Open Your Heart escrita por Ally Faria


Capítulo 33
Desde aqui até à lua!


Notas iniciais do capítulo

Hello gente! Tudo bem?

Mais uma vez, eu estou MUITO atrasada nas postagens dos capítulos...eu sei!
E mais uma vez, peço muitas desculpas. Mas é que minha vida está um caos.

Porquê? Primeiro, a escola, que durante longos meses acabou comigo física e mentalmente. Mas eu passei de ano e agora estou de férias até Setembro ihihihih Em segundo, eu tive uma pequena desilusão amorosa, faz uns meses, mas precisei de um tempo para colocar as ideias no lugar. E por último, eu agora tenho dois pequenos cachorrinhos, para juntar aos 4 cachorros que já tenho, que necessitam muito do meu amor e atenção.

E mais uns outros motivos podem justificar o meu atraso nas postagens, mas não vale a pena enumerá-los ahahah

Quero agradecer pelos lindos comentários de todos e pelo carinho que vocês me têm dado ao longo dessa jornada de "Open Your Heart". Não tarda nada a fanfic vai terminar, por isso conto com todos vocês acompanhando os meus futuros trabalhos ♥

Queria dedicar esse capítulo a todos vocês, mas principalmente às duas divas maravilhosas que recomendaram "Open Your Heart": Nárri e Little Sunshine ♥ Obrigada amores ☺♥ fiquei até emocionada com o que vocês escreveram suas demónias perfeitas ahahah

Bom, chega de papo furado... CAPÍTULO NOVO já a sair!!!
ENJOY ♥☻☺



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No capítulo anterior:

—Eu vou acabar com você. — Kira murmurou, soprando deliberadamente contra a minha pele.

Inconscientemente, me lembrei de um trecho da música interpretada por Frejat e Barão Vermelho:

“Se você quer brigar

E acha que com isso eu estou sofrendo.

Se enganou meu bem,

Pode vir quente que eu estou fervendo.”

Vou fazer a Vakira cair do salto. E vou fazê-lo com todo o prazer do mundo.”

POV Ally

Sabem aqueles momentos em que as coisas acontecem tão rápido, que você nem se dá conta da bagunça que cria? Já deu para perceber que esses momentos são uma constante na minha vida, certo? Pois bem… aqui lhes exibirei mais um exemplo. Se preparem!

Como se não bastasse que eu estivesse à beira de um ataque de nervos por causa de Austin e de Riker, a Kira ainda tinha que estar ali para me relembrar da sua existência insignificante, mas MUITO incomodativa. E eu juro, que quando a ela me olhou com aquela cara de cabrita desmamada pronta para o ataque, meu punho ganhou vida e voou para o rosto dela. Não vou dizer que não gostei quando senti, sob meus dedos, aquele nariz dela, que há muito tempo me tirava do sério, a ser esmigalhado sem pudor. Mas gostei muito mais quando, e devido também ao meu soco, o corpo dela foi projetado para trás, fazendo com que suas costas se chocassem contra a parede, para que depois o seu corpo de vaca (que até então estava a ser explorado, pela mesma, num projeto semi-terminado de puta) caísse no chão.

Contudo, a minha festa durou pouco. Mal tive tempo de celebrar o meu golpe certeiro naquela cara deslavada da vakira, pois meu irmão (o estraga prazeres típico) fez questão de me prender entre seus braços, para impedir que eu causasse mais estragos físicos na cara e corpo da garota (vaca).

Agitei o meu corpo de um lado para o outro, me espremi o máximo que pude para tentar escapar, até optei pela saída mais humilhante possível, que se resumia a uma choradeira forjada, para tentar demover meu irmão a me libertar… Mas nada!

—Ally dá para você ficar quieta. Violência não leva a lugar nenhum! – argumentou Brady.

Rosnei de raiva e roguei mil pragas aquele imbecil, que infelizmente era do meu sangue. Não estava nos meus planos ser demovida a agir por minha conta e risco, por isso fiz o que eu sei fazer de melhor: ser eu mesma!

—Você não vai me soltar? — perguntei, só para confirmar.

Não. — respondeu Brady, irredutível.

—Eu vou te dar um soco Brady. — avisei.

Eu já disse que a violência não leva a lugar nenhum. – retrucou Brady, abanando a sua linda cabecinha.

Com os ombros levemente curvados, inspirei fundo e aproveitei a posição do meu querido irmão para fazer algo, de que provavelmente me arrependeria mais tarde. Ergui meu pé direito e pisei o pé de Brady, sem dó nem piedade. Ele gemeu de dor, mas os seus braços não me soltaram, porém também já não me apertavam como o faziam antes. Usei o cotovelo para atingi-lo no peito e então consegui a minha tão desejada liberdade, ao som de um grito – obviamente de Brady – digno de entrar para o livro de Records.

Observei Brady estatelado no chão, e provoquei:

—A violência não leva a lugar nenhum? — Apontei para ele, indicando a sua posição atual, como pano de limpar o chão. - Olha só para onde a minha violência te levou!

Brady esticou os lábios naquilo que parecia uma carranca de dor e apontou o dedo para mim.

—Você me paga.

—Depois acertamos contas. – respondi em um tom conciliador.

Corri na direção dos dois irmãos Moon (Austin e Riker), derrapando pelo corredor, não por livre e espontânea vontade, mas porque tropecei no corpo – ainda estendido no chão – da Vakira.

Escorreguei antes de atingir o meu objetivo, levando junto comigo uma garota que por lá passava, cujo intuito parecia ser fugir da confusão que se desenvolvia, mas acabou sendo arrastada para o caos por minha culpa. Sorry, I’m not sorry!

A muito custo consegui me agarrar ao braço de um outro garoto, que me olhava como se eu fosse o Lord Voldemort – gerado, nascido e criado – saído diretamente dos tão famosos livros do Harry Potter. O que foi? Agora não posso ser fã da autora J. K. Rowling?

Levantei-me, ainda me sustentando no corpo do referido garoto, e tentei readquirir o equilíbrio, mesmo a tempo de meus olhos captarem o soco desferido por Riker no rosto de Austin. Aí a fera despertou em mim. Soltei um rugido tonitruante digno de uma leoa e disparei na direção deles, desta vez tomando cuidado para não fazer uma visitinha ao chão.

Contudo, as minhas preces não foram ouvidas. Nem bem dei dois passos, com a intenção de acabar com aquele showzinho de pancadaria, pois acabei sendo intercetada por uma garra vinda do nada, que enlaçou meus pés, prendeu as minhas pernas e me levou direitinha para o chão. DE NOVO! Fiquei com o rosto desgraçadamente esmigalhado contra o piso.

—Eu disse que você me ia pagar. — Ouvi a voz de Brady dizer.

Passei as mãos no rosto, tentando eliminar qualquer vestígio de perplexidade que poderia estar presente nele (admito que também aproveitei para verificar o estado do meu infeliz nariz, que provavelmente estaria quebrado), e abri a boca para proferir a minha imensa lista de palavrões – alguns deles apenas existentes no meu vocabulário -, mas a expressão de deleite no rosto de Brady me fez parar minha língua afiada, para usar algo mais eficaz. Com um chute preciso acertei os países de baixo de Brady, com tamanha intensidade que provavelmente acabei dizimando os habitantes lá existentes. Era óbvio que tinha doído MUITO, mas acham que para mim isso fez alguma diferença? Não!

Comecei a me erguer do chão, articulando uma estratégia para chegar a Austin o mais rápido possível. Entretanto, pelos vistos, o destino tinha outros planos para mim. Uma loira desvairada se chocou contra o meu corpo, gritando os seus temores em relação ao estado de saúde dos referidos países de baixo do meu irmão, de modo que minha bunda passou a ser a vítima privilegiada daquele maldito chão, duro como aço.

—Você está bem Brady? Está doendo muito?- perguntava Rydel, como uma metralhadora, atropelando umas palavras com as outras. E meu irmão gemia, agoniado, se esfregando no chão com as mãos no meio das pernas. Tadinho!

Tentei me virar e correr, como se de repente o destino fosse cooperar comigo. Mais uma vez, para minha frustração, fui impedida.

—Eu te amo Ally, mas eu vou matar você. – sentenciou Rydel, espremendo o olhar a cada palavra dita.

Ela mal acabou de dar o aviso, pois eu já estava correndo em disparada. E todos os meus planos de impedir que Riker voltasse a bater em Austin foram por água abaixo, quando o loiro mais velho aplicou outro soco no MEU loiro.

Puxei o ar com força, me forçando a agir com o máximo de inteligência existente no meu pobre cérebro. Contudo, preferi dar asas ao meu instinto. Agindo rápido, tirei uma de minhas botas dos pés e a lancei na direção de Riker. E, embora a ideia fosse minimamente boa (infantil, mas boa), não fui bem sucedida, pois o cabeção do Rocky, que tentava inutilmente apartar a briga, acabou sendo o meu alvo infeliz. Ele e o pobrezinho do Ryland, que acabou por ser atropelado pelo gigantesco Rocky, que por sua vez decidiu descambar para cima do irmão mais novo. Muito generoso da parte dele!

Aquele não era o plano que eu tinha em mente, mas acabou por servir. Com o caminho desimpedido corri a toda a velocidade, como um autêntico protótipo de uma gazela desgovernada (não esquecendo de pegar minha bota pelo caminho), e pulei nas costas de Riker guinchando. Era braços para um lado, braços para o outro; caos espalhando por cada mísero canto daquele corredor… por momentos minha visão ficou turva e quase vomitei em cima do cabelo de Riker. Ou seja, até então tudo dentro dos padrões da “normalidade”. Quer dizer, eu estava literalmente sendo sacudida pelo Riker, que tentava a todo o custo se livrar de mim, mas tudo bem… tudo normal!

Dizer que essa situação é normal nas vossas cabeças pode parecer loucura. Mas, acho que já chegamos ao ponto certo para admitir que loucura é a nova normalidade desse mundo. Loucura é igual a banalidade. Pelo menos na minha cabeça essa peças se encaixam perfeitamente.

— O que é que está acontecendo aqui?— Uma voz grossa se fez sobressair sobre toda aquela desordem que se havia instalado, fazendo todo e qualquer ruído cessar.

Levantei o olhar, sentindo o meu instinto – anteriormente possesso pela raiva – me aconselhando a ficar quieta e calada. Diante de mim estava, ninguém mais ninguém menos, do que o excelentíssimo senhor diretor do colégio.

— Senhorita Allycia faça me o favor de descer das costas do seu colega. — ordenou o homem autoritário.

Pé ante pé, obedeci ao homem e ajeitei a compostura, assim que meus pés aterrissaram no chão. Com os olhos estreitados numa mísera fenda por onde nos fitava, o diretor apontou para cada um dos que, supostamente, estavam envolvidos naquele show de pancadaria. Incluindo a garota e o garoto que eu acabei arrastando para a confusão.

Quero todos vocês na minha sala… agora!

Com o rabinho entre as pernas, seguimos o diretor em filinha indiana, como um bando de crianças que aprontaram e que estavam com medo de apanhar.

Para a infelicidade de Kira, ela acabou sendo posicionada bem na minha frente. O que acabou não gerando o melhor final feliz para a cara deslavada daquele ser endemoninhado, que teimava em se agarrar, cravado bem as unhas, nas costas de Austin que, infelizmente, teve o infortúnio de ficar na frente dela.

Como o doce de pessoa que eu sou, simplesmente, deslizei meu pé para a frente, entre as pernas dela, e provoquei o derradeiro encontro das fuças da Vakira com o chão.

Austin pulou de susto e se afastou dela, quase desfilando. O maravilhoso do loiro tinha uma bunda melhor que a minha. Me permiti babar face ao espetáculo de ser, desgraçadamente  perfeito, que era o meu namorado, enquanto idealizava mil e uma aventuras entre nós dois. Quase esqueci de aproveitar a visão da Kira estatelada no meio do chão.

Vestindo uma saia de um tamanho que não deveria ser permitido em lugares públicos, especialmente em colégios, ela ajeitou o penteado, não se preocupando em esconder a calcinha vermelha de renda que tinha ficado à mostra, e fez cara de vítima. O cabelo tingido com mechas cor de rosa se mantinha no lugar pelo uso - calculo eu - de ao menos duas latas de spray fixador e, a julgar pela sua incapacidade de se conseguir levantar, Kira tinha quebrado o salto. Ponto para mim!

Austin abriu um sorriso para mim, mordendo a pontinha da língua. Não resisti e acabei sorrindo de volta, apesar de sua aparência, embora sedutora, me preocupar e enfurecer. Parte de seus cabelos loiros estava colados à testa, molhados pelo suor provocado pela adrenalina do seu embate furtivo com Riker. Um de seus olhos estava vermelho e aparentava estar inchando, o seu lábio inferior estava definitivamente inchado e sangrava parcialmente.

— Que maravilha!— ironizou o diretor, colocando as mãos na cintura. – Passam a noite inteira em baladas, bebendo e enchendo a cara, e depois vêm para o meu colégio trazendo a embriaguez da noite anterior. E eu é que sofro as consequências! — Ele apontou o dedo torto para Kira. – De pé Kira Star, não tenho tempo para gastar com idiotices.

—Mas foi ela que…

O diretor fez um gesto brusco para calar a matraca da Kira – estando, aparentemente, bastante desinteressado em saber quem fora o causador do “bate-trombas” dela -, e acabou batendo com a mão, por acidente (eu acho), no rosto de Rocky, que quase revidou o golpe com um soco certeiro na barriga, com uma definitiva aparência de gravidez de trigémeos em fase terminal, do homem. Por sorte Ryland estava lá para impedir o incidente, que na minha opinião seria de extrema vitalidade para o apimentar do dia, já que todo mundo estava numa de pancadaria.

—Não quero saber!— estalou o homem, sem se dar ao trabalho de pedir desculpa ao pobre Rocky, que não parava de massagear a zona afetada pelo golpe acidental do nosso já mencionado caríssimo diretor.

Kira grunhiu e cobriu o rosto com as mãos, forjando em simultâneo uma choradeira ridícula, para não dizer algo ainda mais insultuoso… e honesto. Seus lábios moldavam um beicinho na direção de Austin, que a olhava – na minha perspicaz opinião – dividido entre ignorá-la ou ajudá-la. E aquilo me irritou bastante, até ao ponto de eu soltar:

— Sério Kira?! Até uma vaca sabe forçar um choro melhor que você.— constatei, colocando uma expressão mais leve, para não desatar a rir feito uma histérica ou acabar estapeando aquele rosto banhado em maquiagem MUITO mal aplicada. Fingi uma tosse básica, não esquecendo o pormenor do olhar doce e ingénuo. – Oh, espera… você é uma vaca!

—Allycia Dawson! – repreendeu o diretor, espremendo novamente os olhos, só que dessa vez, somente na minha direção.

—Não teve piada... — cacarejou Kira, cruzando os braços, após se levantar e fazer (ou tentar) uma postura sexy, empinando a bunda na direção (adivinhem de quem?) do Austin! —… as vacas não sabem forçar um choro e muito menos chorar!

Se achando a possuidora do cérebro mais potente a nível de inteligência do mundo, a Vakira desatou a rir estrondosamente, soltando uns roncos pelo meio.

—Não sabem forçar um choro, mas aparentemente as vacas sabem rir! — concluí por fim, recebendo um sinal de aprovação de Rocky e um olhar mortiferamente feroz sobre mim. E não era da Kira, já que ela ainda estava a tentar descodificar o significado daquela minha última frase, mas sim do diretor que silenciosamente nos apontou o caminho para a sua sala, também conhecida (por mim, claro) como o reservatório dos castigos e expulsões.

Um passo, dois passos, três passos e… Parou tudo! Qual era a probabilidade de acontecer algo ainda mais chocante do que ver Austin e Riker brigando, eu e Brady discutindo, Kira sendo colocada no seu devido lugar (no chão) e o diretor batendo em um aluno “acidentalmente”? Aparentemente, a probabilidade era gigantesca… e perturbadora.

—Trish? Dez?

Com os olhos prestes a pular do rosto para se esbugalharem no meio do chão, todos (mas mesmo todos) encarávamos Trish e Dez acabadinhos de sair de uma das divisões destinadas a produtos de limpeza do colégio, com a maior cara de culpa, deliciosamente merecida, estampada nos seus rostos marcados pela safadeza do que teria, eventualmente, acontecido antes de serem apanhados em flagrante, saindo de um local para lá de comprometedor.

Com os cabelos totalmente desgrenhados, os olhos dilatados e escuros – invadidos pelo negro e exuberante desejo de seus corpos -, os lábios completamente vermelhos e inchados, os rostos rosados e os cabelos e roupas agarradas em todos os lugares, evidenciando os locais não apropriados, devido ao excesso perturbador de suor que lhes escorria da cabeça aos pés, eles tentavam passar a imagem de purificadores da paz e do bom senso, esquecendo-se (ou tentando) de que até as suas respirações alteradas denunciavam a pegação na qual eles estiveram envolvidos e da qual eu iria cobrar informações mais tarde.

— Para a minha sala… AGORA!

Ih, fodeu! — comentei, esperançosa de que ninguém me fosse ouvir.

— Allycia Dawson!

— Foi mal…

O caminho até à sala do diretor foi silencioso, embora os meus olhares significativos na direção de certas pessoas fosse o bastante para dar a entender muita coisa.

— Eu estou cansado do vosso comportamento. — declarou o diretor, alapando a bunda gorda na cadeira luxuriante em frente à sua secretária.

—Mas… — tentei falar.

—Calada! — ordenou o homem, perfurando as minhas entranhas com um olhar digno de um homicida.

—Mas…

—NÃO quero ouvir um pio! – sentenciou ele, apontando diretamente para mim. Isso é bullying!

Respirei fundo e disparei a falar, antes que fosse interrompida, ou acabasse levando com a caneta, que o homem balançava nas mãos, em cheio na testa.

—Aqueles dois não têm nada a ver com isso!

Ele levantou, espalmando a pobre da cadeira contra a parede e, após apoiar a interminável barriga na secretária, bateu com as mãos na mesma, causando um estrondo deveras desnecessário. Depois me olhou, calmo e com serenidade, e perguntou?

— Quem? Quem não tem nada a ver com isso?

Apontei para os dois pobres coitados que eu tinha envolvido na confusão, e pensei sinceramente que eles poderiam ter vindo a ser meus amigos no futuro, mas que, e depois da bagunça em que os meti, eles claramente estariam a desejar a minha morte lenta e dolorosa.

—Podem ir. — confirmou o diretor sem delongas.

— Eu também não fiz nada! — gritou Kira, saltitando que nem uma demente psicótica. — Posso sair, certo?

—Claro… que não!

— Mas… o senhor não pode fazer isso comigo! Eu sou a Kira Star e exijo um tratamento especial. — Ela apontou para mim. — Essa garota é que tem que ficar aqui para ser oficialmente expulsa deste colégio.

—Expulsa por que motivo? — O diretor quis saber, realmente interessado na possível resposta da Vakira. Admito que, eu também!

Era estranho como todos ao nosso redor se mantinham quietos, o que me fez perguntar se eu deveria ter seguido o exemplo deles?

— Por ter roubado o MEU namorado… o meu Austin.

Ah, por favor senhorita Star. — reclamou o homem revirando os olhos.

—Liga não diretor. – aconselhei num tom adocicado. – Tem gente que não nasceu foi cagada!

Austin, a uma “Kira” de distância de mim, soltou uma risada baixinha e nasalada, muito fofa.

— Allycia Dawson! – vociferou o diretor, com as bochechas todas vermelhas.

— Porque ela tem direito a ser apelidada por “senhorita” e eu não? – questionei com o orgulho, seriamente, ferido.

Ao meu lado direito, Brady resmungou qualquer palavrão, obviamente destinado a mim, e bateu com a mão na própria testa, bufando.

— Eu estou ficando sem paciência. — avisou o diretor, o mesmo homem que deveria, supostamente, promover a igualdade entre os alunos do seu colégio, mas que era o primeiro a fazer distinção entre eles ao denominar uns por nomes sofisticados e outros não. Que ultraje!

—Eu posso ser chamada de senhorita, porque EU tenho classe! – É fácil de adivinhar de que boca saiu essa barbaridade, certo? Certo.

—Desde quando classe serve para classificar gente de um nível baixo que nem o seu? Vagabundas não têm classe, senhorita! – E também é fácil de adivinhar de que boca saiu essa grande verdade, certo? Certo. Às vezes eu me surpreendo a mim mesma com a minha sabedoria.

O diretor estufou o peito e andou na minha direção com passos firmes e calculados, deixando as mãos atrás das costas, o barrigão empinado, o queixo elevado, até ao ponto de eu conseguir enxergar com demasiada perfeição as suas grutas nasais sombrias.

—Tento na língua menina. Ah, agora eu sou menina!

—Nossa… — Escandalizada demais até para pestanejar, entrei num transe profundo onde as palavras ganharam vida própria e saíram da minha boca, uma atrás da outra. – … eu consigo ver as suas narinas!

—O quê?

—Tanto pêlo, meu santo picles e Jesus amado!— admirei-me, sem conter a repulsa. — Há quanto tempo o senhor não cuida disso aí?

Podia jurar que os olhos dele faiscaram de raiva… e vergonha, talvez!

—Castigo… para… todo… mundo! — rosnou o diretor de forma, deliberadamente, lenta.

Um chinfrim de queixas e acusações foi desencadeado depois daquela sentença, sem grande fundamento na minha opinião.

— O senhor não vai querer averiguar os factos à cerca do que se passou lá fora? — perguntou Ryland. – Tem gente aqui inocente.

Ignorando toda e qualquer opinião a ser dada, o diretor prosseguiu com o seu veredicto:

—Quero todos vocês na porta da nova sala de teatro, assim que as aulas de hoje terminarem. — anunciou. Era muito mau se eu dissesse que nem sabia que estavam a construir uma nova sala de teatro?

—Pra quê? — questionei sem esconder o deboche e fui metralhada pelo olhar de várias pessoas (e uma vaca) furiosas.

—Ainda bem que pergunta menina Dawson. — Sorri com escárnio e dei língua aos meus mais recentes companheiros de serviço comunitário. — Vocês estão agora encarregues de tratar da pintura da nova sala de teatro, até ela estar devidamente apresentável.

—Todos? — Ryland perguntou.

—Todos. — confirmou ele.

Ouvi Trish suspirar de alívio. Acho que depois de ser protagonista de uma cena de flagra inédita, ela estava com medo de pegar um castigo bem pesado. Quer dizer, segundo o diretor era estritamente proibido os alunos se beijarem dentro das instalações do colégio… Embora, todo o mundo o fizesse.

Dei um passo em frente para me fazer anunciar.

—Sério que o senhor me quer deixar trancada dentro de quatro paredes com essa daí? — Apontando diretamente para Kira deixei bem clara a minha posição… e a ameaça evidente nas entrelinhas.

—Sério que a menina prefere limpar os banheiros de todo o colégio?

—Não. Eu estou bem! — Baixei o tom de voz. - Só não me responsabilizo por homicídios futuros.

Quando, pela milésima vez, Kira teve um chilique e referiu o tratamento especial que, supostamente e só na cabeça dela, merecia, agarrei no braço dela e a arrastei para fora da sala do diretor, que me agradeceu com o olhar, embora eu soubesse que no fundo ele estava temendo pela saúde da idiota da Vakira.

—Me solta!— exigiu ela.

—Com prazer!

—Vaca. — sibilou a imbecil, que parecia não ter aprendido a lição, mesmo depois de eu ter praticamente enfiado a cara dela no chão, antes de abandonar o local.

Espalmei a mão contra o meu próprio rosto e resmunguei tudo o que podia e sentia, tentando me conter para não berrar um palavrão. Dei meia volta, prontinha para agarrar no braço de Austin e me pôr a andar dali para fora, quando Brady decidiu dar o ar de graça da sua raiva e cólera contra mim. Belo irmão que eu fui arranjar!

—Porque raio é que você foi falar das narinas do homem?

—Porque raio é que você está especado na minha frente? — perguntei de volta, usando o sarcasmo de forma bem explícita.

—Se você não tivesse insultado a estrutura nasal do cara a gente não tinha pego um castigo tão pesado. – argumentou o meu maninho querido, que nunca pegou um castigo na vida e que definitivamente não sabia o que era um castigo pesado.

—Que culpa eu tenho se o cara se lembrou de colocar a porra do nariz em exposição por cima dos meus olhos?

— Você é impossível!

Inalei o ar profundamente e, assim que afastei Brady do meu caminho, agarrei FINALMENTE no meu loiro e o arrastei dali para fora, ignorando o restante pessoal, sobretudo Riker.

As aulas já tinham começado à uma meia hora, já que o incidente matinal me tinha proporcionado uma fuga alternativa ao primeiro dia de aulas da semana. No entanto, as minhas ações ficaram um pouco limitadas, pois Austin não estava no melhor estado para andar zanzando por aí e eu tinha muita coisa entalada na minha garganta para libertar.

—Para onde estamos indo? — perguntou ele, beijando a minha mão, enquanto seus dedos se entrelaçavam nos meus.

—Para onde você acha? – Olhei para Austin, que caminhava com uma expressão divertida no rosto e me enfureci.— Precisamos cuidar desses ferimentos!

—Porquê?

—Como assim porquê? Você tem noção do seu estado? – Agora eu estava puta da vida.

Austin travou o nosso percurso até à enfermaria e alterou minha direção, empurrando minhas costas contra a parede do corredor.

—Está assim tão ruim? — questionou ele, bagunçando os seus fios de cabelo.

O seu aspeto não estava ruim, afinal até vestido de mulher essa porra de homem devia ficar lindo, mas era preocupante e ele precisava desinfetar aqueles ferimentos.

—Você está com os olhos inchados e cheio de hematomas pelo rosto.

—Mas é ruim? – Ele só podia estar zoando com a minha cara. Eu preocupada com o desgraçado e ele fazendo gracinhas.

—Você está parecendo uma abelha. E ninguém gosta de abelhas!

—Nem você? — Ele pronunciou, exalando uma voz rouca contra os meus lábios.

—Você está tentando me seduzir? — perguntei, arqueando as duas sobrancelhas.

Não. – Ele respondeu, de forma incerta. — Porquê? Está resultando?

—Não! – afirmei, afastando-o um pouco de mim. Mas, então, não resisti e o puxei de volta contra meu corpo. — Bom, talvez!

Austin sorriu, cheio de safadeza reluzindo nos seus olhos castanhos.

Mas não pense que isso vai mudar o meu foco. — avisei. — Eu estou muito furiosa com você!

—Comigo? Porquê?

—São tantos os motivos que eu acho que vou precisar enumerá-los. — Ele arregalou os olhos e se afastou, o que me deu incentivo para prosseguir. – Já é a segunda vez em três dias que você briga por minha causa.

—Não é sua culpa…

—Me deixe continuar. – exigi com firmeza e, depois de um olhar duro e gélido, deixei que meus sentimentos fluíssem. — Você deixou que Riker batesse em você, sem sequer reagir ou revidar…

—Ele é meu irmão. — Austin tentou argumentar, mas aquele não era um argumento e sim uma desculpa.

—E daí? Que eu saiba ele é tanto seu irmão como você é irmão dele!

Austin abriu a boca, mas a fechou no mesmo instante em que viu a raiva que me consumia, pois ele sabia que argumento algum apagaria aquela fúria de dentro de mim.

—Foi você quem permitiu que toda essa confusão acontecesse. Quando eu cheguei aqui no colégio e vi Riker prestes a bater em você fiquei possessa e minha cabeça só pensava em mil e uma maneiras de tritura-lo vivo. Mas aí… você disse para todo o mundo ouvir que, ele tinha total liberdade para espancar você se fosse preciso. — Não tinham sido essas as exatas palavras de Austin, mas não fazia diferença. O ponto onde eu queria chegar estava bem ali! – Na altura, e com toda aquela adrenalina a circular no meu sistema sanguíneo, eu me deixei levar pelo momento: bati na Kira, mais do que uma vez; machuquei meu irmão, também mais do que uma vez; arrastei duas pessoas inocentes para a confusão; fui ameaçada de morte pela sua irmã; machuquei Rocky, que por minha causa atropelou Ryland… E o resto você já sabe. O que eu quero dizer é que, até esse momento eu não tinha tido tempo para raciocinar direito, mas agora… Agora que eu me permiti raciocinar com um ser humano normal, percebi que eu estou raiva sim, mas raiva de você. — Fiz uma pequena pausa para recuperar o fôlego, aproveitando para sufocar o choro que brotava na minha garganta. Austin me olhava em silêncio. – Eu estou com raiva por você ser um irmão tão leal; estou com raiva por saber que você se sente culpado por estar comigo; estou com raiva por me sentir culpada por tudo o que está acontecendo; estou com raiva por ter te levado a trair a confiança de Riker; estou com raiva por te amar tanto e não ter conseguido afastar você de mim; estou com raiva por saber que você sente culpa dos sentimentos que tem por mim… e isso dói muito!

—Eu não sinto culpa por te amar. E muito menos me sinto culpado por cada momento maravilhoso que passamos juntos. Você entendeu tudo errado! — Austin disse com incredulidade. Os olhos dele, sempre tão estupendos, se arregalaram e suas mãos capturaram o meu rosto para encaminhar nossas testas uma contra a outra, com um toque de delicadeza e um vislumbre de brutalidade. - Eu me sinto culpado sim, mas por ter mentido para o meu próprio irmão. Você tem ideia de quantas vezes Riker desabafou comigo sobre os sentimentos dele por você? E de quantas vezes eu fui covarde diante das declarações dele? Ele tem todos os motivos para estar furioso comigo, mas tem zero motivos para estar zangado com você. Você não fez tudo certo, mas se preocupou mais com os sentimentos dele do que eu… Eu não fui honesto, por isso EU mereço levar todos os socos que ele me quiser dar.

—Não, não merece… Riker pode ter todos os motivos para estar zangado, mas você é irmão dele e não merece ser um saco de pancada nas mãos de ninguém.

—Nesse caso…

—Não! — O cortei antes que ele terminasse aquela frase e me deixasse furiosa de novo. Afinal, depois de tudo que ele tinha dito, meu coração estava mais derretido que manteiga ao sol.

—Vamos acabar com essa conversa?

 Movi a cabeça em concordância, mas meu olhar estava estranho, meio desfocado… e só então percebi que tinha passado o tempo todo derramando um mar de lágrimas. Suspirei, impressionada com a minha bipolaridade. Tanta fragilidade me deixava incomodada. Era difícil encarar Austin sem deixar transparecer a dependência que eu sentia de seu amor e carinho.

Austin ergueu meu rosto com as mãos e se aproximou devagar. Uma lágrima escorreu do meu olho e desceu lentamente pela minha face, mas eu nem me importei, hipnotizada de mais para desviar a minha atenção do meu loiro. Na verdade, quem se inquietou foi ele, que se distraiu com a gotinha e resolveu retirá-la...

Meu peito disparou num ritmo alienado quando Austin beijou a minha pele para cobrir o rasto deixado pelas lágrimas e usou a língua para traçar o seu próprio trajeto nas minhas bochechas.

Gemi, alto ou baixo, não podia garantir… Estava em brasas, a mil! E completamente perdida no mundo da sedução e loucura. Ainda estávamos no corredor, pelo amor de Deus! Os hormônios são uma coisa do caralho.

—Eu te amo desde aqui até à lua… - sussurrou ele, atormentando os meus lábios com os seus, a milímetros de distância. —… e desde a lua até aqui, vezes e vezes sem conta!

—Repete?! - balbuciei, incapaz de ser mais articulada.

—Eu te amo desde aqui…

—Só o “eu te amo” basta!

—Eu te amo. — ele repetiu pausadamente, articulando cada letra na perfeição.

E então Austin me beijou. Senti seus dedos acariciando minhas costas, e depois subindo até prenderem meus cabelos. Minhas entranhas formigavam de vontade de aprofundar o beijo, e eu quase cheguei a tomar essa atitude, mas Austin avançou primeiro. O encontro de nossas línguas geraram faíscas, que me consumiram por dentro. Contornei seu pescoço com as mãos e o forcei para baixo, de modo que ele não me pudesse escapar.

—Austin… — Cravei meus dentes no seu lábio inferior e o puxei, lambendo-o em seguida.

Desci as minhas mãos até à cintura dele e acariciei a pele exposta entre o cós da calça e a camisa. Coloquei as mãos no rosto dele com desespero, querendo invocar mais e mais contacto, e Austin reagiu na hora. No entanto, não foi num bom sentido.

—Vamos na enfermaria. — pedi, ofegante de mais para formular uma frase mais rebuscada.

Passei os dedos com delicadeza nos hematomas no rosto dele e soltei um beijo sobre um deles.

—Vamos… mas primeiro vamos passar no seu quarto. — concluiu ele, sem dar abertura para uma contestação. Não é que eu fosse fazê-lo…

—Porquê?

—Porque se eu estou parecendo uma abelha, você está parecendo um panda…

Maquiagem e lágrimas definitivamente não combinam!

—Você não gosta de pandas? - perguntei, com um sorriso safado.

—Eu amo pandas. Mas não acho que um panda e uma abelha se possam relacionar.

—E se for um Austin e uma Ally? Acha que pode resultar?

Dei uma piscadela para enfatizar a provocação e recebi um brilho travesso nos olhos de um loiro lindo de morrer.

—Sem sombra de dúvidas.

Austin agarrou na minha cintura e me puxou para cima, segurando-me por baixo da bunda, e me encaixou no seu quadril.

—Temos cerca de dois minutos para chegarmos ao seu quarto, antes que eu perca o controle e te jogue contra a parede mais próxima.

—Então do que estamos esperando loiro?


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Gostaram? Gostaram? Gostaram?
Espero que sim... de coração. Próximo capítulo sairá ou nesse final de semana ou durante a próxima semana.

Quero aproveitar para avisar aos leitores de "I will be always there for you" que eu estou fazendo uma pausa nessa fic, pois eu estou reescrevendo ela e publicando em português de portugal no Wattpad, mas com personagens originais. A fanfic vai continuar a ser postada aqui como fic de Austin e Ally e com as devidas alterações. Mas, para quem quiser ler a história no wattpad aqui fica o link:

https://www.wattpad.com/myworks/65132487-estarei-sempre-l-para-ti

Bom, acho que é tudo.... COMENTEM ♥♥ MUITO DE PREFERÊNCIA ahahaha Amo vocês ♥
Até ao próximo capítulo ♥☺♥☺