inexplicáVel

Estava feliz... Não de estar no inferno, talvez presa ali para sempre, visto não saber como toda aquela maluquice que lhe ocorria funcionasse... Estava feliz porque Dean estava livre... Um sentimento inexplicável, incapaz de ser definido e bom demais a preenchia. Um sentimento criado pela satisfação de sabê-lo livre, vivo e bem longe daquele horror. E isso era realmente um absurdo por que ele não era real... Dean era apenas um personagem.

Mas dane-se a lógica... Pudera tocá-lo e senti-lo e isso não fora ilusão.

Olhou para o caos ao seu redor e para os anjos sumindo um a um e rezou para acordar em casa, ou em qualquer outro lugar que não fosse aquele...

Às vezes uma prece pode não ser atendida com a urgência que queremos... Às vezes ela pode não ser atendida... Não foi o que aconteceu com Lia.

Ainda proferia as palavras em seu coração quando sentiu o anjo parado ao seu lado... Lhe observando, brilhando com suas asas de um amarelo ouro salpicado de branco, abertas.

- Não sei por que, mas Castiel pediu que eu a levasse – A voz forte e dura ecoou em sua cabeça e o anjo a segurou pela palma da mão.

Luzes, velocidade, enjôo, mais velocidade... Lia fechou os olhos e mesmo assim ainda podia ver. Tudo era vertigem e cores no mais alto grau de pânico.

Podia sentir a quentura do anjo em sua mão e ilogicamente temeu que lhe deixasse marcada como o Castiel ao Dean. Bem, merda, ela era mulher afinal e como toda a mulher vaidosa.

Os pensamentos de jovem mulher débil não duraram muito, pois despertou no chão da sua sala, junto ao sofá, a TV chiando, tudo escuro.

A sensação de dejavu foi intensa, mas não tinha como duvidar daquela vez... Estava em casa. Em casa Finalmente!

Feliz tentou se erguer e uma profunda dor no ombro e no braço a impediram.

Em um ato reflexo sua mão tocou os locais doloridos sentindo o líquido quente e viscoso. Sangue... Estava sangrando nos locais exatos em que levara o tiro do Colt e a chicotada.

Seus olhos se arregalaram com o susto. Não podia ser realmente! Mas, por Deus era. Seu corpo humano e normal, num mundo humano e normal carregara e se ressentia das feridas adquiridas em toda a sua inusitada campanha ao mundo dos sonhos, do irreal.

Trôpega se arrastou em direção ao telefone, precisava de auxílio e estava sozinha... Ou melhor, era sozinha, não possuía ninguém a quem pedir ajudar.

Quando alcançou o celular sobre a mesa discou 190 e tentando ser forte sussurrou seu endereço e aguardou.

Seu único pensamento coerente antes de apagar, foi de que tinha valido a pena.