Quero que você conheça meu mundo escrita por River Herondale


Capítulo 13
Há poesia em viver


Notas iniciais do capítulo

Cheguei em 70 páginas do Word, WOW! Enfim, gente, me desculpa de coração pela demora. Eu sou a pessoa mais procrastinadora que já pisou na face da Terra. Além do mais, as aulas voltaram D: Ninguém me avisou que o Ensino Médio seria assim, minha gente. Espero que gostem do capítulo e claro, obrigada pelas recomendações, amei MUITO!



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Clarice acordou com os passos irritados de Tati. Sua amiga andava pra lá e pra cá sem parar, e então Clarice viu que ela chorava. Mas por quê? Clarice nunca reagiu bem a lágrimas, inclusive as suas. Ela raramente chorava. Era como se todos os momentos que sentisse lágrimas na garganta ela engolisse. Quando estivesse transbordando de sentimentos mal resolvidos, então chorava. Aí era uma tempestade infinita e dolorosa, um acúmulo de frustrações. Talvez entre vários chorinhos e um grande e raro choro, a primeira opção fosse a melhor. Mas ela não tinha talento para ser chorona.

Clarice saiu do quarto de Tati e viu a amiga mexendo no celular sentada no sofá. Ela perguntou delicadamente:

– O que aconteceu?

– Eu estou bem, não é nada. – Tati fungou o nariz enquanto falava, seus olhos inchados de tanto chorar. – Pode voltar a dormir.

– Eu já dormi tudo o que tinha. Ei, me conta.

– É sábado, Clarice. Você merece dormir até tarde. Aliás, como foi o boliche?

– Isso não é importante. O que importa agora é você.

Então Tati desabou de chorar. Clarice abraçou a amiga até deixa-la mais calma e sussurrou:

– Me conta, vai.

Tati começou dizendo que era bobagem, só uma briguinha com Mateus depois que eles voltaram de uma festa. De acordo com Tati o Mateus ficou enfurecido porque ela havia bebido demais e não conseguia nem andar direito sozinha. Ele teve que praticamente coloca-la na cama para dormir, e quando ela acordou vomitou o mundo.

– Aí ele me chamou de bêbada, de porca e de egoísta. Disse que se eu o amasse saberia os limites, e se eu me amasse cuidaria melhor de mim. Então eu perguntei: “Você me culpa por ser gorda?” e ele disse “Ai, não foi isso que quis dizer!” mas é obvio que foi, Clarice! Pra me chamar de porca e ainda dizer que eu devia cuidar melhor de mim! Não é como se eu não tivesse crescido com essa pressão de magreza durante toda minha vida. Não é como se eu nunca tivesse tanto vários métodos de emagrecimento.

– Ele não quis dizer isso, Tati. Estava só preocupado com você. O porca deve ser porque você estava vomitada, e o corpo deve ser porque você enfia todo esse álcool dentro de você. Ele te ama, não esqueça disso. Ama do jeito que é, pois se não amasse nunca te namoraria.

– Cala a boca, Clarice. Não defende ele não que você sabe que ele errou. Era só uns drinks, mas naquele dia extrapolei, e daí? Isso é motivo para... para acabar comigo? – O choro ficou mais intenso.

– Ele terminou com você?

– Ele pediu um tempo. Que merda, eu não quero um tempo! Eu amo ele. Ele foi um babaca, mas eu ainda amo ele.

Clarice pediu para a amiga tomar banho e relaxar. Quando o coração pede socorro, não há válvula de escape. Talvez apenas o perdão. Mas agora pergunto: com que coragem?

Clarice pegou o celular para ver se tinha alguma notificação e viu que Frederico mandara uma mensagem quarenta e cinco minutos atrás. Involuntariamente seu coração acelerou, e ela abriu:

“Bom dia! Não quero que isso soe psicótico, mas sonhei com você.”

Clarice não queria parecer filha da puta com ele. Não queria ser grossa, nem cortar o clima do garoto. Mas ela tinha que ser sincera com seus sentimentos. Estava confusa. Eles podiam gostar de coisas parecidas, pensar parecido, mas a bagagem de experiência entre eles é totalmente diferente. Ela sempre teve medo de se abrir demais, de mostrar sua fragilidade diante de alguém. Era possível notar que Frederico já mostrava, mas e ela? Ela conseguiria? Ela já perdeu muitas pessoas importantes sem que ela nunca tivesse dito um ‘eu te amo’. Ela tinha medo porque ela sabia o poder das palavras. Não só isso, como o poder dos atos e movimentos. Não importa quão niilista ela podia ser, ela via significado e camadas em tudo no universo, desde o mais simples respirar.

“Comigo ou com meus peitos? Você não parava de encará-los quando foi embora!” Clarice decidiu mandar como mensagem. Droga, pensou. Ironia nem sempre era a resposta.

“Haha, você me pegou! Sonhei com você mesmo, e estou falando a verdade! Posso ter mal saído da adolescência, mas meus hormônios não pipocam tanto assim.”

“Eu não queria dizer que reparei na sua ereção enquanto ia embora, mas meio que foi impossível. Mesmo assim, não é como se esse fosse um problema exclusivo de adolescentes.”

“Epa, pera lá! Você ficou olhando nas minhas calças! Mas tudo bem que nem precisa se concentrar muito para perceber que tenho sou muito bem dotado, hahahaha”

Clarice sorriu com a mensagem. Eles haviam levado a conversa para outro caminho que não era o sentimental, e isso era bom.

“Eu gostaria muito de saber como é mijar de pau duro, na realidade.”

“Olha, nossa conversa chegou em um nível altíssimo de elegância, só para dizer. Mesmo assim, mijar de pau duro é uma arte que deveria ser reconhecida. Não é como se fosse uma missão fácil.”

“Desculpa se o nível da conversa ficou baixo, mas você deve perceber que não meço minhas palavras ou reprimo minha expressão sexual. Cansada de mulheres terem que esconder que também têm pensamentos sujos.”

“Desse jeito vou te levar para um barzinho com o Bento bêbado. A conversa fica tão baixa que chega ao núcleo da Terra. O cara é expert em criar sinônimos para a palavra pênis.”

“Está me devendo essa!”

O telefone começou a tocar, Clarice viu que era Frederico. Ela atendeu.

– Eu estou rindo que nem um idiota aqui pensando nas variações infinitas para a palavra pênis. – Dava para imaginar Frederico segurando seu estômago e rindo. Clarice sorriu com isso.

– Isso me lembra da Summer e do Tom gritando na praça ‘pênis’ bem alto enquanto várias pessoas passavam. Clássico.

– Ai ai, nem vem falar comigo sobre 500 Dias Com Ela. Sabe que não suporto esse filme!

– Porque ele é uma facada de realidade nos corações partidos?

– Exatamente.

Eles jogaram papo fora por mais um tempo de modo bem aleatório, sem tocarem no assunto de como seria dali pra frente em relação aos dois.

– Então... quando vamos continuar com o roteiro? – Frederico perguntou depois de alguns minutos de conversa fiada.

– Continuar o roteiro é como os jovens chamam hoje em dia o termo ‘coito’?

– Coito, que forma horrível de dizer! Estamos na Idade Média por acaso?

– Só queria causar um impacto maior! – Clarice se defendeu.

– Bem, quanto eu digo roteiro é roteiro mesmo. Pensei no MASP. Podemos tomar inspiração nas obras, tirar umas fotos e voltar para criar um roteiro interessante.

– Não é como se fosse má ideia! MASP é o melhor lugar para encontrar gente interessante.

– Não vai me dizer que já conheceu alguém especial no MASP! – Havia zombaria na voz de Frederico.

– Não, ok? Mas foi porque não quis. Se eu quisesse eu provavelmente teria encontrado meu marido no MASP.

– Nossa, que engraçado, viu dona Clarice? Então, nos encontramos quando?

– Eu não vou fazer nada hoje.

– Então depois do almoço?

– Pode ser. Ei, mas cadê o jogo da conquista? Não deveríamos esperar mais ou menos uma semana para mostrar que não nos importamos, não ligar no outro dia e coisas do tipo?

– Não é como se fôssemos um casal típico.

– Somos um casal? – Clarice sentiu seu coração bater mais forte.

– Desculpe, não achei outro termo. – Ela ouviu o nervosismo na voz dele.

– Bem, te vejo às duas?

– Perfeito para mim. Eu te busco se preferir.

– Pode ser. Mas não considere isso cavalheirismo, que aliás, odeio. Considere isso uma troca de favores entre amigos, por mais que eu ache que você faça mais por mim do que o contrário.

– Você não faz ideia do que faz por mim.

A tensão sexual entre os dois espantava Clarice. Ela não sabia reagir bem a isso. Em outras situações entraria no clima, usaria seu charme e elegância apenas para brincar com a sedução e então sumiria, como fez com um holandês em Amsterdã em que viveu um breve rolo. Ela chamava de rolo porque não era bem um romance de cinema. Eles iam em algum restaurante, dividiam a conta, sentavam-se perto do rio que divide Amsterdã e se beijavam no frio da Europa. Hans era músico, tinha cabelos ruivos e barba cheia. Fotografá-lo era uma das coisas favoritas de Clarice, pois ele tinha uma beleza típica europeia e Amsterdã é charmosa demais para passar despercebida.

Ela partiu da vida dele em uma noite fria, um dia antes de ir embora da Holanda. Hans não queria perde-la, mesmo que ambos soubessem que nunca seriam eternos um para o outro. A gente sabe quando algo não foi feito para durar. Eles sabiam. Mas acima de tudo sabiam a importância que cada um teria na vida um do outro.

Hans tinha muitas qualidades. Mas ele se foi. A única lembrança dele que Clarice guardou foram as fotos.

– Clarice, esqueci a toalha! Busca para mim fazendo favor? – gritou Tati do banheiro, tirando Clarice de seus devaneios.

¨¨¨

– Frederico, onde pensa que vai? – Dr. Leonardo abordou o filho que saía do apartamento apressado depois do almoço.

– Vou sair. Eu volto de noite.

– A é? Vai encontrar a tal garota que te deixou aquelas marcas ontem à noite?

– Tchau, pai! – Frederico disse sem disfarçar a irritação e fechou a porta.

Não é como seu pai se importasse realmente. Eles não conversavam sobre nada, e a tentativa de uma conversa sempre acabava em briga. Fazia um bom tempo que Frederico decidira nunca mais tentar puxar conversa com o pai. Se quisessem conversar, que o pai começasse! Frederico pegou o carro e dirigiu até o prédio em que Clarice vive. Sua mão suava em saber que veria ela de novo. Os detalhes da noite anterior pipocavam dentro de si, como ele teria que reagir, se teria que mencionar alguma coisa mais explicita ou exigir explicação. Fazia um mês que se conheciam, ele sabia. Mas a intensidade dos sentimentos que ele tinha não era de se ignorar. Era mais forte do que tudo que já sentira, era apavorante e delicioso. Era uma mistura de céu e inferno, um toque de tentação e salvação. Ele não sabia se era seguro se abrir desse jeito para Clarice, por mais que sentisse a necessidade de extravasar todos os sentimentos em forma de cachoeira. Agir de forma calculada não era seu forte. Ele não havia puxado o espírito maquiavélico do pai.

“Estou aqui na frente do prédio” Frederico mandou a mensagem. Minutos depois ela apareceu.

– Desculpe a enrolação. Amiga chorando descontroladamente, sabe como é. – Clarice disse meio sem graça enquanto se acomodava no banco do carro e dava um beijo na bochecha de Frederico. – Vamos?

O caminho para o MASP foi silencioso. Quando chegaram, Clarice preparou sem equipamento fotográfico.

– Vamos fazer umas fotos na frente, pode ser?

A tensão entre os dois era maior do que ele esperava. Nunca imaginou Clarice tensa. Estava aí uma fragilidade que ele não conhecia da garota. Entraram no MASP e olharam as pinturas, obras e conversaram sobre. Clarice sussurrou enquanto encaravam um quadro:

– Nunca entendi arte moderna.

– Nem eu. – Frederico sussurrou de volta e riu sem querer.

– Sinceramente, acho um insulto com o realismo. É como se zombasse de todo o trabalho árduo que os realistas tivessem para atingir a perfeição, criando humanos que mais parecem merda esmagada.

– É desse jeito que eles encaram o mundo, eu acho.

– Não quero nem saber como Romero Britto vê o mundo então. Só eu que odeio a arte desse cara? Tudo vira estilo-Romero hoje em dia!

Eles saíram andando para outra parte do MASP, Clarice batendo o pé.

– Vai dizer que um dia você não iria querer que estilo-Clarice virasse moda? Imagina maior demonstração de sucesso!

– Não sei se viraria moda. Se eu fosse criar meu próprio estilo ele seria complexo e único o suficiente para nenhuma criança de sete anos conseguir reproduzir na aula de artes.

– Ok, desculpa Srta. Complexa.

– A gente está brigando por causa de Romero Britto, é sério? As obras dele realmente são uma discórdia!

– Qual seu problema, Clarice?

– Não tenho nenhum problema!

– Mas eu tenho! Desde de que te busquei a gente nem tocou no assunto que tivemos um lance noite passada.

– Não aconteceu nada noite passada.

– Como assim nada? Não foi importante para você?

– Por quê? Para você foi?

– Ah, me desculpa então! Me desculpa se para você deixar que qualquer homem que não seja importante pegue seus peitos seja algo normal. Me desculpa se eu não sou nenhum gringo incrível que você conhecia em suas viagens!

– Como você sabe disso? – Eles estavam gritando.

– Eu sei das coisas! Me desculpa, mas não é tão difícil achar informações sobre a vida dos outros quando se tem uma ferramenta milagrosa chamada Google.

– O que você viu? – suas palavras saíam tremidas de raiva.

– Tudo que você postou no blog. Vi várias fotos suas com vários caras bem mais estilosos que eu, com certeza mais interessantes e mais experientes, diferente de um banana como eu que treme ao pegar nos peitos da garota que ele está caidinho!

As pessoas ao redor estavam olhando para eles. Clarice se aproximou de Frederico com autoridade e murmurou:

– Se você quer saber de verdade sobre aqueles caras, vamos para o carro. E você terá que me escutar em silencio porque não gosto que usem senso-comum comigo.

Irritadiço Frederico entrou no carro. Clarice suspirou impaciente e começou.

– Não é como se eu arrumasse um namorado por cada lugar que eu fosse. Já te disse que nunca namorei antes. Em Sydney conheci dois caras bem legais. Um deles era surfista e trabalhava em um restaurante beira-mar do pai. Você deve ter visto fotos dele, Dylan. Foi uma semana, e então conheci um turista japonês, Takeshi, no qual foram duas semanas juntos. Em Amsterdã conheci Hans, aquele ruivo barbudo das fotos. Ele era músico e conheci ele nas últimas três semanas que fiquei na Holanda. Por fim foi Skylar, um dançarino de Nova York. Sabe, com todos tive experiências únicas e marcantes. Mas no final sempre deixei eles, todos eles. Sabe por quê? Porque sou sincera com meu coração, e em nenhum momento meu coração pediu para ficar. Dylan era um moleque. O que eu gostava dele era que éramos extremo oposto. Conheci ele em um estúdio de tatuagem. Takeshi era tímido e impressionável, e sabíamos que nunca daria em nada. Ele teria que voltar para seu país naturalmente, e o que eu gostava nele era a calma e a timidez misturada. Japoneses são diferentes de tudo que você possa tentar paquerar. Hans era um músico brilhante, mas muito melancólico, e eu nunca me senti bem em receber a responsabilidade de guardar tantos segredos que ele me contava. O deixei também. Por fim foi Skylar, prestigiado e prodígio dançarino que estudava incessantemente para entrar na Broadway. Poderia eu interrompê-lo desse sonho? Nunca. Foi quando recebi a proposta de vir para São Paulo de novo, e precisa de dinheiro. Então vim.

– Veio e conheceu um estudante de Direito sem personalidade e sem-graça. Como pode fazer isso comigo, Clarice? Vai me deixar como deixou todos esses caras também? Você não pode mudar tanto uma pessoa e depois desaparecer! Você não pode fugir desse jeito, Clarice! Não pode!

Frederico não queria se descontrolar, mas ficou desesperado com a ideia de Clarice fazer o mesmo com ele. Ele sabia quão difícil era ser deixado para trás. Sua mãe o deixara, mesmo não querendo. Ele se sentia um verme perto de tanta história, de tanta bagagem que Clarice carregava. Ele não entendia o que ela queria com ele, se ela era tão cruel a ponto de fazê-lo se apaixonar para assim deixa-lo.

– Não quero fugir. Frederico, você não conheceu a Clarice que conheceu esses caras. A Clarice que beijava Skylar nas coxias do teatro fazia-se de indestrutível. A Clarice que beijou Takeshi parecia uma vagabunda latina diante de tanta timidez do japonês. A Clarice que fugiu no meio da noite da casa de Hans sabia que estava apenas aumentando a melancolia daquele pobre músico. Mas com você não sou nada disso. Com você sou só Clarice. A Clarice que quer ser cineasta, a Clarice que fugiu de casa e tem medo de amar.Com eles eu nunca tive receio em jogar. Com eles eu apenas queria esquecer minhas tristezas e beijar um pouco. Sei que pode ser difícil de acreditar depois de tanto, mas com você é diferente. Você me faz querer conhecer seu mundo, te resgatar, te ouvir. Porque nenhum me fez sentir tanto e nenhum me fez querer ficar.

Nenhum me fez querer ficar

Conhecendo pouco que conhecia de Clarice, essa última frase tinha mais significado do que ele esperava. A vida é bonita e há poesia em viver. Se ele iria se arrepender ou acabar se decepcionando depois disso, ele não ligava. Clarice valia a pena sentir decepção e ele a beijou.

Tragédia é o que caracteriza o Romantismo na literatura.

O beijo era cheio de significado. Era como se cada partícula de seu ser clamasse por mais daquela sensação. Ele não queria saber se Clarice se importava do mesmo jeito que ele naquele momento. Nunca a frase “Que seja eterno enquanto dure” foi tão real.

¨¨¨

Clarice não disse exatamente o que queria para Frederico. Ela queria que ele soubesse que ele não é só mais um para a lista. Ela queria que ele soubesse que diferente de todos, ele despertava algo nela que ela ignorava. Ele despertava amor. Nem Hans, nem Skylar, nem o primeiro carinha que ela gostou ainda na escola tinha esse impacto. Que mesmo que ele não fosse o mais interessante ou melhor entre todos os anteriores, ele tinha a capacidade de fazê-la acreditar no amor como algo bom, e não cruel. A fazia querer arriscar e se entregar para alguém. A fazia sentir que de fato não era uma ilha.

– Eu sei que é muito precoce pedir isso. – Frederico falou depois que separou-se do beijo. – Mas deveríamos ser namorados.

– Nunca gostei de rodeios mesmo. Prefiro muito mais que vá direto ao ponto. E sobre você achar que deveríamos ser namorados, eu acho o mesmo.

– Esse foi o começo de namoro mais bizarro que poderia imaginar em ter. Mas não é como se fôssemos um casal típico.


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Notas finais do capítulo

Tenho palavras que ando guardando para o fim da fic, como um agradecimento. Mas tem coisas que não consigo mais segurar, que preciso me abrir aqui para vocês.
Clarice me tira o sono, sério. Quando decidi elaborar essa fanfic ela foi meio que um desabafo, um espaço em que posso expressar tudo que sinto. Nem de longe sou Clarice. Gostaria de ser, aliás, mas nem de longe tenho a atitude dessa garota, a complexidade e a coragem.
Digo isso porque eu falei para meu amigo três horas da manhã no Skype que queria ser Clarice. Dei esse nome a ela porque parece que só mulher fodas tiveram esse nome. Meu amigo falou que eu era Clarice no final, porque ela nasceu de mim. Não sei.
Quero dizer, coloco muito de mim nela. Coloco meus sonhos nessa garota (fotografia e cinema são uma das minhas maiores paixões), os medos e principalmente os defeitos. Óbvio que não passo pelos mesmos problemas que ela e nem de longe é autobiográfico. Clarice não é meu alter ego. Clarice talvez seria meus principais sentimentos em forma mais intensa, lúdica e encarnada em outra pessoa.
Faz um mês que completei quinze anos. Clarice tem dezenove. Clarice viajou para vários lugares, eu nunca fiz isso (ainda). Clarice tem medo de seus sentimentos, por mais que tenha controle sobre eles, e acho que essa é a principal característica que dividimos. Frederico pode ter a aparência física do garoto que me apaixonei, mas não é a mesma pessoa. Provavelmente a única coisa que os dois dividem é a nerdice e a paixão por fotografia e cinema. A maior diferença é que Frederico nunca teve coragem de seguir esse sonho. O garoto que serviu de inspiração para ele sim.
Onde estou querendo chegar é que essa fanfic é uma terapia, e eu escrevo quando preciso extravasar. Ela serviu como auxílio para meu autoconhecimento pós-coração partido e serve como o modo mais próximo de mostrar coragem. Acredito que escrever seja a maior demonstração de coragem que uma pessoa pode ter. Quando escreve você se coloca em uma situação delicada, onde todos seus sentimentos estão abertos para quem quiser ler. Escrever é liberdade, e Clarice é a minha maior forma de dar asas aos sonhos. Meus sonhos de conhecer o mundo, de conhecer pessoas, de morar em São Paulo. Pois é, eu mal conheço essa cidade que é plano de fundo da história. Moro no interior de SP.
Acho que ja falei demais, me desculpem. Reviews?