Duas Faces - Continuação escrita por Palloma Oliveira


Capítulo 49
Capitulo 94




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Capitulo 94

Nina – Eu não posso acreditar no que a Dolores foi capaz de me fazer. É horrível! Meu Deus, ela manipulou-me, ela usou-me para tentar atingir a Paula. (Chora).

Olga (abraça-a) – Filha, não fiques mais assim, meu amor, e larga este pano de chão porque agora já não és mais a empregada, és a filha da tia do dono. E terás o que é teu.

Telmo (abraça-as) – Querida, o pai trabalhou imenso por muitos anos e conseguiu juntar uma quantia suficiente para dar-te tudo o que precisares.

Nina – Obrigada… pai! (Abraça-o. Enxuga as lagrimas) Os outros também já sabem?

Olga – Ah… não. Foi tudo muito repentino, querida. Soubemos ainda há pouco.

Nina – A Dolores tem que ser presa. Ela é uma criminosa… é uma psicopata.

(Amanhece o dia. Victoria espreguiça-se na cama quente ao despertar-se com um raio de sol, incandescente, que vinha do janelão português de moldura branca. Ouvia os rouxinóis a cantar, apoiados no parapeito de ferro da varandinha “envideirada”. Levanta-se, sonolenta, a bocejar, veste a camisola e abre o que resta das cortinas. Ao virar-se, percebe que Cesar já não estava. Procura-o na casa de banho mas ele já se tinha ido embora. Arranja-se e desce para a sala onde está Paula a tomar uma xicara de chá enquanto lia um livro de capa castanha e pouco convidativa. Victoria apressa-se e abraça-a por trás).

Victoria (sorri e dá-lhe um beijinho a bochecha) – Bom dia… irmãzinha!

Paula (rir-se e responde ao carinho) – Bom dia, querida irmã. Sabes, jamais pensei ouvir ou dizer esta palavra à alguém. (Corrige-se) Excerto quando o meu… o nosso pai era vivo.

Victoria (senta-se junto dela e pega um biscoito) – Então, porquê? Ele tinha namoradas?

PaulaNão… mas podia vira a ter, não é? Sentia-me mal só de pensar numa madrasta.

Victoria (torce o nariz) – Eu não sei sentir este sentimento. Paula, como ele era?

Paula (pousa o livro) – Era bonito, tinha uns olhos… iguais aos teus. Já os cabelos… louros como os meus. Estava sempre a sorrir, era alegre e muito carinhoso. Não havia uma viagem que fizesse para não voltar com uma boneca ou um vestido novo para mim. (Rir-se) Vou-te contar uma historia. Um dia, chego eu das aulas, sento-me ao seu colo e ele pergunta-me como foi. Estava ainda na primária, então eu disse que havia um rapaz muito giro que estava sempre a me dar flores ele olhou-me, deu uma gargalhada e disse: tens um pretendente, querida.

Victoria (sorri com lágrimas nos olhos) – Ele era o melhor, eu tenho certeza. O meu pai… agora adotivo, era sempre sério e nunca carinhoso. A minha mãe… a mulher que se dizia, era mais ou menos. Nunca tive presentes nem nada.

Paula (segura-lhe a mão) – Deves esquecer as tristezas, irmã. O Frederico vai tratar de uma coisa hoje… é para ti. (Sorri) Talvez seja um presente ou um direito, mas não te digo o que é.

Victoria – Aí! Já estou curiosa. Ah, é verdade, tu já te sentes melhor?

Paula – Sim… foi só um susto que já passou e felizmente. (Olha para o relógio) Eh lá! Já viste que são onze e vinte cinco da manhã? Porquê te levantaste tão tarde?

Victoria (desvia o olhar) – Bem… digamos que eu não tenha dormido a noite toda. (Sorri).

Paula (cora-se e põe a mão no rosto) – Aí, aí! Nem quero saber, menina Victoria. (Levanta-se e estende-lhe a mão) Vem! Quero mostrar-te uma coisa. (Victoria vai com ela. Paula leva-a até o seu quarto de infância e Victoria fica abismada ao ver o retrato da mãe).

Victoria (chora) – Mamãe! Ela… ela tem os meus cabelos e os teus olhos. (Sorri) Era tão linda!

Paula – Ela morreu no mesmo dia em que nós nascemos. Desde então, o pai nunca mais casou-se. Fizeste-me muita falta, Victoria. Eu sempre tive esta sensação de companhia.

Victoria – Paula, agora, mais do que nunca, temos de ficar unidas para descobrir o responsável.

Paula – Sim! Seja lá que for o culpado, vai pagar! (Paula abraça-a).

Victoria – Tenho fome! Vou ligar ao meu Cesar e dizer que espero-o a hora do almoço no nosso restaurante favorito. (Sorri) Fica num hotel. Saboroso e conveniente. (Rir-se).

Paula – Aí, aí! Bem, mas… não preferes almoçar com a tua mana? (Sorri meigamente).

Victoria – Oh, querida! Manas, manas, homens a parte. (Vai a sair) Porquê não ligas ao teu Frederico e faz-lhe um almocinho só a dois? Os miúdos foram hoje de manhã para Sintra, pelo que me disseram ontem, alem disso os empregados estão de folga e a Olga, o Telmo e a Dolores parecem ter sido engolidos pela Terra porque não estão em lado algum.

Paula – Tens razão… não os vi hoje no pequeno-almoço. Onde se terão metido?

Victoria – Nem sei! E por mim, a Dolores pode ir para o inferno. Até mais tarde! (Retira-se).

(Enquanto se fala no Diabo, Dolores está em casa da Patrícia com a Debora).

Dolores (caminha dum lado para o outro) – A imbecil da Olga e o estupido do Telmo descobriram tudo o que eu fiz. Malditos sejam. Se não me ajudarem eu vou presa.

Patrícia (assustada com a historia) – Tu foste mesmo capaz de tudo isso? Uau! És mesmo má.

Debora – E agora? Eu não quero ser cúmplice de uma criminosa… eu vou sair disto.

Dolores (agarra-a e dá-lhe um tapa) – Já és cúmplice, oh estupida. Se não me ajudares, serás a minha próxima vitima, e se te xibares, serás a próxima morta!

Patrícia – Vá lá, Dolores, deixa a miúda! Ela não tem culhões para o fazer… não vês que se está a borrar-se de medo? Pobre dela se abre a boca para dizer o que não deve. Ouve lá: mas a Victoria e a Paula já sabem que tu és a responsável por elas se terem separado?

Dolores – Não sei… mas a esta hora já lhes devem ter dito. Desgraçados estão comigo.

Patrícia (pensa e logo chega a uma conclusão) – Bem… elas não te vão denunciar, Dolores. Porque se o fizerem… sim podes ir presa, mas elas as duas vão te fazer companhia a cadeia.

Dolores (admira-se. Fica sem entender) – Como? Elas as duas presas? Porquê?

Patrícia (rir-se) – Ora… usurpação e falsidade ideológica. Vão as duas de mãos dadas para o inferno. Se elas contarem, contamos nós também e temos testemunhas e provas de sobra.

Dolores (sorri e descansa) – Aí, Patrícia, Patrícia! Saíste-me melhor do que a encomenda.

Olga (Olga procura por Telmo. Está nervosa) – Ela fugiu, Telmo. E agora, o que faremos?

Telmo – Calma! Temos de a encontrar… mas… se ela já tiver saído do país… Olga, eu entendo que estejas preocupada com a Paula, mas temos de lhes dizer a verdade.

Olga – Mas, Telmo… é melhor… aí! Eu já nem sei o que é melhor. Acho que tens razão.

(Victoria chega ao restaurante do hotel. Já estava tudo combinado com o Cesar, de repente, aparece Lorenzo que aproxima-se dela deixando-a perplexa).

Lorenzo (beija-lhe a mão) – Parece que o destino quer-nos sempre juntos, não é?

Victoria (desconcertada) – Ah… Lorenzo, é melhor ires embora, o Cesar já está a chegar…

Lorenzo – Ei! Para quê tanto alarde? Somos apenas dois bons amigos a conversar.

Victoria – Eu sei, Lorenzo, mas… mas o Cesar pode interpretar mal as coisas e isso pode…

Lorenzo – Boneca, não há motivo para tantos nervos. Senta-te para conversarmos.

Cesar (surpreende-os. Assume uma postura desconfiada) – Que fazes com a minha mulher?

Victoria (fica nervosa e põe-se a frente do Lorenzo) – Cesar, é porque…

Cesar (grosso e enervado) – Cala-te! Não te perguntei nada, perguntei ao Lorenzo.

Lorenzo – Não fazíamos nada de mal, Cesar, apenas encontrei-a por aqui e quis falar com ela.

Cesar – Bem, se já falou tudo o que queria, peço-te, encarecidamente, que te retires.

Lorenzo – Está bem, eu saio, mas não por que tu me pediste e sim pela Victoria, que aliás eu ainda não tive a oportunidade de conversar, mas farei isso quando estivermos a sós… sabes, como das outras vezes em que estivemos a sós… oh! Espera, acho que nem imaginas o que fazíamos nestas ocasiões não é? (Rir-se a provocá-lo e sai).

Cesar (aborrecido) – Pega a tua mala e sobe comigo para o quarto. Aqui não dá para conversar.

Victoria (chateia-se) – Não! Tu não mandas em mim… eu não estava a fazer nada de mal e…

Cesar – Ah, não vais subir? Ok, então eu me vou embora, se é assim que queres.

Victoria – Já basta, Cesar. Não te armes em “Frederico” porque se não eu passo-me contigo.

Cesar (agarra-a pelo braço) – Ou sobes comigo, ou vou-me embora agora mesmo.

(Victoria resiste mas acaba por obedecê-lo. Entram no quarto e ela joga a bolsa numa cadeira).

Victoria (nervosa e aborrecida) – Da próxima vez que me tratares daquela maneira eu vou…

(Cesar agarra-a e beija-a selvagemente antes que ela terminasse a frase. Ela solta-se dele).

Cesar (volta a agarrá-la e prende-a junto ao peito) – Deita-te comigo!

Victoria (solta-se novamente) – Mas… mas ouve lá, qual é o teu problema? Primeiro, tens um ataque de ira la em baixo que até patadas ganhei e agora queres beijinhos?

Cesar – Querida, achas mesmo que eu vou dar a este sujeito o gostinho de brigarmos por ele?

Victoria (confusa) – Não… mas… mas, Cesar, eu… aí! Eu não estou a perceber nada.

Cesar (beija-lhe as mãos) – Deixa-o achar que estamos zangados para ver até onde chega. Victoria, cheira-me que ele não está sozinho nesta… não vês que é uma armadilha?

Victoria – Claro! Ele quer que nos separemos e está a saber jogar… se tu te zangares comigo ele aproxima-se de mim (cai em si) Patrícia! Claro… ela está a ajudá-lo… mas porquê?

Cesar – Pois… eu nem conheço essa tal Patrícia. Mas de qualquer forma, minha senhorita sorriso, somos cúmplices, não é? Sempre fomos… amantes e cúmplices. Eles nos querem enganar, pois então nós os enganaremos para descobrir os seus propósitos.

Victoria (sorri pondo-lhe as mãos aos ombros) – Hum… vamos brincar de brigar. És um génio.

Cesar (rir-se) – Pois sou… esta é uma das minhas qualidades maravilhosas e sedutoras.

Victoria – Aí! Que modesto é o meu homem. (Rir-se e atira-se aos seus braços beijando-o).

(Frederico chega em casa e sobe para o quarto. Traz consigo um ramo de gardénias).

Frederico (abraça Paula por trás e estende-lhe as flores) – Para a futura esposa e mãe mais linda do mundo. (Beija-lhe o pescoço) Amo-te, minha Ofélia. (Ouvir: Rita – Preciso de ti).

Paula (cheira as flores e pousa-as na mesa) – E eu a ti, meu amor. (Beija-o como sempre o fez. Carinhosa, meiga e doce era a sua rainha Paula. Quase que se punha em bicos de pés, aquela mulher pequena e frágil, de rosto branco e bochechas rosadas que esmerava um sorriso curto e amável que poucos desvendavam encontrando a sua alma. Frederico abraça-a forte enquanto trocam beijos apaixonados sob aquela luz tardia) Pensei que nunca mais me terias assim.

Frederico – Eu também, meu amor, e desesperava-me ao pensar que nunca mais me ias beijar como antes. Paula, eu preciso de ti… sempre precisarei, minha vida. És a minha alma.

(Frederico pega-a ao colo e deita-a sobre a cama virgem dos seus calores. Paula não consegue controlar os arrepios e os tremeliques que sentia a cada beijo e a cada toque. Frederico, sobre ela, tira-lhe carinhosamente a blusa de renda branca com detalhes dourados que condiziam com os seus cabelos macios. A mão esquerda perde-se no seu corpo e calha numa das pernas brancas e envergonhadas, que ele levanta para encaixar-se naquela pele cheirosa e nobre. Paula tem os olhos fechados, mas já conhecia o corpo do seu homem o suficiente para tirar-lhe a roupa sem olhar, enquanto deleitava-se nos seus beijos quentes. O calor do verão fê-los esquecerem-se dos lençóis e rolarem na cama nus e desprovidos de mantos. Frederico tinha já o membro enrijecido entre aquelas pernas moles que já não se aguentavam de desejos por ele. É feita sua mulher após tanto tempo. Cheios de saudades, o prazer vem como uma tempestade no calor, que apaga o fogo e arrefece o escaldante).

Paula (respirava aceleradamente. Sussurra) – Amo-te, Frederico… amo-te!

Frederico (olha-a com o rosto suado enquanto a possui) – E eu a ti, minha Ofélia… amo-te.

FIM (CAP 94)


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