O Redemoinho em Direção ao Sol escrita por Edge Windsor


Capítulo 3
Capítulo 2: O Redemoinho


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo familiar. Esses capítulos servem para dar ma abertura a aventura. Primeiro preciso apresentar pequenas situações e mostrar pequenas previsões do desfecho da história. Esse capítulo não será diferente.

Espero que ele os agrade. A mim agradou, mas acho que sou meio suspeito para falar, né?
Boa leitura!



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Em outro local de Konoha. Atrás de um grande muro se escondia um distrito inteiro com casas no estilo tradicional japonês. Todas as casas tinham um símbolo que distinguia o clã que ocupava aquela área. O símbolo de uma chama vermelha num círculo amarelo. A representação do símbolo do maior clã de todos. O clã Hyuuga.

Porém havia outra divisão ainda dentro do clã. Na primeira parte do Distrito Hyuuga ficavam as casas pertencentes aos membros da Bouke. Logo atrás tinha outro muro que fazia uma nova divisão. Atrás dele se encontrava a Souke. Várias casas enormes e belas em estilo tradicional, mas todas perdiam o brilho perante a casa que ficava mais ao fundo. De frente ao largo caminho de pedras ficava uma mansão também em estilo tradicional que parecia-se com um palácio imperial. A casa destinada a uma única família. A casa do líder do clã, Hyuuga Hiashi.

Ao fundo da residência, um belo jardim de primavera parecia exalar uma paz incrível. Reconfortante. Num banco frente a um pequeno e belo lago, uma linda moça observava os peixes nadarem no mesmo. Ela vestia um tradicional kimono roxo com detalhes floridos. Digno de uma princesa. Uma moça de cabelos longos num tom azul escuro. Ela observava dois peixinhos em particular. Um peixe um tanto exótico que ela nunca havia visto. Seu primo que o trouxera. Ele ganhou como agradecimento depois de uma missão. Era um peixinho dourado. E um outro peixe de coloração preta.

Hyuuga Hinata sempre ficava naquela área observando, às vezes o nada ou simplesmente observando seus pensamentos e vendo o que se passava em sua mente. Tudo que via era uma escuridão terrível e um grande vazio e solidão. E quando se perguntava o motivo disso, a figura de um rapaz risonho de cabelos loiros e espetados, tão dourados quanto o peixe que pulava no lago, surgia em sua mente. Mas quando abria os olhos percebia exatamente o motivo da solidão. Ele estava presente apenas em seus pensamentos. Ele estava sempre distante. Seu amado Naruto.

Ela voltou sua atenção para o lago. Percebeu que o peixinho dourado não se encontrava no mesmo novamente. Ele estava num das margens fora da água se debatendo. Hinata correu até ele para retorná-lo a água. Mas sempre que tentava pega-lo ele saltava da sua mão e tentava sozinho voltar até que conseguiu.

 

- Você é tão forte e determinado quanto ‘ele’. – Hinata voltou sua atenção para o outro peixinho – E você é tão covarde quanto eu.

 

Ela viu que os peixes, apesar de suas diferenças, nadavam graciosamente juntos depois de um tempo próximos. Eles brincavam e saltavam no lago um ao lado do outro. Depois de ver aquela cena, ela fitou o céu, pensando.

 

- “Seria isso um sinal?!” – ela voltou a olhar os peixes – “Deveria eu tentar me aproximar dele?!... Não. Eu não sou tão corajosa assim. E... Não é tão simples. Não comigo.” Você é livre peixinho. – disse ela observando os peixes a nadar – Eu não. Eu nunca serei livre aqui.

 

Ela se voltou para a casa e caminhou em sua direção. Estava apenas ganhando tempo. Agora teria de voltar aos treinos com o pai para se tornar uma líder logo. Aos 18 anos ela começou a ficar a par de suas obrigações e participar das reuniões. Aos 19 iria ajudar o pai a governar e até tomar algumas decisões. E aos 20 assumiria o clã por completo. Teria o pai como conselheiro até que se casasse. Assim o marido assumiria a maioria dos deveres, como queria o conselho.

Porém Hinata não queria nada disso. Mas ela estava presa as amarras do destino. Presa a sua in-sorte de ter nascido primeiro que sua irmã. De ser filha do primogênito. De ser a herdeira legítima do clã. De ser odiada por todos do seu próprio clã. E menosprezada e humilhada pelo próprio pai.

Caminhava lentamente pelo corredor que levava ao escritório do líder. Seu pai. Era o percurso mais doloroso que ela enfrentara em toda a sua vida. E todos os dias, tinha de percorrê-lo.

Parou frente à porta. Encarando-a. Receosa se deveria entrar ou não. Com certeza não viria nada de bom daquela conversa.

 

- Entre Hinata. – uma voz se fez ouvir atrás da porta.

 

Hiashi chamava pela filha do lado de fora. Ele não sugeria ou pedia. Sua voz era inflexível. Era uma ordem.

Hinata entrou timidamente e cabisbaixa. Parou frente à mesa do pai, se ajoelhou e se curvou perante sua presença até encostar a testa no chão. Hiashi a encarava naquela posição de submissão. Parecia pensar em alguma coisa. Mas não demonstrava absolutamente nada.

 

- Levante-se, minha filha. – ordenou ele.

- Sim, meu pai. – disse Hinata se erguendo.

- Tenho uma tarefa simples para você. Espero que você seja capaz de fazer ao menos isso.

 

Hiashi se referia ao fato de Hinata não ser capaz de derrotar Neji e tampouco Hanabi durante os treinos. Ela não nem chegava a ser um desafio para o primo. E também dela ter errado um dos cálculos enquanto fazia a contagem da entrada de renda do clã naquele mês. O erro gerou uma grande confusão e os cálculos tiveram de ser refeitos por Hiashi.

 

- S-Sim. P-Pai.

- Quero que peque os relatórios das missões ninjas dos membros do clã com Tsunade-hime.

- Sim. Pai.

- Eu já conversei com ela que já deixou tudo arrumado. Tudo o que você precisa fazer é pega-los e trazer até a mim. Você consegue fazer ao menos isso?! – Hiashi fazia questão de humilhá-la insultando sua inteligência e capacidade. Porém Hinata não reagia a nada.

- “Reduzida a uma simples entregadora. A uma mera garota de recados.”

- Entendeu?

- S-Sim!

- Então vá.

- Mas agora pai. Já é quase dia alto. Eu não poderia comer primeiro.

 

O comentário e o pedido deixaram Hiashi extremamente furioso. Ele se ergueu da cadeira ferozmente e bateu a mão na mesa. Instantaneamente Hinata se ajoelhou e se curvou voltando a encostar a testa no chão.

 

- Eu lhe dou uma simples tarefa e você ainda reclama?! Humf. Eu não esperaria mais de você. Faça como quiser. Busque até amanhã se preferir. Faça o que mais lhe agradar. Afinal. Eu só precisava repassar esses dados ainda hoje para as famílias e divisões que vivem fora de Konoha mesmo.

 

Hiashi tinha uma forma cruel de torturar a mente de Hinata. A fazer se sentir culpada por ser fraca e fazer com que outros paguem por seus erros e falhas.

Hiashi contornou a mesa e saiu calado da sala deixando Hinata, ainda curvada, sozinha para trás. Logo que o pai saiu Hinata começou a chorar. A posição curva se mantinha, mas por não conseguir se erguer depois de toda essa humilhação. O pior era que Hinata achava que merecia tudo aquilo.

Minutos depois ela se levantou e saiu da sala. Se trocou no quarto vestindo sua roupa de treino. Passou pela cozinha onde seu primo Neji almoçava.

 

- Hinata-sama. Você não vai comer agora? – perguntava Neji com uma ponta de preocupação.

- Não, Neji-niisan. Vou resolver algo antes. Depois eu como alguma coisa.

- Hiashi-sama lhe passou uma tarefa no horário do almoço novamente não foi?

- Não é nada demais. Só pegar uns relatórios com a Hokage-sama.

- Hinata-sama. Esses relatórios devem ser assinados um por um pela Hokage na hora da entrega ao membro do clã. Eu sei, porque, antes, eu os pegava. Você ficará lá por pelo menos 3 horas.

- Não tem problema Neji. – dizia ela sorrindo docemente – Eu agüento.

 

Hinata já ia se dirigindo a saída quando sentiu a mão de Neji lhe tocar o ombro. Ela se virou. E pra sua surpresa Neji segurava um pequeno pote dentro de uma bolsa.

 

- Caso sinta fome. Coloquei um pouco a mais para a Hokage-sama caso ela queira.

- Neji. Não prec...

- Não. Leve. – disse ele ainda de forma inflexível.

- Obrigada, Neji-niisan. – agradeceu sinceramente Hinata pelo bom coração do primo. Agradecia por ter pelo menos uma pessoa no clã que se importava com ela. Mesmo que fosse somente o seu dever.

 

Hinata pegou uma maçã antes de partir. Saiu dos domínios do clã apressadamente. Queria acabar logo com isso. Depois pretendia visitar sua antiga sensei, Kurenai. Adorava conversar com ela. Kurenai era como se fosse uma mãe pra ela e seu filho um irmão mais novo.

 

**********************************************************************

 

Sakura caminhava lentamente pelas ruas de Konoha. Ainda estava pensativa sobre certos assuntos. Estava completamente envolvida em seus pensamentos que nem notou o caminho que tomava e tampouco ao lado de quem passara.

 

- Ora, ora, ora. Se não é a Sakura testa-de-marquise. Nem enxerga os outros mais. Ou essa testa enorme tampa sua visão?

 

A tão ofensiva e debochada forma de se referir a sua pessoa fez com que Sakura saísse imediatamente de seus pensamentos voltando para a realidade.

Ela não precisava tentar identificar a voz daquela que a chamava, tampouco olhar seu rosto para saber de quem se tratava. Existia apenas uma pessoa em toda a Konoha que tinha a audácia de se referir a ela assim.

 

- Ora se não é a Ino porca-feia. Tão cedo e já está gruindo por aí. Não deveria estar chafurdando em algum lamaçal?

 

Ino estava em frente à loja de sua família. Estava vestindo uma roupa simples e um avental azul. Ela carregava um regador nas mãos.

 

- Quem você está chamando de porca, testuda.

- Não vejo nenhuma outra porca por aqui, Ino.

 

Faíscas saiam de seus olhos se chocando no ar. As duas pareciam a ponto de começar uma sangrenta batalha. Quando, do nada, elas começaram a rir juntas. As brigas e ofensas mútuas eram como um simples “oi” para elas. Apesar de rivais, elas sempre foram amigas e continuavam assim até os dias de hoje.

 

- E então Sakura. Também de folga do hospital, não é?

- Também?

- Sim. Eu fui convocada pra uma missão e então tive três dias de folga para poder descansar. Mas é só eu ficar em casa alguns dias que minha mãe me coloca pra trabalhar na floricultura. – disse a jovem dando de ombros.

- Eu também tenho uma missão.

- Mas você não teria uma semana inteira de folga. Tanto do hospital quanto de missões. – falou a loira em tom de repreensão.

- Seria. Mas eu não poderia recusar essa missão.

- Sakura. Você anda muito sobrecarregada esses meses. Às vezes fica mais de 36 horas naquele hospital de plantão. – Ino tinha uma preocupação sincera.

- Bom assim. Pelo menos ocupo minha cabeça. – disse ela com um sorriso doce nos lábios.

- “Ocupa sua cabeça”?! Como assim? – Ino perguntou de uma forma maliciosa.

- Não é nada demais. Besteira.

- Ah Sakura. Você sabe que não consegue esconder nada de mim. Sabe que eu sei de todas as fofocas que rolam na vila. É o Sasuke-kun, não é? Vocês não se entenderam ainda? Se não o segurar logo algu...

 

De repente Ino sente uma mão envolver sua cintura e alguém a abraçar por trás. A familiar sensação e o ato um tanto ousado não surpreenderam a loira que sorriu ao receber um beijo no pescoço daquele que a abraçara de uma forma tão íntima.

 

- Amor. Já disse que não é pra aparecer assim e fazer essas coisas na frente dos outros. – disse a loira enrubescendo levemente.

- Mas... É você que me pede pra sempre aparecer dessa forma se possível. Principalmente na frente da Sakura-san. Diz que adora a cara de inveja que ela faz. – completou sorrindo.

 

Ino ficou com uma enorme gota na cabeça e extremamente constrangida pelo dito por seu então namorado.

 

- Às vezes essa sua sinceridade e esse seu sorrisinho falso me irritam. – sibilou por entre os dentes.

- To sabendo.

 

O rapaz mais uma vez abraçou a jovem Yamanaka a beijando nos lábios. Sakura estava um tanto constrangida por estar presenciando essa cena. Ela deu um pigarro alto para chamar a atenção de ambos para que se dessem conta novamente de sua presença e não levassem o ato um pouco longe demais.

 

- Como vai Sai-kun? – disse Sakura um pouco nervosa por interromper os dois.

- Bem. Mas e você Sakura-san? Faz algum tempo, não? – ele tinha seu típico sorriso falso.

- Muito tempo. Hehe. “E você não mudou nada” – pensou a kunoichi.

 

Sai vestia um uniforme da ANBU e trazia sua máscara de lado. Desde o fim da batalha contra a Akatsuki e Uchiha Madara e o desaparecimento de Danzou e da ANBU-Ne, que foi revelado o verdadeiro nome de Sai. Mas ele preferiu continuar sendo chamado assim. Foi com esse nome que ele conquistou amigos e descobriu seus sentimentos. Ele o tinha como um apelido. Hoje ele trabalhava como um agente ANBU, sob ordens da Hokage. E foi inocentado de qualquer acusação.

 

- Em serviço? – perguntou Ino percebendo o uniforme.

- Voltei hoje de uma missão. Resolvi passar aqui depois que soube que estava de folga do hospital. Estava morrendo de saudades.

- Eu também. – disse ela antes de beijá-lo novamente.

- Enquanto a você Sakura? Soube que vai sair em missão. Você e o Naruto-kun, certo? – perguntou Sai após se separar de Ino.

- Bem...

- Ahá. Então era isso. Por isso você estava tão pensativa e distraída. É porque vai sair em missão junto do Naruto. Ou seja. Terá de fazer a missão toda sozinha e ainda cuidar do Naruto. – disse a loira debochada e dando uma risadinha em seguida.

 

Sakura pareceu visivelmente irritada com o comentário de Ino, mas não demonstrou isso. Porém, Sai, sempre atento, percebeu um leve descontentamento na face de Sakura.

 

- O Naruto não precisa que ninguém tome conta dele em nenhuma missão. Melhor do que eu. Melhor do que qualquer um em Konoha. Ele sabe se virar muito melhor que muito ninja da vila sozinho. Ele sempre se virou sozinho. – respondeu ela secamente.

- Me desculpe Sakura. Eu só estava brin-

 

As desculpas de Ino foram interrompidas por uma conversa alheia de duas jovens que passavam pela rua. Elas falavam um tanto alto demais.

 

- Você não sabe quem eu acabei de ver saindo do mercado.

- Não me diga que...

- O Sasuke-kun.

- Ai meu deus. Ele é tudo de bom. Como eu adoraria colocar as mãos naquele moreno.

- Mas você não sabe quem estava com ele. Aquele loiro de olhos azuis maravilhoso do Naruto-kun.

- Nossa. Eu me arrepio só de olhar naqueles azuis profundos. Eu adoraria pegar qualquer um dos dois.

- É. Mas o Sasuke é um Uchiha. Eu não casaria com ele nunca.

- Tampouco eu. Seria só diversão. Mas o Naruto-kun por outro lado.

- Seria perfeito, se não fosse aquela coisa.

- Nossa! Imagina acordar do lado de um monstro toda a manhã.

- Acordar. Eu não conseguiria nem dormir. Teria medo de fechar os olhos perto dele. Nunca se sabe, né?

- ...

 

E a conversa das duas seguiu enquanto seguiam o seu caminho. Deixando pra trás uma Ino abatida, um Sai preocupado com a forma como seus amigos eram vistos e uma Sakura profundamente irritada pelo que seus ouvidos escutaram.

 

- Sakura. Eu sinto muito que tenha ouvido isso. – disse Sai sabendo o que a ex-companheira de time pensava.

- Eu também sinto que tenha pessoas na vila que pense desse jeito. – disse em resposta começando a se acalmar.

- É. Vocês têm razão. Não tem nada a ver. Imagina. O Sasuke-kun pode ter feito aquelas coisas, mas ele já se arrependeu e sabemos que ele não teve e nem tem nenhuma ligação com o tal do Madara.

- É verdade. – disse Sakura perdendo o interesse no assunto.

- Mas enquanto ao caso do Naruto...

 

A expressão de fúria voltou a face de Sakura. E mais uma vez isso não escapou aos olhos treinados de Sai.

 

- Sabe. Acontece que o Sasuke-kun pode reverter a situação do seu clã, mas o Naruto... Bem. Ele está preso a... Aquilo.

 

- Ino. Acho melhor você n... – Sai tentou pedir que Ino se calasse, mas foi silenciado pela namorada,

- Não Sai-kun. Deixe-me concluir meu pensamento.

 

Ino não havia percebido o olhar assassino de Sakura. E o pior é que ele estava direcionado a ela.

 

- Infelizmente eu tenho que concordar com elas. Segundo a revista Shinobi, o Naruto foi considerado um dos mais bonitos ninjas solteiros de Konoha, mas pra casar... Não dá pra imaginar se casar com ele com um monstro daqueles vivendo dentro dele.

- Ino. É melhor você parar.

- Parar com o que, Sai-kun?

 

Ino voltou-se para Sakura novamente. Foi quando ela percebeu uma aura assassina emanando da amiga e uma expressão nada satisfeita em seu rosto.

 

- Escuta aqui porquinha. O Naruto-kun não é um monstro. Ele é um homem honrado e bom. Já demonstrou isso quando salvou a vila várias vezes e a vida dessas mesmas pessoas que hoje ainda o olham com desprezo e o tratam como um monstro. Ele é muito mais humano que muita gente que vive aqui. E essa tal revista é escrita por idiotas pra pessoas mais idiotas ainda. E eu não permitirei que falem mal do meu amigo na minha frente. Ninguém tem o direito de falar qualquer coisa dele.

 

Dito isso Sakura se virou e voltou a caminhar pesadamente rumo a sua casa. Deixando Ino completamente sem rumo encolhida nos braços de Sai.

 

- Nossa. O que aconteceu com ela? Foi algo que eu disse?

- Bem que eu tentei avisar.

- Não entendi o porquê dela ter ficado tão bolada com o que disse do Naruto.

- Sabe Ino. Quando eu estava no mesmo time que o da Sakura-san e do Naruto-kun, sempre que eu falava algo dele, ela ficava um pouco irritada e, às vezes, esmagava árvores ou socava meu rosto.

- Mas porque tanto. Seria assim se eu tivesse falado do Sasuke-kun. Afinal a Sakura é apaix...

- Entendeu agora?

- Não me diga que a Sakura está...

- Bem. Como você mesma disse, ela só agia assim quando falava do Uchiha-san porque ela era apaixonada por ele. Se ela agiu assim por você falar aquelas coisas do Naruto, isso significa que...

- Isso não pode ser verdade!

- É o que parece, não é?

- Mas... Mesmo assim.

 

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- Espero que tenha entendido bem sua missão Kakashi.

- Hai Hokage-sama... Mas...

- Eu sei que parece preocupante. Mas ele desapareceu sem deixar nenhuma pista. E a maioria de seus subordinados desapareceu junto.

- Será que o garoto não teria uma idéia de seu paradeiro?

- Não. Sai já disse tudo que sabia e sua mente foi sondada pelos Yamanakas. Checamos todos os locais dados por ele, mas não encontramos nada.

- Entendo. Mas ele se manteve parado por mais de dois anos desde a sua traição. Por que acha que ele pode estar tramando algo logo agora?

- Por que eu o conheço. E porque tive um mau pressentimento. – disse ela olhando um anuncio no jornal que mostrava o vencedor de um sorteio. O nome dela foi o vencedor.

- Então partirei antes do amanhecer.

- Lembre-se. Você tem cerca de duas semanas. Depois eu tenho outra missão de estrema importância. Pelo menos para tirar os conselheiros do meu pé.

- Como quiser Hokage-sama. – dizendo isso Kakashi desaparece em fumaça.

 

Tsunade se ergueu e caminhou até a janela e ficou fitando os rostos dos Hokages. Olhou a todos parando sobre a face do Yondaime.

Shizune que estava na sala e permanecia calada se pronunciou.

 

- Tsunade-sama. Tem certeza mesmo.

- Hai. – disse Tsunade ainda fitando o rosto esculpido na rocha.

 

Shizune também olhou para o monumento. Logo após constatar o que Tsunade provavelmente pensava voltou a se pronunciar.

 

- Quando pretende contar a ele? Digo. Deixar que ele saiba da verdade. Descubra seu passado.

- Não sei Shizune. Nem sei se ele deveria saber algum dia.

- Entendo. Mas se eu estivesse no lugar dele. Preferiria saber da verdade. Por mais dolorosa que ela possa ser.

- “E eu preferiria contar tudo a ele. Mas eu sou apenas a Hokage. Não posso tomar essa decisão sozinha. Nem eu tenho essa autoridade.” – pensara a mulher colocando uma mão sobre o vidro da janela.

- Então eu irei ver como andam as coisas no hospital já que nem Sakura e nem Ino estão por lá hoje.

 

Tsunade nada disse. Apenas balançou a cabeça positivamente. Assim a “jovem” secretária sai porta a fora, deixando Tsunade sozinha na sala.

 

- “Boa sorte Kakashi. Você foi um dos melhores subordinados dele. Só você pode fazer isso.” – Tsunade se sentou novamente folheado o jornal e vendo mais três outras premiações da loteria em que ela ganhou o prêmio máximo sozinha em cada um deles – “E esse pressentimento foi mais forte do que jamais senti” – pensou ela tornando a fitar os rostos de pedra – Jiraiya. Se pelo menos você estivesse aqui. – terminou sussurrando.

 

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A tarde chegava a Konoha. As aulas na academia estavam prestes a acabar. Essa era a hora de maior ansiedade para os pequenos konohas.

Algumas pessoas voltavam de seus trabalhos, enquanto que outras crianças, que ainda não estavam na academia ou não tinham a pretensão de se tornarem ninjas, brincavam na rua.

Caminhando lentamente pelas ruas um pouco movimentadas, estava uma jovem de cabelos azuis carregando uma pequena pilha de pastas. Ela caminhava lentamente enquanto examinava curiosa o conteúdo de uma delas.

Hinata estava até a alguns minutos atrás no escritório da Hokage esperando que a mesma conferisse e assinasse cada documento referente as missões e orçamentos de cada um dos membros do clã que estão a serviço de Konoha. O lanche preparado por Neji foi devorado por Tsunade, Shizune e Ton Ton. Hinata não quis saborear dos quitutes no pequeno pote preparado por seu primo especialmente para ela. Mas estava feliz por ajudar a Hokage que tanto trabalhava com tantos documentos.

Ela estava para virar uma esquina, enquanto mantinha os olhos no documento, que nem pode ver que outra pessoa ainda mais descuidada surgiu dela bem a sua frente. O choque foi inevitável e ela foi ao chão derrubando todas as pastas e tendo sua queda amortecida por aquele que a derrubara, inconseqüentemente.

 

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- Kuso! Kuso! Kuso!

 

Um jovem loiro de olhos azuis xingava, enquanto passava correndo pelas ruas de Konoha, indo em direção ao escritório da Hokage. Naruto corria o mais rápido que conseguia e desviava como podia das pessoas.

 

- Aquele Teme. Ele ficou me segurando lá na casa dele contando das missões que fez e dos inimigos que enfrentou. Eu enfrentei e venci inimigos duas vezes mais fortes, duas vezes mais rápido e duas vezes mais fácil que ele. – resmungava em meio a corrida.

 

 Naruto parecia um pouco irritado, mas isso se dava pelo medo de encarar sua vovó enfurecida e provavelmente a Sakura também no mesmo estado.

 

- “Kuso! A Sakura-chan vai arrancar meu fígado e servir pra vovó comer com cebolas. Preciso me apressar.”

 

Porém ele virou uma esquina tão abruptamente que não pode ver o que surgiu a sua frente. Assim que ele virou a rua viu surgir uma pessoa que mantinha seu olhar sobre uma pasta. Isso foi tudo que ele pode perceber. No mesmo segundo eles se chocaram. A velocidade que Naruto corria era tanta que não possibilitou que ele pudesse se desviar. E a força do choque foi tão grande que ele lançou em quem trombara a uma distância de quase três metros.

Naruto foi ao chão com um baque surdo. Acabou levando a pessoa que atropelara junto dele abraçando-a. Fazendo que amortecesse a queda da mesma.

Hinata se recuperava do choque e do tombo. Sentia-se bem. Ela acabara caindo sobre a imprudente pessoa que lhe lançou ao chão. A mesma mantinha um de seus braços enlaçados em sua cintura. Sua testa era a única área de seu corpo que doía. Devido ao choque ela acabou batendo-a na testa da outra pessoa. Seu rosto estava repousando no peito daquele ser. Ela pode perceber que se tratava de um homem.

Naruto ainda estava com uma mão envolta da cintura daquela pessoa. Foi quando sentiu sua testa doer. Rapidamente levou a outra mão livre a ela sentindo imediatamente a dor.

 

- Aiaiaiaiaiai! Minha testa. – gritou quase escandalosamente o loiro. Seja lá quem fosse que ele houvesse derrubado com certeza ouviria.

 

Ao ouvir aquela voz que tanto a inebriava Hinata enrubesceu drasticamente. Por um momento sua mente lhe possibilitou dele apenas a ver no chão. Mas logo que seus ouvidos confirmaram a posição dele ela quase desmaiou. Tudo que pode dizer foi um sussurro quase inaudível.

 

- N-Naruto-kun...?

 

Ao ouvir aquela voz tímida, sussurrando o seu nome quase inaudível, Naruto pode reconhecer quem era. Apesar das poucas vezes que se viam ou se falavam, ele reconheceria em qualquer lugar aquela vozinha tremida gaguejante sempre que se dirigia a sua pessoa. Ainda mais depois que ele descobriu um detalhe interessante sobre ela.

 

- Hinata...?

 

Ele abriu seus olhos e voltou sua vista para baixo para poder visualizá-la. A cumplicidade do ato não poderia ser definida como nada mais que destino. Uma infeliz brincadeira do mesmo. Porém para ambos tal momento nunca poderia ser descrito como uma brincadeira. Instantaneamente Hinata também voltou sua vista aquele que pronunciara seu nome. olhando para cima.

Foi perfeito. Como se tivesse sido ensaiado. Os dois projetaram suas cabeças simultaneamente à frente.

Hinata e Naruto estavam mais próximos do que jamais estiveram. Agora eles tinham seus lábios colados ao outro. Em um leve beijo.

Em tão simples toque entre suas peles causou uma onda de sensações jamais sentidas por eles. Hinata sentiu seu peito se aquecer. Todos os pelos de seu corpo se ouriçaram. Um arrepio percorreu sua espinha e a fez se mover levemente estreitando o beijo. Suas forças foram sumindo. Como se fossem sugadas. Antes, quando desmaiava ao sentir a pele de Naruto tocando a sua, penava ser causada por sua timidez excessiva. Mas inconscientemente sentia que era mais. Muito mais.

Naruto por sua vez sentiu seu interior se encher de com uma força maior do que ele jamais sentiu. Uma paz o invadiu, fazendo seu corpo relaxar. O que permitiu que Hinata se aconchegasse sobre ele.

Eles permaneceram com os lábios colados por alguns segundos. Se separando apenas quando o ar faltou. Mesmo assim, após os lábios separados, continuaram na mesma posição, como se tivesse certeza de que fosse apenas um sonho. Ou como se desejassem que fosse e esperassem por algo mais. Segundos depois a confirmação de que era real chegou. Assim como toda a vergonha pelo ocorrido. De ambos.

 

- A... A... – a voz perecia faltar a Hinata – Ahhhhhhhh! – gritou a jovem tentando se erguer. Naruto se sobressaltou e ergueu-se abruptamente. Com o ato Hinata foi jogada para trás. A queda foi inevitável.

- H-Hinata. Você está bem?

- E-Estou. – ela se encontrava completamente rubra. Podia sentir sua face queimar. Naruto se encontrava igualmente corado.

- V-Venha. Deixe-me a-ajuda-la a se levantar. – ele estendeu a mão para ela.

 

Mesmo que completamente envergonhada ela aceitou. Ergueu-se vagarosamente até poder se sustentar nas próprias pernas. Tarefa incrivelmente difícil.

 

- Me desculpe Hinata. Foi sem querer.

- N-Não f-foi n-nada, N-N-Naruto-kun. – ela gaguejava ainda mais.

- Mas fui eu quem te derrubei. – ele preferiu não tocar no assunto do beijo.

- Não f-foi nada de mais, N-Naruto-kun. Mesmo. – disse se agachando e pegando as pastas que estavam espalhadas pelo chão.

 

Ela tentava de todas as formas evitar encará-lo. Tinha medo de desmaiar a qualquer momento. “Covarde!” Pensou ela. Naruto se agachou e passou a ajudar. Após ter todas as pastas nos braços novamente ela conferiu uma por uma para ver se não havia perdido nenhuma delas. Ao constatar que todas estavam ali, ela suspirou aliviada.

 

- Essas são as fichas dos Hyuugas, certo? – preferiu trocar de assunto.

- S-Sim. Eu fui pega-las com a Hokage-sama p-para atualizar as finanças do clã. –estava difícil se manter próxima a Naruto. As sensações ainda percorriam seu corpo.

- Espero que a vovó Tsunade não tenha lhe feito esperar muito. Quando se trata de assinar papeis ela foge o máximo que pode e enrola o quanto pode.

- Não. E-Ela foi muito c-correta.

- Ah bom. Ela costuma abusar um pouco das pessoas. Principalmente pessoas como você. Boas e prestativas.

- N-Naruto-kun! – o coração de Hinata disparou ao ouvir tais palavras – E-Eu...

- Sabe. Eu não a perdoaria se ela fizesse isso com você. – disse ele decidido e com um sorriso no rosto demonstrando sua tão inabalável confiança. – De todas as pessoas, com você eu não deixaria passar. – nem mesmo Naruto sabia por que havia dito aquilo. Apenas saiu.

- “Meus ouvidos só podem estar me enganando. Naruto-kun está dizendo que me quer bem? Será que essa é a hora... De eu me abrir a ele? Mas foi tão repentino. Bem, lá vai.” N-Naruto-kun. E-Eu queria t-te d-dizer que e-e-e-eu sempre t-t-t-te...

- Olha. Tem mais uma pasta ali. – interrompeu a confissão gaguejada apontando uma pasta aberta mais atrás de Hinata no chão, já correndo para pega-la.

 

No mesmo instante Hinata re-conferiu as pastas e constatou que aquela da qual Naruto falava era a que ela lia. A dele próprio. Ela havia pego a pasta e dado apenas uma olhada nela enquanto estava no escritório. Acabou carregando a pasta consigo. Foi apenas um impulso. Mas parecia que esse impulso lhe custaria caro.

 

- Aqui. Toma. – disse Naruto entregando a pasta fechada.

- O-Obrigada, Naruto-kun. – agradeceu completamente aliviada por ele não perceber – B-Bem. Até m-mais, N-Naruto-kun. – Ela já ia se virando para ir embora.

- Espere. – disse ele olhando a ficha sobre as demais – Eu reconheço essa foto... ... Ei. Essa ficha é a minha.

 

Hinata ficou extremamente envergonhada. A preocupação tomava de conta de seu peito. O que ele pensaria dela. Teria percebido algo. Teria ele notado os seus sentimentos. Ou ainda. Poderia ficar zangado com ela. A odiar. Brigar com ela. Todas essas possibilidades enchiam a mente de Hinata.

 

- Como será que ela foi parar junto às dos Hyuugas? – perguntava-se Naruto enquanto analisava o conteúdo da pasta.

- E-Eu... – Hinata queria se explicar, mas como dizer que ela o pegou, sem deixá-lo zangado ou deixar que seus sentimentos transparecessem.

- Não precisa explicar Hinata. Eu já sei o que ouve.

- S-Sabe? – Hinata se alarmou imediatamente diante das possibilidades que percorriam a sua mente.

- Sei. Com certeza a vovó Tsunade estava revisando minha pasta para a missão, quando você foi pegar as dos Hyuugas. Ela deve ter entregado a minha junto por engano. Ela costuma perder muitos papéis no meio daquela bagunça.

 

Era inegável que o que Naruto disse tinha alguma lógica. O escritório da Hokage era de fato abarrotado de papéis, pergaminhos e livros. Era um verdadeiro caos e muitas vezes ela perdia documentos por lá, aumentando o trabalho de Shizune e Ton Ton.

Hinata não queria que Naruto pensasse mal de Tsunade sendo que a culpa era dela. Resolveu que independente do que ele pensaria, não deixaria que ele continuasse pensando mal de sua querida “vovó”. Iria contar a verdade.

 

- N-Naruto-kun. N-Na v-verdade f-foi e-eu q... – porém a explicação dela foi cortada por uma outra sensação.

 

Antes que Naruto terminasse de ouvir o que Hinata diria e antes que pudesse entender o mesmo, ele ouviu um som que lhe parecia familiar. O roncar de um estômago. Ele estava familiarizado com o som. Mas não foi dele que o mesmo partiu.

Hinata enrubesceu por completo ao sentir seu estômago revirar e roncar. Ficou ainda pior ao perceber que Naruto também ouviu e a encarava até um pouco sério. Isso antes de abrir um largo sorriso.

 

- Ei. Hinata. Você por acaso está com fome?

- N-Nã... – novamente seu estômago cortou as palavras ao reclamar da falta de alimento e responder por ela.

- Bem. Parece que sim. Quanto tempo você ficou por lá?

- N-Não muito.

- Que horas você foi ao escritório dela? – perguntou sério.

- Eu c-cheguei por volta do m-meio-dia. – ela evitava olhar no rosto de Naruto. Sua face estava rosada e ela olhava para o lado enquanto alisava os cabelos nervosamente.

- O quê? Você esteve lá até essa hora. A vovó Tsunade não muda mesmo. Como ele pode fazer isso. Eu disse que ela costuma abusar das pessoas. Quer dizer que você não comeu nada ainda?

 

Ela balançou a cabeça negativamente.

 

- Então nesse caso, você vai aceitar comer um prato de ramen lá no Ichiraku comigo.

- N-Não precisa. Eu não e-estou com fome.

- Mas eu não perguntei. Além do mais é o mínimo que posso fazer para pagar pelo acidente de agora a pouco. – inevitavelmente Naruto tocou no assunto, mesmo que não diretamente.

- E-Eu n-não p-posso acei-aceitar, Na-Naruto-kun. – a lembrança do acontecimento fez as pernas de Hinata fraquejarem.

- Mas vai. Eu não posso deixar que se vá com fome. E será uma ótima oportunidade para colocarmos a conversa em dia, né?

 

Ela ainda considerou um pouco, mas logo aceitou. A verdade é que ela muitas vezes não se sentia digna de estar ao lado de Naruto. Não se achava o suficiente para ele. Naruto tinha tudo o que lhe faltava. Coragem, determinação, confiança, disposição e o que mais lhe encantava, tinha a capacidade de enxergar a verdadeira força das pessoas e ajudar a trazer isso à tona. Era disso que ela precisava. Da companhia dele. Precisava da força dele. Mas achava que não o merecia. Por isso ela nunca teve coragem de dizer seus reais sentimentos. Por isso ela ainda se mantém distante dele. E por isso sempre o segue pelas ruas da vila escondida quando tem uma chance.

Assim eles foram conversando até o Ichiraku. Naruto falava das suas recentes missões enquanto Hinata escutava tudo, feliz pela alegria dele em se sentir útil a vila e ter achado seu lugar no mundo. Porém Hinata nunca encarava os azuis que tanto a inebriavam. Naruto por sua vez estava sempre sorrindo. E tentava a todo custo arrancar um sorriso, mesmo tímido, daqueles pequenos lábios rosados e trêmulos enquanto buscava aqueles belos perolados que sempre se perdiam num mar de vermelhidão.

 

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Um homem de cabelos prateados e roupas de jounin caminhava pelas ruas da vila naquele fim de tarde. Ele mantinha os olhos num pequeno livro de capa vermelha, totalmente distraído. Mas apesar disso ele desviava das pessoas como se visse através do livro que lia.

Kakashi não apenas lia, mas também pensava sobre a missão que recebeu e que partiria a noite. Era uma situação preocupante. Ainda se lembrava do que lhe ocorreu e o que ocorreu a vila graças a traição daquele homem.

 

- Há quanto tempo Kakashi-kun.

 

A voz feminina que Kakashi ouviu o levou imediatamente a um passado bem distante quando uma única pessoa o chamava daquela forma. Ele foi invadido de uma nostalgia ao se recordar daquele distante passado. Ele foi despertado de seus devaneios por outra frase dita pela mesma pessoa.

 

- Lendo esse livro como sempre, não é?

- Se tornou meu hobby. – disse fechando o livro que lia.

- Parece mais um vício.

- Muitas pessoas dizem isso. – riu da própria piada guardando o livro.

- Hunm!

- Sim! – Kakashi percebeu que ela queria lha dizer algo.

- Kakashi-kun. Sabe... Eu...

 

Kakashi ainda fitava aquela estranha mulher a sua frente. Voltando novamente ao passado relembrou de seu jeito de ser. Apesar do corpo feminino ela ainda era a mesma menina que conheceu. Cabelos num tom ruivo bem escuro até o pescoço. Usava um colete igual aos dos jounins porem branca com uma cruz vermelha no lado esquerdo do peito. Por baixo uma camisa de um tom vinho. Uma saia de mesma cor com um pano branco na frente que parecia um avental. Ela tinha olhos castanhos e umas marcas nas bochechas que lembravam as dos Inuzukas. A diferença estava no formato e cor. Elas eram retangulares e de tom roxo.

 

- Apesar dos anos ainda enxergo você como a mesma garota com quem fiz missões até simples. – ele sorria.

- Kakashi-kun... – ela enrubesceu drasticamente com o comentário.

- Ainda não entendo do porque de você corar assim. – ele tornou a rir.

- Kakashi... Eu realmente tenho que lhe falar.

- Estou ouvindo.

- Eu... Você sabe o que... Olha. O que eu to tentando dizer é que eu...

- Kakashi-senpai! – gritou alguém a distância pelo jounin.

- Yo! Como vai Tenzou? – disse o ninja assim que o companheiro se aproximou.

- Já disse que não é pra me chamar assim. Já faz anos que eu uso o nome de Yamato. – repreendeu.

- Foi mal. Foi mal. Acontece que às vezes eu esqueço.

- “Sei. Esquece. Acho que você apenas gosta de me constranger.” – pensou ele torcendo a cara de forma estranha.

 

Foi só então que Yamato percebeu que Kakashi estava acompanhado. Ele ficou completamente bestificado ao notar de quem se tratava.

 

- Você... Não é possível! – exclamou ele a olhando de baixo a cima. Ato que a fez enrubescer levemente – Não pode ser você!

 

Kakashi percebeu o ato “discreto” do amigo. Se indignou a resolver a situação.

 

- Esqueci que vocês ainda não foram apresentados. Desculpe-me. Tenzou. Essa é minha antiga companheira de equipe e a mais nova membro da equipe médica da ANBU. Rin. E esse é um dos melhores agentes que temos a serviço da vila. Pode chamá-lo de Tenzou.

- Já disse pra não me chamar assim. É Yamato. E... É um enorme prazer conhecer a famosa companheira de equipe do senpai e uma das melhores ninjas médicas de Konoha. – disse ele apertando a mão de Rin e a sacudindo freneticamente.

- Também é um prazer conhecê-lo... Hã...

- Yamato mesmo. – disse ele entendendo a confusão na mente dela.

- É um prazer conhecê-lo Yamato-san. – disse em reverência.

 

Yamato coçava a cabeça nervosamente. Depois que Rin voltou para Konoha com os resultados de suas pesquisas enquanto viajava pelo mundo, ela foi interada a equipe de ninjas médicos da ANBU. Seu nome logo ficou famoso no grupo devido ao fato de ela ter sido companheira de equipe de Kakashi. Que foi considerado um dos melhores agentes da organização.

 

- Eu também já ouvi falar de você na organização. Dizem que você é formidável com o Mokuton.

- Não diria formidável. Ainda tenho que treinar muito. – ele coçava a nuca e ria sozinho. Parecia um tanto quanto nervoso.

- Então Tenzou. O que você quer? – perguntou Kakashi.

- Quem? Eu?

- Sim. Você veio correndo me chamando. Imagino que queira me dizer algo.

- N... Na verdade nada.

- Não precisa se intimidar pela minha presença Yamato-san. De qualquer forma eu já estava de partida. – disse Rin com um meigo sorriso.

- N... Não precisa ir. Meu assunto com o senpai é rápido. Só nos dê licença um segundo.

- Okay!

- Mas você não acabou de dizer que não tinha nada a tratar comigo?!

- Cala a boca. – disse Yamato empurrando Kakashi para um distância inaudível de Rin.

- Ei. Ei. Senpai. – ele tinha uma cara maliciosa. O que nele caiu de forma assustadora – O que vocês dois estavam conversando, hein?

- Bom. Na verdade nada. Ela parecia querer me dizer algo, mas não completou, pois você apareceu.

- Bem. Eu sinto muito por isso.

- Então você me arrastou até aqui só pra perguntar isso.

- Bem... Eu não queria falar na frente dela, mas... Eu vim lhe convidar para tomar um pouco de sakê junto dos jounins. Você sabe. Já faz sete meses desde...

- É. Eu sei. Mas acho que vou passar. Tenho uma missão e quero começá-la sóbrio.

- Mentiroso. Como se você se abalasse com alguns copos ou garrafas. A verdade é que você não quer ir para não pagar já que hoje é a noite do Genma e você pagarem a rodada. Ele deu uma desculpa parecida, mas já decidiu ir. Você pretende deixá-lo pagar sozinho. O pessoal não é ruim de copo.

- Ah! Você me deixou numa situação difícil... Bem. Não posso fazer o Genma passar por isso sozinho. Ele não me perdoaria.

- Yosh! Então vamos lá.

- Não! Tenho que terminar minha conversa com Rin. Que homem eu seria se a largasse aqui pra cair na farra.

- Você fala como se fosse o namorado dela. E também eu não permitiria que você fizesse isso com ela.

- Como?

- Seria falta de educação e grosseria. – Disse fazendo descaso sobre o assunto.

- Entendo. Então... Rin. Sobre o assunto que conversávamos. O que você ia me dizer mesmo?

- Bem... Acho que vou deixar vocês conversarem em paz. Foi uma honra conhecê-la Rin-sama. – curvou-se.

- Por favor. Apenas Rin. – disse sorrindo – E não se preocupe. Eu já estava de partida. Na verdade, não era nada demais, Kakashi-kun.

 

Ela se virou para poder seguir seu caminho quando algo em sua mente a fez petrificar no mesmo lugar. Seu corpo paralisou. Sua mente não estava conseguindo acompanhar o movimento dos fatos. E ela se perguntava quando ela havia viajado no tempo e voltado ao passado. Tinha uma estranha sensação de Déjà vu.

 

- S... – tentava balbuciar algo, mas sua voz simplesmente sumiu – Se...

- Não. Não é isso. Apenas uma coincidência de fatos Rin. – falou Kakashi visualizando a mesma cena que Rin – Você não está vendo coisas.

- ...

- Aquele é Uzumaki Naruto.

- Entendo. Aquele assunto, não é?

 

Naruto caminhava junto de Hinata pela rua. Ele estava com as mãos juntas na nuca e andava de costas enquanto tagarelava algo olhando para a jovem que dava pequenas risadas tímidas.

 

- “Mas se parecem tanto com eles.” Oh! Aquela jovem. Ela é uma Hyuuga?

- Sim. – quem respondeu foi Yamato – Hyuuga Hinata. A herdeira do clã.

- Você disse herdeira?! – ela olhou assustada para ele.

- Sim. Eles fizeram academia juntos.

- Eles... Estão juntos? Digo. Eles estão...

- Não. São apenas amigos. –  adiantou-se Kakashi.

 

Rin continuou olhando os dois se afastarem. Observava cada movimento deles. Perdida em suas lembranças de tempos atrás. Mesmo assim certos detalhes lhe chamavam muito a atenção. Principalmente em Hinata.

 

- “Aquele jeitinho. Acho que tem mais que uma simples amizade ali. Ficarei de olho neles pra ver no que vai dar.”

- Pensando em algo? – perguntou Kakashi se aproximando.

 

Ele levava a mão para lhe tocar no ombro. Percebendo o movimento Rin se mexeu um pouco desviando-se do trajeto da mão de seu ex-companheiro. Virou-se para ele e Yamato e se despediu sorrindo.

 

- Bem. Acho que vocês têm muito do que falar. Também tenho alguns assuntos a tratar. Então. Tchau.

- E-e-espere um minuto. – apressou-se Yamato – Err! Você não queria comer algo comi... Conosco.

- Não será necessário. – ela percebeu certo desapontamento no rosto do jounin – Mas adoraria almoçar com você qualquer dia pra nos conhecermos melhor.

- S-sério?! – o seu rosto se iluminou.

- Você também está convidado Kakashi. – corou levemente.

- Talvez. – Kakashi olhava para Yamato que voltou a ter um semblante tristonho – Se eu não estiver muito ocupado.

- Okay! Até.

- Até! – disse Kakashi. Yamato, ainda pra baixo, apenas acenou. Eles a viram sumir na rua – Então. Vamos lá?!

- Hã. Deixa pra lá. Acho que não vou.

- Deixa disso. Hoje nós vamos entornar todas. Lembre-se que será por minha conta

- Ta. Ta.

 

Assim os dois seguiram caminho para o local marcado para a farra dos jounins. Para Yamato não havia muitos motivos para beber. Já Kakashi pensava que seria útil para poder juntar pistas para sua missão.

 

 

 

Começando um movimento para indicar boas fics a leitores do Nyah; estou propondo que no final de cada capítulo lançado de suas fics, vocês indiquem uma boa fic que vocês lêem. Isso serve para unir mais os grupos que lêem ótimas fics entre si, já que boa parte destes usuários estão inconformados por não acharem fics de seu agrado na lista do site. Então, uma indicação da fic que eles já acompanham é uma ótima forma de incentivar tantos os leitores quanto os autores. Divulguem este parágrafo, e façam o mesmo em suas fics. O Nyah guarda tanta qualidade literária que você nem imagina onde ela está.

 

Para quem gosta de uma fic de aventura num universo alternativo. Minha indicação de leitura de hoje é: Entre A Luz E A Escuridão escrita por zariesk.

 

Uma história de aventura com conceitos e opiniões que mudarão sua visão sobre o bem e o mau.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Então é isso. No próximo capítulo darei um ponta a pé de verdade no que vcs mais querem ver. Até o próximo.