Lana olhou para o mar e viu seu reflexo nas águas claras.
Aquela praia que costumava ser um lugar de tanta felicidade, hoje não passava de um mero clichê da tristeza humana.
A pobre moça tentava, ela tentava com todas as suas forças entender o porquê da vida não poder ser do jeito que ela queria. Se pudesse... Ah se pudesse! Lana garantia que seus dias seriam mais doces que o mais puro mel.
Eram 16:45 PM e há alguns minutos, talvez as 17:20 PM o sol começasse a recolher sua luz e seu calor, tornando as águas de março gélidas e escuras.

Ela nem se deu o trabalho de levantar o vestido longo que vestia, deixou que molhasse a barra nas águas que ainda estavam mornas. A temperatura era agradável.
Lana se baixou e pegou uma conchinha rosa, aninhou-a com um pouco de água entre suas mão e sorriu.
Quando olhou para o horizonte novamente viu que o sol já estava mais alto que alguns minutos atrás.
O sol recolhia-se rápido, algum dia ele cresceria tanto que se transformaria em uma estrela com dimensões absurdas e a Terra seria engolida pela estrela que lhe permite a vida.

Isso era inevitável.
Lana largou a concha rosada com o pouco d'água que havia restada em suas mão aos seus pés e caminhou para fora d'água.
Agora a barra de seu vestido roçava na areia que fervia embaixo de seus pés descalços e levava milhares de grãos das mesmas consigo.

A bolsa da moça jazia na areia, perto de sua amiga que tomava sol calmamente.
— Você está bem? — Perguntou a outra quando Lana sentou-se na areia.
— Estou. — Ela torceu a barra do vestido. — Por que?
— Nada. — A amiga deu de ombros. — Só estou perguntando.
Lana olhou para o lado e franziu os lábios.
— Vamos embora? — Perguntou.
— Não vai ficar para ver o pôr do sol?
— Se quiser ficar, fique Amanda, mas eu estou indo. — Lana abaixou-se e pegou sua bolsa do chão.
— Eu vou ficar aqui mais um tempo, depois passo na sua casa. — Lana assentiu e deixou Amanda sentada na areia brilhante da praia.

A tarde estava quente, tão quente que passou por ela um homem sem camisa.
Ele devia estar praticando esportes.
Devia ter mais ou menos 1,86 de altura, músculos definidos, barba bem feita, pele bronzeada e olhos verdes.
Pelo que ela via, ele devia ser um bom homem. Devia ter um belo sorriso.
Devia ser um bom homem para apaixonar-se.
Parecia ser do tipo que abria a porta do carro para a moça, puxava a cadeira do restaurante e a deixava em casa antes das 23:00 PM.

Lana suspirou, querendo que as coisas fossem mais fáceis para si.
Talvez se ela não fosse tão apegada as características emocionais das pessoas, ela pudesse se apaixonar pelo primeiro que aparecesse.
Era tão difícil!

Ela caminhou para casa. Quando chegou, a casa estava vazia, o que era de se esperar.
Lana foi até seu quarto, pegou de cima da cama o convite de casamento que havia tirado seu sono.

Mary Lee
Anthony Lee
Katherine Rice
John Rice

Têm a honra de convidar você para assistir ao
casamento dos seus filhos Sofia e Damien, que se realiza dia 29 de Janeiro de 2010,
pelas 18 horas.

...

E era assim, com esse belíssimo convite de casamento e que seu coração terminava de estilhaçar-se como vidro quebrado.