Camélias escrita por My Dark Side


Capítulo 10
Chá e Fawley


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, bruxos e bruxas!
Estão preparados? É noite de Haloween ho ho ho! Não, não estou doida, somente há uma diferença entre o nosso presente e o presente da história. Por isso lhes dou um feliz dia das bruxas, muita alegria, e tenham uma excelente leitura!
Veremos a seguir a querida e amável professora Flyart, Trelawney e professor Bins e FitzAlan, sim, ele aguentou três anos no cargo nem tão amaldiçoado.
Boa aula! Não se atrasem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/547399/chapter/10

— Eu estou bem! — assegurei pela milésima vez no dia. — Eu caí ontem, já estou melhor. — peguei os pergaminhos espalhados na mesa, Twwik aproveitou para subir pelo meu braço.

— Millè, você não pode se esforçar. — estreitei os olhos e o encarei.

— Se você falar mais uma palavra eu pego a Miss Marple e nunca mais te devolvo. — arrumei os papéis e segurei-os contra o peito.

Criaturas estúpidas.

Nox estava limpando as penas debaixo da asa, ele chegou hoje de manhã. Acabou pousando e ficando na mesa da Lufa-Lufa, mesmo depois de deixar a carta. Às vezes eu sentia vontade de jogá-lo no corujal só para ver o que ia acontecer, três anos aguentando um ego maior que o mundo é mais que suficiente.

— Onde está Nerus? — perguntei para Gio, ele deu de ombros.

— Deve voltar ainda hoje, eu mandei uma carta para a minha irmã tem algum tempo. E como é o meu aniversário, eu espero que ela traga um presente. — ele sorriu.

— Vamos para a aula de feitiços, depois nós nos preocupamos com isso, okay? — ele assentiu, arrumou a gravata, toquei as costas de Nox para fazê-lo voar, ele ficou irritado, mas saiu do salão. — Você recebeu alguma notícia da doença da sua irmã?

— Sim. A mamãe mandou um pat... uma mensagem dizendo que não era tão sério assim e eu poderia ficar calmo. Na verdade, isso estava no verso da carta que recebi de manhã, eu que não li tudo.

Assenti. Subimos para o segundo andar, uma garotinha estava correndo de quadro em quadro nos seguindo, até que chegou um ponto em que eu cansei de assistir a correria e fiz Gio parar. Indiquei a menina com a cabeça, ele franziu as sobrancelhas, nos aproximamos.

— Está tudo bem com você, garotinha?

— Sou mais velha que você, mas sim, tudo bem. — ela sorriu, ela estava com o cabelo para cima num coque elaborado, com algumas flores pintadas por cima. — Ótimo na verdade, é que eu vi vocês com aquele corvo e fiquei curiosa, ele vem falar comigo de vez em quando. Ele me lembra alguém. Você é a “dona” dele, não é, menina sereia?

— Menina sereia? Por que? — passei a mão no cabelo automaticamente.

— É... ele não disse... — fez um muxoxo. — O que eu quero dizer é, você pode cuidar dele? Ele está sempre voando por aí, às vezes eu fico preocupada. Ele... Ele é importante. E também eu queria saber se vocês podem falar comigo, os quadros não gostam de conversar comigo, principalmente os bruxos dos salões. Só converso com o Sir Cadogan, mas ele some para fazer as aventuras dele...

— Nós vamos conversar com você. — falei sorrindo. — Onde fica o seu quadro?

— Na sala vai e vem! — ela pulou juntando as mãos. — É só ir no quarto andar e...

— Saía daqui! Vá embora! Monstro! Demônio! Saia do meu quadro! — um casal de bruxos entrou gritando com a menina, jogando panos em cima dela.

— Opa! Eu tenho que ir. Vejo vocês lá! — ela acenou e correu para a moldura.

— Não acreditem nas palavras dessa bruxa das trevas. — a senhora rosnou para nós encarando o lugar pelo qual a menina desapareceu.

Puxei o casaco de Gio, percebi de relance ele assentir, lentamente nos movemos na direção da porta, mas acho que demoramos tanto que a escada começou a se mover. Ele me puxou, eu pulei atrás dele para nós seguirmos para o andar da nossa aula, corríamos o risco de nos atrasar com essa enrolação. Isso porque já tínhamos deixado o Salão Principal em cima do horário. Chegamos descabelados na frente da porta, pelo silêncio a professora já tinha chego.

— Não sei porque ainda confio em você quando você fala que descobriu um atalho. — reclamou.

— Mentiroso. Você tem que parar com isso. — abaixei ficando quase de joelhos para arrumar a camisa dele, enquanto isso ele mexia no meu cabelo. — Por que você tem calças tão grandes?

— São do meu irmão! — ele se defendeu. — Não é culpa minha que ele era mais alto.

Terminamos ao mesmo tempo, ele arrumou meu rabo de cavalo, eu dobrei a barra da calça dele. Nos encaramos respirando fundo, antes que ele conseguisse tocar na porta segurei sua orelha e apertei, ele contorceu o rosto.

— Nada de mentiras.

— Tudo bem, tudo bem. — soltei-o, ele deu três batidas antes de entrar, eu o segui. — Licença. — pediu, ouvi um coro de bufadas e suspiros cansados, a professora Flyart se virou para nós com os braços cruzados.

Ela mudou não mudou quase nada do primeiro ano para cá, só cortou o cabelo mais curto, o que deixavam os inúmeros cachos armados e caindo para trás, era lindo, ela estava usando uma faixa para mantê-los longe do rosto, sua expressão estava severa, desviei os olhos e procurei por lugares vagos, tinham alguns poucos, três ou quatro no máximo, Bianca estava de maria-chiquinha então foi fácil encontrá-la, ela estava com o queixo apoiado nas mãos, como se fosse apenas parte da rotina ter a aula interrompida, o que eu acho que era no nosso caso, porque...

— É a terceira vez nessa semana. Vocês têm sorte de ser sexta-feira.

— Professora Flyart, minha professora favorita, você pode perdoar o nosso erro e nos deixar assistir a aula? — Gio juntou as mãos. — Por favor.

Cara de pau.

— Senhor Lelly, você tem alguma desculpa descente dessa vez?

Revirei os olhos, era melhor ficar quieta aguardando o que ele diria, se fosse algo diferente da verdade eu poderia interferir. Mentiras não fazem bem a ninguém.

— Professora, nós acabamos nos enrolando com alguns trabalhos e perdendo a noção do tempo. Então subimos correndo para sua sala, mas por causa de alguns desvios nos perdemos no quinto andar e tivemos que descer tudo novamente. — até agora é tudo verdade. — E nós ajudamos uma caloura a encontrar sua sala.

— Senhora Flyart, isso é mentira. — dedurei. — Não tinha nenhum calouro pedindo ajuda realmente, nós só nos perdemos no tempo e no caminho. Por favor nos desculpe. — abaixei a cabeça fazendo uma mesura.

— Muito bem, mas estou pensando seriamente em mudar a regra de três atrasos na semana para três no mês. — ela sacudiu a varinha, vários objetos que estavam na sua mesa voaram para longe, alguns até se quebraram. — Hoje é aula treino. Usem todos os feitiços que aprenderam neste ano e nos anteriores. Inclusive de outras matérias. — ela disse se dirigindo a turma, a porta lateral se abriu e os alunos sumiram por ela. — Vocês terão menos tempo porque tem que arrumar a sala, vão logo.

— Muito obrigada, professora. — agradeci puxando minha varinha, indo até o vaso mais longe. — Reparo. — todas as peças da cerâmica se juntram. — Wingardium Leviosa. — apoiei-o na mesa.

A professora nos observava e ocasionalmente olhava no pergaminho que segurava, era o modo dela observar os alunos durante a atividade, feitiços implementados em cantos certos da sala, uma vez eu vi até uma orelha extensível, falando nisso tinham algumas espalhadas no chão também.

— “Eu disse, não disse. É leviôsa, não leviosá! Não sei como conseguiu passar do primeiro ano! Ah, cala a boca, eu falei para você que faz tempo que eu não uso esse feitiço, para a sua informação, pelo menos eu sei fazer poções sem explodir...”

As vozes ficaram distantes como se os alunos tivessem se afastando, eu conseguia ouvir outros murmúrios, mas era difícil entende-los.

— Os dois, venham cá. — a professora nos chamou, ela parecia preocupada. — Vocês estão se atrasando para a maioria das aulas. Eu entendo que o terceiro ano é complicado, mas isso não dá o direito de vocês ficarem fazendo trabalhos em cima da hora.

— Professora, hoje foi mi-

— Não é a culpa de quem que eu quero saber. — ela me interrompeu. — Eu quero que vocês saibam que se tiverem problemas ou até mesmo perguntas curiosas podem perguntar para nós. Os professores têm dever de ajudar os alunos.

Abaixei os olhos e mordi os lábios, seria bom perguntar para ela? Talvez fosse uma boa ideia.

— Eu queria saber sobre as pessoas que foram amaldiçoadas por matar um unicórnio. Tem registro ou algo do tipo? De pessoas que se consideram amaldiçoadas.

— A lista seria gigante... — ela riu. — Algum motivo específico? — Gio olhou preocupado para mim. — Simplesmente está curiosa?

— Eu... Minha avó sempre me contou histórias com unicórnios, descobri na aula de defesa contra a arte das trevas que se matarmos um unicórnio teremos a linhagem amaldiçoada ou algo do tipo.

— Interessante... — ela colocou os dedos no queixo, dando batidinhas. — Infelizmente, eu acho que não posso ajudar, talvez FitzAlan saiba de algo, pode perguntar a ele na sua próxima aula. Por que não vão para a sala de treino agora que terminaram?

— Muito bem. Obrigado, professora. Vamos, Cami? — Gio arqueou as sobrancelhas seus olhos cinzentos brilharam.

— Vamos. Obrigada, professora.

Assim que passei pela porta olhei para baixo, havia várias rampas, paredes e labirintos. Algumas pontes, túneis, vi alunos lutando contra visgos do diabo, diabretes da Cornualha... Por instinto levei minha mão até meu ombro, Twwik apertou meus dedos, quando eu vi as criaturinhas azuis pela primeira vez fiquei incrédula ao saber que eles eram visíveis a todos, perguntei-me se Twwik também era, mas preferiam ignorar. Foi bom quando ele me explicou novamente que era uma espécie relacionada a sereianos, protegia os exilados por assim dizer. Ele era o pequeno guardião da minha família.

— Menina Mêlli, eu estou aqui com você. Eles não podem me ver, eles não sabem o que você é.

— Vamos, Millê? — Gio estava o mais próximo da parede possível, olhando sempre de maneira que seu queixo ficava levantado, dessa maneira ele não conseguia ver o fundo, ou os vários níveis.

Dei pulinhos rápidos para aquecer o rosto dele se contorceu, passei correndo, descendo o mais rápido que conseguia para os níveis mais baixos, ouvi seus passos logo atrás de mim, abafados pelo grito entusiasmado de Twwik, meu cabelo voava atrás de mim, tentávamos fazer os feitiços enquanto corríamos. Avifors, Lumos, Protego, Leviosa, Impedimenta, Reducto, Accio, Repulso etc.

Chegamos no térreo e batemos as mãos, juntamente de um abraço, rindo sem ar. Nós éramos a melhor dupla de casas diferentes, era o que Giovanni falava quando alunos preconceituosos estranhavam nossa proximidade, e nós mostramos isso algumas vezes com as nossas próprias azarações — graças a Dumbledore nunca fomos pegos. Por isso eu não posso reclamar do Gio, ás vezes ele dava uma detenção merecida para os que nos irritaram primeiro, mesmo que tivessem se protegido dos nossos feitiços. Errado? Errado, mas foi bom que só aconteceu um par de vezes.

— E nós chegamos primeiro. De novo. — ele disse vendo Bianca pular o último degrau. — Nos seguiu?

— Eu era a mais próxima, não é minha culpa que não perceberam enquanto corriam destrambelhados. — ela falou arrumando o uniforme.

— Você está andando muito com aquela grifinória, é ela que fala desse jeito. — cutuquei Vanni. — O que foi? — reclamou.

— Só porque você não gosta de uma pessoa... — comecei e gesticulei para que continuasse.

— Não quer dizer que todos não podem gostar dela. — completou a contragosto, revirando os olhos, eles pareciam mais cinzas que o normal hoje. — Parabéns pelo desempenho, Harper.

— Obrigada, Lelly. — ela agradeceu, as marias-chiquinhas balançando conforme movia a cabeça. — Você vai na aula de adivinhação, Camil?

— Aham. — sorri. — E você? — ela encolheu os ombros fazendo-me tombar a cabeça de lado. — Desistiu?

— Eu não consigo entender nada daquilo, vou mudar para Runas Antigas o quanto antes para poder acompanhar.

— Toca aqui, parceira. — Gio esticou o braço.

— O que quiserem saber de adivinhação eu explico para vocês.

— E nós faremos o mesmo por você, framboesa. — Bianca me abraçou pela cintura, apoiando o queixo no meu ombro. — Mesmo que não seja tão interessante assim.

— Vocês não foram os primeiros a chegar aqui embaixo. — Derek falou, descendo com a cara de paisagem. — Só foram os mais rápidos, trapaceiros.

— Chamar seu namorado de trapaceiro não é boa coisa, Rek. — Gio passou os braços ao redor dele e sorriu presunçoso, revirei os olhos.

— Eles estão namorando? — Bianca perguntou curiosa, assenti. — A Mau vai ficar feliz.

— Por que? — perguntei.

— Ela só não falava mau do Gio na sua frente porque achava que estavam namorando. — arregalei os olhos e franzi a testa, Bianca engasgou uma risada.

Alunos, a aula chegou ao fim. Retornem a sala de aula para os avisos finais. — a voz da professora Flyart ressoou.

— Vamos. Você vai comigo, Dekre? Ops, Derek. — Bianca chamou.

— Por que não vai comigo?

— Porque ela sabe o meu plano. — Gio estreitou os olhos. — Isso não é justo. — afirmou birrento.

— Melhor! Vamos trocar de duplas! — falei percebendo do que se tratava, agarrei o braço de Derek e subi os primeiros degraus correndo, fazendo que Gio soltasse do amigo. — Vejo vocês lá em cima. — Bianca mostrou a língua pra mim, bufou e cruzou os braços.

Normalmente, quando eu e o Gio ficamos cansados nossa chatice aumenta consideravelmente. Choramingamos e pedimos para ser arrastados, existem algumas poucas pessoas de bom coração que atendem aos nossos pedidos desesperados, mas a maioria já desistiu da gente. Derek subia sem pressa, mesmo exausta eu continuei pulando degraus, mas quando chegamos na rampa, eu olhei para cima e rezei para Merlin. Morgana. Deus. Qualquer um que pudesse me emprestar motivação e forças, olhei de esguelha para Derek, fiz um bico, os ombros dele caíram e parecia estar escrito na sua testa: “Isso é sério? ”.

— Vem logo. — ele segurou minha mão e puxou, ri, pude vê-lo em minha mente revirando os olhos.

Cheguei com muito esforço de volta a sala, todos estavam sentados, mas estava tão cansada que queria apenas deixar minhas pernas desistirem e cair no chão e ficar ali, principalmente porque eu teria que ir até o terceiro andar e subir a torre que levava ao alçapão da sala de adivinhação.

— Faltam dois. — a professora anotou no papel. — Camille, Derek, podem se sentar. — dei alguns passos e desabei ao lado do garoto, pude observá-lo por um pouco mais de tempo que o normal.

— Seu cabelo está ficando mais castanho... — murmurei, no primeiro ano era loiro, um pouco escuro, mas ainda assim via-se claramente o tom dele.

— Minha mãe falou que provavelmente ano que vem vai parar de mudar o tom. — ele encostou apoiou o cotovelo na mesa. — Acho que tenho que mandar uma carta para ela.

Hum... Interessante, recostei e observei a porta, logo vi Gio e Bianca chegando normalmente, provavelmente ela o forçou a manter a compostura. Ela era um anjo, mas podia ser bem severa também. Gio sorriu, acenou se desculpando pela demora e correu para sentar num lugar vago. A professora passou a tarefa de casa, ler o próximo assunto do livro e fazer um resumo para semana que vem, além de treinar os feitiços que aprendemos semana passada, ela também lembrou do projeto sobre bruxos que ajudaram no entendimento sobre magia e feitiços.

É tanta coisa que eu nem sei mais o que fazer.

Saí da sala praticamente dormindo em pé, eu só queria cair na cama, quem manda se perder no castelo depois de um café da manhã tão reduzido. Tenho que me lembrar de pedir para uma das meninas me acordar amanhã, então eu poderei ir no dormitório da Sonserina e arrancar o Gio da cama, fazer um milagre para chegar cedo no café e ir logo para a aula.

O que eu estou falando? Amanhã é sábado, não tem que acordar cedo. Ou... Tem? Ah! Tem sim, é o passeio para Hogsmead, eu falei que iria passear no sábado e ficar com o Dante aqui no domingo, nós revisaríamos nos dias. Bianca disse que iria nos dois, mas voltaria cedo para fazer os projetos, Gio queria ficar na cidade o maior tempo que conseguisse, Maureann... ela disse... O que ela disse? Coloquei a mão na boca para esconder o bocejo e acabei dando de cara nas costas de alguém.

— Oh! Aqua, faz tempo que eu não te vejo. — o desconhecido falou se virando e bagunçando meus cabelos. — Como você está?

—  Hum? Francis? O que você está fazendo na escola? — ele levantou um envelope, franzi as sobrancelhas.

— Minha mãe pediu para eu trazer estes documentos. Aproveitei para ver o Ian. — explicou. — Você parece cansada, não dormiu bem essa noite? — bocejei de novo.

Eu acordei de madrugada tremendo de frio, assustada, parecia que meu coração ia sair pela boca. Fiquei encolhida na maca por um bom tempo até me acalmar, não me chamaram para a aula de astronomia e meu jantar estava gelado. Não sabia o motivo de acordar daquele jeito, não lembrava o sonho ou pesadelo, só tinha a sensação de algo pesado pairando sobre mim. Eu consegui dormir de novo, cochilos picados, então fiquei cansada, apesar de ter acordado bem.

— Não. A torre de adivinhação é por aqui, não é? — ele assentiu, estava sorrindo pequeno.

— Eu vou com você, quero conversar com a professora Sibila. — levantei o polegar enquanto cobria a boca.

Por que bocejamos?

— Eu soube que você tem andado com o Wystan. Ele é uma pessoa boa, não é? — perguntou, parecia culpado e talvez estivesse, afinal foi a “profecia” dele que colocou o Dante no isolamento.

— Aham. Ele anda com um monte de gente mais velha. — sorri.

Cheguei no alçapão e encarei a escada de cordas, como eu detesto isso. Peguei minha bolsa de alça que estava levando contra o peito, coloquei no ombro e escalei, fui uma das primeiras a chegar a sala. Aulas especiais vazias, as únicas em que todas as casas se juntavam. Observei as mesas vazias, tinham muitas. O cheiro de incenso preenchia o lugar, juntamente do perfume forte e, obviamente, do chá. Leitura de folhas de chá, provavelmente a última do mês.

Hoje é o último dia do mês.

Eu realmente preciso dormir, se eu pular o almoço para cochilar... Opa! Chá! Se eu tomar chá vou ficar acordada, vou aguentar as próximas aulas.

— Tchau, Aqua. — acenei para o primo do Ian, eu nunca entendi esse apelido.

Twwik pulou na mesa e entrou na xícara, cruzeis os braços e encostei a cabeça no ombro, descansando os olhos. Tinha uma mulher, bem parecida com a minha mãe, ela estava segurando uma criança no colo e olhava para ela com amor.  Senti uma coisa pular no meu peito, acordei gritando e dando um tapa neles. O garoto que estava sentado na minha mesa franziu as sobrancelhas e me encarou.

— Que porcaria...?

— Eu me assustei, não acontece com você não? — ele revirou os olhos, depois que reconheci a criança. — Richards, que mistério do universo fez você sentar comigo?

— O fato de você ser a única que parece ser realmente interessada em adivinhação e não ser completamente pirada. — ele acendeu o fogo embaixo da chaleira. — Já pegou as folhas do chá?

— Hum.. Não. Já volto. — andei para longe dele, as unhas de Twwik arranharam meu pescoço.

— Desculpe, menina Mêlli. — falou se enroscando no meu cabelo. — Não queria te assustar.

— Tudo bem. — sorri para a professora sibila, ela estava entretida conversando com Francis, gesticulando vagarosamente.

Voltei à mesa com um punhado de folhas de chá preto na minha mão, amassei algumas e piquei outras, depois joguei na água. Enquanto esperava o chá ficar no ponto olhei ao redor da sala, além do incenso também havia velas queimando e cristais luminosos espalhados, tudo para expurgar as energias ruins do ambiente.

— Você gosta de chá preto? — Richards perguntou depois de algum tempo.

— Sim. — respondi seca, ouvi uma mesa próxima a nossa murmurando algo sobre “dupla de ruivos”. — E você?

— Não gosto de chá. — ele levantou a tampa para observar as folhas. — Meus pais insistem que faz bem, então eu tomo.

Servimos nossas xícaras, tomamos de pouquinho em pouquinho, estava muito quente. Quando sobrou só um pouco, eu girei com cuidado no sentido horário, três vezes, então troquei de xícaras com o meu par.

— A sua tem vários desenhos. — comentei tentando identifica-los, deixei o livro entre nós dois para ser mais fácil de procurar. — Posso começar? — ele assentiu. — No seu futuro distante vejo linhas onduladas, indecisões; num futuro próximo você encontrará o entendimento, há uma mão nos lados e também um anel. — sorri. — Meus parabéns. — ele bufou e me mandou continuar. — Nas bordas... Um guarda-chuva e uma... uma coruja. — terminei com pesar.

— Tudo bem. Você pode ter errado de qualquer maneira. — ele se inclinou e levantou minha xícara na altura de nosso rosto, de modo que ficou exatamente entre nós. — Um machado na borda indica um perigo iminente no presente, poderá ocorrer em alguns dias se tiver sorte; nos lados você tem uma tenda e uma máscara, poderá desejar descansar do ambiente presente e não deve divulgar segredos pessoais. E ao fundo... Bom, alguém irá te trair. — ele apontou para o gato. — Traição há em sua vida no tempo distante, mas não se preocupe, com esforço você poderá avançar. — ele apoiou na mesa, sorrindo.

Ficamos em silêncio por algum tempo, ouvindo somente os murmúrios dos outros alunos e exclamações de medo.

— E é assim que se dá uma visão do futuro. — ele se espreguiçou. — Tem que fazer pausas dramáticas e explicar na ordem certa.

— Você vai se casar. — insisti, sinalizei o anel. — É casamento. Se isso acontecer antes de nos formamos você terá que me convidar.

— Não vai mesmo. — disse com escárnio.

A professora Trelawney passou em algumas mesas para ver se os alunos tinham feito adequadamente, alguns tinham derrubado o bule inteiro no chão, outros quebraram as xícaras. Tamborilei os dedos na mesa, o dever de casa seria ler o próximo capítulo do livro e descobrir o horário em que nascemos, pois aprenderíamos sobre o mapa astral no próximo encontro. Quando estava me levantando a professora pegou minha xícara e observou os desenhos, seus olhos já grandes por causa dos óculos se arregalaram ainda mais, a cor sumiu de seu rosto.

— Menina, fique longe da floresta. Não sabe os perigos que se encontram lá. — o lábio dela começou a tremer e seus olhos fixaram-se em mim. — Na noite das profundezas, quando o chamado vier. Sua alma vai rezar e sua maldição se efetuará.

— Obrigada pelo aviso, mas eu sei muito bem que não podemos ficar na Floresta Proibida. — toquei em seu ombro, ela voltou ao normal. — Até mais tarde, professora Sibila.

— Ah! Até mais tarde, querida, traga aquele seu amigo para tomar chá, sim?

Desci as escadas ainda tensa, quando cheguei ao lado da estátua de javali alado suspirei.

— Suspirando com essa idade? Não tem nada melhor para fazer não? — mandei um olhar assassino para ela com os olhos e sorri com desdém.

Já basta o Nox.

E falando no bicho, ele estava me esperando no caminho para a cabana do Hagrid. Seus olhos dourados estavam atentos e quando me viu ele grasnou.

— O que foi?

Sua avó caiu doente. Ela foi para Londres, esqueci de lhe comunicar.

— O que? —  arregalei os olhos. — Como assim?

Estás doente e foi encontrar-se com seu avô. Em segredo. Não querias que sua mãe suspeitasse, ela está empregada na escola.

— Quando você ouviu isso? — ele planava ao meu lado, batendo as asas ocasionalmente para manter a altura constante.

No momento em que aterrissei no jardim flutuante.

— Obrigada por me dizer. — ele ficou quieto, estranhamente, normalmente fazia algum comentário. — Tem mais alguma coisa?

Bateram na criança do submundo.

Então voou na direção do corujal.

— Camil! — Maureann gritou pulando em mim. — Você está falando sozinha de novo?

— O Nox estava aqui. — expliquei, ela já tinha se habituado a minha conversa com “animais”.

— Ah... Sabe, o seu corvo tem um charme que não é natural. Você sabe de alguma coisa assim?

— Como foi a aula?

— Chata, como sempre. Eu gosto de saber sobre os trouxas, mas ter uma aula somente estudando-os é terrível. Bom... Eu vou para herbologia, já estou atrasada. De novo. O professor falou que dessa vez eu recebo uma detenção. — acenei, ela desapareceu com uma corrida.

Era incrível a quantidade de gente que conseguia me encontrar no caminho para a aula.

— Boa tarde, Camillë.

— Bom dia, Hagrid. — sorri para o meio gigante, tomando meu lugar ao lado de Derek. — Onde está o Giovanni?

— Chegando.

E chegou, com o cabelo sujo de grama, a gravata sem nó largada sobre os ombros e os cabelos úmidos. Parecia bem, pelo menos. Devia ter ficado conversando com a professora e percebeu que tinha outra aula quando viu os alunos chegando na sala.

— Peguem seus livros e abram na página 85. Nós vamos estudar hipogrifos hoje, sem aula prática por enquanto, os mais aptos poderão interagir com eles assim que treinarmos como se aproximar de um. — Hagrid explicou, fazendo carinho na brochura do livro e abrindo-o.

Livro Monstruoso dos Monstros, quando minha mãe viu o exemplar na mesa, pegou ele e fez o mesmo gesto, folheando-o em seguida. Foi assim que eu descobrir como domá-lo, perdi algumas roupas no processo, mas consegui no fim.

— Você consegue dançar como um hipogrifo? — Gio sussurrou encostando a cabeça no meu pescoço.

— Correndo como um troll cabeludo aprendendo rock ‘n roll. — cantarolei, ele continuou.

— Rodando por aí como um elfo louco dançando sozinho.

— Essa música é do tempo do meu pai. — Derek bufou. — É muito difícil vocês prestarem atenção a aula?

— Ah, mas, querido, você sabe a letra que eu sei. — Gio passou o braço por trás de mim e fez cócegas na nuca do namorado, fazendo-o pular de susto e derrubar o livro no chão.

Resultado? Menos vinte pontos para a Sonserina pelo livro ter atacado dois alunos.

Os aniversários do Gio são sempre interessantes.

— Não foi minha culpa! — ele continuava insistindo durante o almoço. — O livro simplesmente caiu, foi o Derek que se assustou.

—Você começou a cantar e foi o causador de todas as coisas que seguiram daí. — argumentei pegando um sanduíche. — E nada de falar que a culpa é do seu pai/mãe que colocam essa música para tocar e contam muitas histórias sobre ela, tanto que você se viciou. — ele suspirou derrotado. — Acha que eu não te conheço? Está enganado. Falando nisso, alguém viu o Dante?

— De novo? Cami, eu sei que ele é seu amigo, mas ele foi meu stalker por um ano inteiro, não podemos ter um minuto de refresco?

— Não. — respondi grossa. — Ele ficou seguindo você porque o admira.

— Hum.... — resmungou desacreditado. — Então talvez nós devêssemos procura-lo.

— Eu vou, você fica.

— Só vai comer um sanduíche?

— É só um lanche.

— Mas só um?

— Não sou gulosa igual você. — dei as costas e saí do Salão Principal, procurando o caminho para a Ala Hospitalar, a associação que o Nox fazia com o Dante, descobri depois, era em referência ao autor trouxa Dante Alighieri.

Não tenho ideia de como ele chegou a esse autor, nem de onde conhece o livro, mas... fazer o que. Existem perguntas sem respostas, só nos resta aceitar.

— Vim visitar o senhor Wystan. — falei para madame Pomprey que me atendeu na porta.

— Ele está dormindo, mas pode ficar, acorde-o para ir a aula, sim?

— Claro.

Sentei a cabeceira da cama dele e esperei que ela voltasse ao escritório, então comecei a fazer carinho na cabeça dele, ele parecia um bebê.

— Dante... Dante... Acorde. — ele resmungou virando de lado e se encolheu.

— Madrinha, me deixa dormir mais um pouco...

— Vou vir depois então. — beijei o cabelo dele e me levantei, eu tinha que encontrar...

Encontrar o que? Eu tinha que ir para a aula.

Espera... Mas hoje eu não tinha mais aulas depois do lanche. Um avião de papel veio na minha direção, peguei e o desdobrei.

Ele vai  para DCAT, vamos fazer o encontro onde?

M.

Eu tinha História da Magia, por isso tinha esquecido, rasguei o papel. Eu tinha que achar alguma maneira...

— Nox! — gritei pela janela.

Que passas, menina?

— Preciso que você entregue bilhetes.

Esta tarefa não é minha.

Ele sumiu antes que eu pudesse argumentar. Como o pássaro esperto que é. Respirei fundo, eu tinha que encontrar alguém... Ou... Hum... Já tenho uma ideia. Voltei ao Salão Principal, Giovanni ainda estava comendo.

— Vanni, eu preciso de um favor. Pequenininho. — coloquei os dedos quase juntos.

— O que, Millè?

— Eu preciso que você vá na sala da professora Flyart comigo, por favor.

— Por que?

— Eu quero perguntar a ela sobre maldições.

— Mas isso é assunto de DCAT. — ele inclinou a cabeça para o lado e estreitou os olhos. — Hum... Quer saber? Eu fico esperando você na sala.

— Obrigada! — beijei sua bochecha e saí correndo para a sala de aula.

Agora eu só teria que esperar o período duplo de História da Magia passar. Sentei ao lado de Bianca, ela estava apoiando o queixo nas duas mãos, os olhos quase fechando.

— É aniversário do Giovanni hoje, não é?

— Sim. — respondi baixinho sem querer atrapalhar o professor Binns. — Ah! Sabe de uma coisa? Lembra daquele menino em que eu trombei ontem?

— Aquele que serviu de amortecedor para você? — ela soltou a maria-chiquinha e começou a fazer uma trança. — Se não estou enganada é irmão do Brian, o Phil.

— Nós conversamos hoje de manhã pouco antes de sairmos da Ala Hospitalar, ele me contou que quer ser professor de História da Magia. A ambição dele é fazer o corpo docente demitir o Binns.

— Qual foi a última geração que teve um professor que não era ele? — ela olhou para o teto curiosa. — Aquele ali não é o Nox?

— É... O que..? — ele olhou para baixo, eu balancei a cabeça lentamente, mas mesmo assim ele desceu e pousou na minha mesa.

Não ditaras o que farei.

— O que você precisa, majestade? — ele se esticou, ficando maior que parecia, nossa sorte era justamente que pouquíssimas pessoas ficavam acordada nessa aula, é fácil demais perceber um corvo com quarenta centímetros de altura.

Encomendaste um embrulho em Hogsmead?

— Chegou?

Estás em sua mesa de cama. Qual é o bilhete que gostaria que eu entregasse?

— Hum... — eu não sabia que ele ia voltar para entregar, rabisquei num pedaço de papel. — Aqui, para Maureann, ela está na aula de DCAT.

O professor Bins parou ao nosso lado e encarou Nox, Bianca colocou a mão na testa respirando fundo, apenas esperando por uma detenção.

— Faz tempo que não o vejo, senhor Fawley. Perdeu-se no caminho do castelo?

Franzi as sobrancelhas, Bianca franziu o cenho, demos levemente de ombros, sem entender o que estava acontecendo.

— Há quase mais de um século não ouço sobre sua família, pensei que todos tivessem morrido no acidente. — Nox grasnou, suas penas eriçaram e ele levantou voo. — Covarde. Desculpe a interrupção, crianças. Onde estávamos? — ele voltou a sua mesa para ver o livro.

Senhor Fawley? Ele estava falando com algum fantasma invisível, por acaso?

— Não estava, Cami. — Bianca sussurrou. — Ele disse “...pensei que todos tivessem morrido no acidente. ”, isso quer dizer que a pessoa com que ele estava falando estava viva.

— Eu falei em voz alta? — ela confirmou. — Bom... Mas você não é Fawley, eu não sou. Então... O Nox?

— Você fala com o seu corvo como se ele fosse gente, não pode ser ele?

Nunca pensei muito nisso, mas até era uma possibilidade válida. Um corvo normal não seria amaldiçoado, e o Nox tinha algumas características mais humanas, principalmente o modo de falar — apesar de ser muito antiquado. Talvez...

— Cami... O seu corvo é um animago?

— Vamos pesquisar isso amanhã, okay? Vai ser melhor. — eu poderia dizer que passei o resto da aula pensando nisso, mas não.

Eu dormi.

Quando o sinal tocou acordamos e mandei Bianca reunir os outros na sala dos quadros, ao lado do Salão Principal, e pedi para ela pegar o presente que estava na cabeceira; depois voei para a sala do professor FitzAlan. Gio estava sentado na mesa ao lado do professor conversando, levantaram os olhos quando eu cheguei sem meus pulmões na porta.

— Olá, senhorita Düff. Quando se recompor se junte a nós.

— Está tudo bem, Camillè?

— Tudo. — respondi me endireitando. — Estou viva.

— Supus que tivesse, sobre o que gostaria de conversar? — o professor cruzou a perna em cima da outra, eu lembrava vagamente dos anos anteriores, antigamente acreditavam que os professores de DCAT tinham o prazo de um ano, ele fazia tudo para continuar com o emprego, e afirmou que seria o assistente do próximo, porque nem morto ele sairia.

— Maldições. Envolvendo unicórnios, especificamente. — respondi. — Eu fiquei muito interessada.

— Hum... Não existem muitos relatos sobre isso. — ele colocou a mão no queixo. — Hagrid sabe mais sobre o assunto, posso perguntar a ele se quiser, ou vocês podem ir a cabana dele e tomar um chá com biscoitos.

— Eu vou junto. — falei.

— Então vão em dupla, se você vai, eu não preciso ir com você. — ele cruzou os braços. — Mas dizem que os unicórnios têm memórias de quem amaldiçoaram, a maldição varia de pessoa para pessoa.

— Obrigada pela informação. E... Bom. — tenho que perguntar mais alguma coisa, Bianca tem que pegar o doce na cozinha, eu preciso dar tempo. — O professor Binns contou algo sobre a família Fawley...

— Parte das “Sagradas Vinte e Oito”, uma das poucas linhagens de bruxos que se manteve pura até o século vinte, pelo menos. O artigo foi publicado na década de trinta ou quarenta, mas nos anos oitenta durante a primeira guerra bruxa eles foram perseguidos por acreditarem ser comensais da morte, depois da morte do chefe da família no ano de oitenta e três, nunca foram mencionados.

— Ah... Interessante. Muito obrigada, professor. Agora, Gio, nós temos que descer porque está na hora do jantar.

Estávamos chegando no pátio quando ele me parou.

— Mimi, por que o súbito interesse sobre as Sagradas?

— Nada não. — respondi dando o braço a ele. — Eu já te disse? Feliz aniversário. — ele sorriu mostrando os dentes.

— Quase achei que você tinha esquecido. Obrigada. Quer entrar pela lateral para ser mais discreta?

— Adoraria. — ele abriu a porta da sala dos quadros e pulou para trás com o susto, todos haviam pulado e gritado juntos:

— Surpresa! Feliz aniversário!

— Calem a boca! — um dos quadros reclamou.

— Awnnn. — Gio não conseguiu se conter se alegria, ele correu e abraçou todo mundo. — Não precisava!

Eles empurraram as mesas de estudo juntas e colocaram o nosso jantar ali em cima, tinham até abóboras e velas flutuando, o espírito do Dia das Bruxas se mantinha, ele falou com todos, Dante, Maureann, Bianca, Derek e os outros alunos do nosso ano que estudavam na Sonserina.

— Feliz aniversário, Lelly. Parabéns.

— Ownn, obrigado. Cadê os presentes?

— Não tem presentes. Só essa festa já foi o suficiente, sabe o quanto nós tivemos que implorar para a professora Flyart fechar a sala só para nós? — Maureann bufou.

— Eu tenho um, mas é dá Cami. — Bianca disse estendendo o pacote.

Dante estava no canto, meio escondido e se aproximou de mim com cuidado, agradeceu baixinho o convide, só baguncei o cabelo dele. Ele ficou ao meu lado sem saber direito o que fazer, olhei para os outros, todos estavam entretidos na conversa, pude ver Gio colocando o presente no bolso, tenho certeza que ele abriria pouco antes do horário de recolher.

— Como conseguiram toda essa comida? — Kristen indagou curiosa, ela era nascida trouxa, mas não tinha como negar, ela era uma alma sonserina.

— Nós também queremos saber. — os companheiros dela acrescentaram, alguns assentindo outros murmurando.

Olhei para Bianca e pisquei cumplice, morar ao lado das cozinhas tem suas vantagens, não que nós falaremos isso para alguém. Não são merecedores da Senha Secreta, ainda. Sentei no braço da cadeira, ao lado do quadro da mulher de olhos vendados, participou de alguns pesadelos meus no primeiro ano, eu estava entretida com o pedaço de bolo, mas quando ela falou, arrepiei da cabeça aos pés.

— A noite das trevas vai chegar... E você não irá escapar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Foi um capítulo grande e cheio de detalhes pequenos. Quem gosta de adivinhação?
Alguém sabe o que quer dizer o diálogo do professor Binns? Ou as palavras do quadro vendado?
Espero que tenham gostado do capítulo, qualquer erro ou confusão é só dizer.
Obrigada. ^-^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Camélias" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.