– Eu não sei se consigo fazer isso.

– Você não precisa fazer isso.

– Mas eu preciso fazer isso!

– A Seleção é sua. Você não precisa se apressar.

– Mas eu quero.

– Então faça.

– Mas eu não sei se consigo fazer isso!

Nicolas conversava com a sua mãe. Já fazia quase um mês que a Seleção começara e até agora só tivera duas eliminações. Enquanto o príncipe tentava tomar coragem, sua mãe fazia de tudo para acalmá-lo.

O garoto se dirigiu para fora do quarto. Era agora ou nunca. Do lado de fora, estava Anna, esperando pelo príncipe. Ela usava um vestido longo e com decotes nas costas, os cabelos brancos e enrolados caindo soltos angelicalmente. Quando vê o príncipe, Anna faz uma reverência.

– Anna... preciso falar uma coisa. – Nicolas falou baixo, ocomo se aumentar o volume da sua voz pudesse ser fatal.

– Sim? – Perguntou Anna.

– Eu... Eu não sei como dizer mas... Acho que chegou a hora de você sair da Seleção.

A Selecionada abriu a boca, mas logo fechou. Não, ela não desabou em lágrimas, não acusou o príncipe nem saiu correndo, ela apenas ficou parada, fria e melancólica.

– Quando eu vou partir? – Anna perguntou, sem deixar se abalar.

– Ainda hoje, logo após o almoço. Uma quadriga levará você e outra Selecionada em segurança para o CHB.

A garota assentiu e saiu andando silenciosamente para o seu “chalé”. Nicolas apenas suspirou, afinal, ele tinha que conversar com outra garota.

...

– Olá Clary. Bem... Como você vai?

– Olá príncipe. – Clary sorri e faz uma reverência. Ela usava um vestido longo e discreto. – Estou bem, e você?

– Ah, também estou bem. Não quero parecer chato, mas você... Você irá sair da Seleção. Me desculpa. Você tem até o almoço de hoje para preparar as malas, e logo em seguida irá em uma quadriga para o CHB.

Clary suspirou, e uma pequena lágrima brotou no seu olho verde-água marejante, mas ela não iria desabar ali, em frente do príncipe.

– Clary... Você é filha de Morfeu, certo? Acho que você não vai aceitar, mas eu ando tendo sonhos muito... Estranhos, e eu gostaria de saber se você pode ou não me ajudar.

– É claro que posso! Mas só poderei fazer isso enquanto eu estiver dormindo. Em qualquer caso, eu mando a minha resposta por Mensagem de Íris.

Os dois já estavam quase indo embora quando ouvem um grito agudo e seguem o som, correndo para o local de onde viera.

Levou alguns minutos, mas logo chegaram no local, que era uma das extremidades do jardim do Olimpo. Não só eles, mas algumas Selecionadas e alguns deuses estavam lá, observando quem derá aquele grito.

Nicolas chegou mais perto e viu uma garota deitada na grama. O seu rosto estava sujo e sangrando, as roupas rasgadas e vários hematomas e sangramentos pelo resto do corpo. Seu nome? Cristina. Cristina gritava desesperada, falando coisas sobre ter sido atacada por uma criatura, que queria ir embora da Seleção, pois não poderia continuar ali depois disso, e coisas que ninguém mais entendeu.

E Cristina foi levada numa maca improvisada por ninfas á Enfermaria do Olimpo, onde receberia alta para poder partir na mesma quadriga até o CHB junto com Anna e Clary.

– Está vendo aquela toalha? Ela está cobrindo um corpo, de uma garota morta. Pelo visto, ela também foi atacada, e segundo Cristina, essa Selecionada morta deu sua vida para salvar Cristina. Eu vi quem era antes de cobrirem e reconheci logo de cara que era Violet. – Um sátiro cochichou no ouvido de Nicolas, e este olhou espantado para a toalha.

Um calafrio percorreu o corpo de Nicolas. Talvez o Olimpo não fosse tão seguro quanto ele imaginava.

...

O almoço tinha acabado e as três Selecionadas que iam embora se despediam de Nicolas e do Olimpo. Anna fizera uma reverência e partiu para a carruagem, os pensamentos voltados para o nada e para o tudo. Clary também faz um reverência, um sorriso nos lábios e os olhos refletindo a lembrança da ajuda que ela prometera á Nicolas. Cristina faz uma rápida reverência e corre até a carruagem, com medo da criatura voltar.

– Esperem! Tem mais uma Selecionada para ir! – Zeus gritou, impedindo que a quadriga levasse as garotas para o CHB.

– Mais uma? Como assim? Só três que foram eliminadas da Seleção. – Explica Nicolas, mas isso não convence Zeus.

– Uma das Selecionadas foi encontrada manipulando uma Selecionada e estava prestes fazer a outra se matar, sem que essa percebesse.

Nicolas ficou sem saber o que dizer e logo em seguida Aquamarine saiu bufando do Olimpo, a mala junto dela. Ela era a Selecionada que era obrigada a sair.

Zeus voltou para dentro e Aquamarine fez uma reverência para Nicolas e murmurou para ele: “Eu não sabia que era proibido usar meus poderes de filha de Afrodite. E eu não queria que ela se matasse, só sofresse o suficiente por ter dito mal da minha mãe Afrodite.”

E os pégasos voaram, e a quadriga os acompanhou. As Selecionadas foram embora. E Nicolas sentiu um peso sair dos seus ombros. Mas esse peso logo voltou: ainda tinha vinte e oito Selecionadas no palácio, e uma coroa.