Quando Um Pesadelo se Torna Real escrita por Pat Black


Capítulo 5
Investida


Notas iniciais do capítulo

O arrebatamento de Dean.



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inVestida

 

 

 

- Odeio quando você me chama assim, mas estou feliz que ainda se lembre...

 

As palavras que queria dizer e o sorriso que começou a surgir em seu rosto morreram antes mesmo de nascer, pois Dean novamente a prensou contra a solidez da parede, o antebraço de onde o chicote pendia apertando-lhe o pescoço, dificultando a sua respiração.

 

- Agora, se você não é algum tipo de demônio ou não está morta, qual a sua desculpa para estar aqui?

 

Dean cedeu um pouco o aperto, apenas o bastante para que ela respondesse, mas o insuficiente para uma tentativa de escape.

 

- Não estou morta... Pelo menos eu acho que não... – os olhos da garota soltavam chispas de ódio – Mesmo não sendo nenhuma Danneel Haris, convenhamos, eu não chego a ser tão feia a ponto de ser confundida com um demônio.

 

- Danneel o quê?... – Ele murmurou a observando atentamente... Os olhos negros vagando pelo rosto jovem, inocente e ruborizado – Não, você não é demônio. - sentiu que ele afrouxava mais o aperto, libertando-a um pouco mais, mas sem baixar a guarda.

 

Lia não chegou a respirar aliviada, mas certamente começou a respirar.

 

- O que sou, como vim parar aqui, porque te encontrei neste labirinto de horror não importa muito agora. – Lia falou erguendo uma das mãos calmamente e pousando sobre o braço que ainda a mantinha imobilizada, tentando não desencadear uma reação violenta nele e ao mesmo tempo reforçar a veracidade de suas palavras.

 

Seu olhar como o dele vagando pelas feições fortes, marcadas e sinistras. Deus como ele podia ainda ser tão bonito ali, dolorosamente cheio de cicatrizes, com aquele olhar escuro e diabolicamente isento de bondade?

 

Um movimento atrás de Dean a libertou de seus pensamentos e com uma crescente preocupação, mais do que justificada, observou um demônio que os observava fixamente a pouca distância.

 

 Certo, isso aqui parece uma versão ainda mais medonha e terrorista de A Cela, e eu não estou a fim de bancar a Jennifer Lopes com aquele monstrinho não. – Falou apontando com a cabeça na direção do demônio que começara a se aproximar de onde estavam.- Temos que sair daqui!

 

Dean não moveu nem um músculo, continuando a fitá-la.

 

- Sair daqui? – sibilou como uma cobra, em uma voz tão baixa, cruel e sem esperança que um arrepio percorreu todo o corpo de Lia – Não há como escapar garota... A passagem do Expresso para o Inferno é só de vinda!

 

Inclinou a cabeça levemente para observar por um breve momento o demônio que se aproximava, desviando dos torturados e seus torturadores, caminhando em toda a sua feiúra na direção deles. Ainda mais lentamente voltou a observá-la e por um breve segundo seus olhos brilharam verdes, com um ligeiro resquício de preocupação e piedade.

 

- Por que você tinha que aparecer aqui? Merda, não tem como eu lhe proteger.

 

- E quem vai proteger você?

 

O corpo forte deu um leve sobressalto fazendo as correntes em seu peito e braços retinirem. O olhar questionador agora não tão escuro.

 

- Dean Winchester! – Trovejou uma voz as costas do humano – O que faz aí com essa condenada? Não sabe que ainda não tem autorização para esse tipo de tortura? Afaste-se!

 

Dean foi afastado de Lia, como se uma mão poderosa lhe houvesse dado um safanão. E assim que o olhar da jovem se afastou dele para observar o demônio, sentiu que poderia desmaiar.

 

As palavras: horrível e medonho não poderiam descrevê-lo com justiça. O ser a menos de três metros deles dava a sensação de que alguém erguera uma pedra no mais escuro e úmido lugar da terra e algo abjeto saiu dali para rastejar em sua direção.

 

E ele olhava para Lia com luxúria nos grandes olhos aguados e escuros. Um sorriso lascivo deixando à mostra seus dentes sujos e afiados. Uma das mãos deslizando pelo torço, se acariciando até chegar a suas partes íntimas, que Lia agradeceu por estarem encobertas por um tecido curtido de couro... couro humano?

 

- Eu por outro lado, há centenas de anos conquistei certos privilégios – o sorriso se intensificou e ele começou a se aproximar mais de Lia – Que petisco Dean, que saboroso pet...

 

O chicote o atingiu com uma força surpreendente, sulcando sua pele profundamente, arrancando-lhe um urro de dor e surpresa.

 

Dean ainda conseguiu acertá-lo com o chicote mais duas vezes até o demônio se recuperar o suficiente para revidar.

 

Lia observou impotente a luta entre os dois, a habilidade de Dean com o chicote e a faca e a surpreendente força e agilidade do ser asqueroso com as mãos nuas.

 

Mesmo com toda a sua habilidade, Lia soube Dean não tinha chances e enquanto a luta se desenrolava ela pedia mentalmente ajuda. Gritando em sua mente por Castiel, pois sabia que não poderia falar seu nome nem uma vez ali diante de Dean e tantos demônios.

 

Todos os seus pensamentos coerentes foram varridos quando o corpo de Dean foi arremessado à parede ao seu lado e este deslizou inconsciente em direção ao chão, a faca voando e parando aos seus pés, o chicote no impulso atingindo seu braço, abrindo um feio corte por onde o sangue brotou.

 

Não pensou realmente quando agarrou a faca e voou em direção ao demônio antes que ele se aproximasse de Dean, numa atitude tão tola quanto inútil. O que conseguiu foi ser arremessada longe em meio a uma gargalhada sarcástica e tombar ainda mais quebrada, a faca lhe escapando.

 

- Condenada tola! – rugiu o demônio desistindo de Dean e voltando toda a sua atenção para a mulher. – Vou me divertir muito com você... E meus irmãos também!

 

Lia ainda desnorteada observou que a luta atraíra atenção de outras criaturas ainda mais horríveis que aquela, e acreditem isso era possível. Os outros demônios caminhavam em sua direção e na de Dean.

 

- Castiel! – gritava ainda mais feroz em sua mente, sem que nada acontecesse.

 

Não podia fazer nada... Fraca e indefesa... E era tão estúpida que imaginou que pudesse ajudar de alguma forma.

 

Quando sentiu que pouco ou nenhuma esperança lhe restava, a imagem do anjo se tornou poderosa em sua mente... E de repente, num clarão, relembrou de um pequeno, inesperado e inexplicável gesto de Castiel... E como num flash soube o que fazer... Na verdade sentiu como sempre soubesse.

 

Com rapidez lambuzou os dedos com seu próprio sangue e tocou com estes a fronte na sua têmpora esquerda, bem no local onde o anjo a marcara com seu dedo quente como uma brasa, recitando o nome dele em sua mente, como um sopro... Castiel!

 

Explosão, raios e trovões seguiram aquele seu simples gesto.

 

De repente sobre suas cabeças anjos pipocavam em toda a sua glória celestial. Em uma investida feroz, metódica e disciplinada eles varriam os demônios, se esquivavam do contra-ataque destes e se aproximavam do seu único objetivo: Dean.

 

Lia rastejou em direção a um canto tentando se proteger daquelas forças poderosas que se digladiavam, observando assustada como os demônios e condenados eram vaporizados.

 

Queria poder chegar perto de Dean, que desacordado estava indefeso, mas o caminho até ele era impossível.

 

Enquanto ainda imaginava como poderia se aproximar deste, observou um anjo surgir em pé ao lado dele, as vestes manchadas de algo escuro, as asas abertas, brancas e imaculadas. Mesmo com os traços indefinidos, sabia quem era.

 

O olhar repleto de luz abriu caminho pela sua mente e invadiu todos os seus pensamentos e como uma via de mão dupla Lia pode ler o anjo também. Confusa diante da hesitação deste ela franziu o cenho, seu olhar tornando-se mais duro.

 

- Não importa – murmurou – Leva ele. Tem que salvá-lo.

 

Castiel pousou sua mão sobre o braço de Dean, agarrando forte e com a velocidade que só mesmo um anjo sem uma casca poderia possuir, o arrebatou.

 

Ela respirou aliviada, pois sabia que ele estaria a salvo agora. Acordaria confuso, desnorteado, ainda o mesmo sobrevivente que apreciava e o mais importante, livre e vivo para continuar sua história.

 

Um a um os anjos bateram em retirada, com graça e poderio. 

À fuga destes Lia começou a imaginar o que faria para escapar do Inferno também.


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