Águas de Março escrita por The Blowers Daughter


Capítulo 2
I Can't Take My Eyes Off You


Notas iniciais do capítulo

Olá, como vão?
Espero que gostem desse último capítulo dessa fic.
Boa leitura.



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Como um borrão de tinta os dias se passaram diante dos olhos da moça.
Já era sábado, dia em que sua infelicidade se consumaria para sempre.
Lana forçou o corpo a levantar da cama, que mesmo sendo tão macia não era mais confortável e foi até a cozinha.
Esquentou o café — de dois dias atrás — e serviu um pouco em uma xícara.
Colocou duas fatias de pão integral na torradeira e enquanto fazia-se a torrada ela voltou para o quarto para tirar da caixa seu vestido de festas.
Ela precisava ir arrumada a aquele maldito casamento. Mesmo que preferisse estar como noiva e não como apenas uma convidada comum sentada em um daqueles bancos da velha e tradicional igreja da cidade.

Ela precisava sentar-se na frente, Damien iria querer vê-la, senão iria ficar decepcionado com sua melhor amiga.
E Lana não queria isso.
A moça tirou o vestido da caixa e o colocou sobre a cama, logo ouviu a torradeira apitar anunciando que as torrada estavam boas e então voltou para a cozinha.
Tirou usando a ponta dos dedos a torrada quente da torradeira e as jogou em um prato, uma por uma.
Lana desligou o aparelho e suspirou, pegou o prato com as torradas e a xícara de café que agora já estava fria e foi sentar-se na varanda.
O dia estava nublado. Nuvens espessas cobriam o céu que costumava ser azul como as águas que ondulavam naquele mar.

Lana costumava gostar mais da praia, do mar, no mês de março.
Nunca, nada seria mais belo.
Nada em que Lana pudesse pensar tinha a elegância e plenitude das águas de março.
Terminou seu desjejum e arrastou-se para dentro de casa novamente.
Colocou a louça na pia, sem se dar o trabalho de lavar e foi para o banheiro.
Abriu a torneira que enchia a banheira e deixou que somente a água fria enchesse o recipiente.
Ela pegou o convite do casamento que estava preso na fenda entre o vidro do espelho e a moldura que o suportava na parede.
Olhou-o e tirou suas roupas, pegou-o entre os dedos e caminhou até a banheira.

E seria assim, do jeito que Lana já imaginava desde o início.
Ela sentiu a água fria tocar seu corpo, e então deixou o papel delicado se desfazer entre seus dedos.
Ficou observando até não sobrar mais nada.
Era assim que ela se sentia, assim como o papel. Frágil e principalmente, um nada.
Ela já estava cansada de ficar tão triste, cansada de ficar tão brava consigo mesmo por não conseguir esquecer Damien.
Por que? Por que Lana tinha que ser tão fortemente apaixonada por Damien Rice?
O mais triste era que Sofia Lee, há algumas horas passaria a se chamar Sofia Rice. Esse era o mais triste para Lana.

Era um conjunto de coisas infelizes, era triste saber que o gosto que ela havia provado apenas duas únicas vezes seria dividido com outra.
Ela se recompôs e levantou-se. Abriu o ralo para que a água fosse embora e viu que seus dedos estavam manchados pela tinta do — agora — quimérico convite.
Damien podia ser sua fantasia que estava mais — forte — prestes a desaparecer.
Para todo vicio existe uma cura, e para toda cura existe um doente precisando dela.

Lana fitou-se no espelho, com aquele vestido e depois de maquiada, estava bonita.
Ela precisava estar bonita.
Apenas em saber que sua amiga Amanda estaria lá — acompanhada de seu namorado James — ela já se sentia um pouco melhor.
Ela teria que fazer um esforço, fazer um esforço para que Damien pensasse que ela estava feliz por ele — o que não era verdade.

Calçou seus sapatos de salto que havia comprado somente para essa ocasião e pegou as chaves do carro juntamente com sua pequena bolsa, que tinha somente lenços de papel e suas maquiagens caso precisasse retocar.
Dirigiu com calma até a igreja, que ficava há apenas 20 minutos de sua casa.
O casamento estava marcado para as 11:00 PM.
Lana bateu com a testa duas vezes no volante antes de sair do carro.

— Olá querida! Como vai? — A mãe de Damien logo que a viu veio cumprimenta-la.
— Vou bem, e a senhora? — Lana sorriu e abraçou a mulher a sua frente.
— Um pouco nervosa, parece que sou eu que vou casar. — A mulher riu e ela apenas sorriu fracamente. — O Damien está lá trás, quer ir falar com ele?
— Claro, gostaria de dar os parabéns ao noivo. — Lana sorriu verdadeiramente por poder ver Damien.
— Vá até lá. — Katherine apontou para uma porta que se camuflava perfeitamente entre as cortinas cor de vinho da igreja.

Lana abriu a porta e entrou, vendo que lá haviam várias saletas.
Bateu na segunda porta e esperou.
Damien abriu a porta com o smoking ainda com alguns botões da camisa branca desabotoados.
— Lana! — Ele sorriu quando viu a amiga e a pegou no colo. Girando-a no ar.
Ela soltou uma gargalhada e deu um tapinha no ombro de Damien quando ele a colocou no chão.
— Você não deveria fazer isso.
— Isso o que? — Perguntou ele a puxando pela mão, para que ela entrasse na saleta com ele. — Não entendo. — Ele trancou a porta à suas costas.
— Você está com o pé no altar, não devia estar fazendo esse tipo de brincadeira com outras mulheres.
— Mas você não é "outras mulheres" você é minha melhor amiga Lana, por que me diz isso? — Damien franziu a testa.
— Porque eu sou só sua melhor amiga Damien! — Ela aumentou o tom de voz. — Eu sou só sua melhor amiga, quando você sabe que eu não me contento só com isso. — Terminou com os olhos marejados.
— Lana... — Ele suspirou. — Nós já conversamos sobre isso, acho que esse não é o dia nem o lugar para falar sobre isso novamente.
— Então é assim? — Perguntou ela. — Você vai negar o que sente por mim? — Ela mordeu a ponta da língua.
— Lana nós já conversamos sobre o motivo disto.
— "O motivo disto"? "Disto"? — Ela soltou uma risada irônica enfatizando a palavra "disto".
— Ok Lana! — Ele se exaltou. — Nós já conversamos sobre o motivo do meu casamento. Eu amo a Sofia, e por isso farei dela a minha esposa. — Sua raiva esmaeceu. — Eu não amo você Lana, não desse jeito. — Ele terminou a frase e Lana colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. Ela parecia um anjo, e logo em seguida ele a viu começar a chorar.
O anjo havia ido embora, porque anjos não choram.
— Não fique assim! — Ele a abraçou.
— Eu vou te perder... — Ela soluçou. — E eu não quero isso!
— Você nunca vai me perder Lana, você sabe disso. — Ele murmurou em seu ouvido.
— Sim, eu vou. Porque eu não vou poder te ter do jeito que eu quero. — Falou ela e Damien separou-se do braço.
— Lana... — Ele começaria o discurso sobre o casamento novamente, mas ela o silenciou colocando seu dedo indicador sobre os lábios dele.
— Diga Damien — Ela chegou mais perto. — diga que você não sente nada quando eu estou tão perto assim de você.
— Lana... É melhor pararmos... — Ele sussurrou.
— Por que você está sussurrando se eu não tenho efeito nenhum sobre você? — Ela olhou para baixo e levantou ligeiramente a manga direita do smoking de Damien. — Por que está arrepiado se eu não posso quebrar sua concentração? — Perguntou colando os lábios no pescoço dele.

Damien fechou os olhos. Seria quase um pecado dizer que não sentia nada por Lana, mas eles já haviam conversado sobre isso.
Damien se casaria com Sofia por causa dos negócios da família.
Ele não podia deixar Lana fazer isso, ele tinha um futuro brilhante e uma esposa linda o aguardando há poucas horas no altar.
É certo que a loira de olhos azuis com que se casaria era menos bonita que Lana.

— O que você quer? — Perguntou ele.
— Você. — Respondeu ela e chocou seus lábios contra os dele com cólera e avidez. — Diz para mim Damien, diz que você não me quer. — Falou ela partindo o beijo voraz.
— Eu não posso. — Sussurrou ele com resposta e sem empenhou em beija-la com a mesma intensidade.
Suas línguas se encontravam delicadamente e Lana agarrava-se a cada vez mais em Damien.
O momento era tão intenso que os dois haviam se esquecido que estavam em uma igreja.
Mas, então, dane-se! Lana não queria saber de outra coisa que não fosse o gosto que os lábios de Damien pudessem proporcionar para ela.
Nada que não fosso isso importava.

Ele a empurrou contra a porta, fazendo-a suspirar.
— Vamos acabar logo com isso. — Murmurou ao pé do ouvido dela a fazendo arrepiar por completo.
Em Instantes a calcinha de Lana estava no chão.
As mão nervosas da moça foram até o cinto de Damien e o abriram.
Os dois se olharam nos olhos antes que os dois corpos fossem unidos em um só.
Os gemidos começaram a escapar pelos lábios da moça que foram rapidamente cobertos pela boca faminta de Damien.

— Damien! Damien! — O som veio acompanhado de duas batidas na porta.
— Sim... Pai? — Respondeu ofegante, sem parar o que ele e Lana faziam.
— Daqui a 10 minutos começa a cerimonia! — Alertou.
— Sim, já vou. — Respondeu e aumentou a velocidade dos movimentos para que chegassem logo ao ápice.

Quando chegaram ao ápice, ele a abraçou.
— Diga que você vai ficar comigo, diga... — Pediu ela.
— Lana, eu não posso. — Ele se afastou e ajeitou a calça.
Lana o empurrou para o lado e colocou a calcinha novamente.
— Adeus Damien. — Falou ela abrindo a porta.
— Você não vai embora, não é? — Perguntou ele.
Lana apenas olhou em seus olhos e fechou a porta à suas costas.
Foi até o banheiro para arrumar o cabelo, haviam fios fora do lugar, e retocar o batom.
Por sorte, a maquiagem dos olhos não estava borrada.
Nesse momento ela agradecia à Amanda por fazê-la comprar uma maquiagem cara.
Ela saiu do banheiro e foi para onde aconteceria a cerimônia matrimonial.
Todos os convidados olhavam para ela.
— O Damien está vindo? — Perguntou a mãe de Sofia assim que Lana passou ao seu lado.
— Sim. — Ela assentiu segurando as lágrimas.
Lana caminhou até o terceiro banco onde estava sentada Amanda e James.
— Nossa, onde você estava? — Perguntou Amanda.
— Conversando com o Damien. — Respondeu ela. — Oi James. — Ela deu um breve aceno.

O casamento se iniciou, a noiva chegou na igreja e começou toda aquela palhaçada que se acontecia em casamentos.
Lana não conseguia parar de olhar para ele, não conseguia tira-lo de sua cabeça.
Ela começou a chorar quando os noivos trocavam as alianças, ela ainda tinha esperanças de que Damien desistisse do casamento.
— Por que está chorando Lana? — Perguntou Amanda.
— É tão estranho ver o Damien se casar. — Respondeu ela.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Comentários são sempre bem-vindo.
Qualquer opinião que vocês possam dar sobre a história eu aceitarei de bom grado.
Obrigada por lerem.



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