Mike ficou esperando que eu lhe desse uma resposta sobre a sua pergunta, mas eu não tinha absolutamente nada para falar, apenas contei que nos encontramos na rua e ele me acompanhou até o bar-restaurante.

– Quer mesmo que eu acredite que ele não tentou nada? Conheço o Garoto de Ouro e sei das intenções dele com você!

– Impressão minha, ou está fazendo uma cena de ciúme?

– Ciúmes, eu? Só pode estar de brincadeira. Só estou zelando pelo seu bem estar.

– Isso é ciúmes sim, senhor Matson, e não adianta negar.

– Como pode ter tanta certeza?

– É apenas uma constatação de fatos! - Mike me olhou com os olhos semicerrados e disse que aquela frase pertencia a ele. Eu dei uma alta gargalhada, que acabou sendo abafada no exato momento em que ele me puxou com força e me beijou.

– Parece que alguém ficou sem falas com a minha presença! - Disse ele após interromper o beijo.

Dei um tapa em seu ombro e respondi que se achava convencido demais, e ele correspondeu colando ainda mais o seu corpo no meu. Mike deu uns poucos passos até que eu encostasse em uma parede, e chegou próximo o suficiente para que eu sentisse sua respiração em meu pescoço, depois voltou aos meus lábios com posse. Minhas pernas bambearam e por um momento agradeci por estar imprensada entre ele e a parede, do contrário tenho certeza que, ele teria um motivo a mais para rir da minha cara quando eu fosse direto ao chão.

Mike foi trilhando beijos até chegar bem próximo a minha orelha, deu uma leve mordida, e continuou sua provocação.

– Já te expliquei, garota... - Dizia ele com a voz rouca ao pé do ouvido, enquanto suas mãos encarregava-se de acariciar uma das minhas coxas. - Eu não sou convencido. Mas se não concorda, é só olhar dentro dos meus olhos e negar.

Realmente não tive tempo de responder, pois alguém batia na porta. Aquilo foi como um balde de água fria em nós dois. Ainda ficamos quietos na esperança que a pessoa fosse embora, mas como as luzes estavam acesas não havia como escapar.

– Isso só pode ser brincadeira! - Ele resmungou frustrado. - Ta esperando alguém?

– Não, ninguém. - Respondi tentando segurar o riso.

"Haley, você está ai?" A voz de Isa ecoou do lado de fora. Estranhei, pois não somos muito chegadas.

– Só um minuto. - Gritei do lado de dentro.

– Vai deixar ela me ver aqui? - Indagou ele confuso. Pensei por um momento e disse que ele poderia esperar no meu quarto.

Mike se afastou e meu corpo pareceu estar em choque. Já estava se tornando comum aquela sensação quando nos separávamos. Ajeitei a alça da camiseta que estava caída, respirei fundo e fui até a porta. Relutei em abrir ou não, afinal o que Isa poderia querer falar comigo? Acabei optando pela primeira opção, pois a curiosidade já havia aflorado dentro de mim. Assim que abri, notei que ela tinha um fraco sorriso nos lábios, como se aquela situação também fosse estranha para ela.

Abri caminho para que passasse, e indiquei-lhe o sofá da sala. Timidamente Isa foi até ele e se sentou. Eu me acomodei na poltrona que ficava de frente e esperei que ela dissesse o porquê estava ali, mas o silêncio perdurou por alguns momentos. Talvez estivéssemos esperando que a outra começasse a conversa, mas eu não fazia a menor ideia de por onde começar, então ofereci um café. Ela negou, e aquilo pareceu ser a brecha que ela precisava. Suas primeiras palavras saíram como um sussurro, e eu precisei pedir que repetisse, pois não havia entendido uma palavra sequer.

– Desculpe, - Ela disse, e continuou. - não estou acostumada a fazer esse tipo de coisa.

– Tudo bem, só me conte qual é o problema.

Isa respirou fundo antes de prosseguir.

– Sabe Haley, hoje na hora em que estávamos conversando la no Taylor's, eu notei que você ficou tensa em alguns momentos, principalmente quando falamos sobre o Dennys...

– Sobre o Dennys? - Sem perceber acabei arqueando uma das sobrancelhas, mas ela pareceu não se importar, apenas afirmou e continuou a falar.

– Eu não tinha a intenção de aborrecê-la, de verdade. Sei quando não sou correspondida, por isso não vou ficar no meio de vocês dois.

Será que eu realmente estava entendendo direito? Isa estava achando que Dennys e eu tínhamos um caso. Eu poderia dar uma gargalhada, mas isso implicaria em esclarecer tudo o que estava acontecendo, por outro lado, eu não poderia deixá-la naquela situação. Ela parecia estar triste e manter a mentira que eu estaria mesmo com ele me causaria problemas, primeiro porque Dennys iria tirar a história a limpo e tentaria realmente ficar comigo, segundo porque Mike não iria aguentar a pressão por muito tempo. Minha cabeça doía só de pensar nas possibilidades.

Olhei novamente para Isa e vi que ali, sentada naquele sofá havia uma garota com o coração confuso, exatamente como eu me sentia há alguns dias. Eu a tranquilizei dizendo que não havia absolutamente nada entre Dennys e eu, que éramos apenas bons amigos, e que ela tinha o caminho livre para fazer com que ele se apaixonasse por ela. Isa pela primeira vez abriu seu sorriso sincero, e no mesmo momento uma sensação de alívio tomou conta de mim, já que mesmo sem saber, ela havia tirado a grande duvida que pairava sobre a minha mente, a de que estava interessada em Mike.

Depois de nos despedirmos, eu voltei a sala, liguei a tv e me joguei no sofá, fiquei zapeando os canais até achar um que me interessasse, e foi então que lembrei que o caipira estava no meu quarto. Levantei e fui até lá. A porta estava apenas encostada, Mike estava deitado na minha cama e parecia ter pegado no sono. Cheguei próximo o suficiente para vê-lo dormir. Ele era realmente muito bonito, e não era tão durão quanto mostrava.

– Buh! - Mike disse abrindo os olhos de repente, me fazendo ter um grande susto.

– Não faça isso! - Ralhei, dando alguns tapas em seu ombro.

– Mas que mão pesada. Para, ta doendo.

– É mesmo, isso é para aprender a não dar susto nos outros. - Não acreditei que estivesse realmente doendo, mas ele não me deixou continuar, já que segurou meus braços e inverteu as posições.

Agora eu estava deitada, e Mike estava por cima de mim, um de seus braços seguravam minhas mãos por cima da cabeça, e suas pernas prendiam as minhas, de um jeito que eu não conseguisse me mexer. Com a mão livre ele começou a me fazer cócegas até que eu quase perdesse o ar e em seguida me beijou. Não foi um beijo calmo, era algo mais intenso, e um calor subiu pelo meu corpo. Instintivamente minhas mãos foram até a barra da camisa dele e a levantaram. Ele parou de me beijar por um momento e me olhou, como se esperasse uma resposta sobre avançar ou não. Não foi necessário uma resposta, minhas mãos encarregaram-se de responder tirando sua camisa por completo. Suas pernas que antes prendiam as minhas, agora pediam passagem para acomodar-se. Uma de suas grandes mãos estava em minha nuca, e a outra passeava pela lateral do meu corpo, enquanto meu pescoço era tomado por seus lábios.

Eu estava total e completamente entorpecida por aquele momento. Não conseguia raciocinar a respeito do que estava fazendo, simplesmente me deixei levar. Quando dei por mim novamente, já não havia nada que pudesse separar nossos corpos. Éramos apenas nós, sem barreiras, sem ninguém que dissesse se estava certo ou errado. Notei que apesar de ser um ogro, Mike também era carinhoso, era só uma questão de saber lidar com ele.

Ficamos ainda um bom tempo acordados, abraçados e conversando sobre o que havia acabado de acontecer. Ele foi o primeiro a pegar no sono, e dessa vez me prontifiquei a saber se estava realmente dormindo, para assim poder admirá-lo. Enquanto estava ali observando-o, lembrei-me da minha mãe e no que ela diria se o conhecesse. Posso até imaginar, ela diria:

"Querida não importa se são diferentes. O que realmente importa é se esse rapaz a faz feliz."

Infelizmente ela não está aqui para que eu possa responder pessoalmente, mas tenho certeza que onde quer que ela esteja, ela sabe o que se passa dentro do meu coração e sabe também o quanto estou feliz, mesmo que não saia por ai dando pulinhos de felicidade.