–Adeus colegial tranqüilo… – murmurou Michele ao ver a carta preta na sua mesa, no dia seguinte.

–Atenção! Michele Montanhesi, do 1ªA, recebeu a carta preta! – um colega deles saiu pela escola avisando.

–O que é isso de carta preta? – perguntou Miguel.

–Significa que estou lascada. – suspirou Michele, enquanto seus colegas os cercavam e começaram a levá-los para a entrada do colégio. – Deixem o Miguel! Ele não tem nada a ver com isso!

Então eles o largaram e a levaram até o saguão de entrada do colégio. O F4 chegou e Michele sorriu: Renato não estava com eles.

Fernando olhou para os lados:

–Onde está o novo rico?

–Deixe-o em paz! Seu assunto agora é só comigo! – gritou Michele.

–Você tem razão… Agora, se pedir desculpas, tudo fica certo.

–Desculpas? – repetiu Michele. – Desculpas pelo que? Mande esses caras me deixar em paz, se não quiser levar outro soco igual a ontem!

Fernando ficou pensativo, passando a mão onde ela havia acertado com o soco no dia anterior; ainda doía.

–Está certo. O show acabou gente! Circulando!

E todos foram para suas salas. Quando todos se foram, Alex se virou para o amigo.

–Isso é sério? Quem é você e o que fez com meu amigo?

Ele apenas sorriu.

–Você acha mesmo? Isso é só por hoje. Amanhã ela vai ver quem manda…

Enquanto isso, Michele foi até a escada:

–Quem esse Fernando pensa que é? O Miguel pediu desculpas e ele não soube aceitar, e quem paga o pato sou eu? Esse negócio de carta preta é a coisa mais ridícula do mundo! Ele se considera homem por acaso?

–E você precisa gritar? Está atrapalhando minha leitura.

Ela olhou para trás e viu o Renato. Até esse dia, ela não sabia que Renato também ia até aquele lugar.

–Desculpa, eu não sabia… Bom, eu já estou de saída…

–Relaxa, eu não volto mais aqui. A propósito, você sabe fazer pudim?

–Caseiro? Sei sim.

–Poderia dizer-me como é?

–Claro… Bate leite, leite condensado, ovo no liquidificador, faz uma calda de caramelo e põe tudo numa fôrma, assando.

–Ah sim, muito obrigada… Bom, tenho que ir. Até mais.

–Até.

Antes de sair, Michele viu uma revista onde ele estava. A página que estava aberta mostrava uma matéria sobre pudim.

Mais tarde...

–O quê? Você recebeu a carta?

Michele contou para a Sara tudo o que havia acontecido, durante o trabalho.

–Sim, e ainda queria que eu pedisse desculpas. O Miguel tinha pedido, e ele não aceitou antes. Pelo que eu deveria pedir?

–Mas… Todos são iguais?

–Na verdade não… Renato não estava lá, estava naquela escada que eu uso para relaxar. Ele me ouviu gritando! Senti-me tão sem graça…

–Bom, pelo menos ele…

E a porta se abriu. Era o Miguel e quem elas deduziram ser sua namorada.

–Olá meninas! Esta é a Laura, minha namorada. Laura, estas são minhas amigas de infância, Michele e Sara.

Laura as observou, de cima a baixo.

–Isso ai você chama de amigas?

Sara e Michele se olharam, com raiva. “isso ai”?

–Amor, não fale assim… Olhe, vamos comer aqui, a comida daqui é maravi…

–Este lugar fede. Quero distancia daqui.

–Ok né, quem manda é você… – e se virou para as amigas. – Desculpem meninas, ela é meio fresca mesmo em relação a lugares.

–Relaxa, venha outro dia, sozinho, por favor. – disse Michele.

Eles se foram, e Sara se virou para Michele.

–Achava que a namorada dele era interesseira…

–Eu também. Mas tem jeito de ser mais uma rica nojenta… Mas não me lembro dela no Elite…

No dia seguinte, na escola…

–Onde você conheceu a Laura, Miguel? Pensei que ela fosse uma interesseira, mas pelo jeito dela, notei que ela é rica também…

–Não, ela não é interesseira. Conhecemo-nos há muito tempo, ela sempre gostou de mim… Na verdade, foi o pai dela que investiu na empresa do meu pai, e logo depois, decidi namorar com ela. E que coisa! Hoje acabei me apaixonando por ela…

–Espera ai… Você está namorando com ela por causa do pai ter investido na empresa do seu?

–Não… Eu decidi dar uma chance a ela independente de tudo.

Michele balançou a cabeça e suspirou.

–Ai ai… essas coisas de amor são muito para mim, afinal, nunca me apaixonei…

–É, e eu lembro muito bem que na escola vários garotos gostavam de você – na verdade, ele se referia a si mesmo apenas.

–Sério? Quem, por exemplo?

Miguel corou.

–Não me lembro exatamente agora… eram vários.

Michele riu.

–Bom… mas acho que estou gostando de um garoto agora.