Duas Faces - Continuação escrita por Palloma Oliveira


Capítulo 7
Capitulo 52




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Capitulo 52

(De longe, Cristina observa aquela mulher de cabelos louros que tanta semelhança tinha com a sua mãe noutras épocas. Curiosa, decide aproximar-se para ver o seu rosto mas, neste exato momento, Victoria chega ao hospital e percebe o que está prestes a acontecer. Vai até Cristina)

Victoria (Paula) (nervosa) – olá, filha! Vem comigo, anda! Vamos ver o teu pai.

Cristina (a hesitar) – espera, mãe! Olha aquela mulher, parece-se tanto contigo, ao menos de costas. (entusiasmada) Vamos lá, ter com ela. Quero ver o seu rosto.

Victoria (Paula) (segura-a pelo braço) – tu não me desobedeças. Vamos! (retiram-se)

(entram no quarto de Cesar e Cristina corre e abraça-o, mas antes que Cesar desse conta da presença de Victoria, ela sai sorrateiramente para falar com Paula)

Victoria (aflita) – que fazes aqui, Paula? Não combinamos que eu manter-te-ia informada pelo telefone ou pelo Telmo? Acabaste de por tudo em risco porque não pensas nas tuas atitudes.

Paula (sem perceber) – do que estás a falar, Victoria?

Victoria- enquanto estavas aqui na conversa, a tua filha viu-te a ti e ao Telmo. A sorte é que estavas de costas. Mas se eu não chego a tempo, ela teria vindo aqui por curiosidade.

(Enquanto isso, Cristina estava com Cesar)

Cristina (entusiasmada) – papai, nem sabes! Acabo de ver uma mulher igualzinha a mamã, bom, ao menos de costas, sim era idêntica, até tinha os cabelos loiros como ela usava antes.

Cesar (admirado) – não me digas? E foste ter com ela, viste o seu rosto?

Cristina- não… a mamã chegou bem na hora e puxou-me pelo braço insistindo que eu viesse ter contigo… parecia até que ela não queria que eu visse o rosto daquela mulher.

(Cesar fica estupefacto com o que ouve. A curiosidade de comprovar a troca, toma conta de si)

Cesar- filha, eu preciso que me vás buscar algo para comer, mas tem de ser do refeitório porque a comida daqui é intragável. (beija-lhe a mão) Vai já! (Cristina, com um sorriso, vai fazer o desejo do pai. Cesar aproveita, levantando-se, com muita destreza, da cama e entreabre a porta na esperança de as ver juntas. Tem sucesso e fica abismado) Eu sabia! São duas, duas faces iguais. Não acredito que tenho a minha adorada senhorita sorriso comigo… Paula, Paula… como me pudeste fazer tal coisa? (estranha a presença de Telmo) E este homem que está com elas? Me é familiar… (lembra-se) É Telmo! (sorri) Há tanto tempo que não o vejo… está com a Paula… sempre seu braço direito. (volta para a cama) Agora sim… não resta sombra de duvidas… estava a ser enganado pela minha esposa e pela mulher que amo… pobre da Paula! Não sabe o que a espera no seu regresso… e felizarda Victoria, não sabe o que a espera neste tempo… mas aí dela que me siga enganando, aí dela!

(No corredor, estão Victoria, Paula e Telmo)

Victoria- é melhor que te vás embora… afinal, Cesar tem alta amanhã à primeira hora.

Paula- não me digas? Justo venho com Telmo para dizer-te que nós também nos vamos amanhã… porque é o aniversário do teu filho e precisamos de fazer uma festa, não é?!

Victoria (emociona-se) – é verdade… meu filho… meu Santiago! Faz seus 18 anos e nem poderei presenciar este momento solene. Bem… outros virão! Vai-te já Paula!

Paula (dá-lhe um abraço de despedida) – adeus, Victoria!

Telmo- adeus, minha senhora e até breve! (retiram-se e Victoria vai para o quarto de Cesar)

Victoria (Paula) (entra no quarto e vai até Cesar para lhe dar um beijinho, mas ele hesita) – que tens tu, meu amor? Porquê não me queres beijar?

Cesar (sério e sarcástico) – esposa minha, não tens nada que me queiras contar?

Victoria (Paula) (sem perceber) – não! (sorri) Não há nada que eu te queira contar, amor!

Cesar (chateia-se) – ah é? Então podes sair… não preciso que fiques aqui comigo. Vai-te!

Victoria (Paula) (aflige-se) – mas… porquê? Que fiz eu para merecer tal desprezo?

Cesar (fica agressivo) – não sabes? Mentiste-me, e continuas a mentir, a me fazer de estupido.

Victoria (Paula) (começa a chorar) – juro-te que não faço ideia do que estás a falar, amor.

Cesar (mantem-se rígido) – então eu mesmo digo-te o que fizeste. Eu vi tudo, eu vi-te com a… (é interrompido por Cristina que entra segurando uma bandeja com comida)

Cristina- aqui está, meu pai. Como desejaste, eu te trouxe os pãezinhos que tanto adoras.

(Victoria, aproveita para sair do quarto. Está em prantos de inocência)

(Hotel Myriad – Paula entra no quarto e vê Frederico deitado sobre a cama, a ressonar. Ouvir: Rita Guerra – Preciso de Ti. Paula, não resiste e deita-se ao seu lado fazendo Frederico acordar)

Frederico (quando percebe a sua presença, abraça-a calorosamente apertando-a contra o seu peito. Os lençóis frescos daquela tarde de inverno, fez com que Paula se deixasse cair naquele abraço cálido sobre a cama macia do leito amoroso) – senti tantas saudades deste perfume e destes cabelos macios sobre o meu peito. (beija-a com lábios famintos de amor e ela deixa-se beijar, relaxando sobre as almofadas de veludo macias como as nuvens que pairavam naquele céu azul, quase a deixar-se levar pelo calor do momento, Paula cessa os beijos e levanta-se. Dirige-se à janela e observa o horizonte, serenamente. Frederico levanta-se e abraça-a por trás, beijando-lhe o pescoço e arrancando-lhe suspiros) Em quê estás a pensar, meu amor?

Paula (Victoria) – em tantas coisas, Frederico… as vezes queria voltar o tempo e impedir algo que só Deus sabe porque me pôs no caminho.

Frederico- à quê te referes? À mim, à nós? Estás arrependida do nosso casamento?

Paula (Victoria) (fecha os olhos e suspira. Vira-se para ele) – amo-te, Frederico. Amo-te como nunca amei alguém… não importa o tempo ou a idade, amar-te-ei para sempre! (beija-o refugiando-se nos seus braços como se isso a fosse proteger do futuro)

(Fernando chega ao hospital e vê Victoria a chorar nos corredores, está mortificada com a rejeição do seu adorado amor. Fernando não lhe dá atenção. Vai direto ao quarto de Cesar)

Fernando (preocupado) – que tem a tua esposa? Porquê chora tanto?

Cesar (ainda aborrecido) – primeiro: ela não é a minha esposa, é uma impostora. Segundo: está assim porque eu pedi que ela me deixasse sozinho e disse que não a queria comigo.

Fernando- ora… lá estás tu outra vez com esta história de que a tua mulher trocou de lugar e…

Cesar- eu vi! Vi com estes dois olhos que a terra um dia há-de comer. Vi-as as duas juntas a conversar pelos corredores. Paula, loira como sempre, vestida de saia e roupas claras que condizem com a sua pele. As duas mentiram-me… eu vi, eu vi, desta vez!

Fernando- e já lhe disseste isso? Digo, se já contaste à Victoria que sabes de tudo?

Cesar- não disse e nem pretendo dizer. Ela que tome coragem de mo contar.

Fernando- bem… mas viste o rosto da Paula, para ter certeza?

Cesar- tanto era ela que até estava acompanhada do Telmo. Lembras-te dele?

Fernando- Telmo… Telmo… (lembra-se) Oh sim… já sei! Ele era o tutor da Paula… e foi até os seus dezoito anos. Tornou-se o seu tutor quando ela ficou órfã por completo, aos sete anos, pobrezinha. Eu também lembro-me de que ele não permitia que ela brincasse connosco. Eramos tão pequenos naquela época. Bem, tu eras mais velho que ela dois anos e eu o mais novo dos três. (ambos riem-se ao lembrarem do passado. Ouvir: Panchelbel’s – Canon in D)

Cesar- ela sempre foi muito bonita! De todas do bairro, era a mais bela.

Fernando- de todas, era a que tu mais gostavas. A medida que íamos crescendo, ela ia ficando mais bonita e tu mais apaixonado, tu andavas com todas, mas casamento só prometias à ela.

Cesar- sim, sim! De todas ela era a única que eu queria de verdade… e isso porque era a mais impossível. Nós a brincar no jardim com todos e lá, do alto, na varandinha do quarto, coberta por uma videira, estava ela a olhar-nos… era só o que podia fazer, olhar-nos a brincar, porque Telmo não a deixava se misturar connosco. Parecia uma princesa dos contos de fada, presa na torre, guardada por um dragão. Ela sempre foi tão fina, educada, elegante e eu, apesar de ter crescido em boa família, saía pelas ruas a jogar a bola. Ainda lembro-me da primeira vez que nos falamos. Tínhamos uns catorze anos, era noite e Telmo já estava a dormir, eu vi que uma luz vinha da janela dela, o meu quarto ficava exatamente de frente para o dela, janela com janela. Eu levantei-me, agarrei na minha atiradeira e lancei-lhe pedrinhas à vidraça, ela abriu e fez uma cara de espanto ao me ver… mas logo sorriu tão meiga, quase não nos ouvia-mos, então eu peguei aquele nosso telefone feito de copos, lembras-te? Peguei nele e lancei uma ponta para ela. Por incrível que pareça, aquilo até funcionava. Todas as tardes, depois da sua aula de ballet e de piano, ela puxava a cordinha e nos conversávamos toda a tarde. Eu era o seu único amigo, ela não conhecia mais ninguém, a não ser os colegas do colégio onde estudava. Aqueles mini aristocratas de nariz em pé… (riu-se) Era assim que ela os chamava. Quando fez dezassete anos, encontrei sobre o chão da minha varandinha, um lencinho cor-de-rosa que cheirava a jasmim, ainda não sei como ela fez para o colocar lá. Naquela noite, observamos as estrelas, cada um do seu lado. O dia em que presenciei as suas lágrimas foi no seu décimo oitavo aniversário. O dia em que Telmo foi-se embora deixando-a sozinha naquela mansão fria. Eu corri para dentro da casa dela e ela abraçou-me forte, foi a primeira vez. Os anos foram passando e nós cada vez mais próximos, um do outro… pedi-a em casamento aos vinte anos… mas não era amor, nunca foi. Parecia, mas era apenas desejo de ter o que eu não podia e ela, por nunca ter tido outro rapaz em sua vida se não a mim. Ai está o resultado… encontramos o verdadeiro amor só vinte anos depois.

Fernando- então, apesar deste passado tão belo, Victoria é o teu primeiro amor? Verdadeiro?

Cesar- primeiro e único amor. Meu coração pertence e sempre pertencerá apenas à Victoria, só à ela e ninguém mais. Entretanto, dói-me esta mentira. Mas se for preciso, mantenho o teatro como elas querem e ao fim do ano imposto, Paula torna à casa sua.

Fernando- Cesar, se permitires o “teatro”, como dizes, o que vais fazer à Paula? Continuarás a viver com ela esmo sabendo que em Sintra vive o teu verdadeiro amor e mesmo sabendo que Paula foi capaz de trocar de lugar com outra mulher, por não te amar?

(Cesar não havia pensando nisto. Fica sem saber o que fará ao fim deste ano dito)


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