Jacob não poderia imaginar, mas Edward de fato sabia tudo o que ele estava sentindo. E surpreendeu-se ao perceber que, apesar das ordens de Carlisle, agora era seu próprio coração que o obrigava a proteger Jake.

Na noite em que foi anunciada a partida iminente dos quileutes da reserva, após o quarto atentado, Jacob estava especialmente abatido. Não quis sair de casa. Edward sentia uma comoção estranha em seu próprio peito, como se algo muito precioso estivesse prestes a ser retirado dele dentro de um tempo muito curto. Mais estranho ainda foi perceber que essa sensação se atenuava quando ele estava perto de Jacob, na conversa quase sempre silenciosa dos dois.

Sentaram-se lado a lado na cama. Edward sentiu-se bem ao perceber que o outro não desejava que ele saísse.

- É difícil caçá-los aqui – disse, em uma voz muito baixa – Sentimos muito.

Jacob ergueu os olhos. O outro o fitava, com olhos acobreados, em uma expressão muito rígida. Era como se uma cumplicidade misteriosa pairasse entre os dois. Jacob sentiu vontade de falar sobre como se sentia de fato para aquele vampiro contra cuja presença ele tanto lutara outrora. Era como se toda a batalha estivesse perdida, afinal de contas, mas de certa forma a derrota não fosse tão ruim assim. Pelo contrário. Entre os dois, as palavras fluíam com maciez e facilidade. Os olhos de Edward cintilavam com aquela nova demonstração de confiança. Era importante para ele – e, ficou admirado ao perceber, muito mais do que imaginava.

- Obrigado por me escutar – Jacob suspirou, deixando que um sorriso se formasse em seus lábios. – Você é legal, afinal de contas.

- Sou? – Edward ergueu uma sobrancelha – Fico lisonjeado, não costumo ouvir isso de muitas pessoas, se é que você entende.

Jake sorriu triste. Ainda estava abalado. Dessa vez, a iniciativa partiu dele mesmo, abraçando o tronco gelado de Edward, que ainda assim queimava sua pele como o inferno.

- Vou buscar alguns sanduíches. – disse Edward, assim que eles se soltaram – Você quer?

- Acho que era eu quem deveria oferecer. – eles riram – Vou com você.