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"Como é que é?!"

Brasil ainda se assustava toda vez que Espanha gritava, óbvio, digo, que criança não se assustaria? Ainda mais que alguém como ele, se gritou, tá sério mesmo... Além da Argentina, claro... A guria tem uns parafusos a menos...

"É isso que você ouviu, senhor Espanha."

"Aquele, aquele, aquele drogado!"

É. Talvez Diogo devesse se sentir mal por fazer uma coisa dessas com alguém que o ensinara muita coisa. O primeiro país com quem Portugal o permitira contato, gostava do holandês. Gostava, como em algum dia já gostou dele. Agora é só mais um herége que o garoto não via a hora de se livrar. O que aconteceu, pergunta?

Estava tudo bem, sério, Diogo não se importava com outros países em sua casa, muito pelo contrário, ele amava quando eles o visitavam. Espaço é o que não falta. Então não, não se importava com Holanda, na verdade o loiro até o ajudara, de diversas formas. Então sim, talvez devesse se sentir mal por isso.

Começou com suas roupas. Sério, qual é o problema de todo mundo com suas roupas?! Esses europeus nunca conseguem decidir o que vestir... Depois não só as roupas, mas seus modos. O holandês tinha a coragem de o acordar antes das nove num domingo. Domingo! Para ter aula. Aula! Já não tinha demais disso no resto dos dias?!

Então veio a cerca. Claro, tem um monte de fazendas, cercas tem de monte. Mas não aquela cerca. Aquela cerca era nova. Aquela cerca era diferente. Daquela cerca ele não podia passar. Não. Podia. Passar. Ninguém, repito, ninguém! ditava aonde Brasil podia ou não ir na sua própria casa. Nunca Portugal ou agora Espanha tinham-no proíbido de andar por qualquer lugar.

Por fim veio o porquê de não se respeitar domingos. Ele era protestante. Não, não, Brasil não tem problema com isso, qualquer um poderia acreditar em qualquer bobagem que quisesse, Argentina ainda acredita que tem coisa melhor na casa dela do que as praias que ele tem no nordeste...

Então sim, Diogo ignoraria esse detalhezinho, afinal, uma das primeiras coisas que o holandês chegou falando foi sobre liberdade de culto. Mas o que se pode fazer quando o próprio loiro não respeita isso?! O que Brasil deveria fazer quando o flamengo começa a pregar?! Pregar. Não. Nunca aceitaria essa heresia em sua casa. Não precisa disso e isso foi a gota d'água. Por isso procurou Antônio.

"Eu não acredito nisso, niño, não acredito que ele teve coragem de aparecer aqui de novo." Claro que o garoto omitiu uma coisa ou outra do espanhol, como o fato de ter demorado um pouquinho para procurá-lo.

"Dessa vez eu acabo com ele! Vai voltar rastejando para aquele buraco de país!"

"Não seja muito cruel, senhor Espanha." O próprio Diogo admite que essa deve ter sido a melhor cara de cachorro sem dono que ele já fez na vida.

"Claro que não! Serei o suficiente, pequeño, não se preocupe!" Antônio afagava o cabelo do garoto. "Mas você fez a coisa certa, Brasil. Pelo que Portugal me disse, não esperava que você fosse assim tão leal."

"Não é questão de lealdade, senhor Espanha. É questão de fazer o certo." A cara de cachorro ainda perfeitamente no lugar.

"Claro, niño! Agora, com licença, tenho uns holandeses para dar uma lição ou outra."

"Seja rápido."

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