Duas Faces - Continuação escrita por Palloma Oliveira


Capítulo 38
Capitulo 83




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/547803/chapter/38

Capitulo 83

(Victoria está desconcertada com a proposta do Frederico e mantem a expressão indignada).

Victoria – Olha, Frederico, vou-me virar para o lado e fingir que não ouvi nada.

Frederico – Victoria, é o ideal… olha, para que saibas, há dois meses que mandei reformarem a nossa casa no México. Depois do incendio, só sobraram ruinas. Agora já deve estar pronta. Podemos voltar a morar lá com os nossos filhos… como antes.

Victoria – Como antes? Quando nós os dois vivíamos frustrados e infelizes num casamento de fachada? Como quando eu estava sempre cheia de amantes para fugir da tua frieza? Queres voltar a quando meus filhos viviam tristes e insatisfeitos com esta mãe que têm?

Frederico – Oh, Victoria! Também não vivíamos assim num inferno como pintas.

Victoria – Era muito pior… e agora ainda há de ser. Terça-feira dás-me o divórcio e ponto final.

Frederico (puxa-a violentamente) – Para quê? Para correres aos braços do Cesar?

Victoria – E se for? Estarei livre, ou não? Ele é o homem que eu amo e que me ama.

Frederico – Se te amasse como dizes, teria contactado contigo durante este mês e meio.

Victoria – Impossível… tu e o Telmo mantiveram-me sob vigilância. Frederico, até os telefones da casa mandaste cortar. Eu nem sair posso sem que tu ou ele estejam comigo.

Frederico (nervoso) – Mas… tu prometeste-me que te dedicarias à mim durante este luto.

Victoria – Um mês e meio foi suficiente. A esta hora, o Cesar deve estar a pensar que eu já não o amo mais… pobrezinho do meu amor. Ele precisa de mim e eu dele… tu és um egoísta.

Frederico – Eu? Mas eu preciso que estejas comigo, Victoria… e os teus filhos também.

Victoria – Chega desta chantagem emocional, Frederico. Um dia eles vão-se embora e eu fico… não vou padecer neste casamento infeliz só porque tu não consegue superar uma perda.

Frederico (põe-se sobre ela) – E se tentássemos… não sei… voltar a ser marido e mulher?

Victoria (atira-o para o lado e levanta-se da cama as pressas) – Vou para o meu quarto.

Frederico – Não, Victoria, não vás embora! Espera… (Frederico, com tanta petulância, condenou-se a dormir nas sombras do quarto triste outra vez. Victoria entra no quarto aflita e espantada. Pergunta-se como ele foi capaz de fazes aquelas duas propostas irresponsáveis: continuar casados? Deitarem-se como marido e mulher? Era o ultraje… que horror estava a viver. Aquele casarão que mais parecia um castelo assombrado, prisioneira de um rei ressentido, dos filhos malcriados e do mordomo fiel ao rei. Veste-se, pega na bolsa e sai porta a fora naquele breu da noite sem rumo ou objetivo. Apenas sabia que não poderia ficar sob o mesmo teto que Frederico. Em Lisboa, Cesar revira-se na cama mas não consegue dormir… tem pesadelos em que perde a sua Victoria para um homem de capucho negro e capa. Levanta-se e esfrega o rosto agoniado. Olha pela janela e vê um carro estacionado que tem os faróis ligados. Estranha o facto de haver um veiculo aquela hora e naquele bairro tão particular. Põe o hobby e sai desconfiado, mas o carro já está desligado. Olha para a porta principal e vê uma pessoa que tentava entrar. Ele aproxima-se sorrateiramente para ver se é um ladrão).

Cesar (surpreende) – Quem és tu? (A pessoa vira-se e ele tem uma surpresa). Victoria?

Victoria (abraça-o desesperada) – Meu amor… finalmente consegui ver-te, minha vida.

Cesar (apertando-a nos braços) – Minha vida… que fazes aqui a esta hora, meu bem?

Victoria (beija-lhe o rosto e sussurra) – Estou fugida, meu amor… escapei daquela prisão.

Cesar (sem entender) – Meu amor, do que estás a falar? Explica-me!

Victoria – O Frederico e o Telmo mantiveram-me sob vigilância durante este tempo todo. Mandou que fossem desligados os telefones da casa e eu nem podia sair sem um deles comigo. Telmo esteve sempre a vigiar-me para que eu não te pudesse ver.

Cesar – Mas isto é terrível. Porquê fizeram-te isto, minha vida?

Victoria – Frederico começou a ver em mim a Paula e Telmo aproveitou-se disso para me transformar nela. Livraram-se das minhas roupas e tive de adotar este estilo. Semelhante ao dela. Meus hábitos foram substituídos por dotes de etiqueta… era horrível.

Cesar (abraça-a forte) – Pronto, meu amor… já acabou. Não chores mais, meu bem que eu te vou proteger. Pareces um cãozinho assustado. Vem para dentro!

Victoria – Não! Ninguém pode saber que estou aqui… leva-me para a casa dos Olivais.

Cesar – Se querias ir para lá, porquê vieste aqui primeiro?

Victoria – Para ver-te e pedir que fosses dormir comigo. Não queria dormir sozinha.

Cesar (beija-lhe a boca apaixonadamente e aperta-a nos braços fazendo-a estremecer de paixão) Vai para o carro e espera-me lá que eu me vou vestir.

(Cesar leva-a para a casa onde, por tempos, foram amantes. Ela entra a sorrir e vai direto ao quarto. Cesar entra logo a seguir e abraça-a por trás. Ouvir: Laura – Viveme con Alejandro).

Victoria – Lembras? Este era o nosso quarto… o mesmo que vínhamos para nos afastar de tudo e de todos… (suspira) E estar a sós… sozinhos tu e eu.

Cesar – Como poderia esquecer? Entre estas quatro paredes, fizeste-me tão feliz… (Já iniciam-se aqueles quentes beijos no pescoço que a vão fazendo suspirar e arrepiar-se. Vira-se para ele e recebe os beijos que tanto lhe fizeram falta durante este tempo triste que estiveram separados. Cesar pega-a ao colo e leva-a para a cama deitando-a sobre o leito adormecido que já se acendia naquela presença divina de dois amantes fugitivos e apaixonados. Victoria não é de perder tempo e começa a tirar-lhe a roupa ao Cesar, que por sua vez deixa-se despir por aquela deusa faminta de amor. Olhos semicerrados fazem notar o êxtase, os suspiros suados delatam o prazer que se permitia mostrar entre aqueles lençóis macios. As pernas entrelaçavam-se a cada mudar de posição… poucas e de época, não havia vulgaridades entre aquele casal apaixonado e devasto. Apesar do fogo, a função que cumpriam de ato sexual, era perfeitamente desenhada em gestos majestosos que não pretendiam inocentar-se em contos de fadas. Um homem e uma mulher, desnudos numa cama, não são casados mas o amor é a sua valiosa aliança e nenhum papel legal poderia discordar daquele amor. Victoria arranhava-lhe as costas enquanto se lhe era penetrada a parte intima vistosa e macia. Dá leves e suaves gemidinhos que não escapavam das paredes. Depois de tanto pranto, fizeram o amor. Amanhece o dia, ainda mal nasceu o sol e Cesar desperta-se com Victoria já vestida para sair).

Victoria – Meu amor, levanta-te! Tenho que chegar antes que o Frederico ou o Telmo acorde.

Cesar (recosta-se a vontade) – Não, senhorita sorriso. Anda cá! Ainda é demasiado cedo.

Victoria – Não, meu bem! Vamos… levanta-te que já tenho que ir.

Cesar (puxa-a para a cama) – E nem o pequeno almoço tomas comigo, bebé?

Victoria (sorri com o “bebé”) – Não vês que agora vivemos vida de amantes? Sou uma mulher casada e o meu marido é muito zangado e desconfiado.

Cesar (deita-a quase violentamente) – Ah é? Então ele é muito zangado? Que venha… não tenho medo de córneos. Não me vão espetar. (Rir-se e beija-a como um louco).

Victoria – Gostas de viver no perigo? Assim… escondidinho como um adolescente?

Cesar – Gosto imenso de me sentir jovem e inconsequente… ainda mais ao teu lado.

Victoria (abraça-o e beija-o como uma doce ninfa) – Amo-te! Já disse-te isto?

Cesar – Ainda não… mas gostei de ouvir. Amo-te imenso, minha vida. Amo-te muito mesmo.

Victoria – Vá lá, amorzinho… havemos de nos levantar para não sermos apanhados.

Cesar (malandro) – Eu quero tomar um banho antes e depois quero namorar mais um pouco.

Victoria – Então ficas ai a tomar banho que eu tenho de me ir embora… e nada de namoro.

Cesar (prende-a) – Está bem, espera! Eu levo-te mas só se me prometeres que esta noite…

Victoria – Vou dar um jeito de vir, meu amor. Eu prometo mas não te garanto nada.

Cesar (beija-lhe o pescoço suavemente) – Então… para garantir… adiantemos agora.

Victoria (levanta-se a fugir) – Anoite, eu prometo, amorzinho. Mas agora não dá. Vamos!

Cesar (dá-lhe um beijo sufocante e deixa-a levantar) – É mais fácil se eu for até lá… que tal?

Victoria (abraça-o) – É o ideal para continuarmos com o nosso romance secreto.

(Victoria chega em casa ainda não são sete horas. Tira os saltos altos e vai a subir em pontas de pés quando é surpreendida por Telmo… quase desmaia de susto).

Telmo (agarra-a pelo braço e sussurra) – Onde raios esteve, minha senhora, durante a noite?

Victoria (solta-se dele) – Não foi durante a noite… levantei-me com as galinhas para caminhar.

Telmo – Claro que sim e eu sou um bebé que nasceu ontem. A sua cama está arranjada.

Victoria – Arranjei-a eu… é pecado querer fazer algo doméstico uma vez ou outra?

Telmo – Mas a senhora toma-me por estupido ou o que? Eu sei que não dormiu em casa.

Victoria – Olha, Telmo, vê lá como tu falas comigo. Não te devo satisfações.

Telmo – Mas ao meu amo sim e ele vai querer saber quando eu resolver contar-lhe.

Victoria – Não há nada para contares… não fiz nada, ouviste? (Deixa-o e sobre sem medo).

(Em Lisboa, Cesar entra em casa descontraído e contente, ao entrar esbarra-se com Dolores).

Dolores (a estranhar aquela alegria) – Ora esta… que tens tu para estares a cantarolar assim?

Cesar – Nada, tia. Um homem não pode estar feliz? Vou dormir que tenho sono.

Dolores – Sono? Mas a esta hora? Então não dormiste em casa e nem durante a noite?

Cesar – Chega de tantas perguntas, tia, que já não tenho quinze anos.

Dolores – Cesar, por amor da santa, não me digas que estiveste com aquela mulher!

Cesar (sem dar importância e a jogar com ela) – Está bem… eu não digo.

Dolores – Cesar! Não pode ser… mas tu andas, andas e paras no mesmo sitio.

Cesar – Tia, o que eu faço da minha vida é problema meu e passar uma noite agradável com a mulher que se ama, não é nem de longe regredir ou dar voltas como um tolo. (Retira-se).

Dolores (enfezada) – Desgraçada… eu tento acabar contigo e tu voltas à minha vida.

Nina (vem a entrar) – O quê que se passa, minha senhora?

Dolores – A maldita Victoria está de volta nas nossas vidas… tens que contactar a Patrícia e a Debora para tramarmos juntas algo que a possa separar dele outra vez.

Nina – Me perdoe, minha senhora, mas eu pude ouvir parte da conversa e reparei que ele queria esconder que esteve com ela. Acho que estão em anonimato porque ela não pode voltar para ele. Pela historia dos filhos e do marido… como a senhora havia me contado. Por isso, eu acho que não há o que se temer, visto que para esta casa ela nunca poderá voltar.

Dolores – Tens toda a razão, Nina… eles podem ser amantes mas eu não vou ter que a suportar em presença… (rir-se) Bem, com tanto que não me incomode…

Nina – Mas ela está feliz por estar com ele… e não é isso o que a senhora quer, pois não?

Dolores – Não… temos de a destruir como fizemos com a Paula… temos que a destruir!

FIM (CAPITULO 83)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Duas Faces - Continuação" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.