– Vejo que já se conhecem. - Disse o homem sorrindo alegremente pra minha mãe.
– Parece que sim. - Minha mãe respondeu em tamanho entusiasmo enquanto o meu pânico ou surpresa, seja lá o que eu estava sentindo naquele momento, Maximiliam, o nerd que senta na minha frente estava na minha casa. E o motivo eu provavelmente tenho uma leve ideia.
– Então? O que exatamente está acontecendo aqui?- Perguntei, ansiosa pela resposta, mais do que já estive antes.
– Eu queria te apresentar o seu futuro padrasto. - Disse ela sorrindo alegremente e trocando de vez em quando um olhar meloso com o coroa que segurava a sua cintura, que também tinha aquele olhar no rosto. - Filha, este é Marlon, e Max seu filho. - Senti os olhos de Max sobre mim enquanto eu encarava a minha mãe em seu modo apaixonada.
– Tenho uma filha mais velha também. Ela estuda em Oxford. - Ressaltou o coroa exibido.
– Marlon querido! Aí está você. - Minha avó estava alegre. O que é raro acontecer quando a minha mãe está em casa. E ela acabou de chamar ele de querido. O que é mais estranho ainda. Ele largou a cintura da minha mãe e foi de encontro com a minha vó. Os dois conversaram por um bom tempo, pareciam velhos amigos, se não fosse pelo modo como agiam, definitivamente se conheciam há bastante tempo.
Todos foram para a sala de jantar, o clima estava alegre, pelo menos, por parte da minha avó, mãe e futuro padrasto, Maximiliam, estava normal como sempre, com a sua típica cara de paisagem, marca registrada do boy.
– Então... - Disse seu nome com um tanto desgosto, acho deu perceber a mudança no meu tom quando disse seu nome. - Marlon? - Dei o meu melhor sorriso cara de pau ever. - Em que você trabalha?
Marlon olhou pra mim todo sorridente. Não consegui dar o meu melhor sorriso dessa vez. Mas ninguém percebeu. Eu era a única que não sabia a sua profissão. Eu era a única que não sabia de nada nessa droga, o que me deixa extremamente frustrada.
– Eu sou um cirurgião plástico. - Ele olhou pra mim e sorriu.
– Eu conheci o Marlon antes de você nascer. - Completou ela. - Ele fez muitas cirurgias em mim.
– Eu que recomendei ele para a sua mãe. - Disse vovó. Levantei as sobrancelhas franzindo o cenho. - Acho que eu sou um cupido. - Vovó segurou a mão da minha mãe e de Marlon. Olhei a cena um tanto enjoada. Não tinha muito estômago pra comer depois de toda essa cena. Dei um sorriso torto forçado pra mamãe que me encarava toda feliz com os olhos lacrimejando.
Dana, a governanta serviu o jantar, aparentemente à moda francesa, Ratatouille, Coq au vin, Quiche lorraine e de sobremesa Profiteroles. Eu particularmente não comi muito do Ratatouille, já que não gosto de berinjela. Durante o jantar a conversa era entre mamãe, vovó e Marlon. Eu e Maximilia estávamos quietos até mamãe começar a puxar assunto com o nerd.
– Ei Max como vai as coisas na escola? -Ele olhou pra ela como se essa já fosse uma pergunta ensaiada pra qualquer situação.
– Vai indo bem. - Ela respondeu um com um amplo sorriso. E oh meu Deus! Ele tem covinhas, como eu não tinha reparado nisso? Ele voltou seu olhar para mim e terminou de falar. - Ultimamente anda acontecendo coisas interessantes e divertidas. - O sorriso não saía de seus lábios. Meu pulso acelerou com aquilo. Sera que ele iria contar pra eles que nos beijamos? Que eu beijei ele?
– Sabe, realmente me orgulho do Max. Ele nunca me deu qualquer trabalho. Ele está em primeiro lugar no ranking do colégio. - Vovó olhou para o garoto impressionada balançando a cabeça. Ela deveria estar feliz que iria ganhar um neto inteligente, eu estava em quadragésimo terceiro lugar. Ficar nessa posição já era difícil pra mim então fiquei extremamente enciumada com essa demonstração de orgulho da qual a minha avó aparentemente amou, porque ela esta quase sempre ranzinza. - E você Solie?
– To indo no meu ritmo! - Respondi tão rápido que nem sei se ele conseguiu acompanhar, mas aí todos riram da minha resposta acelerada, senti as minhas bochechas corarem.
Eu realmente odiava ser comparada com ele. Com ele em especial. Isso me irritava, meu ser queria que voltasse do lugar de onde ele saiu. Ele e o pai dele, que em menos de um ano vai acabar largando a minha mãe sem noção. Juro por Deus, que nunca vi ela namorar alguém por mais de um ano ou ficar casada com ele por mais de um ano. O único que conseguiu essa proeza foi o meu pai adotivo. Eles ficaram quatro anos juntos até a minha mãe se cansar da vida de mãe e esposa, e resolver que seria só mãe e solteira. Solteiríssima.
Todos terminam o jantar e vão para a sala. Vovó trás um vinho da adega e eles bebem e continuam sua conversa animada enquanto eu fico fuçando o instagram e o facebook. Maximiliam também fica mexendo no celular, mas não tenho a mínima ideia do que ele está fazendo. Recebo uma mensagem o WhatsApp de Max Galoni. Olho pro nerd do Maximiliam, que está com lá na maior cada de Poker Face. Como se nada estivesse ocorrendo. Olhei curiosamente a mensagem que ele me mandou.
" Precisamos discutir o favor que você me deve."
" Agora?"
"Sim. Dê uma desculpa que vai me mostrar a casa." - Olho pra ele franzindo o cenho. Ele só olha para o celular. Resolvo tirar coragem de algum lugar desconhecido para falar com ele.
– Max quer conhecer a casa? - Pergunto pra ele com um sorriso torto. Falei a uma altura que todos na sala pudessem ouvir. Ele me dá o seu melhor sorriso, definitivamente o melhor daquela noite. Podia ver as suas covinhas. Senti as minhas bochechas corarem.
– Claro.
Todos na sala nos observaram um pouco maravilhados. Os futuros meio-irmãos se dão bem. Era exatamente isso que eles estavam pensado.