Quero que você conheça meu mundo escrita por River Herondale


Capítulo 12
Pensando alto


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)



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Clarice abriu a porta do apartamento e Frida veio correndo aos pés deles. Frederico fez carinho na cabecinha dela.

– Oi fofinha!

– Essa aí é Frida, cachorra da minha amiga Tati. Por favor, sinta-se à vontade enquanto pego meu notebook.

– Ok. – Frederico se sentou na ponta do sofá e ficou observando a decoração da sala. Era bem bonito.

Clarice voltou e se sentou ao lado com o notebook no colo.

– Bem, aqui está o arquivo e o roteiro que ando escrevendo. Você pode dar uma olhada enquanto troco de roupa. Não tem problema você chegar tarde na sua casa, né?

– Não, eu só preciso inventar uma desculpa que fui em alguma balada com o Bento e ele ficou bêbado demais. – Frederico disse meio nervoso. Como assim chegar tarde? Uma onda elétrica passou por todo o seu corpo.

– Ah, ótimo. Já volto. – ela saiu correndo. Frederico começou a ler as anotações, o nome dos personagens, as descrições.

Quando ela voltou, vestia com uma regatinha e shorts de pijama, o cabelo ainda no coque. Frederico ficou embasbacado em como ela poderia ficar tão linda em uma roupa tão simples.

Clarice se sentou ao lado dele e se inclinou para a tela do notebook.

– E então? O que está achando?

– Sua ideia é bem boa, de verdade.

Clarice sorriu.

– Mesmo assim sinto que não é suficiente. Você entende isso?

Frederico não queria observar o roteiro naquele momento, mas sim ela. Clarice e os fios insistentes em sair do coque no alto da cabeça, Clarice e o batom desbotado na boca, Clarice de pijama na sua frente. Acredite, o roteiro era muito interessante e empolgante, mas Clarice... Clarice materializava tudo o que ele poderia sentir ao mesmo tempo.

– Entendo, claro. – Frederico disse por final, ao perceber que estava em meio de devaneios.

– Tem um personagem em questão que anda me tirando o sono. Como ele é homem, eu acho que preciso de uma visão masculina para criar sua personalidade e tal.

– Você quer fazer isso agora?

– Tem algum problema?

– Não, não. Podemos fazer isso.

É engraçado como as coisas fluem naturalmente quando se está fazendo algo que gosta e com quem gosta. Quando Frederico percebeu a Clarice já tinha colocado música no Home Theater, uma playlist recheada de Matt Corby, Kodaline, Bon Iver e Jake Bugg. E então estavam salvando imagens inspiradoras dos anos 60 e também algumas imagens de homens que passavam a essência do tal personagem que construíam. Juntos eles escreviam a personalidade e motivações do personagem e sua relação com a personagem principal. Frederico sorria, o tempo parecia não passar, os problemas pareciam inexistentes. Ele estava feliz.

Frederico estava terminando de escrever uma frase no notebook quando seu telefone começou a tocar.

– Porra, é meu pai.

– Vai atender?

– Como assim já são duas e doze da manhã? Nem vi o tempo passar!

– Frederico, vai atender ou não?

– Calma! Não, não posso. Eu digo que não ouvi nada já que estava na balada e o som é alto.

Clarice que estava sentada ao seu lado no sofá, suspirou.

– Desculpe se te coloquei em encrenca.

– Como se você se importasse. Já percebi que você adora foder minha relação com meu pai.

– Como se já não estivesse fodida. – ela sorriu ironicamente. - Ai meu Deus, está ouvindo?

– O quê? – Frederico se assustou com o pulo que Clarice deu no sofá.

– A música que começou a tocar agora! É tão linda que até me dá fé no amor.

Frederico prestou atenção na música. Era Ed Sheeran. Thinking Out Loud.

– Dança comigo? – ela pediu e se levantou do sofá, puxando a mão dele.

Ele se levantou e sentiu a mão dela tocar em seu ombro, e seu rosto se aconchegar em seu peito. Ele levou suas mãos na cintura dela e se sentiu conectado. Era bom. Ele que nunca gostara de dançar estava achando bom. Provavelmente estava gostando porque ninguém o observava e estava confortável com alguém que gostava.

– Eu sempre quis dançar essa música. É tão linda. - Clarice sussurrou.

– Você é tão linda.

A música tocava alto pela sala. Frederico fechou os olhos para ouvir.

People fall in love in mysterious ways

Maybe just the touch of a hand

Me, I fall in love with you every single day

Ele queria mais do que tudo beijá-la. Queria mais do que beijar, ele queria tanto. Mas como? A coragem não vinha. Clarice costumava tomar os primeiros passos, mas até agora ela não havia manifestado esse tipo de amor. Por quê? Será que ela não sentia o mesmo por ele? Ele tinha medo. Ele não queria perder uma amizade, mas mesmo assim ele não queria apenas ser amigo dela.

A respiração dela contra seu peito, a música, a loucura que a madrugada desperta nas pessoas. Tudo isso contribuiu para que ele criasse a coragem necessária e beijá-la.

¨¨¨

Clarice curtia o momento. Seus olhos estavam fechados, ela se levava pela música incrível de Ed Sheeran e o corpo de Frederico grudado no seu. Então ela sentiu a mão dele tocar seu queixo. Ela abriu os olhos e encarou os olhos cor da meia-noite de Frederico. Ela sabia o que fazer, e ele também. Era automático, não dava tempo para pensar. A boca dele foi de encontro com a dela. Era suave, protetor. Não tinha pressa no toque. Era delicado. O beijo tinha uma delicadeza que parecia que estavam beijando bonecas de porcelana. Frederico passava uma calmaria e paz que Clarice nunca tivera dentro de si. Mesmo que ela se recusasse a se apaixonar, esqueceu disso. Já estava acontecendo. Ela por fim colocou sua mão no pescoço dele e tomou a iniciativa de beijar com mais intensidade. Ele segurou a coxa dela com força, e eles já estavam entrelaçados um no outro. Frederico acabou empurrando-a até a parede, onde os beijos saíram da boca e foram para o pescoço e clavícula.

Clarice não queria pensar. Não queria saber de como seria dali em diante. A sensação de beijar era bom, e o que mais importava? A vida é curta demais para se repreender de fazer algo bom por tão pouca coisa.

Estavam no chão. Clarice não sabe como, mas já tirava a camiseta de Frederico enquanto ele tirava o cabelo dela da frente do rosto. Ele olhou para ela hesitante enquanto olhava os seios dela, e ela fez que sim com a cabeça. Pegou a mão dele e levou até seus seios, por baixo da blusa, mas por cima do sutiã, e então sentiu ele segurar suavemente, apertando devagar. Ele claramente estava gostando daquilo.

– Nunca apertou um peito na sua vida? – ela ironizou quando ele tirou sua boca da dela. Ele apenas deu uma risadinha fraca, e voltou a beijar.

– Você é linda.

Antes que ela pudesse pensar em dizer alguma coisa o telefone de Frederico tocou novamente. Ele parou o beijo e a mão e olhou para ela, assustado.

– Acho que é seu pai.

– Ele já deve estar bravo mesmo, não vou atender.

– Frederico, para. Acho que já é hora de você ir.

Um olhar de decepção passou no rosto dele. Era triste vê-lo assim, mas Clarice não queria prosseguir o que estava rolando. Não ainda. Ela precisava colocar os pensamentos no lugar porque... poxa, aquele era Frederico! Ele era importante demais para ela.

– Ok, já estou indo. – ele levantou de cima dela e caminhou até seu celular. Parecia meio irritado.

– Ei! Depois a gente continua.

Ele estava na frente da porta para ir embora. Clarice se levantou e abriu a porta para ele.

– Se você diz. – ele deu um beijo rápido na boca dela e saiu. – Te mando mensagem de manhã.

– Tudo bem. Ah, e você é bom com as mãos. – ele deu risada, provavelmente lembrando de como tocou nos seios dela.

¨¨¨

Clarice deixava ele louco. Enquanto dirigia seu carro para ir embora, a única coisa que pensava era ela, e a cor de seus olhos, e o sabor de seu beijo e em como seu corpo se movia enquanto dançavam. Nem parecia que fora no mesmo dia em que ele haviam ido ao boliche ou escrito um pouco do roteiro do filme.

Eles não haviam transado. Não haviam ficado pelados nem nada. Mas a energia que passava entre os dois era forte. Frederico queria mais, queria toda a Clarice. Ela era a pessoa mais interessante que ele já conhecera.

Mesmo assim tinha medo; medo de não ser o suficiente para ela.

Devo ter um fetiche por essas garotas extremamente independentes, com personalidades fortes, que parecem não seguir regras, Frederico pensou. Estacionou o carro no estacionamento do prédio e subiu pelas escadas para o apartamento. Seu pai estava sentado na poltrona e virou-se bravo.

– Estava preocupado.

– Eu estou bem, ok? Vou tomar banho.

– Te liguei um monte de vezes! Poderia ter mandado pelo menos uma mensagem. - Dr. Leonardo era inflexível.

– Pai, eu fui em uma festa com o Bento, só isso. E ele estava meio bêbado e levei ele embora. Relaxe.

– Só o Bento?

– Sim, por quê?

– Não sabia que Bento usava batom e te beijava no pescoço.

Frederico se virou para o espelho que ficava na sala e viu que tinha uma mancha bem fraca de batom no pescoço. Ele tampou a mancha com a mão e se virou para ir ao banheiro.

– Pode dormir pai, desculpe se te deixei preocupado.

Do banheiro ele ouviu o pai gritar:

– Finalmente saiu pegar alguém! Já estava desconfiando de sua sexualidade.

¨¨¨

Clarice odiava se sentir daquele jeito.

Ela estava sozinha na casa, o calor do corpo de Frederico ainda presente em si. Ela suspirou. Estava confusa com todos os sentimentos que a atingiam, sentimentos que há tempo não sentia e sentimentos novos.

Ela rapidamente arrumou a sala que estava levemente bagunçada e foi tomar banho. A água caia refrescante em todo seu corpo, e como era começo de outono o clima estava bom. Ela fechou os olhos e a única coisa que ela conseguia pensar era em Frederico. E era exatamente isso que ela odiava. Odiava gostar tanto das pessoas porque tinha medo de se decepcionar. Odiava gostar tanto das pessoas e então perde-las. Ela tinha experiência nisso, e a aversão por relacionamentos nasceu.

Seu avô. Infelizmente a memória dele vinha nos piores momentos. Os olhos verdes do velho simpático, sua barriga de Papai Noel e o cabelo branco. Seu avô que a levava na escola, ia nas reuniões de pais e comprava tênis novo todo ano antes das aulas começarem. O homem que dava o amor que ela não sentia de mais ninguém, que ensinou a ela a importância das sensações e memórias, não de bens materiais. Era um homem a frente do seu tempo, um homem sábio, e que se foi. Clarice quando recebeu a herança ainda não podia usufruir do dinheiro, já que era menor de idade. Quando completou dezoito anos usou o dinheiro para fazer o passaporte, tomar as vacinas para as viagens e uma nova câmera fotográfica melhor. Ela não sabia se seu avô acharia sábio as decisões dela, mas ela sabia que ele prezava pelo conhecimento e liberdade. Viajar daria isso a Clarice.

Eles eram tão iguais. Seu avô fazia aniversário uma semana depois dela, por isso Clarice sempre ficava triste quando seu aniversário estava próximo.

Ela saiu do banho e colocou o pijama de volta. Estava se olhando no espelho enquanto amarrava o cabelo para não atrapalhar na hora de dormir, e foi tento a consciência de seu corpo, o toque de Frederico em sua coxa morena, nos seus seios que ela odiava quando mais nova por serem um pouquinho maior que o das amigas da época. Ele tinha conseguido fazer com que ela se sentisse realmente bonita. O fato era: ela passava a confiança por atos, conversas, flerte. Não usava o corpo no jogo. Ela gostava realmente da ideia de conquistar as pessoas pela personalidade primeiro.

Como Tati não chegaria cedo ela decidiu dormir no quarto da amiga. Não que ela ligasse em dormir no colchão e na sala, mas fazia um tempo que não sabia o que era dormir em cama, muito menos em uma cama de casal como da Tati. Ela se deitou e quando menos percebeu dormiu.


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Notas finais do capítulo

Yaaaay, decidi apimentar essa relação e andar mais um passo. E agora, o que será que vai dar nesses dois? Quero reviews com teorias, opiniões, tudo! Beijoooos http://clariceefrederico.tumblr.com/