Duas Faces - Continuação escrita por Palloma Oliveira


Capítulo 27
Capitulo 72


Notas iniciais do capítulo

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Capitulo 72

(No quarto, ainda sob um mistério de gritos não solucionado, reina um clima desconfiado)

Frederico (abraçado à Paula) – Paula, meu amor, tens a certeza de que não se passou nada?

Paula (nervosa, a temer por Victoria) – Já disse que não houve nada. Eu estou bem.

Frederico (beija-lhe a mãozinha fria) – Anda! Vamos deixá-los a sós. (Retiram-se).

Cesar (olha-a desconfiado) – Victoria, o que foi aquilo lá na sala?

Victoria (aflita, senta-se na cama de costas para ele) – Quando te vi a fazer-lhe meiguices, não consegui conter os ciúmes. Eu fiquei enfurecida.

Cesar – Sabes que não tens motivos para isso. Não conheces a minha historia com a Paula.

Victoria (vira-se a chorar) – Não a conheço e não acredito que seja motivo suficiente para seres tão carinhoso com ela e me deixares de lado como tens feito desde que ela veio para cá.

Cesar – Como és capaz de declarar tal infâmia se esta noite mesmo eu tomei-te nos braços?

Victoria – Paixão ardente não é amor verdadeiro, Cesar!

Cesar (indignado) – Tu sabes lá dos meus sentimentos? Se não te amasse não te teria ido buscar no frio e na chuva, não teria enfrentado o teu marido, como o fiz. Dei tudo por ti e não te foi suficiente para me teres confiança? Então, Victoria, que mais ei-de fazer? Tenho um cuidado e um carinho pela Paula que tu não saberás compreender com esse coração fechado.

Victoria (aos gritos) – Eu estou sozinha, sozinha! E ela tem tantos a sua volta… por isso eu a…

Cesar (agarra-a nos braços) – Tu o quê? Diz-me, Victoria, diz-me o que lhe fizeste!

Victoria (nervosa) – Foi num ato de impulso, Cesar. Não pensei quando o fiz… eu juro-te!

Cesar (impaciente) – Victoria… diz-me o que lhe fizeste! Diz-me já!

Victoria (descontrola-se) – Atirei-a ao chão! Eu estava nervosa e não sabia o que fazia… eu…

Cesar (dececionado. Larga-a como se tivesse repugnância) – Eu… eu não acredito que foste capaz de tal crueldade. Não vês que ela está doente? Frágil? Como pudeste?

Victoria (desaba-se) – Eu fiz sem pensar! Estou sozinha… (chora desesperada) Não tenho meus filhos comigo… perdi-os para sempre. Ela tem o Telmo, o Frederico… e a ti, a única coisa que me restava eras tu e agora estás mais preocupado com ela… e eu, Cesar? Achas que também não sofro? Eu estou sozinha e ela tem tantos ao seu lado. Eu preciso de amparo também. Sinto-me abandonada, sinto que não faço falta, que não interesso. Sinto-me só. Sabes como eu fico cada vez que a tratas com carinho? Ela é a esposa e eu sou o que? Nada!

Cesar (abraçando-a) – Não digas isso que não é verdade. Tu és tudo para mim… és o meu bem mais precioso. Victoria, durmo e acordo a pensar em ti. Volto para casa a correr porque quero um beijo teu, o meu dia só começa quando ouço a tua voz, e a minha felicidade é um sorriso teu. Eu te amo mais que tudo neste mundo… desculpa se deixei-te de lado, pensei que estavas no mesmo sentimento que eu… eu não amo mais a Paula há muito tempo… e nunca a amei como um homem ama uma mulher. Paula sempre foi para mim como… como alguém de quem eu deveria cuidar. (Suspira) Victoria… se o soubesses… se soubesses as tristezas daquela senhora de aparência tão forte que não passa das sombras duma menininha órfã e triste. Ouve o que eu te vou contar e toma atenção! (Cesar sentou-se na cama e Victoria sentou-se junto à ele abraçando-o) Eu nasci e cresci no bairro de Alvalade, naquele casarão onde foste viver comigo. Ao lado, havia um palacete dum senhor muito rico que tinha uma filha pequena. Este senhor enviuvou prematuramente e ficou sozinho com a sua filhinha, a menina Maria Paula. Eu era muito pequenino mas já ouvia as pessoas comentarem sobre a sua solidão. Choviam senhoras da alta sociedade, loucas para tornarem-se madrasta da pequena princesinha. Após uns quatro anos, eu vi um homem chegar ao palacete, Telmo. Este homem estava sempre com ela porque o pai viva em viagens de negocio e a pobrezinha perdurava abandonada vivendo aos cuidados da criadagem. Quando fez oito anos, a pobre daminha perdeu o seu rei e Telmo foi encarregado de cuidar da sua fortuna. Quando ia para o jardim com os amigos do bairro, podia ver a Paula a espreitar da sua varandinha coberta por videiras a segurar uma boneca de porcelana que tinha os cabelos tão louros quanto os seus. Ela olhava e olhava, desejosa de juntar-se à festa e às brincadeiras e quando eu sorria ela escondia-se como um ratinho assustado… então vinha o Telmo e levava-a para dentro. Nunca deixou que ela se misturasse connosco. Estudava num colégio que ficava nos arredores de Lisboa. Tudo fez para mantê-la longe. Entre aulas de piano, ballet, francês, alemão, mandarim, pintura, canto e violino, lá estava ela sempre sozinha e triste, até que um dia, com um telefone destes feitos com lata e barbante eu consegui fazer-me o seu primeiro amigo. Aos dezoito anos, ouvi o seu choro que vinha do quarto. Implorava ao Telmo que não se fosse embora, mas ele a deixou e eu corri para dento do palacete e foi a primeira vez que senti o calor do seu abraço entristecido. Casamos pouco mais de dois anos depois… eu só queria cuidar dela.

Victoria (emocionada) – Pobre dela… sempre sozinha e sem alegrias. Então é por isso que tens tanta raiva do Frederico. Porque ele fez aquilo que evitaste por anos… destroçá-la. Eu arrependi-me no mesmo momento, Cesar… mas estou a sofrer tanto se não mais que ela.

Cesar (dá-lhe um beijinho) – Não penses mais nisso, meu amor! Tens razão… ela tem muitos ombros para apoiar-se. Eu serei só teu e só para ti, meu amor!

Victoria (abraça-o forte) – Não vai trabalhar. Eu não quero ficar nesta casa com o Frederico.

Cesar – Não ficarás. Tens a Paula e o Telmo ou podes sair e fazer algo que queiras. (Levanta-se e sai. Ao chegar a sala encontra Frederico e, violentamente, agarra-o pela gola da camisa) Ouve o que eu te vou dizer, mas ouve com atenção! Se fizeres a Paula derramar mas uma gota de lágrima infeliz, eu meto-te uma bala na cabeça. E mais um recado: se encostares um dedo na Victoria, um só dedo de violência… desejarás nunca ter nascido.

Frederico (empurra-o) – Eu não tenho medo de ti e sobre a Paula… ela é minha agora e não te metas entre nós os dois. Quanto a Victoria, eu tenho pena de ti por que neste jogo eu sai a ganhar… porque não fiquei com uma… uma prostituta!

(Cesar descontrola-se e golpeia-o. Frederico levanta-se do chão e vai para cima de Cesar aos socos. Já se vê sangue escorrer pelos rostos, os dois rolam no chão como selvagens que brigam por comida. Cesar dá-lhe socos na barrica e Frederico empurra-o em direção à mesa. Cesar cai ao chão mas logo levanta-se e imprensa-o à parede e Frederico dá-lhe chutes, Telmo chega e separa-os como pode, Paula e Victoria entram a correr. Paula segura Frederico com a ajuda de Telmo e Victoria põe-se a frente de Cesar. Estão aflitas e desesperadas).

Cesar (aos gritos) – Tu não ofendas a minha mulher, cabrão de merda!

Frederico (sarcástico e provocativo) – A tua mulher é mulher de muitos, oh chulo!

Paula (nervosa) – Frederico, já basta! (A puxá-lo para longe) Anda, vamos!

Cesar (a tentar atacá-lo) – Foge, covarde, foge já que não és homenzinho.

Victoria (intrigada e enfurecida) – Cala-te! Cala-te, homem, pelas dores de Jesus Cristo!

Frederico – Segura-o, Victoria! Segura-o porque ele não gosta de ouvir as verdades.

Cesar (descontrola-se e vai para cima dele) – Desgraçado! (Telmo segura-o)

Paula (agarra no Frederico) – Vamos para o quarto. Anda! (Retiram-se)

Telmo (para Cesar) – Os senhores parecem gorilas! Pena que não pude manter a minha senhora longe do seu alcance por muito tempo… não passaria tantos desgostos.

Victoria (a puxá-lo) – Vem! Vamos para o quarto conversar. Vais me explicar tudo.

(No quarto, Frederico estava sentado na cama, nervoso e com o lábio a sangrar).

Paula (irritada) – Mas o que foi aquela pouca vergonha? Vocês estão a ficar loucos?

Frederico (levanta-se) – Ele começou. Veio para cima com ameaças… disse que me ia matar.

Paula (incrédula) – Matar? Ele disse-te isso? Porquê estas ameaças?

Frederico – Olha, sei lá eu… disse que se eu te fizesse infeliz ou que se encostasse um dedo à Victoria, estava morto. Eu lhe respondi a altura e ele não gostou.

Paula – Que lhe disseste, para deixá-lo assim tão irado?

Frederico – Não disse nenhuma mentira. Falei que a Victoria era uma qualquer…

Paula (perplexa) – E achas isso pouco? Frederico, eu sou igual a ela nos pecados… se a insultas estás-me a insultar também. Cesar tinha toda a razão de refilar contigo.

Frederico (chateia-se) – Ah! Então estás do lado dele, agora?

Paula – Não importa de que lado estou… (aproxima-se dele e toca-lhe o lábio. Frederico resmunga de dor) Olha como ele te deixou… eu cuido disso.

Frederico – Deixou nada… vai lá ver como eu o deixei. Está com o nariz quebrado… aposto.

Paula (pega nuns algodões e álcool) – Anda! Senta-se aqui para eu curar-te.

Frederico (senta-se junto dela) – Aí! Cuidado, amor… está a doer.

Paula – É para deixares de andar as turras como um moleque de rua… parecem miúdos da primaria que não sabem se comportar. (Põe-lhe o curativo) Pronto! Já está.

Frederico (manhoso) – Agora dás-me um beijinho no machucado para curar mais rápido.

Paula (sorri) – Malandreco! Tu não mereces mas eu dou-te um beijinho. (Dá-lhe).

Frederico – Tudo fica melhor com os teus beijinhos, minha Ofélia. (Levanta-se) Faz as malas. Não ficaremos um segundo mais que seja nesta casa.

Paula – E para onde nós iremos? Eu só tenho a casa de Cascais, mas é do Cesar também.

Frederico – Vamos para o hotel que ficamos hospedados da ultima vez. Avisa o Telmo!

Paula (levanta-se) – Sim, querido! Como desejares. Vai adiantando as coisas. (Sai do quarto).

(No quarto, Cesar caminha do lado para o outro e Victoria tenta acompanhá-lo para limpar o sangue que lhe sai pelo nariz. Está nervosa e ofegante)

Victoria (a limpar-lhe o sangue) – Acalma-te, meu amor. Deixa-me limpar isto!

Cesar (nervoso) – Ele que saia desta casa ainda hoje. Desgraçado. Não sei como foste capaz de estar casada com ele por tanto tempo. (Sente dor) Victoria, cuidado com isto!

Victoria (põe-lhe o remédio ao nariz) – Pronto. Isto deve resolver. Oh! Meu amor… coitadinho.

Cesar – Coitadinho nada! Já viste como eu o deixei? Vai na sala e ás-de encontrar os seus dentes no tapete. Maldito seja! Quem ele pensa que é para ofender à minha mulher?

Victoria (beija-lhe o queixo) – Defendeste-me como um leão… adoro quando estás uma fera.

Cesar – Divorcia-te dele o mais rápido o possível antes que eu o mate!

Victoria (sussurra) – Ficas tão sexy quando estás zangado… (beija-lhe a boca) Eu vou ver se a Paula está bem. (Levanta-se e sai. Encontra-a no corredor) Então? Como ele está?

Paula – Furioso… mas anda cá que tenho uma coisa para contar-te. Sabes quem revelou ao Frederico a historia da troca? A tua amiguinha Patrícia e aquela tal de Debora.

Victoria (fica abismada) – Não acredito! Desgraçadas… mas elas vão me pagar.

Paula – Podes crer que sim. Comigo ninguém brinca… desta vez elas foram longe demais.

Victoria – E o que havemos de fazer com elas?

Paula – Espera para veres! Eu não vou deixar barato esta façanha.

FIM (CAPITULO 72)


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