A Exilada escrita por Fates Warn1ng


Capítulo 31
Hora Final


Notas iniciais do capítulo

Mals a demora e.e



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Fiora não estava realmente tranquila, naquele momento. E não tinha nada a ver com a batalha que acontecia ali perto. Demácia contra Noxus. Finalmente. E ela ali, deitada naquela maca, sem poder intervir.

Não.

Sua inquietação vinha de outro lugar. Um pressentimento ruim. E logo esse pressentimento se tornou real, quando o hospital tremeu.

— O... que é isso...? - A enfermeira responsável por cuidar da espadachim disse, realmente aflita.

— Não sei... Me ajude aqui. - Fiora sussurrou, começando a se livrar dos aparelhos.

— Mas... Você não...

— DROGA! ME AJUDE AQUI! - Fiora disse, mais firmemente, a olhando nos olhos.

A mulher assentiu e, como que despertando de um transe, começou a arrancar os fios que estavam presos a mulher. No momento em que o primeiro grito foi ouvido.

— Ai meu Deus.. - A enfermeira começou a chorar, assustadíssima, no momento em que, finalmente, libertou a paciente.

— Fuja pela janela. - Fiora disse para ela, finalmente se levantando a maca. Seu corpo parecia girar, enquanto uma sensação de tontura lhe entorpecia os sentidos. - Porcaria...

Os gritos não cessaram. Pareciam cada vez mais altos, na verdade. Fiora cambaleou até a porta do quarto, se segurando com dificuldade. Em sua cabeça a maior hipótese era de um grupo de noxianos que havia escapado do campo de batalha e ido até ali, promover mais uma das chacinas pelas quais se orgulhavam tanto.

Ela estava completamente errada.

Havia um único ser, parado em meio ao hospital.

E nem um pouco humano.

Sua pele era escura e as feições deformadas. Quase como se tivesse escamas no lugar da pele. Haviam também grandes asas vermelhas em suas costas, e uma espada gigante.

Uma espada Darkin. Como a Sedenta Por Sangue.

Fiora franziu o cenho. Era realmente muito pior que havia imaginado. Um Darkin lutando por Noxus?

— Você é Fiora Laurent? - Ele perguntou, com evidente desprezo na voz.

— Sim, sou eu. - Fiora respondeu, escorada na parede. - Já pode se ajoelhar e prestar sua homenagem. - A resposta veio com um tom extremamente zombeteiro.

O ser sorriu, satisfeito, como se finalmente houvesse encontrado seu grande objetivo. Fiora não fazia ideia de quem ele era, mas sabia que não estava ali para lhe fazer bem. E naquele estado em que se encontrava... Seria muito difícil apresentar qualquer tipo de resistência.

— Meu nome é Aatrox, o Último Darkin. - Fiora conhecia os boatos sobre aquela raça. Possuía até uma espada remanescente de um deles, a Sedenta por Sangue, que tanto lhe orgulhava. Tais conhecimentos não alimentaram sua esperança de sobreviver à próxima hora. - Ouvi dizer que para estas bandas havia uma duelista formidável, praticamente invencível... - Olhos vermelhos e penetrantes se cravaram na mulher, estudando-a com uma fúria antiga. - Fiora Laurent. - Ele gargalhou, lhe apontando a espada gigante. Ela tinha semelhanças com a Sedenta, embora parecesse muito mais sombria, no momento. - Minha lâmina absorve a alma das pessoas que mata. Então sua força estará sempre comigo. É um destino honrado. Muito maior do que qualquer outro que pudesse alcançar em sua frágil vida humana.

Fiora deu um passo para trás, com dificuldade. Não. Ela não tinha a menor chance.

— Droga... - Murmurou, enquanto, teatralmente, Aatrox fazia círculos no ar com a lâmina, sem qualquer pressa de finalizar a presa.

— É uma pena que esteja lesionada. Nosso duelo teria sido épico. Infelizmente não posso voltar mais tarde. Você utilizou um artefato de minha raça, covardemente roubado de um túmulo, e não merece nenhum tipo de misericórdia.

— O que...? - Ela não fazia ideia do que ele falava. A Sedenta por Sangue já estava na família Laurent a gerações. Talvez um ser como aqueles não tivesse uma boa noção da passagem do tempo. Se assim o fosse, não perceberia o lapso de quase três séculos desde o desaparecimento da lâmina.

— Contudo... - Prosseguiu Aatrox, sem se importar com a pergunta dela. - Em respeito às habilidades que os boatos lhe incumbiram, vou lhe agraciar com uma morte limpa e rápida. Basta se ajoelhar e implorar.

O suor pingava da testa de Fiora. Ela nunca estivera tão tensa em toda sua vida. Quando ilesa e armada, não se importava muito contra quem estava lutando, fosse ele homem, darkin ou deus. Ela sempre tinha um plano. E todo adversário, por mais invencível que parecesse a princípio, podia ser derrotado.

Naquele momento, ela não tinha nada. Iria mesmo morrer, o que era sensação estranha e apavorante ao mesmo tempo.

Mas pensou em Riven. Em Xin Zhao, que havia sido morto por ela. Em Vayne. Em cada demaciano que enfrentava uma provação, naquela noite.

“Eles todos estão lutando...”, pensou, apertando os punhos. “E eu também vou lutar...”

A morena sabia que não havia esperança de vencer a luta. Porém, Aatrox desbalancearia completamente o combate. A mulher faria o que pudesse para atrasá-lo ao máximo.  

— Já tomou sua decisão? - Aatrox perguntou, impaciente. - Devo lhe lembrar que, se não se ajoelhar, eu tornarei sua morte lenta e dolorosa. Seja sábia, garota Laurent.

Fiora olhou nos olhos dele e assentiu. A boca entreaberta, enquanto o ar entrava e saia rapidamente. - Já escolhi.... - Murmurou, dobrando um dos joelhos e o apoiando no chão. O ferimento que tinha parecia anestesiado naquele momento, tamanha era sua inquietação. Dobrou o outro joelho, ficando ali, completamente indefesa diante do majestoso ser.

— Boa garota! - Ele sorriu, a voz carregada de um prazer maldoso. 

Fiora fechou os olhos, com uma expressão extremamente assustada, enquanto Aatrox erguia as duas mãos acima da cabeça. A espada começou a emitir uma brilhante luz rubra, como se implorasse para seu amo que ele ceifasse a vida diante de si.

E, com um rugido do Darkin, ela desceu.

Talvez fosse o instinto proveniente de seus anos de experiência, ou talvez tenha sido somente intuição. Mas Fiora rolou para o lado no momento certo.

O teatrinho funcionou perfeitamente, e o ataque de Aatrox, previsível demais, explodiu contra o chão do hospital, fazendo-o balançar e levantando poeira para todo lado.

Fiora foi lançada a uma certa distância e se chocou contra a parede. Fez uma careta de dor tremenda, mas engoliu o grito. Não podia dar a Aatrox sua localização precisa. 

— MALDITA SEJA, MENINA LAURENT! SUA MORTE SERÁ LENTA! SUA MORTE... EU NEM POSSO DESCREVER! - O monstro berrou, agora na escuridão total. A força do impacto havia liquidado o sistema elétrico do lugar.

Mas Fiora não tinha tempo para se preocupar com as ameaças. Corria agora, mancando, pelos corredores escuros, em busca da saída. Seu coração batia alto, parecia um murmúrio soando em sua cabeça. Impelindo-a a ir para frente.

— EU VOU TE ACHAR! - Vociferou Aatrox, abrindo as grandes asas. As paredes do lugar não eram um problema para ele, que abria buracos gigantes e as atravessava sem nenhum problema.

Aquilo deu a Fiora uma ideia.

Talvez se o prédio desabar...” 

— ACHEI! - O berro de Aatrox a surpreendeu. Como ele havia chegado ali tão rápido? - VOCÊ ESTÁ FODIDA, GURIA! FODIDA! - Agarrou-a pelo pescoço, a pressionando contra a parede. - PREPARE-SE PARA.... AHHH! - Um grito intenso de dor o acometeu, surpreendendo Fiora novamente.

— Afaste-se dela, covarde. - Uma voz conhecida adentrou o ambiente. Fiora quase sorriu, ainda que estivesse sendo sufocada pelo ser sombrio. - Eu serei sua oponente.

A natureza do Darkin o impedia de refutar um desafio direto como aqueles. Então ele simplesmente largou a duelista.

— VOCÊ? E QUEM DIABOS É VOCÊ? - Perguntou ele, arrancando a flecha que havia sido cravada em suas costas segundos antes.

— Shauna. Meu nome é Shauna. - A mulher disse, carregando mais um dardo em sua besta. - Quando quiser!

— Garota burra! Ninguém sobrevive a essa espada! - Aatrox rugiu e avançou para onde Shauna estava. E a espada desceu, mais uma vez no vazio.

— AH! - O gigante urrou de dor, novamente sendo atingido pelas costas. - Como...?

Olhou ao redor, procurando a mulher.

Nada.

Só escuridão.

— ONDE ESTÁ? APAREÇA, COVARDE! - O Darkin começava a ficar assustado. Era um ser invencível. E a sensação de insegurança que começava a dominá-lo era sua perdição. - ME DESAFIOU PARA UM DUELO. AQUI ESTOU! POR QUE NÃO SE MOSTRA.

Uma flecha saiu do meio das sombras, cravando-se em seu olho. Aatrox rugiu, um choro intenso, enquanto arrancava o projétil.

— Preste atenção. Por que só vou falar uma vez. - A voz de Shauna saiu tranquila, de algum lugar. - Lutar comigo é como tentar agarrar fumaça. Sua espada rouba a vida de quem ela corta. Isso exige que acerte seus alvos. Mas comigo... Ela não via nem me tocar. - Os anos treinando com Fiora haviam levado Vayne a criar um “plano de contenção” para a garota, caso fosse necessário um dia. 

Aatrox começou a se desesperar. Os dardos de prata lhe machucavam.

— COVARDE! COVARDE! COVARDE! - Atacava as sombras de Vayne que encontrava, sempre sentindo o chão duro, ou as paredes vacilantes após seus golpes inúteis. - AAAAH! - Mais uma flecha cravou-se em seu pescoço.

E naquele momento, ele entendeu que ia morrer.  

Mas. Não morreria sozinho.

Fiora estava no chão, encostada na parede. Tão vulnerável... 

Aatrox respirou fundo. E, reunindo a última carga de sua energia, avançou contra a garota.

A cena parecia em câmara lenta. A expressão assustada de Fiora, a distância sendo vencida entre eles, a lâmina ansiosa por provar sangue...

E Vayne. 

Materializando-se entre eles na hora, com uma pesada balestra apontada para o Darkin.

— Ela não, seu monstro! 

E a flecha perfurou seu cérebro. 


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Notas finais do capítulo

:3



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