Three dark brothers escrita por Pão da Paz, Angels


Capítulo 26
Perguntas


Notas iniciais do capítulo

Estava com bloqueio criativo, não me julguem, todo mundo que escreve tem bloqueio criativo -q
Boa leitura :D



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Alexi

Minha cabeça doía por causa do choro derramado. Mesmo quando eu me afastei de Dylan e me desculpei por ter molhado toda sua camiseta e ter o abraçado eu ainda chorava.

Mas eu podia, não podia?

Até porque, no final das contas, o que matou meus pais também matou minha irmã. Conseguia aguentar viver com uma pessoa naquela casa, mas não sei se eu aguentava viver sozinha. Entrar naquela casa e não ter ninguém para conversar, ninguém para reclamar, ninguém para discutir era demais. Tão demais quando minha cabeça lembrava da casa cheia, que antes eu tive o privilégio de participar.

De qualquer jeito, a parede na qual eu estava encostada no canto do Conselho já estava ficando desconfortável. E além do mais, eu precisava voltar pra casa e encarar a intrusa que estava no meu corpo.

Ao menos, era o que eu devia fazer.

–Oi –senti um movimento ao meu lado e abri os olhos. Dylan estava sentado ao meu lado, com uma cara estranha.

–Oi –respondi

–Então...-o interrompi

–Dylan, se vai pedir para eu ir embora, relaxe. –sequei os vestígios das lágrimas –Eu já vou, só estou tentando criar coragem

Era em parte verdade.

–Não vou pedir para ir embora

Aquilo também devia ser em parte verdade

–Então o que é? –perguntei. –Se quer pedir algo, peço que espere. Não estou atendendo á favores no momento.

Ele não rebateu. Apenas ficou em silencio. Acho que aquilo já era uma resposta

–Você está se lembrando.

Senti uma agitação tomar conta do meu peito e se sobrepor á tristeza e ao cansaço. Era raiva. Raiva dele, raiva do conselho, raiva de minha irmã, raiva de Morgan, raiva de Samantha, eu não poderia contar nos dedos os motivos para eu estar com raiva. E isso só me deixava com mais raiva.

Entretanto, ao invés de enlouquecer e mandar ele para o inferno, eu o respondi pacificamente.

–Tem algum problema com isso? –perguntei –Porque se tiver, é claro que você pode bater na minha cabeça e apagar a minha memória enquanto eu ainda estiver inconsciente. –sugeri, sarcasticamente.

Ele soltou um leve riso

–É uma boa ideia. –franzi o cenho

–Você é um idiota –falei e me levantei.

–Alexi, espera. –eu continuei andando

Não fui muito longe, pois ele agarrou meu braço e me forçou a virar para ele.

–O que é Dylan? –senti a agitação de raiva se transformar em frustração. Sem nem ao menos perceber, senti lágrimas descendo.

–O Conselho quer respostas, Alexi –explicou ele, calmamente.

Puxei meu braço

–O Conselho que se dane –respondi entre dentes e continuei a andar.

Ele obviamente me seguiu

–Alexi, só responda á algumas perguntas e eles te deixarão ir! –continuou ele

–Me deixe em paz, Dylan

–Já pensou que as respostas que eles encontrarem podem servir para você também?

Parei de andar e fechei os olhos. A imagem de Maia caindo ressurgiu a minha mente novamente, como uma fênix. Fechei minhas mãos em punhos

–Samantha foi interrogada? –perguntei

Silencio

–Responda, Dylan –exigi, entre dentes.

–Foi

Suspirei, soltando todo o ar que eu havia prendido. Abri a minha mão calmamente, enquanto tentava respirar normalmente de novo.

–Eu vou –falei

–Obrigada.

–Não é por você –contra-ataquei –É por mim.

Virei-me para ele e tentei não olhar para seu rosto.

–Leve-me até o Conselho –falei –Eu também tenho meus assuntos á resolver.

***

Dylan me deixou em frente á uma porta e saiu, falando que ia resolver um problema. Na certa, uma das mentiras mais deslavadas que já escutei dele.

Enfim, ele disse para bater, e foi isso que eu fiz.

–Entre. –a voz era feminina.

Adentrei a sala. Duas pessoas me esperavam dentro dela. Uma era Alex, a outra era uma mulher com cabelos longos e olhos castanhos escuros. Tão escuros que pareciam pretos. A imagem de Ethan passou como um flash em minha mente, mas sumiu rapidamente.

–Oi –falei. Eu não sabia bem o que falar.

–Oi –respondeu Alex. –Eai?

–É. –fiz uma careta. Não estava fazendo sentido nenhum. –Eu posso me sentar? –perguntei, apontando para uma das cadeiras na frente da mesa em que eles estavam sentados.

–Claro! –exclamou a mulher, com um sorriso no rosto. –Por favor!

Me sentei calmamente e cruzei minhas mãos em cima do meu colo.

–Então... –mordi meu lábio –Estamos esperando alguém?

–Sim –responderam.

–O que...? –Alex me interrompeu

–Ele está atrasado. –alguém bateu na porta. –Deve ser ele.

Alex levantou e abriu a porta para o tal ser. Seria menos estranho se “o tal ser” não fosse o guarda que me ajudou e atrapalhou em Itakura. Ele estava com roupas normais, agora. Me senti totalmente estranha.

Os membros do conselho me deram roupas e eu prendi meu cabelo em um rabo de cavalo, tirando todo aquele ar senhoril de “vossa graça”, mas ele parecia não se incomodar, já que estava também se vestindo normalmente.

–O que é que...? –a mulher não me deixou terminar.

–Vamos começar. –o guarda se sentou ao meu lado. –Alexi, quero que narre o mais detalhadamente possível sua ida e sua volta de Itakura.

Senti um enorme peso em meus ombros

–Preciso narrar o que aconteceu lá, também? –perguntei

–Sim, querida, isso iria nos ajudar muito.

Suspirei

–Ok. Tudo começou com um feitiço que eu fiz. O feitiço fazia os mortos retornarem á vida. Eu meio que... usei um livro de bruxaria para fazê-lo.

–Para quem se tratava o feitiço? –perguntou Alex –Para sua família? –fiz uma careta

–Não! É claro que não! –suspirei –O feitiço era para a mão de Morgan, já que a mãe de Morgan era a única que sabia onde a Morgan estava. –fiz uma careta –Agora eu não lembro o que se passava na minha cabeça, mas sei que tinha a ver com alguma coisa com sangue mudar de cor e essas coisas. Enfim, eu fiz o feitiço. Joey apareceu logo depois, e ele estava louco.

–Quem era Joey?

–Joey era meu ex-namorado louco e psicótico, que insistia em dizer que eu havia acabado com a vida dele. Coisa que eu não me lembro graças á vocês –falei, olhando em direção á Alex –já que apagaram a minha memória.

–Dylan me informou que você havia se lembrado

–Dylan também falou que vocês me dariam respostas –contra-ataquei –Parece que estamos lidando com um mentiroso em comum, não acha?

–Você se lembrou de algo? –a mulher pareceu ter ignorado minha última fala.

–Sim, eu lembrei, mas foram flashs, nada específico.

–Volte á história –pediu Alex.

–Como eu disse, ele estava louco, e a pessoa dentro da minha cabeça também

–O que quer dizer?

–A mãe de Morgan estava na minha cabeça, ocorreu um erro no feitiço, se quer saber. Ele me perseguiu na minha casa. Eu estava morrendo, tinha três dias de vida, graças á aquele medicamento que eu esqueci o nome.

–Sei qual é –disse a mulher.

–Ele me estrangulou, e quando eu acordei eu estava numa sala escura e sei som. Acho que eu havia ficado surda, por causa do efeito do remédio estar passando, mas eu não lembro. Ele disse algo, algo que eu também não lembro e quando eu percebi eu estava me afogando. Um homem me tirou da água e disse que ficaria tudo bem, eu acho. Desmaiei logo em seguida.

–Quando acordou estava aonde?

–No castelo. –falei –Daí começou meu drama de tentar voltar pra cá. Eu estava enlouquecendo quando Ethan foi chamado por um dos guardas. Esse guarda falava que uma bruxa causava problemas no calabouço. A bruxa se chamava Morgana. Apenas liguei os pontos.

–Quem é Ethan?

–O príncipe –interveio o guarda.

–Chama ele pelo nome? –perguntou a mulher

–Não estou raciocinando bem –falei, dispensando seu olhar de incredulidade. –Voltando, eu corri para fora do castelo e os criados pensaram que eu estava fugindo ou algo do tipo. Foi aí que nosso amigo aqui –falei indicando-o –entrou na história. Ele me ajudou a despistar os criados. Mas algo ocorreu depois disso, algo bem estranho

–Especifique –mandou Alex

–Meu medalhão começou a queimar e brilhar e então o tempo congelou. Teria sido impressionante, se não fosse assustador –falei. –Com o tempo congelado, eu estava livre, então corri até o calabouço e me joguei lá dentro. Foi quando eu vi Morgan e Samantha

–Samantha? –perguntou a mulher

–Sim, Samantha. –falei –Eu não sei o que deu em mim, mas pense, você está com um assassino na sua frente, mas não pode mata-lo porque não tem poder suficiente, nem prende-lo porque você mesma está presa. É frustrante. Acabei descarregando nela, até porque, eu havia escutado a conversa dela com a irmã. Estavam planejando achar Morgan e haviam achado. Ela se mostrou bem estressada, mas só pronunciou umas palavras. Foi Morgan quem fez a besteira.

–Que besteira?

–Se meu latim ainda funciona bem, ela reviveu uma alma do inferno para me matar. –falei. –Mas não deu certo. O medalhão começou a arder e brilhar novamente e então a sombra sumiu. Quando olhei para Morgan novamente ela simplesmente estava me encarando com olhos arregalados enquanto tentava refazer o feitiço.

–Tentava?

–Não funcionou. Foi como se ela deixasse de ser bruxa. Mas, antes que eu pudesse falar alguma coisa, ela sumiu e eu voltei para meu quarto no castelo. O tempo havia voltado ao normal e os criados não pareciam lembrar de nada do que havia acontecido. Foi como se o dia anterior não houvesse existido.

–Exato. –disse o guarda –Quando comentei o evento, eles me chamaram de louco.

–Bem eu não comentei com ninguém, mas estava cansada de ficar naquele castelo, então eu fui para a vila.

–Eles te deixaram sair? –perguntou Alex

–Ela fugiu –explicou o guarda

–Disfarçada. –completei. –Eu estava andando sem rumo, quando escutei um grito parecido com o de Maia. Voltei para checar, mas o amigo aqui me encontrou. Estava com um capuz na cabeça, por isso ele não me reconheceu.

–Ela me fez parar do outro lado da rua. –confirmou ele. –E congelou o tempo novamente.

–Como sabe que eu...? –ele não me deixou terminar

–Sou um bruxo, seu poder de congelamento não era tão forte assim

–Que seja –interrompeu Alex, aparentemente com raiva –O que aconteceu depois?

–Eu entrei no local em que eu havia escutado o grito. Mais especificamente no cabaré. Maia estava sendo mantida sob cativeiro, assim como outras garotas, no fundo do “estabelecimento”. Mas ela não estava congelada. Eu a mandei para o castelo, para o meu quarto. A janela da sacada estava aberta, ela só tinha que subir uma trepadeira. –parei pra respirar, tentando engolir o choro, mas foi impossível. Então permaneci com a expressão indiferente mesmo quando as lágrimas caíam. –Eu toquei fogo no feno, para quando o tempo descongelasse, as garotas que eu libertei pudessem fugir. Então eu voltei para o meu quarto, no castelo e tudo já estava normal. Chamei por Maia e ela saiu do esconderijo onde eu mandei ela ficar.

–Onde era o esconderijo?

–Em baixo da cama –respondi. Sequei as lágrimas, mas elas começaram a cair mais –Maia saiu debaixo da cama e gemeu de dor. Eu perguntei o que estava acontecendo e ela me respondeu com um grito, e em seguida caiu. Eu fui até ela, e vi que a clavícula dela estava queimada. Soube na hora o que estava acontecendo. Minhas suspeitas se confirmaram quando vi o medalhão no pescoço dela, banhado de sangue.

–O que aconteceu depois?

–Minha irmã estava morta. –falei. –Eu fiquei cega de vingança e fui atrás de Samantha

–Como sabia que tinha sido a Samantha? –perguntou a mulher

–E como sabia onde ela estava? –completou Alex?

–Morgan era a única capaz de controlar os medalhões e fazer mais deles. Samantha era a única que conhecia minha irmã. Morgan nem sabia da existência dela. Não é difícil ligar os pontos, você só precisa fazer um esforçinho –suspirei, tentando controlar minha respiração –E sobre a localidade, eu simplesmente sabia. Foi como se as informações tivessem sido colocadas no meu cérebro. Eu sabia a casa, sabia a rua, e a aparência.

–O que fez quando chegou lá?

–Coloquei Morgan e a outra garota para dormir, e foquei em Samantha. Peguei ela pelo pescoço, joguei no chão, enfiei minha mão no abdômen dela, essas coisas.

–Enfiou o que? –perguntou a mulher, com uma expressão incrédula.

–Eu não sei como fiz tudo isso, eu juro. –falei. Afundei na cadeira –Só quero ir pra casa, descansar.

Alex e a mulher se entreolharam.

–Você não vai poder ir pra sua casa, Alexi

Levantei-me imediatamente, secando as lágrimas rapidamente

–O que quer dizer? –perguntei

–Ela não existe mais. –disse Alex –Sinto muito, mas sua casa foi destruída.

Inspirei, exasperada.

–Ela o que?

Eles se entreolharam novamente.

–Max, poderia nos dar licença? –o guarda confirmou com a cabeça e saiu, fechando a porta atrás de si

–Alguém poderia responder minha pergunta? –perguntei, sentindo a agitação voltar.

–Sente-se, Alexi. Por favor.

Sentei-me

–Você ligou para Dylan. –afirmou a mulher.

–É, eu liguei. –confirmei –Falei que havia uma pessoa na minha cabeça e que se ele não chegasse logo eu morreria.

–Pois então –disse Alex –Quando ele chegou lá você já havia sumido. Sua casa estava de cabeça para baixo. Ele meio que entrou em desespero, achando que você havia cometido suicídio.

–Idiota –sussurrei.

–Convocou o conselho. Começamos a investigar e estava na cara que você havia sido raptada. Quero dizer, seu chão estava queimado em uma linha reta, protegendo o resto da casa da porta, a poltrona também estava. Quando entramos no seu quarto, percebemos que tinha um móvel na porta, e esta estava totalmente quebrada, com um buraco. Além do mais, vimos o vidro do remédio que você tomou no banheiro. Sabíamos que você não poderia fazer mais magia, pois já havia chegado ao limite. Encontramos a arma e fizemos um pequeno esforço a mais. Dylan acabou achando o livro e Carmen o pentagrama desenhado no chão, que estava coberto por um tapete.

–Por fim, decidimos usar magia –completou Alex –Encontramos sangue em quase toda a parte da casa, além do mais, suas digitais estavam na arma.

–Achávamos que você estava morta –disse a mulher –Até que um dia um dos bruxos que estavam em patrulha em outro mundo informou que havia encontrado uma garota com um medalhão.

–Você não é filha de Morgan. Imagino que á esta altura já deve saber –confirmei com a cabeça –Estávamos procurando os filhos falsos de Morgan, aqueles que possuíam o medalhão. Você era um deles, mas como dissemos achávamos que estava morta.

–Isso foi até ele informar que era uma garota. –a mulher suspirou –Ao longo dos últimos dias que se passaram, recebemos a informação de que os filhos falsos eram dois garotos e uma garota. A garota era você, sabíamos disso. Então quando ele nos informou isso, ficamos sabendo que você estava viva e estava em Itakura

–Mas queríamos mais –continuou Alex –Queríamos uma resposta sobre o porque que você foi parar lá. Então eu, Carmen e Dylan voltamos lá, para ver se encontrávamos resposta. A busca foi em vão, não tinha nada que indicasse seus planos

–Porque como eu disse, não eram meus planos –falei

–Soubemos disso no momento em que estávamos saindo da casa. Vimos quem eu acho ser Joey, e ele tinha um sorriso no rosto. Ele selou a casa, nos trancando do lado de dentro, e botou fogo nela. Em seguida foi embora, como se nada houvesse acontecido.

–Com a casa selada, eles não poderiam sair de jeito nenhum, a não ser que queimassem lá dentro.

–Mas éramos três bruxos, fizemos um feitiço, mas o feitiço só conseguiu nos tirar de dentro da casa, não salvar a casa. Você, mais do que ninguém, deve saber que todo bruxo tem seu limite. E quebrar o feitiço de Joey levou os nossos.

Senti uma súbita culpa me alcançar. Eles quase morreram por minha causa.

–Eu... Sinto muito –falei

Era ótimo. Porque se não bastasse eu perder minha irmã, eu tinha que perder as coisas dela também, fora as coisas da minha mãe, que também estavam na casa.

–Não sinta –Alex abriu um enorme sorriso. –Estamos bem

Ele se afastou, abrindo a porta e fazendo um aceno para o lado de fora.

–Além disso –completou –Nós pegamos ele.


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Notas finais do capítulo

Esse foi, sem dúvida, um dos maiores capítulos que eu já escrevi pra essa fic. Tudo para recompensar a demora -q
Obrigada por lerem, comentem e vejo vocês depois (>^~^)>



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