No domingo, Michele e Sara foram dar uma volta no Ibirapuera.
–Você não tinha um encontro com o Fernando hoje? - Sara perguntou, quando elas chegavam no parque.
–Encontro? Nem sei o que ele queria comigo... Talvez fosse uma brincadeira dele.
–Pelo menos você poderia ir lá, sei lá, para ver...
–Vou pensar.
Mais tarde, começou a chover, e elas estavam indo embora, até que Michele decidiu:
–Sara, vai para casa, lembrei que preciso comprar uma coisa.
Sara olhou para a amiga. Sabia a verdade.
–Ok...
Michele foi até o parque Trianom, onde, de frente, estava a tal estátua. E lá estava ele, de frente a mesma, tremendo de frio.
Quando ela chegou perto, Fernando exclamou:
–Está atrasada! Onde estava? Fiquei preocupado!
–Eu não acreditei que você realmente estivesse aqui... E quando começou a chover, pensei que fosse embora.
–Eu marquei com você, como iria embora?
E ele começou a ir pra cima dela. Michele ficou receosa, porem ele só queria se agasalhar. Estava gelado.
–Que frio...
Michele o levou para uma pequena galeria no centro, para lhe comprar um chá.
–Não gosto de chá... Prefiro café.
–Ok, eu compro café. Eu não gosto, mas me disseram que o de lá é bom.
Então eles chegaram a galeria, compraram o café dele e o chá dela e foram para um canto conversar.
–E ai? É bom?
–Não é o melhor café que provei na vida mas... É bonzinho.
–Como você é chato né? Agora vamos, está ficando tarde.
Porém, quando eles viram... A galeria havia fechado.
–Gênio hein? Passou da hora da galeria fechar e eles não nos viram. - ironizou Fernando
–Pelo amor de Deus, deve haver alguém ainda! Socorro! - e Michele começou a bater. - Tirem-nos daqui!
–É, eu acho que eles não estão ai...
Os dois se sentaram em um canto.
–E então? Vamos ter que passar a noite aqui mesmo, é? Engraçado, fizemos isso uma semana atrás... - lembrou Fernando
–Nem me lembre disso. Aquele dia só me deu dor de cabeça...
De repente, Fernando ficou quieto. Michele olhou para ele. Ele estava suando frio, com os olhos fechados. Pos a mão na testa dele, ele estava ardendo em febre.
Quando Fernando voltara a si, vira-se coberto pelo casaco de Michele, e o cachecol dela estava envolvendo seu pescoço.
–Não sente frio?
–Relaxa. Eu estou bem, estou preocupada com você.
Ela pegou um comprimido e uma garrafa d'agua, e o ajudou a levantar para que ele pudesse tomar.
–Não pode tomar remédio sem prescrição médica.
–Tem algum médico no bolso? No meu não tem. Vai ficar sem remédio por causa disso? Qual é, uma vez na vida não vai te fazer mal...
Então ele decidiu tomar. Após isso, Fernando dormiu e ela acabou se deitando ao seu lado, pois começou a sentir frio.
O dia amanheceu, e, ao abrirem a galeria, acharam os dois.
–O que estão fazendo aí? Espero que nada pervertido...
Michele, que acabou esquecendo onde estava, se assustou.
–Meu Deus! Levanta, Fernando!
Fernando levantou. Havia esquecido também que não estava em casa. Deu dinheiro a Michele para voltar para casa e, como estavam muito atrasados, acabaram não indo para a escola aquele dia. O que talvez tenha sido um erro dos dois.
–Filha! Tudo bem? Quer descansar um pouco? - perguntou Gelse ao ver a filha na porta.
–Mãe? É você mesmo?
Logo atrás, vinha o Iago.
–Mana, pode deixar que eu faço tudo em casa hoje ok?
Ela olhou para os dois. Estava na casa certa?
Ela se sentou a mesa para tomar café, e então viu o jornal.
"Herdeiro do grupo Ribeiro foi encontrado dormindo em um canto de uma galeria no centro de São Paulo, com uma jovem"
"Jornalistas..." Pensou Michele.
***
Enquanto isso, na casa dos Ribeiro, um outro encarregado leu a notícia e entregou o jornal a Valkiria.
–Sabe que eu não leio jornal.
–Sim, senhora. Mas há uma notícia que lhe interessa.
Valkiria pegou o jornal e seu oculos, e leu a notícia. Logo reconheceu a jovem "rica" de uma semana atrás.
–Onde está Fernando?
–Acabou de chegar. Foi se deitar.
–Fique de olho nele. Não deixe que essa garota chegue perto.
–Sim, senhora.
***
Voltando a casa de Michele, Gelse lhe disse:
–Fiquei muito preocupada com você ontem. Mas, ao ver a notícia, vi que estava em boas mãos.
–Boas mãos? Mãe, você bateu a cabeça foi?
–Calma Filha. Você sabe que eu queria que você namorasse um cara rico, sem pressão, mas já que você chegou até a passar a noite com o herdeiro do grupo Ribeiro, significa que estão juntos, não é?
Michele simplesmente suspirou. Não quis estragar as esperanças da mãe.
***
Enquanto isso, na casa dos Ribeiro, Andreia veio falar com Fernando.
–O que houve ontem?
Então Fernando lhe contou sobre ficar esperando Michele na chuva, a galeria e etc.
–Tenho receio mano... Logo mamãe ficará sabendo e desconfiará sobre a vida de Michele.
–Relaxa... Ela não lê jornal. Você sabe disso.
–Sim... Mas os acessores dela leem.
***
No dia seguinte, todos do Elite começaram a tratar Michele como rainha. Com excessão de Miguel, que sabia que a amiga não gostava daquilo, e de Suelen, que parecia distante. A disconfiança de Miguel apenas crescia em relação a ela.
No intervalo, aproveitando a ausência de Suelen e que o resto da turma a deixava em paz, perguntou a Michele:
–Suelen falou com você hoje?
–Sinceramente? Ela andava estranha desde o convite, mas agora ficou pior ainda.
–Sabia que minhas suspeitas estavam certas.
Porem, Miguel ficou doente, e Michele não gostava de andar com as pessoas falsas da sala. Teve que se reaproximar de Suelen.
–Tudo bem, Suelen? Não está mais falando comigo...
–Tudo sim... Só estava ocupada com umas coisas esses dias. Desculpe.
–Ah, tudo bem...
–Michele, vamos sair este fim de semana? Pra uma baladinha aqui perto legal... Ela não é muito cara, pode pagar com seu próprio salário. Sei que gosta de ser idependente.
–Pode ser...
Suelen se afastou, e Cintia e Cecilia chegaram em Michele.
–Olha Michele, sei que não somos suas amigas, mas queremos te dar um conselho... Não confie nessa garota. - disse Cecilia
–Mas por quê? Ela foi a única que andava comigo mesmo quando eu era marcada pela carta preta...
–Não sei... Tem algo suspeito nela. Bom, aviso dado. Você que sabe o que faz com ele. - Cíntia completou, e elas se afastaram.