Duas Faces - Continuação escrita por Palloma Oliveira


Capítulo 22
Capitulo 67




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Capitulo 67

(Francisco e Cristina ficam desnorteados. Jamais poderiam imaginar tal atrocidade)

Francisco – Então… basicamente tu abandonaste os teus filhos para viver a vida desta… desta substituta? Mãe… meu Deus… eu nem sei o que dizer.

Cristina (a chorar) – Somos assim tão ruins para nos trocares por outros filhos?

Paula (abraça-os forte) – Não, meus pequeninos. (dá-lhes beijinhos) Não é isso, meus amores! A mamã seria incapaz de trocar-vos por outros. Eu fiz aquilo para… não sei… para viver uma fantasia, uma aventura que tinha prazo dum ano. Sim, eu voltava num ano. Eu pensava em vocês todos os dias e houve momentos em que quis destrocar com a Victoria, porque é assim que ela se chama, quis destrocar porque já não podia estar sem os meus malandrecos.

(Soltam-se dela e olham-na com um ar de repugnância e reprovação que ela nunca antes havia sentido deles. Ambos choram desapontados e a sentirem-se abandonados)

Francisco (sem a olhar nos olhos) – Mãe… mãe, vai-te embora, se faz favor!

Cristina – Sim… nós não queremos voltar a ver-te…. nunca mais.

Paula (desata a chorar) – Não… filhinhos, por favor! Eu amo-vos… sei que cometi um erro imperdoável mas eu estou a dizer a verdade! Por favor, não me abandonem.

Francisco – Tu não tiveste piedade em nos abandonar, nós também não teremos contigo.

Cristina – Vai viver a tua liberdade! Estás livre dos teus filhos, mamã.

Paula – Não me façam isto! Pelas dores de Jesus Cristo, não me humilhem desta forma. Eu vos imploro perdão e piedade. Por favor não me atirem aos gates de varanasi, não rechacem a vossa mãe que vos pôs no mundo e que tanto amor vos a dado.

Cristina – Sim, sim… a mesma mãe que abandonou os filhos deixando-os em mãos estranhas.

Francisco – Só diz-nos uma única coisa: o pai já sabe disso?

Paula – Sim… e ele foi atras da outra… da Victoria. Ele a ama e foi busca-la para si.

Francisco – Como? E ele está disposto a aceitar esta situação?

Cristina – Não… não pode ser! Nós não queremos uma madrasta e muito menos esta… impostora… mentirosa que fez-nos de estúpidos durante tanto tempo.

Paula – Não, não, meu filhos, estão enganados! Victoria é boa… talvez um bocado desbaratada, mas é boazinha. Não faz mal à uma mosca. Não é má.

Francisco – Não importa se é boa ou se é má. É mentirosa… enganou-nos. A atitude das duas é imperdoável. Mãe, pela ultima vez, vai-te embora que não te queremos mais aqui.

Paula (a acalmar-se mas ainda afogada em lágrimas) – Está bem, meu amores. A mamã já se vai. (estende-lhes um papelinho) Este é o endereço do hotel onde vou ficar. (o mesmo que ficou com Frederico) Se quiserem saber de mim, já sabem onde buscar. (vai a sair)

Cristina – Mãe! (Paula vira-se esperançosa) Nunca buscaremos por ti.

Paula (chora ainda mais destroçada) – Mesmo assim, esperarei por vocês. Amo-vos! Amar-vos-ei até o fim dos meus dias, ainda que me deixem cair no vosso esquecimento. (retira-se)

(Cesar entra no Ramalhete aos gritos, chama por Victoria. Frederico aparece)

Frederico (assustado) – Quem és tu? Porquê entras na minha casa aos gritos? (lembra-se de quando tomaram uns copos num bar em Paris) Acho que conheço-te de algum lado. Nós tomamos umas tequilas em Paris, há uns meses… estávamos ambos a sofrer por amor.

Cesar Sim… sim, é verdade… eu lembro-me agora. Sou Cesar Ferreira. (Frederico fica perplexo ao ver o marido de Paula)

Frederico (abaixa a cabeça) – O que é o destino? Tu…. Tu és o marido da Ofélia? Digo… Paula…

Cesar – Sim… e eu estou a procura da Victoria, onde ela está?

Frederico – Aquela desgraçada mulher já não vive sob este teto. Foi expulsa pelos filhos.

Cesar (desespera-se) – Não… mas… mas onde ela está? Para onde foi? (assume uma postura rígida e soberana) Onde está o seu marido? (ele não reconhece Frederico porque pensa que o marido de Victoria é o homem da foto, ou seja Lorenzo)

Frederico – Pois aqui estou. Sou Frederico Moreno, marido de Victoria Moreno.

Cesar (confuso e incrédulo) – Tu? Mas… não pode ser… e o homem da foto? Ela tinha uma foto dum homem, numa gaveta e disse-me que era o seu marido…

Frederico – Se o homem da foto não era eu… meu caro, com certeza é um dos amantes.

Cesar (sente-se traído) – Ela mentiu-me… ela… o homem era um amante, afinal.

Frederico (estranha) – Não só mentiu nisto… (tira conclusões) Tu… tu já sabias que elas haviam trocado? (atira-se à Cesar e dá-lhe golpes) Tu és o seu cúmplice… (aos gritos) Tu ajudaste-as!

Cesar (defende-se e empurra-o) – Não é bem assim! Eu soube há pouco tempo… eu estava no hospital e vi-as no corredor a conversar. Pude logo somar um mais um.

Frederico – E porquê não disseste nada? Porquê não a atiraste à rua?

Cesar – Porque viver sem ela é pior que morrer. Eu a perdoo porque o meu amor é maior.

Frederico – Mas… mas será que não percebes? Ela enganou-te, mentiu-te!

Cesar – Foi por amor, Frederico, por amor! Sei que a Paula também o fez por amor… não sei… se calhar apaixonou-se por ti ou já estava farta de mim… não importa. Eu sei que foi por amor.

Frederico – Mas… como? Bem, a Ofélia… Paula, ainda entendo. Nós conhecemo-nos antes da troca… mas ela sempre escondeu o seu rosto e nunca disse o seu nome. Apaixonei-me por aquele perfume, por aquele voz doce… e ela apaixonou-se por mim… mas como trocaram?

Cesar – Que curioso… eu também conheci a Victoria antes da troca… e ela também escondia o seu rosto. Eu apaixonei-me por aquele sorriso, aquele jeito…

Frederico – Então mas… como isso aconteceu? Será que elas já se conheciam?

Cesar (tonto) – Eu não sei… já não entendo mais nada. Estou confuso… eu também nunca procurei saber nada. Estava tão enfeitiçado pelos encantos dela que nem pensei.

Frederico – Elas mentiram-nos sempre… tudo foi sempre um plano delas. Nãos achas muita coincidência que as duas escondiam os seus rostos?

Cesar (incrédulo) – Não! Victoria me ama, eu sei, eu sinto. Aqueles beijos não são mentiras.

Frederico – E como explicas o homem da foto? Ela disse-te que era o seu marido, quando não passava dum amante. Elas pensaram em tudo para fugir da própria vida e se eu não as tivesse descoberto talvez elas permanecessem assim para sempre.

Cesar – Não é verdade. Victoria disse-me que era só por um ano. Em um ano acabava.

Frederico – O quê? Um ano? Então a Ofélia… digo, a Paula só estava a divertir-se comigo!

Cesar – Eu não sei mais o que pensar. Estava tão seguro do seu amor e agora… como ela pode mentir assim? Enganou-me com a historia do amante e a minha tia estava certa… meu Deus! Não… eu tenho de ouvir isso dos lábios dela. Onde ela foi?

Frederico – Eu não faço a mínima… mas, Cesar, se queres um conselho, não a procures… ela não merece que a busques, é uma mentirosa e vai mentir outra vez para enganar-te.

Cesar – Não… eu só descanso quando a encontrar e ouvir a verdade dos lábios dela.

Frederico (Cesar vai a sair e ele intercede) – Ah… já agora… onde está a… a Paula?

Cesar (anota num papelinho o endereço e dá-lhe) – É nesta casa. (sai as pressas)

(Frederico nem pensa duas vezes e vai a procura de Paula. Ao chegar na velha mansão Ferreira ele entra e encontra os filhos dela na sala, a chorar)

Frederico – Olá! Eu sou Frederico Moreno. Bem… ah… a minha esposa, Victoria, ela… bem vocês já sabem. Eu estou a procura da vossa mãe, eu suponho que seja vossa mãe.

Francisco (levanta-se) – O que o senhor quer com a nossa mãe? Veio tirar satisfações?

Frederico – Na verdade… sim! Ela enganou-me e deve-me explicações.

Cristina (preocupada) – O senhor não vai brigar com ela, vai? Olha, sabemos que ela errou mas… mas ela é boazinha… não brigue com ela.

Frederico (admira-se) – É incrível… estão preocupados com ela apesar de tudo?

Francisco – É nossa mãe, senhor. Nós a amamos apesar de tudo e a protegeremos de si… se necessário for. Ninguém vai magoar a nossa mãe.

Frederico – Vocês são filhos perfeitos… os filhos da Victoria atiraram-na nos gates de varanasi.

Cristina – Nós… nós também pedimos à nossa mãe que se fosse embora.

Frederico – Eu percebo! E sabem para onde ela foi?

Cristina (mostra-lhe o papelinho) – Ela disse-nos que estaria aqui, neste hotel.

Frederico (deixa escapar um sorriso ao ver que é o mesmo hotel em que ficaram) – Ofélia… bem, eu vou atras dela, então. Foi um prazer conhecer-vos. (sai apressado)

(Enquanto isso, Cesar procurava, desesperado por Victoria. A tempestade caía com o céu sobre aqueles dois casais e aquelas duas famílias. Cesar perde-se e encontra-se num parque escuro e cheio de arvores. Ouvir: Laura – Viveme com Alejanro. Algures, avista Victoria, corre e abraça-a, beija-a apaixonado esquecendo-se das suas duvidas. A pobrezinha tremia de frio, nos seus braços e ao mesmo tempo refugiava-se no seu herói que a salvava da tempestade)

Victoria (a chorar) – Meu amor, minha vida… não deverias de ter vindo. Meus filhos me odeiam e a culpa e minha. Eu sou uma mãe malvada, Cesar!

Cesar – Não, não digas isso! Tu não és mãe malvada… erraste, mas não diminui o teu amor.

Victoria – Perdi-os para sempre, Cesar, perdi-os para sempre! (abraça-o forte)

Cesar – Calma, anda! Vamos embora… vais adoecer assim. (cobre-a com o paletó)

Victoria (refugiando-se) – Mas… mas para onde nós iremos?

Cesar – Para um hotel… amanhã resolvemos e conversamos melhor.

(Em Lisboa, Frederico chega ao Hotel, bate à porta e Paula abre-a, sente que o seu coração vai parar de bater, que a Terra vai parar de girar e que o céu vai cair. Ouvir: Rita – Preciso de ti)

Frederico (entra como um assassino a olhá-la nos olhos) – Olá… Paula!

Paula (tenta fugir mas Frederico prende-a nos braços) – Frederico, eu…

Frederico (segurando-a forte) – Tu não escapas de mim. Agora vais enfrentar-me!

(Sente-se a tensão no ar. Frederico, a medida que a segura, sente o odio queimar-lhe a alma, mas também, por está com ela presa nos seus braços, sente o amor derreter o seu coração congelado pelo rancor. O fogo do desejo é tão quente quanto o do odio, se não mais. Trocam olhares fulminantes e o desejo de se entregarem aos beijos é quase inevitável. Paula estremece e quase desmaia. Frederico aperta-a junto do peito e quase a toma para si, outra vez).

FIM (CAPITULO 67)


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