Open Your Heart escrita por Ally Faria


Capítulo 30
No seu quarto… na sua cama.


Notas iniciais do capítulo

Ahhhhh gente mil perdões ♥ Eu sei que eu demorei, mas como eu tinha avisado antes (eu apaguei o aviso) o meu computador avariou e eu tive uma gigantesca crise de inspiração. Não estava conseguindo escrever o final do capitulo, mas aqui está ele.

Gente obrigada pelos comentários do capítulo anterior... eu amo vocês demais ♥♥♥
E OBRIGADA pelas três RECOMENDAÇÕES novas... eu amei cada palavrinha ♥♥
Por isso esse capitulo é dedicado à paulaxmariana ♥ à R5familyforever ♥ e à Clariie (Clarinha) ♥♥♥


E gente eu tou muito feliz, porque a Laura me respondeu no twitter (pela segunda vez)... ela é um amor ♥♥♥

Ah e talvez amanhã eu vá publicar também um capitulo na minha nova fic Auslly. Vão lá dar uma olhadinha:
https://fanfiction.com.br/historia/608511/Ill_Be_Always_There_For_You/

Enjoy ♥♥♥



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AVISO: só quero avisar que mudei as idades dos personagens. Havia um capítulo que falava que a Ally tem 15 anos, mas isso foi um erro do qual eu só me apercebi agora. Por isso e para que fique claro, a Ally e o Austin têm 17 anos.

No capitulo anterior ♥

Eu odeio ter que admitir isso, mas eu preciso desesperadamente conversar com alguém sobre o que tá acontecendo. Por que senão daqui a pouco eu vou explodir arco-íris por todos os orifícios de meu corpo. E bom, já que elas descobriram que eu e Austin estamos juntos, porque não revelar um pouquinho mais…

Se há coisa que eu aprendi é que os amigos devem estar presentes em todos os momentos – sendo eles bons ou maus – e eu sei que essas minhas três amigas loucas, sempre vão estar aqui pra mim.

Então parece que essa vai ser uma longa tarde.

♥♥♥♥♥♥

POV Ally

A tarde passou num piscar de olhos. Depois que me mentalizei de que estava na hora de contar a verdade para as garotas, escancarei a boca e não parei de falar até que tudo que eu havia ocultado, até aquele momento, estivesse às claras.

Tá bom, talvez não tudo. Quase tudo. Ah, quem é que eu quero enganar? Minha boca é quase como um túmulo de acesso ilimitado e saída restrita. Ah e só pra que conste a gente ainda está no jardim e sim ainda é de tarde. Meu devaneio era maravilhoso, mas não aconteceu.

–Ally ou você começa a falar ou eu mesma te obrigo a abrir a boca. – Ameaçou Trish, enfiando o dedo na minha bochecha. Será que se eu ignorar elas vão embora? – Allycia Marie Dawson!

Ih, fodeu ela disse meu nome todo.

–Urgh, o que vocês querem que eu fale? – Perguntei, entediada.

–Uhm deixa eu ver… TUDO! Pensei que tínhamos sido bem claras. – Resmungou Rydel, batendo na minha testa como repreensão.

–Eu quero contar só que…

–Só que o quê? – Debby perguntou, incentivando que eu continuasse.

Me joguei no meio do chão e deitei de barriga pra cima, no meio da grama mal aparada do jardim do colégio.

–Só que eu não estou habituada a dividir essas coisas com as pessoas. Nunca foi do meu feitio falar sobre meus sentimentos, vocês sabem disso! – Esclareci, irritada comigo mesma por ser tão fechada. Eu sentia necessidade de me abrir com as minhas amigas, só não sabia por onde começar.

Admito que acho estranha essa facilidade que as pessoas têm para falar sobre seus sentimentos, não é algo normal pra mim. Nunca foi! Mas Austin tem me ensinado que não é tão ruim assim revelar um pouco de nós mesmos para o mundo… Só que no meu caso, o meu mundo é ele.

Nem sei por onde começar. – Murmurei, enquanto contemplava o céu azul de Miami, que não deixava qualquer indício de que tivesse chovido dois dias atrás.

–Que tal pelo início!? – Sugeriu Rydel num tom bem irritante de ironia.

Suspirei frustrada e recapitulei os últimos acontecimentos em minha cabeça.

–Tudo bem. Vamos lá! Foi assim… – E vamos pular essa parte! Que foi? Não reclamem. Afinal vocês já estão bem a par da história toda. Por isso…

E depois de blá blá pra aqui, blá blá pra ali e blá blá pra acolá, FINALMENTE a história foi resumida e concluída. Sem muitos pormenores e com algumas partes omitidas é claro. E não é que me fez bem desabafar com elas. Se bem que eu dispensava as caras e bocas que elas faziam a cada nova frase que eu pronunciava.

–Ahh que lindo. – Rydel gritou feito louca, despencando em cima da minha barriga com os braços e as pernas no ar.

–Ai sua louca. – Reclamei, esfregando a zona de meu corpo dolorida pelo impacto do corpo da loira.

–Não sabia que meu irmão era assim tão romântico. Fiquei até orgulhosa. – Admitiu a loira toda feliz, enquanto ignorava meus apelos para que saísse de cima de mim.

–Verdade, eu não conhecia essa faceta do grande Austin Moon. – Falou Debby, deitando ao meu lado. E Trish repetiu o gesto da garota.

–Eu só não entendo porque você não contou antes pra gente que está namorando o Austin. – Falou Trish parecendo magoada.

Inspiro profundamente e esfrego a testa, pensando numa maneira de me desculpar devidamente com elas.

–Desculpem meninas, mas é que eu não queria que vocês tivessem que arcar com o peso dessa mentira. Já está sendo difícil pra mim ter que esconder isso de todo mundo. Ainda pra mais quando eu estou louca para esfregar na cara da vakira e da jumenta loira que estou namorando o Austin. Meu loiro gostosão.– É impressão minha ou estou perdendo o foco? - Mas mais importante que isso... Eu não queria que vocês tivessem que passar pelo mesmo que eu. Principalmente você Rydel, eu não queria que você tivesse que mentir e esconder algo dos seus irmãos. – Admiti pouco à vontade com a situação.

–Eu entendo. – Rydel murmurou, não parecendo nem um pouco chateada. Muito pelo contrário. – E eu não fico com raiva de você, porque no seu lugar eu faria o mesmo.

Ouvir aquilo de sua boca me fez sentir menos culpada por toda aquela situação, mesmo eu sabendo que a mentira não leva a lado nenhum. Mas eu nunca fui santa – e não é agora que eu vou ser – por isso não vou ficar me condenando por uma escolha que eu mesma fiz.

–Agora que eu penso em tudo isso que você falou me sinto uma idiota. – Debby reclamou de uma hora pra outra. A olhei confusa e ela riu. – Era óbvio o que tava acontecendo entre vocês. Quando um sumia, o outro também. Quando um sorria, o outro também. As implicâncias entre vocês continuavam, mas era visível para qualquer pessoa a vossa troca de olhares e sorrisos. E isso explica o súbito chilique que Austin teve ao assistir o beijo que você deu no Riker.

–Foi o Riker que me beijou! – Contestei de cara fechada.

–Como queira. – Murmurou a garota, revirando os olhos. – O ponto em que eu quero chegar é o seguinte: Estava tão na cara. Então como é que a gente não percebeu antes? – Ela perguntou retoricamente, batendo na própria testa.

–São um bando de tapadas… – Cochichei pra mim mesma rindo.

–Quem diria que você iria namorar o cara que você dizia odiar acima de tudo!? – Comentou Trish, rindo descrente perante sua própria constatação.

E eu tenho que admitir que até pra mim tudo isso é estranho.

–Se há uns tempos atrás me tivessem dito que eu iria ficar completamente apaixonada por esse loiro idiota, eu juro que não ia acreditar, ia rir na cara da pessoa e depois ia “acidentalmente” esfregar a cara dela na calçada da rua. – Falei num tom de brincadeira, apesar de estar sendo completamente honesta.

–Nossa que violência. – Debby guinchou, rindo feito uma gazela.

–Brincadeiras à parte… apaixonar-me por esse loiro foi a melhor coisa que me aconteceu. – Admiti sorrindo igual aquelas garotinhas apaixonadas de filme de romance adolescente.

Acho que eu sempre vou agir assim quando o assunto estiver relacionado com o loiro. Ainda pra mais depois do que fizemos. As imagens da nossa noite de amor retornam à minha cabeça toda a vez que eu fecho os olhos, toda a vez que eu sorrio, toda a vez que eu suspiro… toda vez que eu o vejo.

–Ai meu deus. – Gritou Trish, pulando em cima de mim e agarrando meu rosto com as duas mãos de maneira grutesca. Essa menina não sabe a força que tem.

–Ai Trish pára. Você tá esmagando minha cara. – Protestei, dando tapinhas nas mãos dela para que me larga-se. E adiantou? NÃO.

–Ela tá com o sorriso. – Anunciou a garota, gritando aos quatros ventos, toda feliz da vida, enquanto eu continuava sendo torturada ali.

–Que sorriso sua louca? – Perguntou Debby rindo, enquanto presenciava a cena lamentável em que eu me encontrava. Sem mexer um dedo para me ajudar, devo acrescentar. Amiga da onça. Amigas, aliás.

–O sorriso após s-e-x-o.

Olhos arregalados, boca aberta, cara de tacho… essa sou eu nesse momento.

Armei a minha melhor expressão de inocência e falei:

–Trish, você tá louca menina? É que só pode.

–Não me venha com essa Allycia Dawson. Você sabe muito bem do que eu estou falando. – Reclamou ela de nariz empinado. – Não se faça de sonsa.

–Em primeiro lugar, eu não estou me fazendo de sonsa. E em segundo lugar, como é que você sabe qual é o sorriso após… você sabe o quê!?- indaguei dividida entre ficar curiosa ou esconder a minha cara de culpa no primeiro sitio que encontrasse.

–Porque eu e a minha mãe já tivemos a “conversa”. Se é que me entendem. E porque era com esse sorriso que a minha mãe ficava toda a vez que tinha uma noite mais animada com meu pai, depois que ele chegava de alguma viagem de negócios. – Esclareceu ela, fazendo pouco caso do assunto. – Antes eu não notava muito isso, mas depois que eles se divorciaram tornou-se menos frequente ver a minha mãe assim tão feliz.

Arregalei os olhos, totalmente, surpresa com o que acabara de ouvir. E aparentemente eu era a única que não sabia que os pais dela estavam divorciados. Pelos vistos não sou só eu que tenho uma família imperfeita, não é verdade?

–Se bem que eu acho que a minha mãe está saindo com alguém. Ela anda mais sorridente e animada. Gosto disso. – Comentou Trish com um sorriso no rosto, porém perdida em seus próprios pensamentos. Mas em um piscar de olhos sua curiosidade trouxe seu foco de volta pra mim. – Então? Não tem mais nada para nos contar?

–Não. – Se olhar matasse eu já estaria estendida no chão.Não há nada pra contar. – Insisti mais um pouco no papel de inocente, com uma pequena réstia de esperança de que elas acreditassem na minha pessoa. Tudo em vão. - Tá bom. – Murmurei um tanto contrariada, pois eu sabia que fazer me de desentendida não me ia levar a lado nenhum. E que se eu não contasse tudo, tudinho e sem exceção, elas iriam me massacrar até eu o fazer. – Eu e o Austin… nós…

–Vocês transaram! Ahhhh! – Gritou Rydel, escandalosa como sempre, terminando a frase por mim.

–Grita mais alto sua louca. Acho que ainda ninguém ouviu. – Reclamei irónica e a loira se desculpou tapando a boca com as duas mãos. – E para que conste a gente não transou. – Falei enfatizando a última palavra com um certo desdém. E elas me olharam como metralhadoras prestes a disparar e então tratei logo de continuar meu “raciocínio”. – Fizemos amor. – Acrescentei, falando mais pra mim mesma do que para elas três.

–Ai que lindo. – Chiou Rydel pulando de um lado para o outro, que nem um cabritinho.

Trish e Debby gargalharam feito loucas assistindo o alvoroço da loira, enquanto eu me limitava a segurar o riso, porque vamos combinar que a minha risada é bem ridícula. E eu podia aproveitar o momento de distração das três para me pôr em fuga e evitar que o questionário delas entrasse em categorias mais íntimas. Até que era uma boa opção, se eu ignorasse o facto de que da última vez o meu plano de fuga foi um fracasso.

Voltei a escutar as suas vozes, assim que a sessão de gargalhadas acabou, e tal como eu tinha esperado as perguntas constrangedoras vieram à tona.

–Como é que foi?

–Você sentiu vergonha?

–Quem tomou a iniciativa?

–Usaram proteção?

–Vocês foram tirando as roupas aos pouquinhos ou partiram logo para o ataque?

–Você estava depilada?

–Doeu muito?

–Vocês foram carinhosos ou selvagens?

–Houve 2 round?

–O amiguinho do Austin é grande?

De todas as perguntas que elas me fizeram, com certeza a última foi a que me deixou mais incomodada. Tá bom, aquela do “depilada” também. Mas acima de tudo fiquei intrigada por saber que a Rydel também estava interessada em ouvir a resposta a essa questão.

–Em primeiro lugar… jamais apelidem as partes do meu homem com diminutivo. É amigão, o grande, muito obrigada. – Fiz uma pequena pausa, esperando que as três loucas parassem de rir e depois continuei.- E em segundo lugar! Que coisa feia Rydel ele é seu irmão!

–E daí? – Perguntou a loira, dando de ombros.

–E daí que você não me vê por aí perguntando se o negócio do meu irmão é grande. – Falei exasperada e Rydel sorriu cheia de malícia estampada na cara.

–Para que conste não fui eu quem fez essa pergunta, foi a Trish. E eu não vejo mal nenhum em querer saber isso. Afinal qualquer irmã que se preze gosta de saber quais são os atributos dos seus irmãos. – Falou ela se achando a dona da razão. – Agora responde às nossas perguntas.

–Eu não vou partilhar as minhas intimidades com vocês. – Reclamei cruzando meus braços. – Pronto. Foi maravilhoso e doeu um pouco. Satisfeitas?

–Você é insuportável. – Resmungou Trish, batendo no meu ombro.

–Vai Ally. Já que é pra contar, pelo menos faça-o como deve ser, por favor. – Implorou Debby com cara de cachorrinho pidão.

–Não. – Resmunguei, firmemente. – Porque não conta você Rydel? Tenho certeza que você e meu irmão também já transaram! – Falei, tentando desviar o foco de mim.

–Infelizmente não. Sempre acontece alguma coisa ou alguém atrapalha. Ainda não encontramos o momento certo… eu acho. – Ela disse, pensativa. – Mas não muda de assunto. Conta! – Exigiu toda mandona. Estou vendo que o excesso de autoridade é de família.

–Não.

–Conta. – Grunhiram as três em uníssono, me fazendo saltar de susto. Elas podem ser muito assustadoras quando querem.

Suspirei derrotada e falei:

–Foi maravilhoso, foi romântico, espontâneo. Não foi algo de que eu estivesse à espera. Simplesmente aconteceu. Eu tinha armado um plano, sem segundas intenções – Acrescentei vendo o olhar safado delas. – para que ele fosse a minha casa. Ele estava furioso comigo por causa do beijo de Riker e eu já não aguentava mais estar sem ele. Eu tinha até preparado um discurso ridículo na minha cabeça, desesperada, para que ele me perdoasse. Mas quando o vi ali, na minha frente, com a chuva caindo sobre seus cabelos loiros platinados e seu corpo de deus grego, eu simplesmente me esqueci do que ia falar e me entreguei ao momento. Falei espontaneamente coisas tão românticas e lamechas que agora me fazem duvidar da minha sanidade mental. Ele me perdoou como é óbvio e está bem estampado na minha cara de felicidade. E depois me beijou e as saudades berraram em meu ouvido e eu fiquei completamente desesperada por contacto. Eu precisava senti-lo junto a mim, precisa ter a certeza de que ele é meu, assim como eu sou dele.

–E o que aconteceu depois? – Perguntou Rydel, roendo as unhas pela ansiedade.

Soltei uma risadinha abafada e me concentrei nas lembranças para não deixar escapar nada. Acho que no fundo eu estava contando a história pra mim mesma, para me convencer de que tudo aquilo foi mesmo real e não um sonho.

–Ainda com seus lábios nos meus, ele me pegou no colo e me carregou para dentro de casa. Subiu as escadas em direção ao meu quarto, sem pressa alguma. E enfim me deitou sobre a cama, deixando que o peso de seu corpo caísse lentamente sobre o meu. Ele me tocava com carinho…

–Ele te tocava? – Debby perguntou parecendo chocada com o que acabara de ouvir. – E você tocava nele?

–Não, claro que não. Que coisa ridícula. É claro que a gente não se tocava. Ficamos apenas olhando um para o outro, fazendo sons e imaginando nas nossas cabeças como seria se realmente nos tocássemos. Sabe, tipo sexo virtual. – Falei irónica.

–Sério? – Perguntou a garota, de olhos arregalados.

–Claro que não Debby. Você acha que eu ia inventar tudo o que falei até agora? – Perguntei irritada pela lerdeza da garota.

–Sei lá. Você não é propriamente a pessoa mais normal do mundo. – Murmurou ela toda emburrada.

–É melhor você calar a boca, antes que eu te bata. – Ameacei, soltando faíscas pelo olhar

Cruzei os braços juntos ao peito e me mantive em silêncio, emburrada por ter sido interrompida enquanto falava de algo tão importante pra mim. Pode ser infantil da minha parte, mas que se dane.

–Não vai falar nada? – Perguntou Trish, quebrando o momento de silêncio.

–Não. Perdi a vontade. – Rezinguei virando a cara para o outro lado.

–Ah Ally, assim a gente vai morrer de curiosidade. – Lamentou-se Rydel fazendo cara de choro.

–Problema vosso. – Falei indiferente, mas ninguém resiste aquela carinha de bebé chorão da loira. – Tá bom, tá bom. Pára de fazer essa careta ridícula, porque eu vou terminar de contar. – Parei um pouco para retomar o fôlego. – Onde é que eu ia mesmo?

–Ele te tocava… – Respondeu Debby no mesmo segundo.

Certo. Ele me tocava com carinho e delicadeza, como se tivesse medo de me machucar se ousasse ser mais atrevido. Eu vi o desejo se manifestando no corpo dele, assim como estava acontecendo no meu. Mas ele parou antes que algo acontecesse. – Revelei, enquanto brincava com os dedos na grama.

–Como assim ele parou? – Berrou Rydel, dando um soco no chão, com cara de indignada. Sabe aqueles personagens de desenhos infantis que soltam fumacinha pelas orelhas quando estão furiosos? Eu podia jurar que estava presenciando uma cena dessas. – Não me diga que meu irmão amarelou?

Mas será que esta gente não sabe somar dois mais dois?

–Se eu falei que rolou, então é porque ele não amarelou. Ah, rimou! E rimou de novo!

–Mas você disse que ele parou. – Contradisse a loira, cruzando os braços.

–Se vocês deixassem ela terminar de contar, em vez de a estarem sempre interrompendo, iam entender a história toda. – Falou Trish saindo em minha defesa. Minha salvadora!– Mas você também demora pra caramba, né Ally. Traidora!

–É hoje que eu vou ser presa por homicídio. – Murmurei pra mim mesma, respirando fundo pra manter a calma. Não era bom se eu perdesse as estribeiras agora que a minha vida estava finalmente se ajeitando. Mas que essas três são lerdas, burras, idiotas, incrivelmente chatas e intrometidas… elas são. E o pior é que eu já não vivo sem elas. – Então como eu estava dizendo, o Austin parou, pois ele queria ter a certeza de que não me estava forçando ou induzindo a fazer algo que eu não queria. Ele me olhou, olhos nos olhos, como se me tentasse decifrar a alma e perguntou do jeito mais doce do mundo se eu tinha a certeza que queria dar aquele passo, pois se eu não estivesse pronta ele pararia.

–Que mania que os garotos têm de deixar sempre a responsabilidade da decisão final para as garotas. Covardes. Assim é fácil. Porque se a gente disser um belo e redondo NÃO, a covarde da história passaremos a ser nós. Mas no fundo eles também têm medo. Talvez até mais que a gente. – Reclamou a Debby, perdida em seus pensamentos. Ela me encarava, mas seu olhar estava distante. Ela parecia estar falando por experiência própria. Porém eu percebi que ela se arrependeu do que falou, por isso decidi deixar quieto… por agora!

Concordo plenamente. – Concordou Rydel, sem nem se aperceber da cara da apavorada de Debby. O que aparentemente foi um alívio para garota, pois assim foi poupada de ter que dar explicações, que obviamente eu vou exigir mais tarde.

–E o que você respondeu? – Perguntou Trish.

–Não me recordo ao certo das palavras que usei, mas sei que falei que estava pronta para seguir em frente. Não por essas palavras, claro. E a partir daí as coisas foram se desenvolvendo normalmente. E admito que eu fiquei com vergonha de estar nua diante do olhar predatório de Austin. Mas depois isso deixou de importar. No momento em que nossos corpos se conectaram a minha mente se focou única e exclusivamente nele. E ao mesmo tempo que a sua invasão em meu corpo era dolorosa, era também prazerosa.

–Puxa que intenso. – Arfou Rydel se abanando. – Vocês usaram camisinha, né? Olha que eu não estou a fim de ser titia tão cedo.

–Você pensa que nós somos o quê? Dois irresponsáveis? – Perguntei indignada.

–Não é isso. Mas é que… sei lá! No calor do momento vocês podiam ter esquecido. – Esclareceu a loira.

–Bom pra falar a verdade…

Nem tive tempo de terminar, pois logo Rydel voou em cima de mim feito um furacão.

–Vocês não usaram camisinha. – Acusou ela, apontando o dedo indicador pra mim, com a unha levemente espetada no meu nariz. Seu olhar de reprovação me dava vontade de rir.

–Usamos sim. – Afirmei rindo, sendo acompanhada por Trish e Debby, que assistiam a cena como se estivessem vendo um filme. – Da primeira vez. – Comentei um pouco mais baixo, com um sorriso malicioso emoldurando no meu rosto.

–Sua safada… Eu sabia que tinha havido 2 round. – Falou Debby, batendo palminhas freneticamente.

–Não é bem assim. A gente só repetiu a dose de manhã… durante o banho. – Admiti, rindo para disfarçar meu constrangimento evidente.

–Agora ficou com vergonha, né sua danada?! Porque na hora de fazer as safadezas, você estava lá oferecendo a bunda pro loiro gostosão. – Advertiu Trish rindo descaradamente, não ligando para o facto de suas palavras serem bastante obscenas.

Tudo bem que eu também digo coisas obscenas, imorais, indecentes, palavrões e por aí fora. Mas é diferente quando são os outros a faze-lo. Principalmente quando essas palavras são dirigidas a mim.

–Trish. – Repreendi, sentindo meu rosto esquentar de vergonha.

–Que foi? – Perguntou a garota, sorrindo sínica.

–Gente pára tudo. – Gritou Rydel, chacoalhando os braços no ar para chamar nossa atenção. Até parece que o grito escandaloso não tinha sido suficiente. –Vocês não podem simplesmente ignorar o facto de que essa senhorita e o irresponsável do meu irmão transaram…

–Fizemos amor. – Corrigi, sendo fuzilada logo a seguir.

–… sem camisinha ou qualquer tipo de proteção. – Ah fala a sério. Minutos atrás a ela estava cheia de safadeza e malícia, e agora está dando uma de mãezinha passando sermão de responsabilidade. Bipolar!!!

–Quem disse que eu não usei proteção? – Perguntei arqueando a sobrancelha e empinado o nariz, rabugenta.

–Você. – Incriminaram as três, confusas.

–Nós não usamos camisinha, mas eu tomei a pílula. – Confesso, tentando parecer indiferente. O que não deu muito certo, porque as 3 idiotas escancaram a boca num perfeito “O”. Estão vendo aquela pintura O Grito, do pintor Van Gogh? Eu tinha três exemplares, vivos, à minha frente! – Fechem a boca ou vai entrar mosca.

–Como assim? – Perguntaram as três, novamente em uníssono.

–O quê? – Perguntei, não sabendo ao certo ao que elas se referiam.

Você toma pílula? – Perguntou Debby arregalando os olhos, mais do que devia.

–Desde os meus 16 anos, por indicação do meu ginecologista para regular o meu ciclo menstrual. – Esclareci não entendendo o porquê de tanto alarido por uma coisa tão normal.

Ficamos conversando por mais uns 10 minutos. Rydel esteve contando pra gente das peripécias que ela e meu irmão vivem sofrendo desde que começaram a namorar. Ela nos contou que Brady decidiu fazer uma visita a ela esse domingo à noite, assim que eu e meu pai fomos dormir. Afinal não sou a única rebelde da família. Mas enfim, ela falou que eles ficaram namorando às escondidas em seu quarto, e que ele acabou dormindo lá. Ela contou também que de manhã ele acordou bem cedinho para puder ir embora sem que ninguém o notasse. Só que quando ele estava caminhando pelo corredor, depois de ter saído do quarto de Rydel, o pai da loira apareceu e o idiota acabou entrando na primeira porta que viu e - para minha satisfação e diversão - era o quarto dos pais Moon. Agora imaginem o desespero estampado na cara do meu adorado irmão. Eu dava a minha mão esquerda para puder ver essa cena. Até dava a mão direita também, mas eu preciso dela para outras coisas. Sem safadezas. Mas abreviando um pouco a história. O meu querido irmão teve que se esconder debaixo da cama dos nossos queridos sogros, esperando por um milagre de deus que o tirasse daquela situação. Acho que nunca me ri tanto na vida!

Depois do momento de fofoquices cada uma foi para um lado. Eu fiquei mais uns 5 minutinhos lá no jardim e depois caminhei de volta para o grandioso edifício do colégio. Um exagero na minha opinião.

Nem bem tinha chegado à entrada da porta principal e logo fui parada por dois braços musculosos que envolveram minha cintura e me puxaram de encontro a um corpo bem maior que o meu. Outro exagero. Era preciso ser assim tão alto? Não precisei me virar para conferir quem era. Aquele perfume suave, mas ao mesmo tempo másculo era inconfundível.

–Perdeu a noção do perigo loiro. – Falei apertando as suas mãos abusadas em torno dos meus quadris.

Dei uma olhada em volta, procurando por olhares curiosos, mas somente me deparei com NADA. Não é normal estar tudo tão vazio. Mas quem sou eu para reclamar?

–Eu perdi a noção de muita coisa, assim que te conheci. Pois acredite Allycia Dawson…. – Seus lábios quentes roçaram em minha orelha e seus dentes provocaram minha pele com leves mordidas. E como se isso não bastasse para me levar aos extremos da loucura, o infeliz ainda sussurrou com sua voz deliberadamente sexy e rouca. – Você é a minha perdição.

Fiquei desgraçadamente sem fôlego com aquela frase. Esse garoto adora fazer isso comigo.

–Seu filho de uma cabrita desmamada. Quer parar com isso!? – Balbuciei aos tropeços. E na primeira oportunidade escapei dos braços de Austin. Não podia arriscar que fossemos vistos por alguém.

–Insultando a sogrinha?! Que coisa feia Ally. – O imbecil estava se divertindo com o meu embaraço. E a expressão de deleite dele me dava vontade de estapeá-lo.

Dei uma puxada de ar bastante generosa e entrelacei minhas mãos uma na outra, só para não correr o risco de causar algum estranho na carinha linda dele.

–Sabe de uma coisa? – Austin caminhou sem pressa até ficar a milímetros de mim, novamente. – Você nunca me tinha falado que acha que eu tenho um corpo de deus grego. E eu gostei daquela história de "amiguinho, o grande". – Revelou ele com um sorriso sacana mais largo que o decote da Kira.

–Você estava escutando desgraça loira? – Gritei empurrando ele para longe de mim.

Tentei fugir dali, mas ele me alcançou sem muito esforço e segurou meu braço, obrigando-me a ficar ainda mais próxima.

–Ei, calminha. Não precisa ficar brava minha deusa adolescente.

–Deusa adolescente? Sério isso? – Perguntei arqueando a sobrancelha. Não vou negar que me senti toda altiva com o apelido. Mas fala a sério?!

–Uhm deixa eu ver… – Com um olhar devorador ele fingiu me analisar, como se fosse a primeira vez que me vi-a. – Pernas esbeltas, barriga lisinha, seios fartos, bunda maravilhosa, cabelos suaves como seda, rosto de anjo… É com toda a certeza do mundo que eu afirmo que você ultrapassa os limites da beleza humana.

Suas palavras me atingiram em cheio e antes que eu me pudesse segurar, uma gargalhada estrondosa rompeu das minhas cordas vocais. Ele me olhou atónico, como se estivesse perante uma louca e só então eu percebi que ele estava falando sério.

–Oh você tava falando sério!? – Falei surpresa.

–Claro que eu estava falando sério Ally. – Resmungou ele de cara fechada.

É impressão minha ou eu acabei de destruir uma linda – e perversa – declaração de amor?!

–Desculpa loirinho. Mas é que eu pensei que você estava brincando.

Sua careta de emburrado deixou bem claro que ele estava se fazendo de difícil, só para me ver rastejando atrás dele. Danado!

–Me perdoa, vai! – Depositei um beijo molhando em seu nariz. – Por favor! – Outro na bochecha. – Não foi por mal loirinho. – E por fim, em seus lábios altamente… eu ia dizer beijáveis, mas vou alterar para DEVORÁVEIS.

Suas mãos voaram para a minha cintura com possessão e ele pregou seus olhos nos meus como um verdadeiro predador.

–Da próxima vez que você estragar uma declaração de amor minha, eu vou dar um tapa nessa sua bunda branquinha e deixar ela bem marcada. – Ameaçou ele com a voz carregado de perversão. Ele não devia ficar tão excitante dizendo esse tipo de coisas. Mas fica. Devia até ser crime!

Olhei ao redor, inspecionando o local para ver se o caminho estava livre para eu puder atacar os lábios do loiro à vontade, e beija-lo até ficar sem fôlego, mas refreei minhas ações ao ver Rocky se aproximando com um sorriso de deboche. Típico, sempre aparece alguém para atrapalhar.

–Mantenha sua boca e seus braços bem longe de mim imbecil. – Gritei estapeando o peito de Austin.

–Tá maluca? – Perguntou ele, incrédulo. Apontei com a sobrancelha erguida para o meu lado direito e logo o loiro notou a presença do irmão.

–Maluco tá você se pensa que pode me tocar. E o teatrinho continua!

–Como se eu quisesse tocar em você. – Esnobou o loiro, com um sorriso convencido, que por breves momentos me tirou do sério. Mas logo me lembrei que tudo não passava de representação.

–Pois claro que não. Você não queria somente me tocar, você queria me beijar também. – Gritei ainda mais, vendo pelo canto do olho Rocky parado do meu lado, com os braços cruzados.

–Você que tava louca para me beijar. Admita!?!

–Eu? Ah, faça me o favor. Nem morta que eu beijaria essa sua boca…– Opa, consegui frear a língua a tempo. Assim que meus olhos pairaram sobre os lábios do loiro, me desconcentrei e quase falei o que não devia. - … essa… essa sua boca cheia de germes. – Admito que esse não foi o meu melhor insulto.

–Ih, não estou a fim de assistir briga de vocês dois. Estou indo pra sala de convívio. Assim que as criancinhas decidirem deixar de brigar, venham lá ter. – Resmungou Rocky, revirando os olhos pela milésima vez, desde que chegou.

Observei ele sair e assim que ele sumiu pela porta agarrei Austin pelo pescoço e beijei seus lábios, cheia de vontade.

–Boca linda. – Murmurei rindo, enquanto distribuía infinitos selinhos pelos seus lábios vermelhos e inchados.

–Como alguém pode não amar você? – Comentou ele sorrindo lindamente.

–Verdade, até eu me amo. – Falei rindo e em resposta recebi uma fuzilada que me chegou até aos ossos.

Estremeci quando o rosto do loiro adquiriu um sorriso sinistro e recuei alguns passos por prevenção.

–Austin? – Chamei, admito que com um pouquinho de medo.

–Qual foi a parte de eu vou dar um tapa na sua bunda se você estragar mais uma declaração de amor minha, que você não entendeu?

Arregalei meus olhos, antevendo a próxima ação do loiro e tentei correr para dentro do colégio a todo o vapor. Mas o meu comboio mal saiu da estação, pois foi logo intersectado.

–Ah não… Se você ousar fugir de mim, eu te caço como um maníaco. – Ele ameaçou em meu ouvido e meu corpo inteiro se arrepiou. Diacho de homem sedutor.

Como prometido anteriormente, o loiro me soltou e deu um valente tapa na minha bunda. Pela ardência que eu estou sentindo, com certeza fiquei com a marca de 5 dedos estampada bem no meio do meu traseiro. Ninguém merece!

E como se nada fosse, o loiro depositou um beijo no meu pescoço e saiu caminhando, me deixando para trás com a maior cara de paisagem.

Ele me paga!

…………………………………………………………………………………………………………………………………………………..

Depois de mais uma refeição deliciosa, voltei para o meu quarto de barriga cheia e satisfeita como ninguém. Embora eu soubesse que com tanta comida no estômago não iria conseguir dormir tão cedo.

–Você comeu quatro pratos de massa, bebeu oito copos de suco e comeu três fatias de bolo de chocolate. – Contabilizou Rydel, horrorizada.

–Está controlando o que eu como? – Perguntei, enquanto pegava meu pijama e os meus produtos de higiene.

–Não. Quer dizer, é difícil não reparar. – Explicou-se a loira meio sem jeito.

Entrei no banheiro gargalhando. Tomei um rápido banho, apenas para tirar o suor do dia a dia e a leve maquiagem em meu rosto. Sequei meu corpo, deixando os meus cabelos húmidos secarem naturalmente, vesti o pijama e saí do banheiro dando a vez a Trish.

Pulei na cama que nem uma criança e – contrariando os meus pensamentos anteriores – adormeci feito um patinho.

Deviam ser umas 3 ou 4 horas da noite/ manhã quando voltei a acordar. Mas não porque quis e sim porque tive um pesadelo da qual eu nem me lembro direito. Só me recordo de algumas partes – fragmentos -, mas nada que tenha muito coerência.

Levantei ofegante, arfando, desorientada e caminhei para o banheiro. Lavei meu rosto com água gelada, mas nem isso conseguiu diminuir os batimentos do meu coração. Isso já me tinha acontecido. Mas nunca tão forte desse jeito. A sensação de não saber o porquê de se estar assustada é horrível.

Comecei a chorar, sufocada e corri para fora do meu quarto, em busca da única pessoa que consegue me acalmar em momentos como esse. Meu irmão. Somente sua presença consegue acalmar meus ânimos e aquietar meu coração. Ele é e sempre será o meu porto seguro. Aquela pessoa com quem eu poderei sempre contar para estar do meu lado.

Caminhei até ao quarto de Brady, esgueirando-me pelos corredores para não ser vista por nenhum dos seguranças do colégio. Em outro momento eu aproveitaria o facto de estar no corredor da ala masculina para dar uma passadinha no quarto de Austin e aprontar das minhas, mas eu estava demasiado decadente para isso. Entrei de rompante no quarto de Brady, correndo desesperada por consolo.

–Brady. – Choraminguei, deitando-me ao seu lado.

Ouviu um gemido, seguido por um xingamento. No entanto ele nem se dignou a abrir os olhos.

–Brady! – Chamei de novo, engolindo o nó em minha garganta.

–Ally. – Brady murmurou meu nome assustado e abriu os olhos lentamente, transbordando sua preocupação iminente. – O que aconteceu macaquinha?

–Um pesadelo… foi horrível. Me abraça macaquinho. – Pedi, puxando seus braços para mim. Aconcheguei-me em seu peito e fechei os olhos, sendo embalada pela sua voz, que repetia vezes e vezes sem conta Está tudo bem. Foi só um pesadelo. Está tudo bem!

–Você precisa de alguma coisa pequena? – Ele perguntou depois de longos minutos.

–Preciso.

Brady me apertou um pouco mais e deu voz à sua preocupação:

–Do que você precisa macaquinha? Eu faço qualquer coisa para te ver bem. – Me derreti com suas palavras carinhosas.

–Qualquer coisa? – Perguntei, fungando.

–Qualquer coisa. – Concordou, sem hesitar.

–Conta pra mim como foi seu dia. – Pedi, fuçando em seu sovaco com meu nariz. Eu sei que pode parecer nojento, mas o meu irmão tem os sovacos mais cheirosos do mundo. Dá até inveja.

–No que isso vai te ajudar? – Ele perguntou confuso.

–Eu preciso que você fale de um assunto que não me dê interesse nenhum, para que assim eu fique entediada e pegue no sono mais depressa. – Esclareci, segurando a risada. Eu só queria ver a cara de indignação dele. Era só disso que eu precisava para voltar a dormir feito pedra.

–Você é insuportável. – Ele rezingou, rindo baixinho. Ele me conhece bem, por isso sempre soube o que eu pretendia desde o início.

–Assim não vale. – Reclamei, fazendo beicinho.

–Pronto. – Ele me olhou divertido e por fim fez a sua melhor careta de indignação. Tive que rir, era hilário ver o meu irmão se esforçando para me agradar.

–Obrigada. – Murmurei, satisfeita com seu desempenho.

–De nada.

–Te amo macaquinho. – Murmurei mais uma vez, sentindo o peso das minhas pálpebras obrigar meus olhos a se fecharem.

–Também te amo macaquinha.

POV Austin

Minha cabeça estava pesada e os meus olhos pareciam estar colados, pois eu não os conseguia abrir por nada deste mundo. Ou talvez eu só não os quisesse abrir. Porém uma pontada insistente nas minhas costas me obrigou a despertar.

Sentei-me na cama rosnando por ter sido acordado no meio do meu sono de beleza. Tá bom, eu não disse isso. Esqueçam o que eu falei!

Esfreguei meus olhos pesados, piscando freneticamente até enxergar alguma coisa como deve ser. E então meu olhar recaiu sobre o desgraçado que me acordou.

–Brady seu imbecil! Porque você me acordou? – Grunhi ainda mais furioso por ver o sorriso de satisfação de Brady.

–Alguém acordou com os pés de fora. – Cantarolou ele, baixinho para não acordar Riker e Dez. Lancei-lhe o meu pior olhar e ele riu. – Calma loiro. Eu só vim avisar que minha irmã está lá no meu quarto, por isso se você quiser aproveitar para ficar alguns minutinhos com ela, esteja à vontade. Eu sei que vocês estão namorando escondido, por causa de Riker. E apesar de eu não concordar com isso, vou apoiar vocês.

Apesar de suas palavras e seu apoio serem importantes pra mim, não liguei muito para o isso no momento. A menção da presença da minha pequena, a poucos metros de distância, me fez pular da cama feito louco e correr para o quarto ao lado sem olhar para trás. Pude escutar as risadas abafadas de Brady atrás de mim, caçoando do meu desespero por ver Ally.

Já dentro do quarto dele, meus olhos caíram automaticamente na figura esbelta deitada na cama e me aproximei devagar para não acorda-la. Ajoelhei-me ao seu lado e inspirei seu perfume inebriante.

–Vou tomar banho. Juízo loiro! – Ouvi Brady murmurar e depois escutei o som de uma porta batendo, por isso presumi que fosse a porta do banheiro, já que não consegui desviar os olhos do anjo à minha frente para confirmar.

Acariciei seu braço descoberto, sentindo a maciez de sua pele sensível e beijei seus lábios com carinho, distribuindo depois pequenos beijos por todo o seu rosto.

–Bom dia marrentinha. – Sussurrei, contemplando o lindo sorriso que ia surgindo no rosto de Ally.

–Bom dia loirinho. – Ela falou com a voz embargada e mais rouca que o habitual.

Massageei suas bochechas com o polegar e esperei – bem ansioso – que ela abrisse os olhos. Ver aquelas duas orbes luminosas e de uma cor de castanho único, logo de manhã, é o melhor incentivo que existe para um dia repleto de boa disposição.

Pisquei surpreso quando ela deixou um beijo na ponta do meu nariz, normalmente sou eu quem faz isso. E então finalmente seus olhos se abriram serenamente.

–Seu cabelo está horrível. – Disse ela soltando uma risadinha contagiante.

Seus dedos escorregaram pela minha nuca e delicadamente ela foi ajeitando cada um dos meus fios loiros. Observei-a encantando por vê-la tão concentrada.

–Linda. – Murmurei, meio que em modo automático.

–É você. – Respondeu ela com um sorriso carinhoso.

–Ah eu sou linda? – Brinquei apertando a pontinha do seu nariz. Eu tenho uma séria obsessão com o nariz dela… não me julguem.

–Agora é você quem merece um tapa na bunda por estragar minha declaração de amor. – Ela resmungou, piscando os olhos sonolentos e fazendo beicinho, enquanto virava o corpo para o outro lado, para ficar de costas pra mim.

Deitei na cama do seu lado e passei um dos braços em torno dela, querendo grudar ainda mais nossos corpos.

–Desculpa pequena. – Falei baixinho, apertando os lábios para não rir da birra infantil dela.

Ela virou-se de frente pra mim, ainda carrancuda e falou:

–Só se você me der um beijo. – Chantageou, escondendo o sorriso sapeca. Acho que ela ainda não entendeu que seus olhos são a porta para o seu coração. Por mais que ela tente esconder os seus sentimentos, seus olhos revelam sempre a verdade.

–Não quero. – Neguei, torcendo o nariz e ela me olhou surpresa.

–Não quer? – Ela perguntou com aquela carinha de “Eu ouvi bem? É isso mesmo?”

–Não. – Neguei de novo.

–Então vá se foder loiro desgraçado. – Gritou ela, levantando da cama e passando – literalmente – por cima de mim.

Levantei também e a agarrei com força, prendendo-a em meus braços.

–Eu não quero um beijo…. Eu quero muitos beijos. – Expliquei.

Louco por sentir o sabor de seus lábios, ataquei sua boca assim que ela virou o rosto para me olhar. Seu beijo logo de manhã era como um balde de água fria que obrigava cada músculo, cada célula do meu corpo a acordar. Só que em contra partida é bem mais prazeroso. Agarrei seus cabelos e puxei delicadamente sua cabeça para trás, ganhando fácil acesso ao seu pescoço. Deslizei meus lábios, em linha reta, desde sua clavícula até alcançar de novo sua boca. Meu coração colidia contra o peito e eu me perguntava se Ally conseguia ouvir as suas batidas. Suguei seu lábio inferior e gemi quando sua língua perversa serpenteou em meus lábios, em busca de uma oportunidade para invadir minha boca. Inspirei o ar que podia a cada brecha no molde perfeito dos nossos lábios. Não havia Riker, Cassidy, Kira, não havia escola, não havia mundo pra mim, enquanto eu a beijava. Quando eu estou com ela o mundo se resume a somente nós os dois.

–Eu… preciso… respirar. – Ela disse ofegante, separando nossos lábios.

Ela tentou se afastar, mas eu impedi-a empurrando seu corpo contra a porta do banheiro, não ligando para o facto de Brady estar lá dentro. Eu não estava em mim, meu subconsciente pervertido ficava repassando as imagens da nossa noite de amor, vezes e vezes sem conta, e quando dei por mim já estava pegando Ally pelo quadril, fazendo suas pernas envolverem minha cintura e suas mãos apoiarem-se em meus ombros. Olhei em seus olhos com fervura e lambi seus lábios carnudos, sentindo o sabor – ainda desconhecido – de sua boca. Ally travou a respiração e pude sentir a leve vibração que fez todo o seu corpo estremecer. Minhas mãos deslizaram por suas coxas, apertando cada pedaço de pele exposto. E quando as coisas começaram a evoluir para outro patamar, senti meu corpo inclinar para a frente e ouvi o grito de Ally antes mesmo de conseguir perceber o que aconteceu.

–Ai meu deus, acho que quebrei a bunda. E as costas, e possivelmente quebrei também todos os restantes ossos do meu corpo. – Ally disse, intercalando as palavras com gemidos de dor.

Franzi a testa ao perceber que estava no meio do chão, por cima do corpo de Ally. A garota estava de olhos fechados, xingando tudo e todos. E olhem que o vocabulário dela tem uma vasta extensão de insultos. Olhei em volta desnorteado e me deparei com Brady vermelho de tanto rir. Rir da nossa tragédia.

–Esse foi o melhor momento da minha vida. – Admitiu o garoto, rindo cada vez mais. – Eu falei pra tomar juízo loiro.

–Ah seu idiota. Sua irmã se machucou, sabia? – Reclamei.

–Quem mandou vocês ficarem se agarrando no meu quarto?! Foi bem feito.

–Até parece que você não faz o mesmo com a Rydel. – Falou Ally, empurrando levemente meu peito para me afastar. – Andou comendo ração pra cavalo loiro? Tá ficando pesado. – Ela brincou, pouco se importando com a presença de seu irmão.

Seus olhos estavam semi abertos e seus dedos percorriam cada linha da minha mandíbula, acariciando-a com a ponta das unhas.

–E você tá ficando muito engraçadinha. – Acariciei seu rosto e mordi seu pescoço.

–Olha as indecências que você faz com a minha irmã. Sai de cima dela loiro. – Grunhiu Brady, puxando meu braço para me afastar de Ally.

Ambos ajudamos Ally a se levantar, já que a garota se recusava a sair do chão, argumentando estar com a bunda estraçalhada. . Na minha opinião aquilo era tudo manha para receber carinho, mas como eu tenho amor à minha vida não vou contraria-la.

–Bom é melhor eu ir para o meu quarto. Daqui a pouco todos vão acordar e eu não quero arriscar ser pega. Até já gente. – Explicou Ally, dando um beijo na bochecha de Brady e um selinho nos meus lábios.

–Porque você dormiu aqui? – Perguntei curioso.

Ela olhou pra mim e depois para Brady. E então respondeu:

–Saudades do meu maninho.

Sem dizer mais nada, ela caminhou até à porta, mas antes de sair do quarto se voltou para Brady, com um verdadeiro sorriso sacana. Ela vai aprontar.

–Ah e macaquinho, não precisa se preocupar. – Disparou, deixando Brady e eu confusos. – As indecências de Austin comigo já estão além dos beijinhos no pescoço. Pergunta pra ele.

E com a maior cara de ingenuidade, ela saiu do quarto e me deixou numa situação, para lá de embaraçosa.

Brady seguiu até à outra ponta do quarto, esfregando os cabelos com velocidade. E por fim me olhou sem demonstrar qualquer expressão.

–Você e ela já… você sabe?! – Perguntou ele, gesticulando com as mãos para não ter que dizer a palavra certa.

–Sim. – Admiti, mais nervoso do que devia.

–Você tratou ela com respeito? – Ele quis saber, fuzilando-me com o olhar ainda antes de obter minha resposta.

–Respeito e carinho.

–Foi no sábado não foi? – Ele perguntou desconfiado.

–Foi. – Me limitei a concordar. Não era necessário ele saber que também aconteceu no domingo.

–Austin senta aqui. – Ele pediu com educação, mas eu senti como se não tivesse escolha.

Ambos sentamos lado a lado na ponta da cama, olhando para todos os lados menos um para o outro.

–Quais são as suas intenções com a minha irmã?

–As melhores. Você sabe que eu gosto muito de Ally… amo-a para ser mais exato. – Admiti, olhando-o pelo canto do olho.

–Acho bom mesmo. – Ele fez uma pausa e agarrou minha camisola, puxando me para mais perto. – Porque eu também amo a minha irmã. E se você machucar ela, eu arranco seus cabelos loiros, um por um.

–E eu digo o mesmo. Se você machucar a MINHA irmã… eu não arranco somente os seus cabelos, eu arranco bem mais que isso. – Grunhi, fazendo-lhe frente.

–Ainda não aconteceu nada entre nós. – O garoto admitiu, envergonhado.

–Eu sei.

–Rydel falou com você? - Perguntou ele confuso.

–Não, mas eu ouvi ela conversar com as garotas sobre isso.

Nitidamente desconfortável, Brady decidiu levar o assunto para outra trajetória.

–Então? Onde aconteceu o ato sexual? – Brady perguntou dando um leve soco no meu ombro.

Dou um sorriso divertido e me lembro de aproveitar o momento para me vingar da pequena brincadeira que Brady tinha feito anteriormente. A vingança é doce!!!

–No seu quarto… na sua cama. – Olhei pra ele e reprimi a risada, preparando-me para o chilique.

–O quê?!?! – Ele gritou espantado, pulando da cama para ficar de frente pra mim.

–É isso mesmo. E deixa eu te falar que a sua cama é ótima. Sobe e desce que é uma maravilha. – Gargalhei histericamente.

–Filho da puta! – Brady falou, andando de um lado para o outro com cara de horrorizado. – Vou ter que desinfetar aquilo tudo. Que porra Austin! Vou matar vocês dois. – Ele disse todo nervoso, o que me fez rir ainda mais. – Você está brincando não é? Austin…

–Talvez sim… talvez não. – Falei com ar misterioso e saí do quarto gargalhando.

Continua


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Notas finais do capítulo

POV Austin... quem tinha saudade? E então? O que é que acharam? Próximo capitulo vai ter briga, mas vocês decidem... será Ally vs Kira ... ou... Ally vs Cassidy. Deixem a vossa escolha nos comentários!

Amo vocês ♥
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Beijinhos... favoritem e se amam muito essa fic, recomendem ♥♥♥



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