Duas Faces - Continuação escrita por Palloma Oliveira


Capítulo 48
Capitulo 93




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Capitulo 93

(Ao ouvir aquelas atrocidades, Olga não se contêm e ataca Dolores aos tapas).

Olga (grita) - Maldita! Desgraçada… odeio-te, Dolores! És má, és desprezível.

Telmo (segura-a) – Olga, basta! Não vale a pena sujares as mãos com este ser inferior.

Dolores (a recompor-se) – Inferior? Eu? (Exalta uma gargalhada) Eu consegui separá-las!

Telmo – Adiantou muito! O que Deus cria, um mero mortal não destrói. Separaste-as , de facto, mas vede, senhora Dolores, que elas regressam em ascensão à tua derrota!

Dolores – Posso até cair, mas a sensação de tê-los feito sofrer uma única vez e por tantos anos… é impagável. Eu mandei-te aquela carta em nome da Olga, Telmo… eu! E graças à minha astucia, separei-te dela e da tua menina que hoje é uma senhora. Pobre Paulinha… pobre Olga!

Olga (ataca-a novamente) – Desgraçada! Eu te vou matar, Dolores… juro-te por Deus!

Dolores (empurra-a) – ­Ah! Deixa-me em paz, estupida. Porquê não vão procurar a vossa filha?

Telmo (nervoso a segurar Olga) – Onde ela está, Dolores? Diz-nos!

Dolores – Não sei… talvez esteja na cozinha que é o lugar de empregados como ela e o pai.

(Telmo não pensa duas vezes e sai porta a fora com Olga pelo braço a procura de Nina. Dolores, no entanto, aproveita-se para fugir. Faz as malas e vai-se embora)

Telmo – Vamos imediatamente dizer tudo à Paula e à Victoria, Olga!

Olga – Não, Telmo. Estás louco ou o que? Não vês que a Paula está em repouso e uma emoção destas pode ser fatal para ela e a criança?

Telmo – É! Tens razão. Então diremos só à Victoria. Depois eu vejo o que fazer…

Olga – Não, Telmo. Victoria ficaria tão indignada que era capaz de uma loucura. Deixemos isto para depois… agora o importante é achar a Nina e dizer-lhe que… (sorri) que é nossa filha.

Telmo – Ainda nem acredito que nós a encontramos. Pobre dela… a vida toda enganada…

Olga – Dolores enganou à muitos, Telmo. E fez isso por uma vida. Victoria e Paula cresceram enganadas, a nossa filha, tu e eu… Oh, Deus do céu! Que mais há de vir?

Telmo (abraça-a) – Não, querida! Não digas isso que atrai. Agora tudo vai melhorar. Juro-te.

(Victoria está no quarto, sentada na cama com as mãos nos joelhos e as lágrimas secas. Cesar entra, senta-se junto dela e abraça-a, Victoria, ao perceber a sua presença, abraça-o também).

Victoria – Já contei tudo à Paula… ficou tão destroçada quanto eu. Estou a tentar tirar o bom disto, Cesar, mas cada vez que penso na maldade que nos foi feita… não sei!

Cesar (olha-a nos olhos) – Ei! Eu estou aqui, não estou? Podes descarregar em mim toda a tua tristeza, meu amor… eu vou abraçar-te, fazer-te mimos até sorrires para mim… sem esse sorriso eu morro, tu sabes. Além disso, tenho aqui uma surpresa para ti. (Levanta-se, vai à maleta e tira um documento. Mostra-a) Já saiu o meu divórcio e da Paula. É só ela assinar.

Victoria (enche-se de alegria e salta-lhe nos braços) – Oh, meu amor! Não sabes o quanto isto me faz feliz. Quero que sejas livre para mim… amo-te tanto, meu Cesar… tanto…

Cesar (abraçando-a e beijando-a) – Eu amo-te muito mais, minha vida. (Senta-se outra vez) Eu estava a pensar em alugar um espaço aberto…decoração lusomexicana e…

Victoria (a sorrir sem perceber) – Do quê estas a falar, meu senhor dos olhos bonitos?

Cesar – Ora, do que será? Do nosso casamento. Assim que a Paula assinar, temos que organizar o evento… tu podes escolher as flores mas eu quero escolher o lugar contigo e…

(Ouvir: Laura Pausini - Viveme con Alejandro Sanz. Victoria beija-o antes que ele pudesse terminar de falar. O induz a deitar-se com ela na cama, ele cede àqueles beijos fogosos que falta faziam há tempos. Agarra-a e aperta-a nos braços beijando-lhe o pescoço e fazendo-a suspirar de desejos. Cesar arranca-lhe a roupa e deixa-a despi-lo como tão bem fazia. Entreabre as pernas permitindo-o possui-la como há tempos não fazia. Aquele amor que era fogo ardente sobre os lençóis que incendiavam a cama e o quarto, suando, pois, os dois corpos unidos e desnudos por aquele membro que os emendava como gregos sedentos de prazer. Victoria deslisava-se sobre aquele peito másculo que tinha-a sobre si como uma ninfa de Camões, feita para agradar aos reis e aos heróis. Cesar, recostado sobre a cama, cedia à Victoria, toda a responsabilidade de proporcionar-lhes prazer aos dois, com os seus movimentos e a sua sensualidade. Cai para o lado e deixa-o governar-lhe o corpo despido e suado arrancando-lhe suspiros e sutis gemidos, naquele pôr-do-sol que se pretendia estender-se à noite. Enquanto isso, no quarto de Paula…)

Frederico (perplexo) – Irmãs… irmãs gémeas! Não consigo acreditar nisto, Paula.

Paula – E eu? (Suspira) Não sei o que sentir… se grito de alegria ou se choro de indignação.

Frederico (abraça-a) – E agora, Paula? Como vai ser entre ti e a Victoria?

Paula Já pensei em algumas coisas. Para começar, metade da minha fortuna é dela. Preciso que me ajudes a passar esta parte para o nome da Victoria.

Frederico – Claro que sim, meu amor. Pelo menos agora ela não está desprotegida financeiramente falando. São muitas as propriedades que tens?

Paula – Além desta casa tenho uma em Cascais e uma quinta em Espanha.

Frederico – Hum… Meu bem, vamos casar com comunhão de bens ou não?

Paula – Casar? Nossa… eu já me tinha esquecido que há essa possibilidade… casar-nos.

Frederico (recua) – Oh! Eu… pensei que isto não fosse mais discutível… quero dizer… não sabia que ainda chamamos a nossa relação definitiva de “possibilidade”.

Paula – A única relação que temos, de momento, é a do nosso filho que vai nascer.

Frederico (levanta-se) – Ah! Entendo. Então entre tu e eu… não há mais uma relação amorosa. Eu sinto muito por me ter excedido nas palavras… ou melhor dizendo: iludido. (Vai a sair).

Paula (chama por ele antes que pudesse sair do quarto) – Frederico, espera! Onde vais?

Frederico (olha para ela) – Bem, eu… eu vou para o meu quarto, não te quero incomodar.

Paula – Oh, não… não é nenhum incomodo. Eu ia te pedir para… para ficar e dormir comigo esta noite. (Ouvir: Rita Guerra – Preciso de Ti) Mas… se não queres, eu vou compreender.

Frederico (Aproxima-se dela) – É claro que eu quero. Tu sabes bem o quanto quero estar ao pé de ti, Paula. Mas… mas eu não quero mais ficar nesta duvida. Preciso saber se ainda…

Paula – Se ainda há chance de que voltemos a ficar juntos… como antes? (Levanta-se e pega-lhe a mão) Frederico, tu serás o pai do meu filho… tens mais do que chances. (Sorri).

Frederico (acaricia-lhe o rosto rosado) – Amo-te, Paula, amo-te mais que a minha própria vida.

Paula (põe as duas mãos sobre o ombros e olha-o nos olhos) – E eu à ti… meu poeta. (Frederico deita-lhe um beijo nos lábios e Paula corresponde. Sussurra-lhe com a voz tremula). Frederico! (Paula ficou gelada. Alguma coisa morreu no seu interior, desfez-se como as pétalas que caíam das flores murchas. Paula já não sentia rancor, talvez nunca o sentisse. Ela via-o na consternação dos seus olhos. Ajeitou a saia, compôs a camisola que ele amarrotara e tentou endireitar-se. Tremiam-lhe as pernas e esteve prestes a cair. Aqueles braços que a tinham enlaçada assombravam-na. Frederico acaricia-lhe as costas com firmeza apertando-a junto ao peito enquanto a respiração ofegava junto ao seu ouvido. Paula sentiu pânico. Aquele homem exercia sobre ela um poder de sedução que aniquilava qualquer tentativa de resistência. Não conseguiu dizer-lhe para soltá-la. Ela estava demasiado entregue e as suas emoções estavam expostas. Tinha a alma despida diante dele, como estivera o seu corpo. Já estava feito. Frederico tinha-a provocado além do suportável mas não ia culpá-lo. A verdade é que ele não poderia tê-la obrigado a fazer amor com ele apesar de que muito o desejasse. Ele solta-a).

Frederico – Não sabes o quanto tenho desejado ter-te nos meus braços, querida. Mas agora que estás em repouso, controlar-me-ei para quando estiveres disposta.

Paula (abraça-o por trás) – Eu agradeço-te o tempo que não há de se prolongar. Deitemo-nos pois esta noite para repouso e amanhã já terei o corpo sadio para que me possas amar sobre aqueles lençóis que ainda não nos pertencem em calor. Temos uma relação e casar-nos-emos.

Frederico (abraça-a e dá uma vista d’olhos pelo quarto) – Era aqui que dormias?

Paula (sorri) – Sim! Vês aquela parede com o retrato gigante do meu pai? Ali ficava a varandinha por onde Cesar e eu namorávamos as escondidas. Atirava-lhe cartinhas perfumadas e as vezes uns lencinhos cor de rosa. Juntamos as mansões e agora há um largo corredor onde ficava o espaço de terra entre as duas propriedades.

Frederico – Eu só ouvi o “namorávamos” (rir-se) Não tens saudades da tua vida com o Cesar?

Paula – Minha vida com ele? Mas, Frederico, o Cesar ainda está aqui, não está?

Frederico – Não falo disso… falo… não sei… do romance que houve entre vocês.

Paula – Não se tem saudades do que nunca tivemos. Querido, entre ele e eu houve um carinho e uma amizade que se confundira com amor.

Frederico – Posso exceder-me nas perguntas? (Paula acena positivamente) Como era a tua vida com ele? Falo do intimo. O que ele fazia para agradar-te?

Paula – Bem… ele sempre trazia-me um presentinho. As vezes uma flor, as vezes um chocolate. A flor vinha murcha e o chocolate um pouco derretido… as vezes faltavam pétalas, as vezes faltavam pedaços do chocolate. Era um jogo nosso. Ele arrancava uma pétala de duas em duas horas e mordia um pedaço de duas em duas horas. Isto significava que ele pensou em mim durante o dia. Sempre que olhava para a flor e para o chocolate, lembrava-se de que era para mim e pensava em mim. Chegava sempre na hora do jantar e depois de comer, fazia-me contar do meu dia e eu ouvia-o a falar do dele enquanto terminávamos o chocolate ou atirávamos as pétalas pela janela. Riamo-nos horas a fio e não tínhamos necessidade de sexo para manter o carinho, até eu mudar com ele. Comecei a sentir falta da paixão… já não era mais companheira e bocejava ao ouvi-lo. Fugia de qualquer contacto físico porque sentia-me incestuosa ao beijá-lo visto que a nossa relação era como de dois irmãos. Ele afastou-se de mim e eu dele… as vezes procurava-me durante a noite mas eu já não o queria.

Frederico – Tu e ele tinham tudo para serem o casal mais feliz do mundo… sem brigas…

Paula – Quando eu mudei, começaram-se as brigas. Eu embirrava com tudo o que ele fazia.

Frederico – Mas ainda bem que entre nós há amor… amor verdadeiro. (Abraça-a e beija-a).

(Telmo e Olga chegam à cozinha e encontram Nina a esfregar o chão. Ela compõe-se ao vê-los).

Nina (levanta-se do chão e ajeita a saia do uniforme) – Precisam de alguma coisa? (Olga não diz uma única palavra, apenas corre e abraça-a. Nina fica desconcertada) Senhora?

Telmo (Pega nas mãos de Nina) – Querida, tu cresceste sozinha, sem mãe, e pai… cresceste acreditando estar sozinha no mundo ou que os teus pais não te queriam, não é?

Nina (sem perceber nada) – Sim, mas… como sabem de tudo isso? E porquê me vêm falar?

Olga (a chorar) – Porque tal e como cresceste sem pais, nós estivemos sem a nossa filha. (Acaricia-lhe os cabelos) Nina, querida… tu és… tu és a nossa filha!

Nina (assustada) – O quê? Não… isto é impossível… eu… eu não posso eu… como?

Telmo – Sabemos que isso pode ser duro e repentino mas… é a verdade, minha filha!

Nina – Eu? Vossa filha? Mas então… como eu fiquei tantos anos longe? Como?

Olga – Porquê a Dolores roubou-te e disse-me que havias nascido morta.

(Nina estava incrédula. Fora injusta com o seu desejo de se vingar da Paula todo esse tempo).

FIM (CAP 93)


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