Open Your Heart escrita por Ally Faria


Capítulo 31
Você é o meu pecado!


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores ♥ I'm back (estou de volta)

Não sei o que vos dizer em relação ao meu sumiço repentino, só espero que vocês entendam que eu também tenho vida e que por vezes não é fácil conciliar tanta coisa ao mesmo tempo.
É muita coisa rolando ao mesmo tempo, muitas informações entrando e saindo da minha cabeça... precisei dar um tempo, organizar a minha vida, voltar a gerir as coisas que são importantes pra mim, como as minhas fics. Entendem?

Como eu estava sumida também não tive a oportunidade de vos desejar um Feliz Natal e um ótimo 2016 para todos. Foi tarde, mas tá aí kkkk Me perdoem por isso também.

E como eu vos pedi (tempo atrás) vocês votaram entre: uma briga Ally vs Kira e uma briga Ally vs Cassidy. E a vencedora foi......................................................... a Kira.
Lamento por aquelas que votaram na jumenta da Cassidy, mas eu tenho que ser unânime.
Contudo, essa parte da briga não vai estar no capitulo de hoje. Porquê? Porque esse capitulo estava para lá de gigante, por isso eu dividi-o em duas partes. E a parte do capitulo que, contém a briga entre a nossa amada Ally e a odiada Kira vai ser postado somente no final da semana.

E antes que me esqueça, eu quero dedicar esse capitulo à Babi Farias (que fez anos dia 30 de Setembro) e à Duda Lynch Marano (que não fez anos, mas eu quis dedicar a ela) ♥♥ Ah e à minha Sarinha (Blue Fairy)

E acho que é isso... enjoy ♥



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POV Ally

Austin Moon representava exemplarmente todas as tentações do mundo, embrulhadas em calças justíssimas e casacos de couro que me faziam perder o fôlego. Ele era uma mistura de gato de telenovela, gostoso de filme de ação e homem sensual e misterioso de filme de romance. A fantasia de qualquer garota. Olhando nos olhos dele a gente conseguia ver que ele era mais do que só um rosto bonito, ele era encrenca pura. Ai, meu Deus! E por essas e por outras é que minha vontade de poder me “encrencar” com ele me deixava pior que louca… me deixava alucinada!

O problema era que eu deveria tomar juízo e andar na linha. Palavras do meu pai e, do Brady, do diretor, da minha avó, do meu avô, da … acho que já me fiz entender. Todo mundo me achava uma encrenqueira de primeira categoria. Só que me comportar direito era uma tarefa bem difícil, como devem imaginar!

E infelizmente – ou felizmente, dependendo do ponto de vista – essa era uma batalha impossível de vencer. Ainda pra mais depois que o loiro desgraça decidiu fazer uma tatuagem! Isso mesmo, vocês ouviram bem!

Não sou do tipo de garota que gosta desse negócio de piercings e tatuagens. Acho bem desinteressante, para falar a verdade. Só que esse garoto me apanhou desprevenida quando apareceu com uma tatuagem, delineada a preto e cinzento, no osso do quadril, com o desenho de uma rosa cheia de espinhos, metade bela e viva, e metade murcha e sem vida, com as pétalas esvoaçando ao vento. Fiquei possessa. Não por estar com raiva dele, mas por que ele ficou sexy pra caramba. Se fosse outro homem eu, com TODA a certeza do mundo, zoaria e falaria que o “homem” tinha virado bicha, pois rosas são para mulheres. Mas TUDO, e repito, TUDO fica bem nesse desgraçado. Sério, dá até inveja.

Então agora me expliquem: Como é que eu poderia, alguma vez na vida, fingir que ele me era indiferente, na frente dos outros (foquem o Riker nessa história), se esse desgraçado não me facilitava as coisas?! Tudo bem que já estava mais do que na hora do Riker saber a verdade, mas namoro “secreto” tem um certo charme. E o Austin e eu meio que não sabíamos como contar. Um problema!

Enfim…Toda a vez que eu vi-a o Austin com aquelas camisetas apertadas, que delineavam os músculos do seu abdómen, o meu bom senso ia para o espaço. Não era difícil ficar desconcertada só com a noção de existência do pequeno pedaço de pele, bem sensual, pintado por baixo de todas aquelas roupas. Que castigo minha gente!

Ele era bom demais para ser verdade… e bom demais para eu não puder esfregar o nosso relacionamento na cara das recalcadas. Quer dizer, bastava olhar para ele. Não me admirava que 99% das garotas do colégio suspirassem e se derretessem por ele. Oh, pedaço de mal caminho.

E foi por essas e por outras, que todo o nosso plano de… (me deixem fazer as contas)… quase três meses de namoro secreto, acabou dando na maior furada de todos os tempos. E sim gente, o Austin conseguiu me aguentar por três meses. Me poupem das vossas caras de indignados. E sim, eu me livrei de contar muita coisa para vocês, mas qual é gente? Os meus beijos e escapadelas a meio da noite para me encontrar com o Austin não têm que ficar no conhecimento geral, então guardem a vossa curiosidade, bem guardadinha.

Continuando… Onde é que eu ia mesmo? Ah, sim. A maior furada da minha vida e da história das furadas.

Tudo começou numa linda tarde de quarta-feira… Espera, que coisa mais careta! Parece até que eu estou relatando um conto de fadas. Não, não… Vamos direto ao ponto. E do início:

Tudo começou com uma ferina troca de olhares entre mim e o Austin. Durante semanas o loiro me provocou, sabendo que eu estava um tanto (muito) cativada com a novidade no corpo dele. Então ele usou isso de forma a despertar o meu lado mais, digamos que, selvagem.

Resumindo: não deu certo. Quer dizer, certo… certo? Até deu. Tão certo que, num determinado dia (nota: no final de semana) as minhas pernas passaram a oscilar a cada 2 passadas, depois de um encontro noturno com o loiro. Parecia que eu tinha sido atropelada por uma manada de vacas enfurecidas. Kiras enfurecidas. Mas foi bom. MUITO bom. Contudo, me abstenho de pormenores sórdidos, íntimos e perversos. Minha vida sexual só a mim me diz respeito. Mas admito que eu gostava de compartilhar alguns pormenores.

Voltando ao foco inicial. O que não deu certo foi uma única coisa, chamada: eu sou gostosa e só atraio problemas.

Como eu estava com um gravíssimo problema em esconder os meus sentimentos pelo loiro, sugeri que eu e as garotas fizéssemos uma noite só de meninas, em segredo como é óbvio, num bar que tinha sido inaugurado recentemente. Só que as doidas varridas deram com a boca no trombone e contaram aos garotos. Resultado: o bando se infiltrou todo no nosso meio de diversão. Pronto, admito… eu também me descaí e falei pro Brady.

Não foi ruim que eles estivessem lá. Até isso acontecer:

Então estava eu, toda linda e diva, tendo uma noite de descontração maravilhosa, dançando feito louca e pulando que nem uma gazela desgovernada no dito bar/boate, chamado “Life is crazy”, quando o que não devia ter acontecido… aconteceu.

Um cara todo abusado, safado e bem louco se aproximou de mim. Ele era alto, moreno, musculado e bonitinho, mas com um bafo de bunda intragável. Um filé apetitoso para as vadias da sociedade. Mas não pra mim!

–Oi, eu sou o Mitchell. – falou o cara com a voz embolada, acompanhada do cheiro forte a mau hálito e colónia barata.

–Não me lembro de te ter perguntado alguma coisa. – respondi, sendo o mais grossa possível. Não estava a fim de ter babacas bêbedos dando em cima de mim.

Olhei ao redor procurando auxílio, mas logo me lembrei de que as meninas tinham ido ao banheiro e que os garotos estava do outro lado do bar jogando bilhar.

–Selvagem. Gostei. – replicou o sujeitinho de quinta, elevando a mão para tocar no meu rosto.

–Bom pra você. – empurrei a mão dele e virei costas. - Agora me deixa em paz, porque eu estou acompanhada.

O cara olhou ao nosso redor e depois pra mim, realçando que estava todo o mundo bêbedo de mais para prestar atenção em nós dois. E a música alta era um ponto a seu favor. Abusado por si só e completamente sem noção, ele decidiu me agarrar do nada, com tudo a que tinha direito.

Vocês me conhecem e sabem que eu não sou esse tipo de garota. A minha única e primeira reação foi girar sobre os calcanhares e espetar um tapa bem assente na cara do idiota. Só que aparentemente o imbecil não esperou, nem gostou dessa minha reação. Talvez eu tenha ferido o seu ego! Quando dei por mim estava sendo sacudida, abanada e sei lá mais o quê por esse mesmo fulano. Fiquei tão atarantada por instantes, que nem consegui reagir.

–Larga ela. – uma voz atrás de mim berrou. E eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar.

Queria me virar para confirmar as minhas expectativas, mas o carinha impediu que eu o fizesse, apertando ainda mais os meus braços. Ele inclinou a cabeça para puder enxergar quem estava atrás de mim e sorriu com arrogância ao completar o seu objetivo.

–Não me parece que eu tenha que fazer o que você manda. – argumentou e pude ouvir o desafio em sua voz.

–Ela está com a gente. Por isso é melhor você larga-la, dar meia volta e ir embora. – reconheci a voz de Riker, tentando parecer calmo.

–E são vocês quem vão me obrigar? – provocou o sem noção.

–Olha cara, eu não sou de briga, mas se você não soltar a minha irmã nesse instante, vamos ter problemas. – meu irmão falou, contento o nervosismo.

O cara girou o meu corpo e encostou as minhas costas no seu peito. Agarrou meu rosto e deixou um beijo molhado no meu pescoço. Um nojo! Por sorte, enfim, pude ver quem eram os meus salvadores. Lá estavam Austin, Riker, Rocky, Dallas e Brady.

Olhei para Austin e me deparei com uma expressão que eu nunca tinha visto antes. Ele tentava permanecer calmo, provavelmente por minha causa, mas ele já estava com uma agressividade inconfundível no olhar.

–Sério que vocês são irmãos? – O bafo a tequila do cara soprou no meu ouvido e quase tive vontade de vomitar. – Você deu sorte garota. Ficou com todos os genes bons da família.

Ele riu provocativamente e eu olhei de novo para Austin. A agressividade no seu olhar acabou se transformando em fúria assassina. Ele não se ia segurar por muito mais tempo.

–Sério cara? Nós somos cinco e você é só um. Baza antes que você tenha de sair daqui para ir diretamente para o hospital. – Repostou Brady e Dallas colocou a mão no seu ombro para enfatizar a ameaça.

–E vocês são quem? A liga da justiça? Fica na sua, cara. Ela até pode ser sua irmã, mas não é sua propriedade.

Engoli o nervosismo, assim que minha cabeça deixou de parecer um remoinho. Olhei de relance para o cara e deixei que meus atos realçassem a minha fúria. Semicerrei o olhar instintivamente e mordi a mão do imbecil, que grunhiu de dor e raiva. Aproveitando o momento, bati com o meu cotovelo no tórax dele, com toda a força existente no meu corpo. Ele cambaleou para trás, sem ar, por pouco não me derrubando também e caiu no chão, empurrando uma data de gente durante a queda. E bastou isso!

–Sai da frente, Ally. – Austin me empurrou contra os nossos amigos e caminhou até ao cara com passos violentos e agressivos.

Antes que o tal de Mitchell se pudesse levantar, o Austin ficou em cima dele, de pé, fazendo chover socos em seu rosto. Brady tentou me afastar da confusão, mas uma barreira de gente começou a se formar ao nosso redor. Riker e Rocky correram até Austin, segurando-o pelos braços e pescoço para tira-lo de cima do cara, que estava praticamente nadando no próprio sangue. Mas o loiro se desenvencilhou dos irmãos facilmente, empurrando-os com violência.

Nessa pequena fração de segundo, o opositor do Austin se levantou e encaixou dois golpes no lado direito do maxilar dele. Vi o rosto do meu loiro ficar arroxeado e me encolhi toda nos braços do meu irmão.

–Quem você pensa que é loiro oxigenado? O salvador dessa putinha? – perguntou o cara, com a mão sobre o nariz ensanguentado.

Brady me apertou num instinto protetor, quando se apercebeu que eu ia pular no meio da briga para encher o cara de porrada. Ele me conhece. Mas eu não fui a única a ficar furiosa. Austin ficou possesso e retribuiu a agressão anterior chutando o peito do cara, jogando-o de novo no chão.

–Eu sou o namorado dela. – Gritou o loiro, em plenos pulmões.

Eu vi tudo. Vi a fúria no olhar do Austin, a surpresa e arrogância no olhar desse tal de Mitchell. Aliás, eu vi a surpresa no olhar de todos. Mas o que me doeu foi ver a deceção nos olhos Riker, que me observou em dúvida, procurando a verdade e a mentira no meu olhar. E eu não fui capaz de desmentir as palavras de Austin.

Quando os seguranças conseguiram passar pela multidão para apartar a briga, Austin se afastou com relutância do cara, que se encontrava com os dois olhos e o rosto roxo e o nariz e o lábio inferior jorrando sangue. Um dos seguranças ajudou o imbecil a se levantar e o encaminhou pela multidão. No meio da confusão acabei perdendo o Riker de vista.

Um outro segurança foi na direção de Austin com um olhar ameaçador.

–Eu estou saindo. Não precisa me levar até à porta. – falou Austin fuzilando o homem inteirinho.

Eu me aproximei relutante e ele pegou a minha mão.

–Você tá bem? Se machucou pequena? – perguntou, enquanto me olhava de alto a baixo com um olhar feroz e descontrolado.

–Tou bem, não se preocupe. – segurei o rosto de Austin para faze-lo me olhar. – Você se deu conta do que disse?

Ele franziu o cenho por um segundo. A raiva e a adrenalina ainda estavam circulando pelo seu sistema sanguíneo. Não ia se dar conta.

–Para que conste, eu sempre soube que vocês estavam namorando. – revelou Rocky, chegando perto e colocando a mão no ombro de Austin. – Mas cara, haviam maneiras muito melhores de revelar a verdade pro Riker.

Arregalei os olhos em sincronia com o Austin. Ele me olhou furtivamente e pude ver a expressão de culpa começando a tomar conta do seu rosto. O loiro pulou para trás, puxando os seus fios de cabelo com violência e socou o ar com raiva.

–Droga.

–Calma irmão, mais tarde ou mais cedo o Riker tinha de saber a verdade. – O rosto de Rocky ficou pensativo e ele concluiu: – Só não sei como é que ele ainda não tinha captado nada. Todos nós já tínhamos percebido que tava rolando algum lance entre vocês.

–Mas eu não queria que ele descobrisse assim. – afirmou Austin, inconsolável.

–O que está feito está feito. Agora não à volta a dar. – disse Dallas, com um olhar terno na minha direção.

–Onde estão as garotas? – perguntou Brady, abraçando minha cintura com carinho.

–Elas tinham ido no banheiro antes de toda essa confusão. Devem ter se perdido no meio desse pessoal todo. – revelei, encostando a cabeça no rosto do meu irmão, que repousava no meu ombro.

–É melhor alguém encontrar essas três, antes que algum outro babaca decida entrar em ação. – Brady disse, olhando disfarçadamente para todos os lados, certamente em busca de Rydel.

–O Dez e o Ryland já foram procura-las. Não tarda nada elas estão aí. – avisou Dallas.

–Eu preciso apanhar ar. Não esperem por mim. – Austin pediu de modo atrapalhado. Todos concordaram com um singelo abanão de cabeça e o loiro se deu por satisfeito.

Ele cortou o ar entre nós, ainda com a fúria transbordando pelo seu olhar, e apertou a minha mão. Me puxou para o seu lado e atravessou a multidão que se abri-a para ele.

Quando saímos para o exterior, o ar noturno soprou no meu rosto, apaziguando um pouco as minhas emoções. A música que emanava do bar tinha-se tornado em meros ruídos no meio do silêncio. O idiota da briga estava do lado de fora, andando pela rua, com a mão no rosto ensanguentado. Austin quebrou o nariz dele, tenho certeza.

O loiro me parou na calçada e segurou meus antebraços.

–Não mente para mim amor, você tá machucada? Eu juro por deus que se vocês estiver eu vou atrás daquele imbecil.

Ele me derreteu com aquele olhar preocupado, com uma pitadinha de ferocidade. Como eu queria fazer uma loucura com ele.

–É sério loirinho. – insisti. – Eu tou bem. Na verdade, é você quem não está bem. – relembrei, deslizando os dedos pelo machucado em seu rosto.

Ele tirou as mãos dos meus braços, afastou a minha mão da sua pele e segurou a minha face, examinando todo o meu corpo ao pormenor como se não acreditasse nas minhas palavras.

–Não estou machucada. – insisti uma última vez.

Ele apertou os lábios com força contra a minha testa e me abraçou.

–Eu fiquei possesso quando vi aquele cara te agarrando. – ele revelou, segurando o meu rosto novamente.

–É, eu vi. Nunca pensei que você fosse tão bom de briga. – sorri um pouco, para aliviar o clima.

–E não sou. Mas eu virei o bicho quando vi o que tava rolando ali dentro. Nunca vou permitir que alguém te faça mal.

–Eu sei.– inclinei a cabeça para o lado e suavizei o olhar, com culpa. – O Riker foi embora depois de ouvir o que você disse.

Austin suspirou profundamente e apertou a minha mão. Depois me olhou com determinação e chocou seus lábios contra os meus, beijando-me com fervor. Soltei a mão dele e peguei o tecido da sua camisa preta, na zona em que se localizava a sua tatuagem, e puxei pra cima. Meus dedos ardilosos caminharam sobre a sua pele quente e traçaram o contorno da tatuagem, que eu já sabia de cor e salteado.

Ele parou o beijo, agarrou minhas mãos e beijou cada uma delas. Depois me olhou e disse:

–Não tem como evitar amar você… o Riker vai ter que entender isso. – ele disse, e um sorrisinho apareceu no canto do seus lábios.

–É, mas eu tenho receio que ele não te perdoe. Você é irmão dele…

–Relaxa. Você nunca ouviu dizer que depois da tempestade…– ele me olhou, incentivando que eu terminasse a frase.

–Depois da tempestade? Vem a gripe. – soltei uma gargalhada tão tosca, que ele acabou rindo junto.

–Também.– concordou, balançando a cabeça. – Mas não é isso. Depois da tempestade vem a bonança. Então não se preocupe mais com isso. As coisas vão se resolver.

Ele agarrou minha cintura e inclinou a cabeça, desferindo pequenos beijos na minha bochecha. E quando se cansou, perguntou:

– Mas e aí, tá com fome?– perguntou com a voz manhosa.

Estranhei a mudança drástica de assunto, mas respondi, admito que já pensando em safadeza:

–Sempre, porquê?

–Não, por nada… É só que, você mordeu a mão daquele cara com tanta força, que eu vi logo que você tava com fome.

Imediatamente me soltei dele, disfarçando a vontade de rir, e apertei os olhos.

–Sabe aqueles momentos em que alguém diz uma piada tão sem noção, que você ri só por pena?

Ele concordou com a cabeça, sorrindo sapeca.

–Claro que eu sei. Fiz isso por você ainda há pouco.

– É, mas eu não vou fazer isso por você. Loiro aguado!

Ele deu um passo em frente, provocador, mas eu resisti à tentação e recuei. Ele riu tão baixinho que eu quase não ouvi e deu mais um passo em frente. Dessa vez não recuei. O corpo dele exalava calor pelas minhas roupas. Por mais que eu não quisesse olhá-lo nos olhos para parecer dura, ele não me deu outra escolha.

–Ai meu deus, que garota má. Feriu meus sentimentos.– esnobou ele, mordendo o meu nariz, vezes e vezes sem conta. Vício idiota.O que você acha da gente dar uma volta? – sugeriu ele, depois de se contentar com a tortura que me infligiu por longos minutos. Uma tortura gostosa, admito.

–Sério? São quase duas da manhã. – falei, conferindo as horas no relógio, que adornava o pulso dele.

–E daí? A noite ainda é uma criança. – brincou ele, jogando os braços pro alto e a cabeça para trás. Captei logo a sua intenção.

–Fugir do Riker não vai ajudar em nada. – aconselhei, sendo imparcial, mas compreendendo os seus receios.

–Eu não estou fugindo. Estou aproveitando a minha liberdade como seu namorado, posso? – perguntou rindo daquele jeitinho abusado, de que eu tanto gosto.

–Pode loiro oxigenado, pode. – respondi, feliz por ver seu sorriso de novo, em vez daquela sua expressão irada, embora incrivelmente sexy, que anteriormente tomava o seu semblante. – Mas primeiro deixa eu cuidar de você.

Um sorriso ainda maior puxou os cantos de sua boca quando eu proferi essas palavras. Então sem dizer mais nada, ele me virou e passou o braço na minha cintura, enquanto seguimos pela noite fora, ainda sem um destino concreto.

……………………………………………………………………………………………………………………………………………….....

Minha boca ficou seca e a raiva e impaciência reviraram o meu estômago. Fechei os olhos irritada, enquanto entoava súplicas mentalmente.

4 horas da manhã… 4 horas da manhã!!! A minha cama a sete passos de distância, pronta para me receber e acolher nos seus cobertores calorosos… E eu? Eu estava ali, de pé, especada feito estátua numa hora, e andando de um lado para o outro 5 minutos depois.

Ouvi uma risadinha ecoando baixinho pelo quarto e isso não me ajudou a conter o nervosismo, mas me fez parar de andar de um lado para o outro e encarar o meu alvo, inimigo mortal e namorado.

–Austin fica quieto. E vem cá, agora. – reclamei e exigi pela milésima vez, tentando manter a calma.

–Essa porra arde Ally. – choramingou o idiota, que se diz macho, fugindo de mim.

–Você vai acordar o meu pai e o meu irmão.– alertei, batendo o pé no chão.

–Verdade, seu irmão chegou mais cedo do que a gente. – desconversou ele, numa tentativa inútil de mudar o meu foco.

Mordi a língua para evitar soltar um palavrão bem feio, mas me arrependi ao ver a sobrancelha arqueada do Austin, que indicava veemente que ele estava zombando da minha cara, na lata. Cocei de vontade de usar a minha vasta listagem de vocabulário não politicamente correto.

–Austin eu preciso desinfetar seu rosto, por senão daqui a umas horas você vai estar com a face mais inchada e vermelha do que bunda de mandril. – expliquei, enrolando o dedo indicador numa mecha do meu cabelo, de forma a manter as minhas mãos, furiosas, ocupadas.

–Não quero saber. Essa porra dói mais do que um chute nas partes íntimas. Sai pra lá.

Com os braços cruzados ao peito e a testa franzida em sinal de reflexão, Austin tinha uma postura defensiva. Se eu vacilasse ele fugiria de mim a sete pés, gritando e se esperneando que nem um idiota.

–Tem certeza que dói mais? Não me importo de testar. – disparo com raiva.

Seu olhar se ergue em reprovação, mas sei que ele levou aquilo como um possível ato a ser cumprido. As rugas de medo em baixo dos seus lindos olhos o denunciaram.

–Ah, não. – ele aponta para mim e se interrompe, chocado. – Você não era capaz.

Aquela frase estava longe de ser uma afirmação. E eu admito que me fascinava ver o medo nos olhos do loiro. Eles ganhavam um brilhinho especial e as suas feições se contorciam dando forma a um beicinho adorável. Ele ficava tão lindinho. Dava até vontade de morder.

–Experimente me desafiar para ver se eu sou ou não sou capaz. – retaliei fazendo-o piscar e recuar.

–Mantenha esses seus pés, mãos e tudo com que você possa machucar o meu “amigão” bem longe de mim. A não ser que você use tudo isso para um outro proveito.

Fechei os olhos com força e respirei fundo. Ar entrando pelo nariz e saindo pela boca. Raiva subindo à cabeça, fúria comandando os meus punhos. Até sob ameaça esse loiro idiota conseguia ser pervertido. Como era possível?

–Eu vou te bater. – ameacei, semicerrando os olhos. – Tarado.

–Vai me bater? Tudo bem, eu não vou ligar. – retrucou ele, com cara de indiferença.

O maravilhoso medo tinha dado as caras, mas se foi mais rápido do que devia.

–Eu vou te xingar de tudo quanto é nome.

Ele enfiou as mãos nos bolsos e suspirou, revirando os olhos em simultâneo.

–E eu vou te xingar de volta. – retrucou, disfarçando, sem muito sucesso, o sorriso debochado.

–Eu vou te morder.

Ele praticamente teve um surto quando eu falei isso. Seus olhos pularam de órbita e aquele típico sorriso safado iluminou seu rosto. Ele pôs aquela mão enorme no coração, jogou a franja pro lado e disse:

–Jura? Porque eu vou delirar.

Tentei não rir, mas foi difícil me segurar, com ele fazendo aquela expressão endurecida e exagerada, ao mesmo tempo que sorria e tentava parecer sexy, agitando as sobrancelhas para cima e para baixo.

–E se eu te beijar? – perguntei, sorrindo calorosamente para ele.

Eu sei que eu já tinha chegado a essa conclusão inúmeras vezes, mas… eu sou mesmo bipolar.

O sorriso de Austin se iluminou, como se minhas palavras tivessem despertado o mais puro dos sentimentos.

–Se assim for, eu vou amar. – ele admite, piscando e sorrindo pra mim. Uma combinação perfeita. Mas não tão perfeita quanto o que ele disse a seguir. - Vou te amar!

Como resistir a esse garoto?

O peso da ansiedade, necessidade de contacto, se tornou um fardo difícil de suportar. Como eu queria sentir aqueles lábios contra os meus, aquelas mãos passeando na minha pele, aquela respiração alterada com um doce aroma maravilhoso, pairando sobre o meu rosto. Como eu o queria.

E eu não estava sozinha nessa. Para não negar meus anseios, Austin me alcançou num segundo, finalmente acabando com o desejo que, por pouco, não me sufocou.

–E você? Você vai me amar. – ele sussurrou, quase dentro da minha boca.

–Sempre. – admito sem pressa, só querendo aproveitar aquele momento.

–Então me ame como eu te amo… e faça de mim o ser mais feliz desse mundo. – ele segredou sobre os meus lábios, consumindo o ar que eu respirava, me deixando eternamente sem fôlego.

Deu a entender que ia acabar com a mísera distância entre nós, beijando-me do jeito que eu desejava, mas se deteve para me torturar por mais uns minutos. O que era ridiculamente gostoso, pois o resultado final sempre me levava a ver estrelas.

Suas mãos poderosas capturam meu rosto e ele encobriu os meus lábios com os dedos traçando o contorno com lentidão, mas sem muita delicadeza. Talvez, quase nenhuma. O meu coração palpitava com vontade, dando a sensação de que a minha blusa estava tremendo sobre a minha pele.

–Eu neguei horas atrás, mas você tinha razão quando disse que eu estava com medo de enfrentar o meu irmão. – ele fez uma pausa, e ainda com as mãos no meu rosto, levou a bochecha até à minha. A barba por fazer há dois dias fez cócegas, elevando a temperatura da minha pele. E ele completou o seu pensamento ao pé do meu ouvido. – Mas por você eu vou buscar coragem ao submundo, às profundezas do inferno, ou onde quer que for. Você é o meu pecado. Um pecado do qual me orgulho e não me arrependo nem por um segundo.

Suas pernas se encaixaram nas minhas; seu quadril me manteve presa entre ele e a minha cama; seu peito coberto apenas por uma camisa me apertou; seus braços enlaçaram a minha cintura, enquanto as mãos se separaram e agarraram partes diferentes do meu corpo: minha nuca (com a mão esquerda), a base das minhas costas (com a direita). E então ele me beijou. E eu me deixei levar, levar e levar por esse beijo e essas carícias tão intensas que me faziam perder a razão.

Austin me mordiscou e puxou o meu lábio com os dentes, para depois invadir a minha boca com tudo: desejo, sensualidade e língua, muita língua. Nós estávamos entregues, derretidos, compenetrados um no outro e no prazer que poderíamos infligir através daquele beijo.

Senti dedos passeando pelas minhas costas, debaixo da blusa, descendo cada vez mais, mais e mais. Até terem enclausurado as minhas coxas num aperto possessivo, com o objetivo de elevar o meu corpo, dando ímpeto a uma posição para lá de comprometedora.

Suspirei quando seus lábios desertaram da minha boca, para idolatrarem o meu queixo, nariz e pescoço. Era bom de mais!

–Ally, você não tem ideia. – afirmou ele. E a sua voz, ah a sua voz… tão rouca, tão sensual e tão entregue ao momento.

–De quê? – questionei só porque sim. Só porque eu queria, necessitava e precisava ouvi-lo assim, sem defesas e há minha mercê.

–De como você tem poder sobre mim, de como me deixa louco.

Alisei o maxilar dele - tendo cuidado com os machucados -, adorando a sensação de sua barba por fazer e sorri. Austin, com toda a sua autoconfiança, apertou ainda mais as minhas pernas ao redor do corpo e se inclinou sobre a minha cama, enclausurando-me com o seu peso.

As mãos dele ficaram imóveis na lateral do meu corpo, enquanto ele me encarava. Os seus olhos eram tão esplêndidos que me faziam perder a noção das coisas. Observei cada um deles com calma. Observei como, no começo, o pequeno círculo castanho prevalecia e como se ia dissipando aos poucos, trazendo um preto misterioso e sensual à tona, enraizado por pequenos raios dourados e verdes. Era hipnotizante!

–Lindo. - murmurei.

Seus lábios capturaram os meus. O desejo me fez sucumbir a ele, mas então ele se afastou. Balançou a cabeça uma última vez, beijou a minha testa e com aquele sorriso que eu aprendi a amar tão facilmente, andou sem pressa até à porta do meu quarto. E eu fiquei ali, parada, só observando, incapaz de mover as pernas.

–Eu te amo. – sussurrou ele, movendo os lábios lenta e deliberadamente.

Não respondi de volta. Ele sabia, meus olhos diziam sem palavras a mesma frase proferida por ele. Vi-o abrir a porta e continuei olhando até não o ver mais.

Talvez eu devesse ter ficado com raiva dele por ter ido embora assim, mas só consegui sorrir, fechar os olhos e imaginar todos os bons momentos de amor que ainda estavam por vir.

Eu amo-o…

No entanto, antes de me entregar à escuridão da noite, escutei o alerta de mensagem do meu celular. Eu me estiquei a fim de alcançá-lo, quase caindo da cama. Nem me preocupei em verificar o remetente, pensei que fosse Austin.

Mas não era dele a mensagem, e sim, do Elliot.

E a mensagem dizia:

“O dia da sua surpresa está chegando.
Com muito amor, Elliot…”

A confusão me caracterizou na hora.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Sim? Não? Preparados para a briga Ally vs Kira? E o que vocês acham que o Elliot (sumido) quis dizer com aquela mensagem, hein? Para quem não se lembra, o Elliot é o cara que gostava da Ally, quando ela morava em Londres e que deixou o número de celular no casaco da Ally..

Para quem não sabe o que é um mandril, eu deixo aqui o link da imagem:
http://s48.photobucket.com/user/Ally-Faria/media/5554027909_fd64dfdd3e_b_zps6j2yxvsf.jpg.html

E vão dar uma vista de olhos na minha outra fic Auslly, que vai sofrer alterações e correções em breve::
https://fanfiction.com.br/historia/608511/Ill_Be_Always_There_For_You/

E é tudo por agora.... Beijinhos ♥