Sophia e Felipe estavam sentados, um a frente do outro, separados pela pequena mesa de carvalho, debatendo alguns assuntos em relação aos seus filhos.

Um criado bateu a porta, falando que um convidado em especial desejava entrar, e, como o rei autorizou, que ele entrasse e fechasse cuidadosamente a porta para que ele e sua esposa pudessem continuar a conversa. Porém, ao ver o homem, logo reconheceram- o e saudaram-no.

Ele abriu um sorriso e também saudou-os. Não, ele não era nenhum tipo de rei, mas a sua postura, seu belo terno, gentileza e charme confundiam as pessoas como se ele fosse um.

– Zeus. – Cumprimentou Felipe, abrindo um sorriso formal e profissional. – A que honra recebemos a sua visita?

Zeus deu um sorriso ainda mais formal e profissional, humilhando o de Felipe.

– Vim aqui para conversar sobre o meu filho, Nicolas.

– Que coincidência, também estávamos falando de nossos filhos.

– É, uma grande coincidência. – O pequeno sorriso que o deus abriu para Sophia e um rápido piscar de olhos indicaram que não era um coincidência, fazendo-a dar um sorrisinho. – E sobre o que estavam falando sobre eles, exatamente?

– Sobre quem nos herdará no trono, estamos analisando minuciosamente, Nova Grécia merece o melhor líder possível. – Respondeu, desta vez, Sophia.

– Interessante. Continuando: vocês já devem ter ouvido falar da Seleção, uma competição entre garotas que tentam conquistar o coração de um príncipe. – O rei e rainha concordaram com a cabeça. – Por isso, acho que o meu único filho entre séculos e séculos merecia uma Seleção especialmente para ele.

– Uma ótima proposta. Nicolas atingiu a maioridade apenas algumas semanas, quando você acha que devemos começar, precisaremos arrumar tudo no palácio. – Explica o rei Felipe.

– Ah, não, eu entendo a sua confusão, mas não me refiro que a Seleção ocorrerá aqui.

– E aonde mais ela poderia ocorrer?

– Acho que no lugar mais apropriado para um semideus: O Olimpo. E, não se preocupe, nós mesmos, os deuses do Olimpo, sortearemos as competidoras, que, por acaso, resolvemos escolher apenas semideusas.

– Tudo bem, que assim seja, se for de seu agrado. – Felipe nunca se importou muito com o fato de Nicolas ser filho de Sophia e Zeus, e nunca sentiu ciúmes, mas nem sempre se conformava com a superioridade de Zeus.

– Agora, com licença, aonde está o meu filho? Gostaria de dar umas palavrinhas com ele, mas, tenho que ser breve, então peço que vocês expliquem-lhe sobre a Seleção, que logo voltarei para dar mais detalhes.

– Claro. Nicolas está no jardim, Zeus. – Responde Sophia, a expressão de uma verdadeira dama.

Zeus dirige-se ao jardim, onde flores crescem em volta de baixas cercas brancas, alguns pequenos bancos de madeiras espalhados e poucas árvores, todas pequenas, em que liberavam a vista para um céu azul e limpo.

Nicolas mexia na água de uma das fontes gorgolejantes, Alessandra, sentada em um dos bancos, repassava a maquiagem, mirando a face em um espelho que segurava com a mão, e por fim, Helena, que pintava uma flor.

O deus decidiu não atrapalhar esses momentos douradores e de paz, época que logo iria acabar com a chegada da Seleção, mas Helena foi mais rápida, e, antes que ele pudesse sair silenciosamente, ela chamou-lhe a atenção, fazendo com que Nicolas e Alessandra olhassem-no.

– Pai! – Exclamou Nicolas, completamente alegre e surpreso. Mas, invés de ir correndo abraçá-lo, como queria, ele apenas deu-lhe um aperto de mão.

Zeus colocou a sua mão esquerda no ombro direito de seu filho e disse:

– Cuide-se.

Isso não era o que o semideus esperava, ou o que queria, mas sorriu triunfante com a breve frase de seu pai, e sentiu como se tivesse ganhado o mundo.