Duas Faces - Continuação escrita por Palloma Oliveira


Capítulo 28
Capitulo 73




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Capitulo 73

(Instalados no hotel, Frederico deita-se sobre a cama num ato de relaxamento e preguiça. Paula vê aquela ação e sorri para ele enquanto desfaz as malas).

Frederico (com uma voz manhosa) – Paulinha… (ela vira-se para ele) Deita-te comigo!

Paula (semicerra os olhos para as suas malandrices) – Ainda não são horas de almoço e já tens fome? (Rir-se) Vá lá! Levanta-te dai e pede algo que se coma… a comida literalmente falando.

Frederico (estica-se sobre os lençóis) – Não vou comer com este lábio ferido.

Paula (põe as mãos na cintura a olhar para ele) – Então vais morrer de fome ou o quê?

Frederico (senta-se e puxa-a para o seu colo) – Meu amor, como será daqui para frente?

Paula (abraça-o. Está preocupada) – Não sei… os teus filhos nunca me vão perdoar e os meus também não acredito. Mas o tempo tudo arranja. (Sorri e beija-o) O bom é que estás ao meu lado e juntos tudo é menos difícil de se enfrentar. (Ouvir: Rita – Preciso de Ti)

Frederico – Não importam os obstáculos… tu e eu ficaremos juntos.

Paula (sussurra-lhe, meiga, ao ouvido) – Meu Frederico, já perdoaste a tua Ofélia travessa?

Frederico (derrete-se com aquela voz doce) – Hum… ainda não! Ela está na condicional.

Paula (rir-se e deita a cabeça no seu ombro) – Com direito a visitas intimas?

Frederico (aperta-a nos braços) – Sim… mas só anoite… de dia os guardas não deixam.

Paula (rir-se e beija-o) – Parvo! (Tenta levantar-se mas Frederico deita-a sobre os travesseiros).

Frederico (sobre ela) – Então? Quem deu permissão à menina, de se levantar? (Beija-a e ela deixa-se beijar como se não tivesse controlo algum. Sempre entregava-se de toda aos beijos do Frederico. Sentia-se imóvel nos seus braços e mole com os seus beijos. A mão masculina, perversa e astuta, passeava por aquele corpinho pequeno e frágil até chegar ao destino desejado. Levanta-lhe a saia e acaricia-lhe a perna sedutora que elevava-se para que ele a pudesse apreciar e até beijos lhe dar. Paula suspirava arrepiada e estremecida por aqueles toques e aqueles beijos quentes. Frederico estava carinhoso como antes. Parecia que a raiva, a desconfiança e o rancor não existiam na presença daquela dama de alma pura que entregava-se àquele homem de alma sólida e rigorosa que derretia-se ao ouvir a doce voz da sua Ofélia. Frederico sempre tão sério e decidido, não tinha poder nem disposição de superioridade ao lado de uma flor tão frágil, meiga e delicada que só lhe exigia amor e amparo eternos).

Paula (com a voz tremula) – Meu amor, a estas horas do dia? Telmo pode bater a porta e…

Frederico (tapa-lhe a boca com um beijo) – E eu digo que estamos ocupados a fazer amor.

Paula (cora-se) – Não lhe vais dizer isso, por amor da santa!

Frederico (rir-se) – Beija-me, Paula, beija-me e faz amor comigo que já tenho saudades desta pele branca e perfumada… (cheira-a e suspira) Aí! Este perfume enlouquece-me, Ofélia minha.

Paula (abraçando-o sob ele) – Adoro quando me pegas ao colo e faz-me tua sem que eu me possa defender das tuas insinuações sedutoras. (Sussurra) Amo-te!

(Frederico afoga-a em beijos e ela desabotoa-lhe a camisa fina e fresca daquele paletó escuro. Frederico beijava-lhe o pescoço e despia-a lentamente desfrutando da fragância daquele corpo branco e macio de seda. Paula deixava escapar gemidinhos assustados com os atrevimentos de Frederico. Ele vira-a de costas para si, procurando apresentar-lhe diversidades sexuais que ela ainda não conhecia. Paula demonstra desconforto mas submete-se às vontades do seu homem como se o seu corpo fosse propriedade dele. Já desnudos, faziam amor sobre a cama estranha. Quem diria que num quarto alheio Frederico faria amor com Paula e não com a Ofélia, pela primeira vez, sob conhecimento de ambos, as verdadeiras almas uniam-se amorosas).

(Na “Toca”, ainda reinava um clima desgostoso. Cesar olha Victoria e percebe que a conhece pouco e que nada sabe do seu passado se não as migalhas que ouvira. Senta-se perto dela).

Cesar (pega-lhe a mão) – Victoria, conta-me tudo sobre ti. Conta-me do teu passado!

Victoria (a toa com aquele interesse. Indiferente quanto à revelação, ela decide contar) – Bem, o que há para se saber? Que eu me lembre, nasci no litoral e vivi sempre com os meus pais. Nós eramos muito humildes e pobres. Tínhamos uma casinha ao pé do mar, que o meu pai comprou com um dinheiro que recebeu de uns patrões, mas isso antes de eu nascer. Eu era como uma selvagem, quando criança. Andava mal vestida , suja, com os cabelos longos e descuidados. Sempre descalça e solta… tinha um macaco chamado “Oto”, ele estava sempre comigo. Como mal tínhamos o que comer e naquela altura era difícil de se conseguir emprego, eu ia à uma fazenda que ficava um pouco longe de casa. Lá eu roubava uns morangos e outras coisas até que um dia, um dos peões me apanhou e queria aproveitar-se de mim, então o Sérgio apareceu e me defendeu do peão. Sérgio era irmão de um dos donos da fazenda e advinha, apaixonei-me por ele. Mas quem era eu? Uma selvagem, uma morta de fome que não estava a altura do patrão, mas o Sérgio não ligava à isso e tratava-me sempre bem. Um dia, apareceram umas pessoas na praia e queriam fazer filmagens, viram-me e me convidaram porque eu era exatamente o que eles precisavam. Eu ganhei muito dinheiro e umas pessoas me deram aulas de etiqueta. Quando voltei à fazenda, soube que o Sérgio havia morrido numa caça matinal que fazia com o irmão. Fiquei destroçada… eu o amava. Mas a vida seguiu e quando percebi, já estava endinheirada e a viver na capital com os meus pais. Numa peça de teatro que estava a fazer, tinha eu uns dezoito anos já, conheci Frederico… ele estava na primeira fila, assistindo a peça e não parava de me olhar, soube que ele era filho dum milionário chamado Henrique Moreno… logo arranjaram o casamento e eu deixei as camaras. Frederico exigiu que eu fosse apenas atriz de teatro porque evitaria certas cenas sensuais. Tivemos três filhos e assim foi a minha vida… obedecendo-o e aceitando as suas exigências, até que um dia fartei-me e arranjei um amante. (Cesar olha incrédulo) O Lorenzo. Se não fosse ir à Paris e conhecer-te… ainda estaria com ele.

Cesar – Como o Frederico era no começo do casamento?

Victoria – Era carinhoso, atencioso, apaixonado… trazia sempre presentinhos… sem contar que procurava-me todas as noites. (Sorri) Depois do segundo filho a relação arrefeceu.

Cesar (segura-a pelo queixo) – A tua vida foi difícil… mas… e agora? És feliz ao meu lado?

Victoria (sorri e acaricia-lhe o rosto) – Contigo sinto-me num conto de fadas todos os dias.

Cesar (abraça-a e dá-lhe beijinhos ao pescoço) – Minha senhorita sorriso… e eu a pensar que nunca te teria nos meus braços, minha flor. (Ouvir: Laura – Viveme com Alejandro)

Victoria – E eu sou capaz de conhecer uns olhos bonitos e deixá-los escapar? Não senhor.

Cesar (vira-a para ele) – Amo-te, minha deusa, amo-te mais que qualquer coisa no mundo.

Victoria (beija-o docemente, abraçando-se à ele) – Eu também te amo, meu fidalgo português.

(No hotel, depois do ato de amor, Frederico levanta-se e deixa Paula adormecida sob a luz do sol da tarde e sai deixando um bilhete. Meia hora depois, Paula desperta-se e procura por ele ainda de olhos fechados mas depara-se com um travesseiro vazio. Levanta-se rapidamente, está assustada, encontra o bilhete e põe-se a ler com o coração aflito).

Paula – “Minha Ofélia, fui à Sintra transferir os meus negócios à Lisboa para, então, poder ficar ao pé de ti sem inconveniências. Aproveito para estar um bocadinho com os meus filhos, que estão desamparados… pobrezinhos! Não sei se volto ainda hoje. Fica bem e cuida-te para mim. Amo-te infinitamente, minha boneca de porcelana… com amor: Frederico.” (Suspira aliviada) E eu que pensava que ele me tinha abandonado outra vez. É uma boa oportunidade para eu resolver umas pendências que tenho com certas abutres.

(Num café em Lisboa, na Baixa Chiado, estavam Debora e Patrícia).

Debora – Nunca mais soubeste nada do tal Frederico… marido da impostora?

Patrícia – Não… depois que revelamos a verdade… nunca mais o vi. E tu viste o teu Cesar?

Debora – Ui… este é para esquecer. Não me quer… e já sabia de tudo, por isso…

Patrícia (toca o telemóvel e ela atende) – Estou sim, quem fala?

Victoria – Patrícia, querida! Há tanto tempo que não te vejo. Como estás?

Patrícia (tapa o telemóvel para ela não ouvir e diz à Debora, sussurrando) – É a Victoria! (Volta a lhe falar) Eu… eu estou muito bem… e tu?

Victoria – Com saudades da minha grande amiga. Quero ver-te hoje… pode ser?

Patrícia – Ah… hoje? Bem… é tão repentino, querida… mas posso dar um jeito. Onde seria?

Victoria – Num clube que fica na Expo… bem, lá tem massagens, tratamento de beleza… podíamos fazer “o dia das meninas” como sempre. Que achas?

Patrícia – Acho perfeito! Como se chama o tal clube, querida?

Victoria – Chama-se “Lótus do Tejo”. Espero-te as 17h e não me falhes. Adoro-te! (Desliga)

Debora (curiosa) – Então? O que ela queria? Discutiu contigo por teres dito tudo ao Frederico?

Patrícia (perplexa) – Não, não! Foi muito simpática e pareceu-me que ela não sabe a verdade.

Debora – Será? Mas se assim for… como sabes se não era a Paula ao telefone?

Patrícia – A Victoria tem uma voz mais grave e usa um tom sedutor e de superioridade… bem… vou indo que já são quase 17h. Só assim poderei saber o que ela quer. Adeus. (Retira-se)

(Ouvir: Tango Instrumental. Debora chega ao clube onde combinaram. Entra numa sala de massagens acompanhada por um empregado que parecia levá-la à um destino preciso e tramado. Patrícia está apreensiva e nervosa, de repente ouve uma voz que chama por ela… vira-se e vê aquela mulher de roupas escuras e cabelo negro. Vestida muito elegantemente numa saia azul marinho com um blazer de cor bege, uns sapatos a portuguesa, negros com uma sutil fivela dourada. Usava um casaco de pele negro, muito formoso. Ela aproxima-se de Patrícia com um sorriso amedrontador e confiante. Trazia na mão uma caixinha de veludo, como essas que guardam joias).

Victoria – Patrícia… querida! (Dá-lhe um abraço) Que prazer é ver-te.

Patrícia (nervosa) – Sim, querida amiga… um prazer para mim também. E esta caixinha?

Victoria (olha e sorri) – Foi um presente do meu marido. (Abre-a e esbanja um anel de esmeralda cuja a pedra era tão grande que seria notada a longa distancia. Victoria põe no dedo e entende-lhe a mão para que ela o visse) Gostas? Frederico que me o deu.

Patrícia (fica desnorteada ao ouvir aquilo) – O Frederico? Mas…

Victoria – Mas o quê? Ah… sim! Achavas que ele me ia deixar por uma cusquice tua? (Rir-se) Querida… Frederico me ama e eu amo-o também. Ele não vai ficar nem contigo e nem com a impostora… porque ele é meu. Eu não quero o Cesar… nunca o quis. Eu quero o Frederico e ele será meu outra vez… nem tu nem a outra poderão tirá-lo de mim. Admira-me muito a tua traição… contar-lhe a verdade? Não… isso foi errado. (Vira-se de costas para ela) Gostaste mesmo do meu anel? (Rir-se) Ele será útil. (Num subido, Victoria dá-lhe uma bofetada com a mão do anel fazendo com que a pedra acertasse-lhe o olho. Patrícia cai ao chão) Vagabunda!

Patrícia (com a boca a sangrar) – Estás louca, Victoria? Solta-me!

Victoria (põe-se em cima dela e dá-lhe bofetadas sem que ela pudesse se defender. Diz aos gritos) – Falsa, concubina, meretriz dos diabos, cortesã oferecida! (Dá-lhe tapas, um atras do outro e repetidamente. Patrícia estava com o rosto a sangrar enquanto grita por ajuda mas ninguém aparece e Victoria bate-lhe deixando-a moída ao chão, levanta-se e põe-lhe, com o pé, o salto no pescoço) Da próxima vez tu pensas antes de fazer estupidez… porque pode ser bem pior do que isto… porque eu sei ser fina, mas eu também sei ser chave de cadeia. (Victoria vai ao espelho e cantarola tranquilamente… até que… tira a peruca negra e revela-se como Paula… sim! Paula fez Patrícia pagar por todas as suas falcatruas em minutos).

FIM (CAPITULO 73)


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