Duas Faces - Continuação escrita por Palloma Oliveira


Capítulo 2
Capitulo 47




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Capitulo 47

(Victoria está pasmada com o que ouviu de Paula. Olha-a com os olhos arregalados e Paula treme-se de vergonha… Victoria, sem palavras, começa a rir-se deixando Paula nervosa)

Paula (chateia-se) – de quê estás a rir? Não estou a ver a graça aqui!

Victoria (ainda a rir-se) – estou a rir da tua cara de nervosa e envergonhada.

Paula- tu és uma parva, sabias? Aliás, devias era de estar muito chateada pelo que eu disse.

Victoria- eu não! Por mim, vocês os dois casam-se para que o Cesar e eu possamos ficar juntos.

Paula- bem sabes que isto é impossível. Não há hipótese, se quer!

Victoria- tens razão… estamos condenadas ao sofrimento. (olha para Paula) Olha lá, mas porquê não aceitaste a proposta dele? Não queres? (sorri)

Paula (fica indignada) – oh… oh Victoria, mas tu achas que eu te vou dizer algo assim?

Victoria- qual o problema? Tu não falas da tua intimidade com as tuas amigas? (Paula abaixa o olhar e Victoria percebe algo) Tu… tu não tens amigas? (Fica triste por ela)

Paula- é que… eu não me dou muito com os meus colegas de onde trabalho… enfim!

Victoria (abaixa o olhar e segura nas mãos dela) – desculpa-me por te ter batido, aquele dia!

Paula (balança a cabeça positivamente, ainda de olhar baixo) – não faz mal… estavas nervosa.

Victoria- ainda assim… eu não deveria te ter feito aquilo. És tão sensível e meiga… como uma flor. Nunca levantas a voz e nem te exaltas… olha, não sei o que tens que me faz gostar de ti e querer o teu bem como se fosses… como se fosses do meu sangue… uma irmã. Bem… acho que esta situação tornou-nos muito próximas, então eu quero que saibas que sou tua amiga e que contas comigo para tudo. Não estás sozinha, tens a mim e ao Telmo. (sorri)

Paula (abraça-a) – obrigada, Victoria! É bom saber que conto com alguém! (demonstra aflição)

Victoria (percebe e preocupa-se) – que tens?

Paula- é que… antes de vir para cá, discuti com Frederico e ele disse-me que iria voltar para Sintra. Isso porquê eu não quis que ele viesse ao hospital, por razões óbvias.

Victoria- e não queres que ele se vá, não é? Olha, o Cesar já está bem melhor, eu fico com o Telmo e tu vais ter com o Frederico. Aproveita estes dias para estar com o homem que amas.

Paula- achas que devo? (Victoria acena positivamente) Está bem… vou ter com ele! (sorri) Se algo se passar, ligas! Adeus e obrigada por todas estas palavras de carinho (vai embora)

Victoria (Telmo chega-se por trás dela, ouviu a conversa, Victoria olha para ele) – vivemos num mundo paralelo… acabei de dizer à uma mulher que fosse se deitar com o meu marido? É isso?

Telmo (num tom de gozo) – os fins justificam os meios, minha senhora! (olha para ela e sorri)

(ouvir musica: Rita Guerra – Preciso de Ti. Paula chega ao hotel, às pressas, e sobe para o quarto a correr, quando entra, não encontra Frederico e entristece-se. Deita-se na cama e passa a mão suavemente sobre aqueles lençóis de seda pura, já arrefecidos do calor adormecido de Frederico. De olhos fechados e lamentos em prol de momento, quando sente pousar sobre o seu ombro uma mão cálida. É Frederico)

Paula (Victoria) (olha-o e atira-se nos seus braços) – esposo meu, adorado esposo. Felizes são estes olhos que te veem! Mas… não disseste que ir-te-ias já?

Frederico- de facto, mas decidi tardar-me um bocado… na esperança que voltasses.

Paula (Victoria) – e bem sabias que eu voltava, não é? Malandreco! (sorri seduzindo-o)

Frederico (beijando-lhe o pescoço, sussurra) – isto levar-nos-á à algum lado ou nem por isso?

Paula (Victoria) (já a entregar-se, pensa em Cesar) – queres conhecer Lisboa?

Frederico (olha-a) – sim, mas, depois! (beija-a e prende-a nos seus braços deitando-a na cama)

Paula (Victoria) (levanta-se) – meu bem, eu não consigo parar de pensar na situação do Telmo.

Frederico- compreendo! Mas tens de perceber que não faço de propósito… eu sou homem e preciso disto. (beijando-lhe o pescoço enquanto sussurra) Não consigo controlar-me.

Paula (Victoria) – está bem… mas… eu prometi-te que quando voltássemos, faríamos o amor.

Frederico- mas estamos aqui… neste hotel estupendo… com esta vista romântica! (leva-a até a janela onde se pode ver o rio Tejo) Vês? Até o Tejo inveja-nos. (beijam-se novamente)

(Victoria está sentada com Telmo)

Telmo- então… como está-se a sair como “Paula Ferreira”?

Victoria (Paula) – mal! Tudo o que eu faço lhes parece estranho. Esta mulher só se parece comigo a aparência, porque na personalidade… ah! Eu ganho.

Telmo- isto acontece porque vos não sabeis ser como minha senhora Paula.

Victoria (Paula) – e como eu posso saber ser a Paula?

Telmo- hum… eu posso ajudá-la, vamos! Vou ensinar-lhe tudo sobre ser uma dama europeia! (Telmo leva-a para um prédio desconhecido, entram num salão de ballet onde há um livro antigo de etiqueta. Victoria, sem perceber nada, entra com ele) Está tudo aqui no manual real de etiqueta britânica. Vamos começar? Pois bem! Aqui vão as instruções: Não é permitido resmungar, se gabar, suar, se queixar escorregar, mastigar alto, arrotar, alvoroçar, falar num tom de voz elevado, sentar-se de maneira desleixada, esbanjar nenhuma vez, esteja presente, seja agradável tenha altivez.

Victoria (Paula) – são demasiadas coisas para se lembrar… não há uma maneira mais fácil?

Telmo- talvez… diga-me: tem facilidade para decorar poemas ou qualquer coisa que rime?

Victoria (Paula) – por favor! Eu decoro textos de Hamlet, achas que não decoro um poema?

Telmo (ouvir musica: Bach – Anna Magdalena Minuet) – Temos de cortejar a prol, tem de ser firme e nunca mole, o dia inteiro sem recreio vai ter de ser, vamos treinar o seu sotaque, ombros atras e ao ataque, cumprimentar, as mãos usar, adeus dizer, encolher a barriguinha, dedo em cima, tudo em linha e a cabeça nunca mais descai, e respire, não suspire, que inspire e não core, um segredo dela nunca sai. Minha senhora vive um sonho de encantar, minha senhora nunca tem que repousar, e se uma foto, alguém tirou, fique direita como eu estou, fale e demonstre o que este servo lhe ensinou. Toque piano para o lorde, três notas fazem um acorde, cantarolar mas sem desafinar o tom. Sim, olhos doces com mel, e a sua pele, é mar de perfume, o odor como de uma flor, será o amor a razão do ciúme? Tem de ser firme então, estou advertir, se algo correr mal vai se lembrar de mim, ombros atras, eu não vou deixá-la em paz, é uma luta um esforço, o treino não tem fim. Minha senhora fará tudo o que quiser e o sonho de senhora, tu irás viver!

Victoria (Paula) – uau! Não pensei que fosse assim tão complexo e rigoroso, então…ela é assim o tempo inteiro? Não há um momento em que ela possa ser de outra forma?

Telmo (numa postura rigorosa) – de nenhuma maneira! Minha senhora é como uma lady.

Victoria (Paula) – esta educação… toda a gente por aqui, a tem?

Telmo- não senhora! Só os nobres como a família de D. Maria Paula têm esse direito.

Victoria (Paula) – e o que fazem para passar o tempo ou divertirem-se?

Telmo- bem… temos as corridas do hipódromo, temos teatro clássico, opera, jantares, festa da nobreza e toiradas… oh sim! E outros jogos intelectos como xadrez.

Victoria (Paula) (anima-se) – adoro xadrez! (vaidosa) Ninguém me pode ganhar! Bem… mas, não pode ser tão difícil ser uma lady britânica. Afinal, eu também sou uma dama!

Telmo (num tom de gozo) – é claro que sim!

Victoria (Paula) (percebe e chateia-se) – ah… não acreditas? Pois estás a olhar para aquela que interpretou Maria Monfort da obra “Os Maias”. Já fui a rainha Elizabeth… (com a cabeça erguida) Mil damas já fui, e se uma dama sou, uma dama serei!

Telmo- bravo! Bravíssimo! Um discurso impecável… agora eu quero ver ações.

Victoria (Paula) – em breve verás! Em breve…

(Enquanto isso, Fernando vai visitar Cesar no hospital)

Fernando- olha só para ti! Estás desgraçado, amigo. E tudo por causa duma mulher despeitada.

Cesar- cala-te, homem… e vem cá porque eu tenho uma coisa muito importante para dizer-te.

(Cesar conta à Fernando sobre o que ouviu enquanto estava em coma e falou das suas suspeitas respetivamente à suposta troca entre a sua esposa e a mulher que ama)

Fernando (assustado) – não, homem… tu não deverias que estar neste hospital… deverias era de estar num manicómio! Que história é essa de troca entre a Paula e essa outra mulher?

Cesar- então… se eu te estou a dizer que ouvi muito bem quando a Paula… a verdadeira, falou-me desta troca. E eu tenho outros argumentos que comprovam as minhas suspeitas: primeiro a “Paula” aparece de cabelos negros como o ébano, sendo que a vida toda, foi vaidosa pelos seus fios doirados. Está toda carinhosa e amorosa comigo… coisa que já foi há seis anos atras e nem era tanto assim. Depois, este súbito talento para a atuação, sendo que nunca foi do seu agrado estas maluquices de ator. E tem mais: não sabe cozinhar, não canta fado, não usa saias com tanta frequência, não toma o sagrado chá da tarde, não repreende mais a nossa filha, levanta-se sempre com vontade de ficar na cama, nos fins-de-semana dorme até as onze da manhã, toma tequila e o mais esquisito de tudo: ama-me e está apaixonada por mim como se me tivesse conhecido ontem. Agora, explicas-me isso?

Fernando (estupefacto) – bem… se calhar… algo lhe aconteceu e ela decidiu mudar por ti.

Cesar- ah… por favor, Fernando! Achas mesmo que ela faria isto? E assim, do nada? Não senhor! Esta mulher não é a Paula… estou quase seguro de que tenho razão.

Fernando- está bem… supondo e só supondo que o que dizes é verdade: porquê?

Cesar- bem, porque… me ama e por isso aproveitou-se para ficar comigo.

Fernando- tem lógica mas… e a Paula? Porquê o fez e onde está?

Cesar- então… elas trocaram. A Paula está com a família da Victoria e vise e versa. E o fez porque… ora, é óbvio! Ela não me ama, tanto é o seu desprezo por mim, que pôs em nossa casa uma mulher desconhecida… que por acaso eu amo.

Fernando- está bem… mas há ai qualquer coisa que não bate. Olha só: como elas se conheceram? Serão irmãs? Se sim: como tu não a conhecias? Se não: é possível que exista no mundo pessoas idênticas às outras sem serem do mesmo sangue?

Cesar- ai… eu não sei, não sei! Só o que sei é que esta, não é a minha esposa.

Fernando- bem… outra vez supondo que isto seja verdade… o que vais fazer?

Cesar- não sei… ela não me confessa. Continua a insistir na mentira.

Fernando- e se ela revela a verdade… vais perdoa-la? És capaz de perdoar esta traição e esta mentira? (Cesar fica sem saber o que dizer… começa a refletir sobre a situação)

FIM (DO CAPITULO 47)


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