Ellsworth - Uma nova Chance escrita por 1FutureWriter


Capítulo 3
Conhecendo a Cidade


Notas iniciais do capítulo

Hey people!!
Cheguaaaay! ;)
Tudo bem com vocês?
...
Tentarei postar toda quinta ou sexta, mas não garanto porque meu tempo é meio complicado okay?
...
Leitores novos, sejam bem vindos! :D
Personagens novos começam a aparecer!
Beijos e boa leitura!



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Quando eu finalmente consegui dormir, já era quase manhã, e eu juro ter ouvido barulho de galos cantando. Não, eu não estava errada, eram galos de verdade. Olhei para o relógio, e marcava ainda 5:30AM.

Tentei voltar a dormir, mas então o barulho ficou ainda mais alto. Para completar, eu ouvia barulho de portas batendo. Seria possível que aquela hora da madrugada tivesse alguém acordado?

Me enfiei debaixo dos travesseiros e fechei os olhos, e quando os abri eram 7:00 da manhã.

Ouvi algumas batidas na porta e me recusei a levantar. Como a porta estava destrancada, pedi que entrassem.

Uma senhora rechonchuda, de pele negra que devia beirar aos sessenta anos adentrou ao quarto, vestindo uma espécie de uniforme.

– Bom dia Srta Sullivan...

– Por favor, me chame de Haley. - pedi. Já era demais estar naquela casa e ainda ser tratada de um jeito tão formal.

– Certo. Haley, o Sr Michael está a sua espera.

– Que, quem? - perguntei sem saber quem era.

– O Sr Michael. O Sr Sullivan disse que ele lhe levaria para conhecer a cidade. - agora sim eu lembrava de quem ela se referia. Mas por que tão cedo? Não podia ser lá pelas 11:00 da manhã, tinha mesmo que ser as 7:00?

– O seu nome é...?

– Anna.

– Tá. Anna pode, por favor, pedir que ele espere alguns minutos até eu me trocar? - a senhora assentiu e saiu do quarto. Peguei uma roupa correndo, e fui para o chuveiro. Para minha desgraça, a água estava totalmente gelada, e não esquentava por nada.

Fiquei dando pulinhos dentro do box até que meu corpo se acostumasse com a temperatura fria da água, o que era praticamente impossível.

Assim que terminei o banho super-rápido, fui pentear os cabelos, e quando fiquei de frente pro espelho vi que tinha umas pintinhas vermelhas no rosto, provavelmente de picadas de mosquito. Como tinha alguém me esperando no andar de baixo não dei muita importância, terminei de me arrumar e desci.

O rapaz estava na cozinha, e parecia ter uma animada conversa com a Anna. Tinha um jeito meio rústico, mas isso não impediu de me fazer notar o quanto ele era bonito. Tinha os cabelos castanhos, cortados no estilo militar, usava barba, e seus olhos redondos eram tão azuis quanto as águas de um oceano.

A roupa que usava me parecia um tanto caipira. Uma bota de couro, calça jeans surrada, uma camiseta branca com uma xadrez de botões por cima.

– Então você é a tão falada filha do prefeito. - ele disse, estendendo sua mão - Me chamo Mike.

Espera. Mike? Mas o papai foi bem claro quando tinha dito Michael. Ele pareceu entender a dúvida que devia estar na minha mente, por que logo continuou.

– Quer dizer, Michael. Mas me chame de Mike.

– E porque eu te chamaria de Mike, se o seu nome é Michael. – perguntei, arqueando uma das sobrancelhas.

– É o meu charme! E eu prefiro o apelido.

– Desculpe Michael, mas eu não te conheço o suficiente pra te chamar por apelidos...

– Relaxa NI. Logo você se acostuma. - que diabos ele estava fazendo me chamando de NI?

– Meu nome é Haley! - eu disse firme, mostrando para ele que não gostava de apelidos.

– Sei seu nome, mas NI é mais prático!

– E por que NI, posso saber? - perguntei, cruzando os braços. Eu já estava irritada pelo fato de ter tomado um banho gelado assim que acordei, mas aturar esse cara ogro estava conseguindo tirar todo o resto de paciência que eu ainda tinha.

– Para alguém que vem da cidade, você até que é bem lentinha, não é NI? - ele respondeu, pegando uma maça da fruteira que havia em cima da mesa.

Dei um longo suspiro para não lhe responder de forma grosseira, e me concentrei no que estava fazendo.

Café era pra mim um calmante natural, então peguei uma xícara e enchi até quase transbordar. Sentei na mesma mesa em que o cidadão estava e comecei a beber o liquido depositado na xícara.

Notei que ele me fitava intensamente, e não fazia a menor questão de esconder.

– Que foi? - perguntei depois de um tempo.

– Estou esperando. Não tenho o dia todo pra te mostrar a cidade. - ótimo, além de tudo era um grosso.

Terminei de beber meu café da forma mais lenta possível, e ele realmente parecia não se importar muito, já que jogava conversa fora com Anna.

Levantei-me da mesa e fui até onde estavam.

Ele me olhou como se perguntasse "O que quer?" e eu o respondia com o olhar de "Já terminei".

Michael se despediu de Anna, e saiu pela porta de madeira que havia na cozinha sem me esperar, andando a passos largos.

Ele não falava muito. Apenas o necessário. Me mostrava onde ficava cada coisa, e pude reparar que todas as meninas que passavam por nós o cumprimentava de forma meio melosa, e me olhavam como se eu fosse uma espécie de ameaça.

– Esse é o preço de andar com alguém popular NI. - ele disse.

– Já disse que tenho nome!

– Sei disso, senhorita Haley Sullivan, mas prefiro NI, afinal você veio de Nova Iorque, certo? - antes que eu perguntasse de onde ele tirara essa informação, ele mesmo respondeu. - seu pai me contou algumas coisas a seu respeito.

– E o que mais ele disse?

– Bem, acho que só diz respeito a nós dois, não é mesmo? - ele disse com um sorriso sarcástico no rosto.

– Você é um idiota!

– E você uma marrenta. Agora vamos, tenho que ir trabalhar, e preciso te deixar em casa.

– Pode ir, eu me viro. - respondi malcriadamente. Novamente ele deu um sorriso sarcástico, deu de ombros, e me deixou ali onde estava. O problema nisso tudo é que eu não prestei muita atenção no caminho, e acabei me perdendo.

Andei por uma boa quantidade de tempo e acabei parando em uma praça. A cidade era pequena sim, mas eu não conseguia achar o caminho de volta.

Sentei-me em um banco para descansar os pés, e tirar um pouco da raiva que eu estava sentindo. Fiquei ali por um bom tempo até que uma garota praticamente se jogou do meu lado.

Ela resmungava alguma coisa que eu definitivamente não conseguia entender.

– Dia ruim? - perguntei.

– O pior! E olha que não são nem meio dia.

Ficamos caladas por um longo período de tempo, até que ela quebrou o silêncio.

– Me chamo Carlla. - ela disse.

– Haley.

– Eu sei, você é a filha do prefeito. - mas será possível que todos ali me conheciam?

– E como você sabe?

– Bem, não que eu me interesse por isso, mas é o comentário em toda a cidade, e como você é a única pessoa nova, deduzi que fosse você. - ela deu de ombros.

Novamente o silêncio. Já estava ficando incomodada quando mais uma pergunta surgiu.

– Você não acha estranho, quer dizer, todos te conhecem, mas você não conhece ninguém.

– É realmente muito estranho, e constrangedor. Acredita que um idiota me chama de NI? Só porque eu sou de Nova Iorque não quer dizer que goste de apelidos.

– Quem foi esse? - ela perguntou curiosa.

– Um tal de Mike, Michael, sei lá.

– Ah eu sei quem ele é. O nome dele é Michael, mas ele acha muito formal, e ai pede que o chamem de Mike. Ele é engraçado, mas uma péssima escolha para namorado.

– Vocês já namoraram? - perguntei inocentemente e ela começou a rir descontroladamente, como se eu tivesse contado a piada do ano.

– O Mike? De jeito nenhum. Por dois motivos básicos. Primeiro: ele não é um cara namorável. É o mais completo galinha que eu conheço na vida, e segundo e não menos importante: eu sou lésbica. - ela ficou me olhando como se esperasse que eu me afastasse dela, mas como não o fiz ela continuou a falar.

– Que foi? - perguntei.

– Você não vai tipo, se afastar de mim? Sair correndo como se eu fosse uma aberração?

– Porque está me perguntando isso?

– Bom, é o que costuma acontecer comigo quando as pessoas passam a saber a minha opção sexual.

– Elas são umas idiotas do século passado então. - respondi.

– Na verdade esse é o principal motivo, mas alguns também fazem isso por causa do jeito como eu me visto. Aqui em Ellsworth eu sou vista como a lésbica satânica, ou algo do tipo.

Carlla tinha a pele morena cor de jambo. Usava tranças nagô até mais ou menos a altura da cintura, e seu estilo pra roupa era como uma roqueira. Jaqueta jeans com alguns rasgos espalhados, camiseta, calça camuflada e botas de couro preta. Não fazia a mínima questão de ser o tipo de menina delicada. Era também muito bonita. Tinha olhos cor de mel quase cristalinos, uma boca bem desenhada, e um corpo de parar o trânsito. Os caras deviam babar em cima dela, mas para o azar deles, ela não gostava de meninos.

– Não me importo com isso. - eu disse pra ela.

– Isso é muito bom. Mas não se preocupe, você não faz o meu estilo, então não corre perigo de ganhar uma cantada minha. - ela disse, talvez esperando que eu me assustasse, mas ao contrário disso, comecei a gargalhar tão alto que quase perdi o ar. Ela me acompanhou e ficamos rindo por um bom tempo até eu voltar ao meu estado normal.

Carlla me parecia uma boa pessoa, e o fato de outras não se aproximarem dela pelo simples motivo que me falou era no mínimo uma grosseria.

Ela me contou que as pessoas que viviam em Ellsworth não estavam habituadas com esse tipo de situação.

Ao contrário do que pensei, ela não morou ali a vida inteira. Na verdade ela saiu da Califórnia e foi morar ali para tomar conta do avô, que já era um senhor de idade avançada, e seus pais não podiam largar os empregos e mudar de estado por conta disso.

Apesar de já estar ali há algum tempo, ela entendia perfeitamente o que eu estava sentindo.

Uma pessoa nova em uma cidade onde todos se conheciam, e que não faziam a mínima questão de lhe conhecer.

Ficamos praticamente toda a tarde conversando, e graças a sua ajuda, quando o sol já estava se pondo cheguei em casa.


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Notas finais do capítulo

E ai gostaram? nos vemos nos comentários? me digam o que estão achando ;)