–Vó uma pessoa humana pode adquirir magia?

–Sim, um colar, ele é feito por bruxas habilidosas, mas uma vez colocado em humano não pode ser tirado, quando tirado o dono do colar morre em estantes, o fabricador pode salva-lo, mas é raro os donos terem contato com o fabricante.

O colar trás magia, como a de uma bruxa, mas pelo seu poder ele pode queimar e ate causar a morte em crianças fracas.

Pensem duas vezes antes de usar o colar, pois o fabricador pode controlar sua magia, e matar a si mesmo.

***

Samantha

Fico um pouco apavorada, Morgan desapareceu, droga, eu tinha que ter a segurado, ela estava tão perto, ao mesmo tempo parecia tão distante.

Em um momento você descobre que sua mãe não é sua mãe, e então encontra sua mãe, e então ela desaparece.

Preciso encontrar Irie porque ela queria ver Morgan? Encaro o chão e vejo a palha, não sei, mas me lembra minha vó que a muitos dias não a visito e me sinto pesada, meus joelhos caem no chão sem eu a menos perceber, e então me lembro de Simon e de quando tínhamos 15 anos e fizemos amor como um casal de casados que se guardaram por anos ate aquele momento e então fingíamos que nada nunca tinha acontecido, e por outros 4 anos fingimos ser amantes santos, sem beijos, sem sexo, sem toques, apenas fingimos e fingimos como aquele amor que acabou, mas não queríamos nos dar a sensação de experimentar pensar nisso e começamos a mentir para si mesmo, e talvez ele ter ido embora fora um alivio para ambos. Aquilo não passava de um amor platônico sem paixão, e não servia, nunca estaríamos saciados, nunca.

Então me levanto perdida em um mar de pensamentos que não me serve para nada, essa merda de cabeça não sabe nem em o que mais pensar. A janela, corro para janela, mas é alta. O banco, corro para o banco onde Morgan Li fez a pior revelação que uma pessoa poderia ouvir, subo no banco que treme e posso ver o gramado tão imenso quanto o meu bairro na cidade, e vejo pessoas correndo como num grande pega-pega, mas não há apenas um pegador e se percebe isso quando vejo apenas um das pessoas despistando como se o resto fossem bombas contando seus últimos segundos para explodir.

Alexi? Um pensamento ilógico, ou não. A garota é loira e tem olhos voltados para o medo, sinto daqui seu tremor e seu sangue subir e ferver, sem falar que sinto todos seu ar sendo puxado e triturado porque ela sempre quer mais. Alexi esta em Itakura se aquele cabelo era mesmo dela, então ela esta em apuros. Prendo o ar, viro-me para a única porta, e esta cheia de grades e é feita de aço, grito, e empurro a porta com a melhor força que tenho, mas ela não se mexe e tento novamente, a porta se abre tão suave, caiu para o corredor que havia do outro lado por causa do impacto, apenas ralei um pouco do meu pé, nada que passe em alguns minutos, ainda sim a dor é como uma bolinha de ping pong. Pong, bate no chão ( a dor volta com a frequência quase que insuportável) e então Ping, ela voa no ar ( a dor se vai por meros segundos antes que a bolinha volte ao chão e tudo recomece).

Viro-me para a porta aberta e lá esta Morgan, olhando para mim com cara de arrependimento, e ao mesmo tempo sinto que ela quer me ajudar.

–Deixe-me ver – volto meu pé para trás, mal sabe o que ela pode fazer com o meu pé. – Prometo que cuidarei – meu pé vai ao encontro de Morgan sem que eu mexa um músculo.

–Não me controle com esse seu poder imbecil – não vou ser sua filhamarionete que ela acha que serei.

–Quieta – mexo meu pé o máximo que consigo, mas ela o pega e segura com sua unhas podres e ruídas.- Misera nihil mali fecerit , ut ne vestigium Adjuvabit eam facere malam

Algo gelado passa pelo meu pé, sinto arrepio, fecho meus olhos e imagino meu pé virando mil e uma coisas, e quando os abro, vejo meu pé, normal, sem feridas, arranhões e a bolinha de ping pong perdeu o jogo.

–Vamos precisamos achar os outros – Morgan me puxa pela mão e a sigo, ainda sim não sou eu a seguindo, sinto que meus pés estão sobre meu controle e não minha mente, então faço um teste, e tento saltitar, e por mais que pense no movimento continuo andando.

É como pegar um copo você vê o copo e não pensa pega. E eu não tenho reflexos, piso em tudo que vejo, não consigo desviar por mais que veja os tecidos mofados não desvio, não me obedece, nada me obedece, rezo para não ter cocos de rato por aqui. Então grito.

Mas nada sai, nada sai. Nem sequer abri minha boca, nem se quer mexi minha língua prendo a respiração, ou pelo menos eu pensei que tinha prendido, mas ainda respiro numa frequência tão normal quando meus passos, rapidamente e não correndo, normal.

Então Morgan para e paro, sem perceber. Morgan entra em uma das celas abertas, ela encosta-se à parede e sinto seu medo, ah eu sinto.

–O – tento novamente – O que...

–Olha eu não podia teimar que você fugiste, então controlo você, mas o efeito vai acabar e vai poder falar.

–Eu – fico sem ar e meus olhos se enchem de lagrimas, e então meu ar volta junto com...

–NÃO TENTE FALAR – ela grita mais do que deveria para alguém que esta se escondendo.

Um guarda surge em uma das portas, Morgan não pensa antes de apontar seu maldito dedo e congelá-lo. Ela sai da porta e vê outro guarda que preza pelo companheiro congelado no chão, então Morgan encosta seu dedo no guarda que não se mexe, o que Morgan faria comigo se eu tentasse fugir? Queimar-me no inferno junto com que lhe de o maldito poder.

Olho para o corredor onde uma figura alta de terno esta, será que Theo já começou me seguir como disse sobre o porquê do beijo.

Mas Morgan me puxa e dou de cara com Alexi.

***

Alexi, quer dizer que você na verdade era uma pessoa na qual deveria temer? Ou enfrentar? Foda-se.

Então algo me abraça por trás e finalmente o grito sai, mas não é um grito, é o grito, sinto Morgan vibrar, ouço as cadeiras caírem, e então um furacão de palha e tecido, e as lagrimas que não saíram na conversa com Alexi saem, e saem a todos os segundos, e então finalmente sinto minha garganta arder como o fogo no inferno, me ajoelho e então os soluços, mas não sinto mais nada que não seja raiva, a pessoa que estava atrás de mim, ainda esta e, esta chegando perto, posso sentir sua magia triunfar pelos seus nervos, é como a eletricidade, posso sentir, posso, ah eu posso.

–Sam?- diz Morgan estendendo a mão - NUNCA – ela me da um tapa e sinto o estalar por todas as celas, sinto minha bochecha arder, mas não como meus nervos ardem agora. – VOLTE A CHORAR POR...

Começo a rir.

–Nunca vou chorar por quem seja lá quem esta pensando.

Levanto-me, e então finalmente olho para trás, nada alem de uma tocha, mas sei que esta ai, ainda sinto sua magia pulsar, sinto seu poder disparar por esse ar, sinto sua respiração.

–Porque não aparece – sussurro.

–Porque não grita mais alto – alguém sussurra.

–O que é isso? – grita Morgan Li.

–Seja o que for, registre o que vou dizer.

–Ãhm? – fala Morgan.

–Estou com a Morgan.

***

–Não acredito – diz Morgan enquanto vamos ate o castelo.

Morgan fez o feitiço de troca de face, agora sou morena e tenho olhos pequenos, e uma linda boca carnuda. E Morgan voltou a ser loira como era antes de si prender em Itakura, e tem olhos azuis, como é bom ser bruxa penso.

–Cansei de ser, sei lá ser eu.

–Sabe o que deve fazer?

–Vingança? Não foi algo ruim eu...

–Ela me ofendeu, eu não acho que podem mexer com Morgan, podem? Sabe a coisa que ela mais ama?

–Talvez não a coisa, mas quem...

Lembro-me que Alexi me contou sobre sua irmã rebelde que deve estar trepando ou se drogando agora junto de uma turma sem pais, assim como ela.

Viro ruiva novamente pelo meu próprio feitiço e sinto que estou pronta.

***

Ainda não confio em Morgan, mas estou com ela, e fazer o que ela manda é o primeiro passo para ser uma boa herdeira.

Fecho meus olhos quando Morgan aplica seu feitiço em mim, é como se eu acordasse de um sono tão profundo, magia negra mexe com ate uma pequena célula.

Vejo uma garota não muito alta de costas, seus cabelos são meio escorridos e não lembra em nada o da irmã, ele é meio castanho e não tem nenhum sinal de cachos diferente de Alexi tem alguns cachos na ponta.

–Ei – grito.

A gora se vira, mostrando que em sua frente a um garoto com lá seus 20 anos, ele é loiro, mesmo assim tem um nariz pontudo, e lábios murchos.

–Ai! Eu também fumava baseado – começo a rir apesar de ser verdade, pareço estar mentindo.

–Que? – o garoto parece se assustar.

Vendo assim percebo onde estou, em um tipo de beco, olá novamente em um beco. Mas esse tem apenas uma caçamba o resto são sacolas de bebidas e garrafas quebradas, devemos estar ao lado de um bar.

–Ruivinha o que você quer? – diz a castanhinha.

–Te apresentar o que sai irmã sempre te esconde... - aponto minha mão para o loiro e penso, como Morgan me ensinou, pense, pense, gelo, gelo, gelo.

O loiro sente a brisa e eu também, e então a brisa vem e mais forte dessa vez o transforma em um cubo de gelo humano, ele não sente nada e nem se mexe é um boneco de gelo, e isso me faz sentir o quanto sou uma bruxa.

–Porque –a garota vai ate o loiro que esta ao seu lado e o examina. – Minha irmã também pode fazer isso branquela!

–Mas ela nunca a deixou fazer... Deixou? – nunca tive esse problema, meus irmãos são todos bruxos incontroláveis.

–Não posso, ela disse que é, é perigoso, quer dizer ela sangra e...

–Não se usar isso – tiro do meu bolso – O mesmo colar de Alexi só que melhor.

–EU NÃO VOU USAR ISSO

–Não quer parar o sofrimento dela? Ela esta em perigo em outro mundo e se quer salva-la o colar é a única fonte de ajuda.

–Da essa droga – ela fala baixinho, mas escuto.

A obedeço, ela vira de costas e então faço minha parte, estou vermelha, não queria, me desculpe.

O colar não poderá ser retirado quando colocado em seu primeiro dono. Mas o fabricante ainda tem poder sobre o colar Morgan o criou, agora que o colar esta em Maia, Morgan tem seu controle e basta manipular Alexi.

–Não poderá tira-lo, a não ser que queira explodir – riu.

–E agora? – ela segura e observa o colar tremendo.

–Ache-a. E então o colar começa a queimar, eu sinto queimar e eu vou embora.

***

Encontro-me com Morgan em Itakura, ela me deu um portal de bolso, posso usar onde quiser, mas será sempre o mesmo destino.

–Consegui – me sento na cadeira numa pequena sala que Morgan ‘roubou’ de algum cidadão de Itakura, ou seja lá como são chamados aqui.

–Sam tenho duas noticias. A primeira é, que você é minha filha, o teste apontou. A segunda é que você tem um tipo de dom, pode ver o que há dentro, de mentes ou de corpos sentir o que sentem suas emoções seus medos.

–Que azar o meu – sentir mais medo do que já sinto?

–Mais precisa aprendê-los com habilidade.

Eu sinto a ansiedade de Morgan pelos meus pelinhos do braço e meus olhos lacrimejando.

–Vou dormir.

***

–Você não pode ser minha filha Ira!

–É IRIE

Irie?

–Você não tem o colar!

–Então como sabe que Sam é sua filha?

Então Morgan duvidou de mim?

–Fiz o teste do cabelo, sem falar que tem meus olhos.

Porque estou aqui mesmo? Pera. Então quando aceitei estar com ela, ela não sabia que eu era sua filha, então o que pensou que eu fosse? Lindos olhos.

–COMO POSSO PROVAR QUE SOU SUA FILHA – choros.

Irie filha da Morgan? Ah! Minha irmã claro!

–Seu sangue.

Sangueeeeee.

Então posso escutar o grito de Alexi do castelo, sei que é dela, sinto seu arrependimento, a pena me consome, não mais que a minha consciência.

Então Morgan ri, como uma criança.

E espero que ela venha.