Sabe aquele momento em que todo mundo olha para você, e você olha para todo mundo, e todo mundo olha para todo mundo? Se você nunca passou por isso, experimenta chegar na sua festa surpresa beijando um cara. Te juro que fica um clima bem constrangedor.

–Hum... Surpresa... –disse Gabriel mexendo as mãos no ar, com um sorriso afetado no rosto. Olhei para Enzo e ele estava mais vermelho do que uma pimenta. Alguns convidados estavam rindo, outros (garotas principalmente) me olhavam como se fossem pular no meu pescoço e gritar: Ele é meu!

–Então você dois em? Arrasa amiga! –disse a voz do Rafa no meio da multidão, e todos caíram na risada.

A música foi ligada e eu continuava estacada no chão, algumas pessoas começaram a se mexer e começar a dançar, deixando eu e Enzo parados ali. Me virei para ele.

–Você sabia disso? –sussurrei para ele, eu não estava brava só... desconcertada.

–Juro que não. –respondeu ele erguendo as mãos no ar, em sinal de rendimento.

–Culpado! –escutei a voz de Gabriel atrás de mim, me virei e o encontrei com um copo de cerveja na mão, e com um sorriso brincalhão no rosto, eu tinha vontade de pular no pescoço dele e arrancar seus olhos, mas eu também queria pular no seu pescoço e o agradecer até ter quarenta anos... Okay, talvez não tanto. Mas eu estava feliz por ele ter se dado ao trabalho de fazer isso por mim.

Sabe aquela sensação de felicidade mas ao mesmo tempo de... Cara o que é isso? Um garoto estava em cima da mesa dançando feito um gato que teve uma injeção de adrenalina, ele dançava... ou melhor, ele se sacudia como alguém que estava tendo um ataque epilético, até que Gabriel foi até ele e o arrastou porta afora, antes que ele começasse a.... Sei lá, tirar as roupas? Então eu pensei se era assim que eu estava dançando na última festa que eu fui e acabei dançando na mesa...

–Eu não estava dançando assim estava? –perguntei de sussurro para Enzo, que estava parado ao meu lado.

–Não... –disse ele e começou a rir, muito, parecia que eu havia contado a piada do ano. –Vamos lá... Vamos dançar. –completou ele, me puxando para o ‘centro de vida’ daquela festa, que na verdade era a sala de estar.

***

Já fazia umas três horas que eu havia chegado, já passava dá uma da manhã, quando a porta de entrada abriu novamente. Mostrando a cara de tacho de meu pai e Camile, que tentava segurar o riso.

–Todo mundo para fora agora! –gritou o meu pai para todos. –Agora! –completou quando ninguém se mexeu, e então foi um mar de adolescentes saindo porta afora. Restando Gabriel, Eu e Enzo.

Assim que todos saíram meu pai olhou para nós e colocou as mãos na cintura. Falei a primeira coisa que apareceu na minha cabeça.

–Feliz aniversário para mim!