exatamente o que sentia no momento: medo ou atração.

– Você sabe o que eu quero, Flora. Você sabe exatamente o que eu quero, não sabe? – Uma das mãos do demônio deslizou para a parte de cima das costas da garota enquanto lentamente a empurrava para a parede – Você sabe sim.

– Eu... – Enquanto encarava os olhos vermelhos de Sebastian, ela não notava que estava sendo persuadida para uma armadilha mortal – Eu... acho...

– Ah, então você sabe – Ele sorriu para ela de forma enganadora e ilusória – Então você sabe – As mãos do demônio estavam na cintura e no pescoço dela. A garota, congelada pela atração fatal, suspirou, sem ao menos pensar em reagir e deixou-o agir.

Sebastian pressionou os lábios contra o pescoço pálido da loira, que soltou um barulho esquisito. Uma das mãos dele deslizou das costas para a barriga e Flora já sabia onde ela iria parar. Ao menos, achava que sabia. O homem de cabelos pretos a pressionou contra a parede com uma fúria diferente, algo que ela jamais havia sentido na vida, e de sua barriga, as mãos começaram a subir para o pescoço.

– O que você está fazendo? – Disse a garota entre suspiros excitados.

O demônio não respondeu e logo ambas as mãos estavam em volta do pescoço da pequena garota de dezenove anos, apertando-o. Ela não sabia como tinha chegado naquele ponto, mas começou a gritar e chorar por ajuda.

– Se você calar a porra dessa boca vai doer menos – Ele apertava cada vez mais e a loira se debatia cada vez mais.

– É inveja? – Katherine deu dois passos para o lado dele e o empurrou com uma força que Flora jamais tinha visto – São ciúmes?

Flora estava de quatro no chão, tossindo com uma das mãos na garganta e chorando desesperadamente.

– Você é ridícula. – Sebastian avançou em Katherine de verdade, segurando-a pelos cabelos. Pela idade, ele era mais forte que ela. – Você vai dar sua vida por esse pedaço de lixo humano? Essa merdinha que nem ao menos soube resistir aos encantos de um demônio? É essa garotinha ridícula na qual você depositou a sua confiança?

– Não depositei confiança nenhuma, seu imbecil! – Ela tentava se soltar das mãos do irmão – Apenas pedi para que matasse por mim. Não seria útil? É muito útil!

– Eu sei que você está mentindo. Cale a boca! – O demônio mais velho estapeou a ruiva na cara – Eu nunca deveria ter deixado você seguir o rastro dela. Agora você ficará protegendo essa vadiazinha nojenta e fedida.

Nenhuma palavra foi pronunciada depois que o irmão se calou. A ruiva que estava sendo puxada pelos cabelos estava, agora, no chão. Flora encontrava-se no mesmo estado dela, porém tossindo e tentando colocar-se em pé novamente. Sebastian percebeu que Katherine protegeria a pequena e nojenta humana, então foi embora. Seus passos eram largos e – claramente – irritados. “Quando ela perceber o que fez, sentarei e assistirei a humana comendo-a pelas pernas”, pensou o irmão mais velho e se foi.

– Você está bem? – Disse Flora para a ruiva, enquanto se colocava sob os dois pés, um tanto quanto assustada – O que diabo foi isso? Ele disse demônio?

– Não devo contar essas coisas pra você, garota desgraçada – Levantou-se Katherine parecendo melhor do que nunca, porém seu orgulho ainda doía – Realmente acho que não devo.

– Se acha isso, então, eu prefiro morrer a matar pessoas pra você – Finalmente a loira se apoiava perfeitamente novamente em pé – Eu não quero viver dessa forma se não sei por que estou fazendo isso e nem ao menos para quem.

A ruiva semicerrou os olhos, como se estivesse analisando todos os cenários possíveis, sem fazer nenhum barulho por dois minutos, mais ou menos. Flora estava aflita; não sabia aonde tinha se metido, não sabia por que tinham tentado matá-la, não sabia de nada.

– E então? – A garota voltou a tomar as palavras para si – Conte-me ou mate-me, afinal de contas.

– Os humanos são apressados. – Riu-se Katherine – De fato, não somos humanos, como acredito que você pôde perceber. Somos algo... Melhor, é óbvio. Você quer saber quem começou e está mantendo toda esta guerra maravilhosa? Eu e meus dois irmãos – Então ela sorriu e a loira sentiu um arrepio crescente na espinha.

– Vocês são demônios, então – Disse Flora, assustada como deveria estar – E o que vocês querem?

– Morte, destruição, sangue e depois começaremos tudo de novo.

– E por que você me escolheu?

– Te escolher? – A ruiva riu alto, tão alto que ecoou pelas paredes dos restos de prédios – Eu não te escolhi pra nada, imbecil. Apenas não te matei por achar que você é parecida comigo e, talvez, precisasse de uma aliada para matar essas coisas nojentas que dizem amar-se.

– Coisas. Você nos chama de coisas. – A loira estava estupefata – Eu matarei por você, não me importo. Apenas não me deixe morrer nas mãos de estupradores.

– Perfeitamente – A ruiva virou-se de costas para sair de cena – Ah, não se esqueça que somos incrivelmente fortes. Cuidado com o que fala por aí – E então, saiu.

Flora estava tremendo dos pés a cabeça e não sabia exatamente como reagir. Ela havia conhecido dois demônios em um dia e um deles tinha tentado matá-la, mas que droga! Tentando se recuperar do choque, pegou suas armas espalhadas pelo chão seco e guardou-as novamente. Olhou ao seu redor e a neblina assustadora da noite já começava a se dissipar.

Merda”, pensou consigo mesma. “Não encontrei um lugar para passar a noite e sem a neblina ficarei fragilizada. Merda...

A loira corria pelas ruas escuras, apenas com a lua iluminando-a, tentando encontrar algum lugar seguro para passar a noite e que não estivesse infestado de insetos. Já Vincent, que brincava com o cubo, levantou os olhos para o irmão que surgiu na sala, bufando de ódio.

– Qual o problema, Sebastian? – Disse, jogando o brinquedo de lado – Você não conseguiu matá-la, não é?

– Claro que não – Respondeu o mais velho, quase gritando – Aquela vadia burra colocou-se na frente para protegê-la.

– Eu não esperava menos. É claro que ela não vai admitir, mas Katherine possui certa empatia com essa humana, estou certo?

– Infelizmente você está – O homem de cabelos escuros sentou-se ao lado do irmão, que agora prestava total atenção nele – Não deveria.

– Será que não existe um humano sequer que não irá tentar nos matar ou prender? – Vincent sorriu, tentando animar o outro irmão – Pense comigo: e se ela realmente for de confiança?

Sebastian encarou o irmão de forma assustadora até mesmo para ele, que só não se encolheu por um gigante autocontrole.

– Não – Disse o moreno – Não, Vincent – Suas mãos se apoiaram em seus joelhos e os olhos vermelhos encaravam o homem de cabelos brancos – Humanos definitivamente não são de confiança e se ela possuí qualquer tipo de sentimento por esta, não será diferente de coisas que já aconteceram no passado.

– Coisas? – Vincent agora estava interessado e curioso – Que coisas?

– Não importa. – Sebastian se mexeu na cadeira.

– Importa sim, é claro que importa. Se você começou a me falar, termine – Ele era curioso, de fato. Curioso até demais e seu irmão sabia disso. Sebastian estava arrependido de ter citado tais acontecimentos pois, se não contasse a ele, ele nunca pararia de enchê-lo. – Me conte!

– Idade Média – Sebastian encostou-se à poltrona e deixou-se amolecer na mesma – A época das bruxas. Uma garota de vinte e quatro anos estava prestes a ser estuprada em um pequeno beco em West End e gritava por ajuda, mas ninguém parecia ouvir – Suspirou, entediado – Humanos. Então um demônio viu a oportunidade de ter três almas: a da menina e dos dois estupradores. Aproximando-se deles, avisou o que ia fazer e matou os dois. Ao chegar à garota, diz-se que ele não conseguiu por algum motivo que nem mesmo sabemos.

– Demônios podem sentir? – Vincent encarava-o com os olhos brilhantes, como se fosse uma criança ouvindo uma nova história – Eu não sabia disso.

– Claro que não sabia. Humanos são nojentos e é praticamente impossível encontrar um que se valha lutar por, mas existem. Ou existiam. – Ele sorriu para o irmão mais novo – Então, o demônio não conseguiu matá-la e a ajudou. Ele se apaixonou pela garota e a garota se dizia apaixonada por ele, até que descobriu o que ele era de verdade. Então ela tentou aprisioná-lo com rituais e até chegou a levá-lo numa igreja para que o matassem.

– Ele morreu?

– Claro que não – O demônio mais velho mexeu as mãos – Matou quem tentava matá-lo, inclusive a moça. Dizem que a dor que ele sentiu foi tão grande que ficou muitos anos recluso e, quando saiu, sua raiva era tanta que o mundo foi palco de um dos piores eventos.

– Isso é ótimo. E qual foi esse grande evento?

– O evento foi ótimo, de fato, mas a dor, não. – Encarou o mais novo – Primeira Guerra Mundial, Vincent.

– Primeira Guerra? – O irmão estava chocado. Estava vivo há muito tempo e jamais tinha ouvido falar nisso – Como assim, Sebastian?

– Você nunca achou estranho – ele sorriu – não haver um lado bom e um lado mau nessa guerra? Uma guerra onde as pessoas apenas brigavam por motivos indefinidos? Nunca desconfiou?

– Não! – Estava chocado demais para não fingir que estava – Que bizarro! Mas, irmão, deixe-me perguntar uma coisa a você, sim? O demônio em questão, na história, era você, não era?

O ano da primeira guerra, 1914, foi o ano de nascimento da mais nova, Katherine. Tinha apenas cem anos de idade, era realmente muito nova e ingênua.

O irmão do meio de cabelos e olhos claros era de 1344. Oh, que ano chato, ele odiava os astecas. Já Sebastian...

Sempre souberam que eram irmãos, mas quando descobriram o poder que possuíam juntos, resolveram fazer o que sempre faziam, porém reunidos.

Katherine entrou na sala. Parecia irritada e satisfeita, ao mesmo tempo. Lançou um olhar de “eu disse” para o irmão que narrava a história e praticamente ignorou a euforia curiosa de Vincent.

Respiração ofegante, passos longos e um barulho alto de tiro. Flora acordou sobressaltada e quase bateu o rosto na parte de cima do balcão que estava dormindo atrás – ainda bem que não bateu, estaria ferrada se tivesse feito algum barulho – e procurou pelas suas novas amiguinhas. Enquanto saía de trás do pequeno balcão de madeira parcialmente destruído, uma das armas já estava engatilhada e apontada para frente. Um pequeno pássaro voou, mas não assustou a loira. Os passos continuavam, porém para mais longe. E mais um tiro. Então as vozes começaram a conversar.

– Você tem que tomar cuidado com essas merdas! Pelo amor de Deus... Dê-me isso aqui! – Barulho de algo caindo no chão com força. Dois passos dados pela loira – Como você é burro, puta que pariu! – Mais dois passos silenciosos – Não podemos desperdiçar munição dessa forma, Ethan! Que merda... – Risos abafados, mais alguns passos – Pare de rir! – Mais passos, até que ela chegou a ver os dois garotos. Um deles sentado no chão, levando a bronca do outro, e o que brigava se encontrava de costas para ele, ela não podia ver seu rosto.

– Desculpe – Disse o tal Ethan, ainda sentado no chão – Mas eu realmente acho divertido matar pássaros.

– Você pode fazer isso outra hora, seu incompetente! Ah, se nossos pais...

– Não ouse! – O garoto que estava sentado levantou-se em um salto e estava quase no pescoço do irmão – Não ouse.

– Desculpe, mas você estava sendo um retardado.

– Cala a boca, Joshua!

– Cale a boca vocês dois – Surgiu da porta Flora, com duas armas empunhadas e prontas para atirar nos dois – E me digam o que diabos vocês querem?

– Viu? – Gritou Joshua, ainda de costas – Agora você atraiu uma maluca!

– Maluca é a senhora sua mãe – Disse a loira, segurando-se para não soltar um riso da expressão bem utilizada – Agora, por favor, vire-se para mim e deixe-me ver seu rostinho de assassino.

Joshua revirou os olhos, demonstrando tédio, fazendo o irmão dar mais uma risadinha debochada e então se virou para Flora que, até então, só tinha visto seus cabelos escuros.

A garota não conseguiu expressar seus pensamentos – estava focada em não deixar a arma cair enquanto admirava o rosto do garoto. Ele era muito bonito, com os olhos claros e quase amarelos, algo que ela jamais tinha visto na vida. Um rosto bem desenhado e um sorriso debochado que, com certeza, a faria socá-lo se tivessem se conhecido no ensino fundamental.

– E agora, loirinha, está feliz em ver meu rosto de assassino? – Ele sorria, quase pedindo para levar um tiro no meio da testa.

Ela não respondeu.

– Perdeu a língua? – Disse o irmão que estava no chão anteriormente – Oh, meu Deus, como você é legal com essas armas – Disse, irônico.

– Se você não calar a porra da sua boca eu mato seu irmão na sua frente – Disse Flora, sem hesitar nem estremecer as palavras, fazendo o garoto arregalar os olhos e dar uns dois passos para trás – Obrigada. O que vocês querem aqui?

– Provavelmente – O menino dos olhos amarelados tomou a palavra – o mesmo que você, loirinha. Dormir, nos esconder dos cretinos assassinos.

– Um: pare de me dar apelidos como se me conhecesse – Respondeu ela – E dois: eu não sei se vocês estão mentindo ou não.

– Então nos mate – Joshua deu de ombros – Seria bem divertido morrer.

Flora não sabia exatamente o que fazer depois daquelas palavras, então ela riu. Ethan ficou surpreso com a atitude da garota – que parecia séria demais para isso – e riu também. O clima ficou divertido por alguns momentos, até que Flora notou de quem eles estavam se escondendo e que estavam falando a verdade. Cinco homens armados com tacos de beisebol e um deles com uma pequena pistola adentraram o estabelecimento – infelizmente, pequeno – e começaram a ir para cima dos três adolescentes. Adolescentes estes que mal tiveram tempo de reação. Os homens gritavam coisas como “queremos todo seu dinheiro” e “me dê toda sua comida”, “passe as armas para cá”; mas ao serem negados, se tornaram bem mais violentos do que aparentavam ser.

A loira puxou duas armas da cintura e jogou para o irmão mais bravo uma pequena faca de caça militar que havia tirado de seu tênis comprido e atirou em um deles. Droga. Ainda faltava quatro e um deles estava armado! Quando ele ouviu o tiro, escondeu-se atrás de uma pequena prateleira e carregou sua pequena pistola. “Vadiazinha”, pensou o homem armado e ordenou, com as mãos, algo para um de seus companheiros. Foi quando Flora notou o que iria acontecer e que não daria tempo de impedir.

Um dos homens corpulentos pegou Ethan pelos pés, que tentou alcançar os braços de seu irmão – que gritava por ele – mas falhou. Flora olhou para Joshua e pediu a ele que não se levantasse porque poderia levar um tiro e o fez por ele. Tentou atirar no homem que levava o irmão do garoto, mas o homem armado atirou nela. Ela caiu e sentiu a dor se espalhar do ombro direito para todo seu corpo, enquanto tentava manter os olhos abertos e segurar Joshua para não correr até seu pequeno irmão.

Ecos, passos, gritos, choro. “Ethan, Ethan! Por favor, não mate meu irmão!”. Passos. A dor latejante fazia a cabeça dela girar. Suas mãos apalpavam o vazio atrás de armas, de qualquer coisa que pudesse ajudá-la. Dor. Escuridão. “Eu não posso desmaiar!”. “POR FAVOR, NÃO MATE MEU IRMÃO”. Um tiro. Um grito. Silêncio.

– Acorde – A voz baixa ecoava em sua mente – Acorde, acorde! – Alguém mexia em seu ferimento. Ela gritou – ACORDE! – Desmaiou.

Ela abriu os olhos e piscou inúmeras vezes com a luz do dia cegando-a. Suspirou, lamentando e comemorando estar viva, ambos ao mesmo tempo. “Leve o tiro, mas certifique-se de não morrer”, dizia o pai dela. Mexeu o braço esquerdo e virou-se para o direito. Estava propriamente enfaixada, com a bala removida. Quanto tempo havia passado? Sentou-se e coçou os olhos com a mão direita, a mão que doía e logo lamentou ter escolhido o braço errado para mover. Olhou ao redor. Uma rua vazia, porém relativamente limpa. Tinham andado tanto assim? Joshua estava sentado na sarjeta, derramando lágrimas copiosamente, sem se importar com a presença dela – viva ou morta, tanto fazia para ele no momento.

– Joshua? – Ela se colocou de pé e enquanto cambaleava tonta, chegou até ele – Joshua, seu irmão está morto?

O menino não respondeu. É claro que estava morto. Ela sentou-se ao lado dele e ficaram lá, olhando para o chão e ele, derramando todas as lágrimas que podia derramar.


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