Crônicas do Pesadelo {Interativa} escrita por Dama dos Mundos, Kaline Bogard


Capítulo 73
Nunca se esqueça.


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaaa olhem só quem ainda existe e atualiza isso aqui. Tchutchuru!

Depois de um súbito fluxo de inspiração que até mesmo eu fiquei surpresa de ter (jurava que nunca mais ia acontecer q) estamos aqui mais uma vez. Eu to um pouquinho empolgada com esse cap de hoje, espero repassar esse sentimento bem. :p
Façam uma boa leitura. ♥



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— Eu havia dito que eles estavam por aqui. É só questão de tempo, agora.

— É claro, já que não pudemos invadir o Vale das Estrelas…

— Não foi muito inteligente, os que tentaram não voltaram.

— Bem, de qualquer forma… agora eles estão do lado de fora, e podemos fazer o que quiser.

— Mas parece-me que não estão todos os JusticeBlades presentes. Assim como os BeastHunters… deveria haver mais pessoas entre eles.

— Não importa a razão, importa!? Desde que foi dito que estavam trabalhando juntos, caçá-los só nos deu dor de cabeça. Se estão faltando integrantes, vai ser mais fácil dar cabo deles.

— É, só que vamos receber menos por isso, também.

— Podemos usar os sobreviventes para nos dar as coordenadas dos outros, e então terminamos o trabalho. Simples assim.

Aqueles que debatiam estavam num total de quatro, eram os batedores de uma aliança mercenária que estava a espera bem mais a frente na estrada. Dois grupos haviam decidido ir atrás do grande trabalho da vez, o combo que seria entregar JusticeBlades e BeastHunters. A recompensa por ambos havia alavancado praticamente uma corrida do ouro, as provas de que estavam trabalhando juntos sendo o suficiente para subir o preço a um valor exorbitante, a maior soma no quadro de recompensas até então.

Ir contra aquela força destrutiva sozinhos seria no mínimo estúpido, portanto uma união era a melhor opção. O grupo resultante era maior, mas eles haviam perdido alguns membros que tentaram se infiltrar no Vale das Estrelas. Como permanecer naquelas paragens era perigoso, os atacantes principais, em torno de dez membros, haviam retirado-se para uma distância segura, deixando apenas aqueles quatro para trás, de maneira que poderiam ser avisados caso a caça mudasse seu caminho.

— Shiu… acho que ouvi alguma coisa.

O quarteto silenciou-se totalmente. Estavam empoleirados nas árvores, mantendo-se camuflados nas folhas para não chamarem a atenção. Talvez fosse muita arrogância, aqueles guerreiros treinados mas, essencialmente humanos, tentando pregar uma armadilha em seres que eram mais poderosos que eles. Mas aquilo era o necessário. Eles não tinham a melhor das motivações, pelo menos não aqueles quatro. Haviam pessoas no grupo principal que acreditavam estarem fazendo algo relevante para a população. Os batedores escolhidos estavam ali apenas por conta do dinheiro que ganhariam. E isso não importava, também.

Todos precisam fazer seu trabalho para sobreviver. O trabalho de um mercenário só era muito mais desagradável do que a grande maioria dos outros. Enfim… considerando que os alvos eram Caçadores de Recompensas, aquilo não soava-lhes tão ruim. Eles tinham maneiras semelhantes de resolver as coisas, afinal.

Mesmo um deles tendo chamado a atenção dos outros, não havia nada para ouvir ou sequer ver. Nada estava passando pela estrada, e nada havia chegado pela mata. Estavam longe do perímetro que haviam traçado dos Vigias do Vale, também, então poderia ter sido apenas um pássaro ou algo do tipo. O alívio veio, quase que imediatamente.

E o terror chegou a seguir, com os ruídos audíveis, típicos dos animais de grande porte, e com dentes e garras que foram notados tarde demais…

 

Neko havia retirado suas mãos do chão, já prevendo o que poderia ter escutado se as mantivesse ali. Ultimamente, seu poder elemental estava mais forte… não, o melhor a se dizer era que ela estava conseguindo controlá-lo melhor. Já que a terra sempre tremia e parecia acompanhar sua ansiedade, a pequena elfa estava mais focada que o normal em cuidar de seus pensamentos e emoções. Ela precisava fazê-lo, ou sempre seria um estorvo para os outros. Sabia bem que a principal razão de não ter podido acompanhar o grupo que foi para o Santuário do Metal, era porque se tornaria perigosa em situações extremas… para os inimigos e para seus aliados também.

Não era como se ela, particularmente, quisesse ir para lá. Estaria bem em qualquer um dos dois grupos, desde que sentisse que poderia ajudar. Mas saber que seu poder e sua falta de controle era a razão para não poder ir, deixava-a um pouco… chateada. Ela ainda tinha um longo caminho a percorrer e não tinha a impressão de estar muito melhor do que quando começara aquela jornada.

A elfa suspirou.

— Eu acho que eles os cercaram.

— Hum, não deve sobrar muita coisa para contar história, então. — Selene bufou de seu lado, apoiando as mãos nos quadris. — Nós deveríamos ter ido, nada contra os shifters, mas…

— Eles não ficaram conhecidos por deixar sua caça viva. Sabemos disso, mas se perdemos muito tempo aqui, isso pode se tornar um inconveniente mais tarde. — Frosty argumentou, coçando a parte de trás da nuca. Ele teria preferido não causar mais mortes que o necessário, porém… o quarto guardião, um híbrido de raposa, havia achado de bom tom avisar que encontrara alguns invasores em seu território. Poderiam haver mais, portanto eles mal saíram das imediações do Vale das Estrelas e já haviam feito uma pausa para Neko tentar encontrar algo, por meio da conexão com o solo e as raízes das árvores. Era algo que a mais nova estava tentando a algum tempo, e mesmo que não fosse preciso demais, ainda era o suficiente para terem certeza que haviam espiões por perto.

A escolha para quem iria encontrá-los era meio óbvia. Como shifters, Gravor, Trixia e Sean eram especialistas em caçar no meio da floresta. Não que os outros fossem incapazes de fazê-lo, entretanto era verdade que aqueles três saberiam ser muito mais eficazes e rápidos. O elfo entendia o que Selene queria dizer, ela esperava que ao menos um ficasse vivo para dizer-lhes se haveriam mais inimigos no caminho. E bem… pensando a fundo sobre, não era uma confirmação que precisavam. Portanto, ele não fizera questão de pedir aos três que poupassem ninguém. Além disso, Gravor era o responsável pelo pequeno grupo dos BeastHunters, ele saberia muito bem pesar os pós e contras quando precisasse. Apesar de ser um Rei por direito, e liderar aquela comitiva, a verdade era que Frosty não queria dar ordens a nenhum deles. Principalmente aos shifters que, apesar de estarem do seu lado, ainda eram um grupo independente.

Provavelmente, isso poderia ser mal visto por eles.

— Ah… sinceramente, deixe que morram. Eles sabiam bem o que estavam fazendo quando tentaram nos emboscar. — Kyria estava de braços cruzados apoiada em um dos lados da carroça principal. Ela parecia entediada, mas aquilo era certamente uma resposta natural ao Frosty vetá-la de acompanhar o trio. — Se nós estivéssemos no lugar deles, não teria ninguém a nosso favor.

Selene suspirou exasperada, percebendo que não tinha como argumentar contra aquilo. Ela apenas cruzou os braços e aguardou, enquanto ocasionais gritos distantes chegavam aos seus ouvidos. Frosty claramente estava incomodado, mas ele não disse nada. Todos eles haviam adentrado um silêncio pesado até que, algum tempo depois, Gravor e os outros retornaram, já com suas formas humanas e parecendo que haviam simplesmente saído para correr um pouco.

— Eram quatro. Nós conseguimos arrancar algumas informações do último, aparentemente tem um grupo maior mais a frente.

— Um grupo de dez. — especificou por sua vez Trixia, ao passo que Sean apenas assentiu com a cabeça, indicando que era isso mesmo. — Não sei se vão ser um problema, mas deveríamos ir com cuidado.

— Acho que eles não conseguiram repassar a mensagem de que foram atacados, mas é melhor prevenir do que remediar. — Gravor continuou, ele estava profundamente incomodado de tomar as rédeas daquela situação, mas sabia que era necessário. Skylar deixara Trixia e Sean nas mãos dele, era sua responsabilidade guiá-los enquanto o alfa não estivesse por perto. — Você acha que deveríamos ir na frente?

No que questionou isso para Frosty, o elfo fez uma expressão bem similar a que ele próprio estava fazendo o tempo todo. Eles eram bem parecidos, não queriam ter de lidar com quaisquer deveres, mas ali estavam: ambos com suas próprias obrigações e pessoas que dependiam deles para liderar.

Ele viu-o trocar o peso de uma perna para a outra, pensativo, e responder: — É algo que vocês três conseguem resolver sozinhos?

— Tsc. Você ficaria surpreso com o que já tivemos de resolver sozinhos. Isso é brincadeira de criança.

— Certamente damos conta. — complementou por sua vez Trixia, erguendo a cabeça com certa arrogância justificada.

— Nesse caso, vocês vão. Estamos logo atrás com as carroças. E, se as coisas em algum momento ficarem feias, recuem. Não podemos nos dar ao luxo de perder nenhum de nós agora.

Não apenas porque cada um dos presentes era muito importante como um guerreiro isolado, mas também porque os laços que haviam sido criados entre eles eram bem mais fortes do que pareciam. De maneiras diferentes e com progressões distintas, cada um ali era importante para o outro, portanto eles precisavam continuar vivos. Frosty não quis deixar sua mente vagar demais sobre isso. Afinal, haviam outros que estavam distantes demais para ele observar. Portanto, teria que se focar no que estava em frente aos seus olhos.

 

oOo

 

O acampamento estava repleto de ansiedade. Já fazia algum tempo que não recebiam notícias dos batedores. Era verdade que eles não poderiam ir e voltar para o grupo principal por conta de precisarem registrar a rota dos inimigos, mas até então estavam mantendo contato. Usavam para isso uma ave treinada, o falcão do chefe, Arquimedes. Mas… bem, já fazia algum tempo que ele não retornara com novidades.

— Aqueles caras… será que estão com problemas? — questionou a única mulher do grupo. Shantay não era uma moça bonita, as cicatrizes que havia colecionado ao passar dos anos a haviam marcado de maneiras terríveis. Ela também era muito mais bruta e forte que a maioria de seus parceiros de equipe. Uma humana que aprendera a sobreviver e a lutar das maneiras mais baixas possíveis, a única coisa que lhe importava de verdade era continuar viva. Ela não era de perdoar, mas também era praticamente incapaz de guardar rancor. Afinal, quem era alvo de seu rancor, terminava morto.

Ela era o braço direito de Ury. O chefe de seu grupo e que, por falta de outra possibilidade (já que o líder do segundo agrupamento havia se perdido no Vale), aquele que dava ordens a todos que estavam ali. Ele era o oposto dela. Magro, pequeno e desalinhado, mas havia algo nele que saltava aos olhos e deixava bem claro que não era alguém com quem se devia mexer. De fato, Shantay estava com ele a anos, e nunca vira aquele cara ficar numa situação ruim. Ele normalmente era tão ágil e certeiro como uma flecha. Um assassino perfeito.

Eles dois tinham um acordo silencioso. Nenhum possuía família a anos, então um era a família do outro. Se um deles caísse, o outro iria vingá-lo. Nem que isso o levasse a cair também.

Parecia uma bobagem sem sentido e até mesmo infeliz, mas de certa forma era o que os levava adiante. Sempre podendo confiar suas costas um ao outro, sempre tendo em mente que poderia ser a última vez, eles davam o máximo de si. Vivendo as próprias existências no limite, eles acreditaram que poderiam fazer algum tipo de diferença.

O grupo ao redor deles era bom, escolhido a dedo, e surpreendentemente muitos deles haviam sobrevivido as últimas peripécias do destino. O que, para o bem ou para o mal, fizera um pouco do rancor brotar no coração de Shantay. Ela seria obrigada a enterrar cada um dos seus inimigos se quisesse ter paz. Quer dizer, aqueles que haviam se perdido no Vale não eram-lhe tão importantes quanto Ury era, mas… eles eram seus parceiros. Ela nem sequer pudera enterrar os corpos.

Era algo que podia acontecer, e estavam preparados para aquilo. Mas, aquilo não queria dizer que ela podia simplesmente esquecer.

— Talvez. Mas somos poucos agora. Cada um dos indivíduos que está aqui é necessário.

— Tsc. Arquimedes pode ter sido capturado?

— Seria horrível. Ele é um bom falcão. Nenhum dos anteriores era inteligente como ele.

Shantay estava prestes a argumentar que seria realmente uma péssima perda, quando aconteceu. No primeiro instante, nem havia se dado conta do que ocorrera, apenas vira algo cair e rolar pelo chão. No seguinte, seus olhos se focaram na coisa. Do tamanho de uma cabeça humana… na verdade, era uma cabeça humana.

Isso foi o suficiente para ela e Ury se colocarem em guarda. O resto dos integrantes do grupo – agora, sete pessoas – estavam olhando de um lado para o outro, tentando buscar de onde viera o golpe.

Shantay sabia que eles não eram suficientes. Talvez Ury soubesse daquilo, também. A maioria deles estava ali por conta do dinheiro, enquanto eles dois estavam por conta da própria honra. Muito pouco sabiam do que ocorrera no Baile de Máscaras que ficara famoso por se tornar um desastre, mas… tantos outros haviam perecido nas mãos dos JusticeBlades e dos BeastHunters. Eles precisavam receber uma punição por isso. Em algum momento eles precisavam sofrer por aquilo.

Se eles soubessem que eles já haviam sofrido, penado e chegado ao limite, mais vezes do que se podia contar desde o começo da jornada e antes mesmo dela, talvez tivessem desistido. Tomado uma decisão diferente, abandonado a corrida do ouro e se fixado em algo que valesse mais a pena.

Um fino fio vermelho atravessou a clareira em que eles estavam. Parecia algo simples, mas dessa vez Shantay conseguiu definir o que acabara de acontecer. Ela viu com seus próprios olhos o fio passando e cortando mais dois integrantes ao meio. Os números estavam caindo… tão rapidamente que mal estava dando conta.

Foi quando Ury atacou. Ele deixou o ponto em que estava e correu em direção a um vulto que saia da mata naquele exato momento. Ao mesmo tempo que a adaga dele encontrava um caminho em direção ao pescoço do ser que os emboscara, um urro assustador fez as árvores vibrarem. Desviando seu olhar momentaneamente de seu líder e amigo, ela moveu sua cabeça na direção do som e por muito pouco não foi engolida viva por…

Ela não sabia o que era aquilo.

Nunca, jamais, vira tal coisa como aquela. Era um monstro. Uma coisa grotesca, bestial, com patas dianteiras muito mais grossas que as traseiras e milhares de bocas e olhos. Uma dessas bocas capturou outro dos membros de seu time, separando-o em duas partes, enquanto a pata dianteira esmagara um segundo.

Algo estava errado. Quando vira o fio pensara em Selene, A Rainha de Copas. Mas… não havia nenhum membro, nem dos shifters nem dos elfos, que pudesse ter controle sobre aquela monstruosidade. Talvez fosse obra do djinn, que era aliado deles?

Os números continuavam a cair…

Ela desviou a tempo de mais uma investida do fio vermelho, e foi nessa movimentação que viu. Ury conseguira chegar perto do inimigo, mas isso fora um erro. Não era apenas um fio que estava saindo de seus dedos, mas… era algo, igualmente vermelho, que tomara a forma de garras e perfurara seu líder como uma boca. Não era tão cruel quando o monstro perto dela, mas, ainda assim…

Ela nem precisava dar um passo na direção dele para ter certeza do óbvio, mas seu corpo se moveu sozinho. O que ela via era alguém que conhecia de rumores. Olhos azuis fitaram-na com certa melancolia. Mas não importava que aquela pessoa estivesse se sentindo mal pelo que estava fazendo. Ela fizera aquilo a Ury. Então, ela pagaria.

— Você… por que está contra a gente? Por quê? Você deveria estar caçando-os como todos nós! Vocês deveriam!

Havia um bafo pútrido atrás dela. Mais alguns gritos, provavelmente o resto do bando sendo limpado pela aberração. Shantay precisava seguir em frente. Se ela só pudesse matar aquela pessoa… se ela o fizesse, já bastaria.

Não… estaria longe de bastar para algo. Mas era melhor que nada.

— Eu não vou esquecer! Está ouvindo!? Eu nunca vou perd… — a mulher havia conseguido desviar da primeira investida da coisa atrás dela. Mas foi apenas isso. Quando ela sentiu os dentes, já era tarde demais para fazer qualquer coisa.

Era o fim.

Ela falhara de uma maneira medíocre. Ury também.

Eles deveriam ter desistido daquilo antes, mas era tarde demais para pensar nisso agora.

Ao menos… haveria Surm para estender suas mãos e ampará-los…

Não é?

 

 

— Ainda não é o bastante? — não fora a pessoa que adentrara a clareira primeiro que falara. Na verdade, era a que estava apoiada de costas para uma árvore, um pouco mais afastada. Não parecia particularmente incomodada com a chacina que acabara de fazer. Mas era visível que sua parceira estava.

— Não.

— Você havia dito que a dívida estava paga, não é?

Ela não respondeu. Agachou-se e passou os dedos pelos olhos do homem que tentara apunhalá-la, fechando-os. Apesar de ser um gesto de respeito, ela o fizera com uma expressão distante no rosto. Então, recuperou sua postura.

— Não é o bastante. A dívida que cobre uma vida… talvez nunca seremos capazes de pagá-la.

— Está tudo bem em continuar com isso, então? Eventualmente, acabaremos nos envolvendo em algo que não poderemos lidar.

— Desde que possamos escolher fazê-lo… acho que é uma troca justa.

— Se é o que pensa.

Sabia muito bem que ele a seguiria até o fim, apesar dos seus métodos pouco ortodoxos. Ela sabia porque ambos foram salvos, e ambos dividiam o mesmo destino. As palavras dele vinham por conta de preocupação, embora seu irmão fosse terrivelmente desatencioso na maior parte do tempo.

Não gostava da ideia de se envolver tanto assim, também. Ela não tinha nada contra as pessoas que acabara de matar. Apenas pontos de vista diferentes. Mas, entre eles e aquele que os salvara… ela preferia sacrificá-los.

Sua dívida era grande demais, e ainda não sentia que a pagara completamente. Mas, enquanto pudesse ajudá-lo de alguma forma… ela o faria.

Afinal, eles dois não estariam ali, se não fosse por ele.

 

oOo

 

O trio de shifters tinha um destino pré-determinado. Eles começaram seguindo rastros e, em suas formas de feras, vasculhavam a floresta para encontrar o grupo maior de mercenários. Não precisariam de muito, o cheiro humano era fácil de ser identificado em meio a mata. Pelo menos para seus olfatos apurados, aquilo não era um empecilho.

Eles estavam satisfeitos com aquela incursão. O fato de Frosty deixá-los livres para tomar as próprias decisões, nunca forçando-os a seguir seus pontos de vista, era de certa forma um alívio. Um sinal de respeito, por assim dizer.

Além disso, era preferível que apenas os shifters encontrassem os inimigos e dessem conta deles o quanto antes. Os elfos eram bons em batalha, mas eles estavam com os mantimentos e com as carroças e animais. Aquilo poderia atrapalhar na hora de uma armadilha. Para Gravor, o que pudesse fazer para limpar o caminho e diminuir os riscos, faria de bom grado. Todos os três sabiam da importância da missão que estavam tendo naquele momento. Eles precisavam levar a comitiva até o Imperador Humano.

Haveriam problemas depois disso, é claro, mas era preciso pensar numa etapa de cada vez.

Foi Sean que sentiu o cheiro de sangue primeiro. Pungente e ferroso, ele inundou seu olfato e o tigre branco logo repassou a sensação para os outros através do vínculo.

E não era pouco sangue. Era muito. Estava bem claro que algum tipo de acidente feio ou batalha ocorrera ali por perto. Corrigindo o curso da corrida, Gravor tomou a liderança e embrenhou-se mais na mata até encontrar a fonte do odor.

Então, eles se depararam com uma cena medonha. Bem, eles estavam acostumados com coisas assim, para falar a verdade. Todos eles já haviam cometido algo semelhante pelo menos uma vez na vida. A parte que lhes causava confusão era o fato de não ter sido, obviamente, obra deles. E, como se não bastasse…

Os corpos, que deveriam estar mortos… não estavam.

Eles ainda se moviam. Debilmente, inconscientemente e de uma maneira no mínimo perturbadora.

Os cérebros daqueles três, pelo menos a parte humana neles, registraram aquilo.

Alguém, sabe-se lá quem, havia derrotado os inimigos deles de uma maneira brutal.

E… alguma coisa estava muito errada com a lei natural das coisas.


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Notas finais do capítulo

YEI!
Bem, desde que eu peguei pra escrever esse cap eu quis trabalhar do ponto de vista dos inimigos, algo que pelo que eu me lembre só aconteceu realmente no comecinho da fic. Não digo os SdP, eles estão aqui desde sempre, me refiro a esses inimigos randômicos que de vez em quando aparecem pra estragar a festa.
Enfim... eu queria fazer uma pequena conexão com eles para vocês sentirem algo sobre isso. Talvez eu não tenha conseguido por ter sido tudo muito rápido, mas enfim... era algo que eu queria ter resgatado, agora que estamos próximos da reta final. (Espero ter chegado aos pés da Kaline, vulgo a primeira que usou esse recurso lá nos primeiros caps, cof, cof).

Estou postando depois de um surto de inspiração, como disse acima, então podem haver alguns erros que me passaram despercebidos, já peço desculpas por eles. q

Kisses kisses para todos e até a próxima, pessoal ♥



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