Sentada naquele banco, cercada por paredes brancas, eu estava desesperada, já não existia mais unhas na minha mão para contar história, e minhas pernas tremiam. Eu já não aguentava mais a voz irritante daquela recepcionista: “Só familiares podem entrar! ” Que vontade de pular no pescoço dela eu tinha... Sr. Howell, pai de Enzo apareceu no corredor. Corri até ele.

–Como ele ta? –perguntei sem nem esperar ele chegar mais perto, ele era alto, com os mesmos olhos e cabelos de Enzo, era daí que Enzo havia puxado a beleza.

–Ele já ta no quarto, Uma perna quebrada e um braço fraturado, dentre outras fraturas pequenas. –disse ele passando o braço pelos meus ombros e me conduzindo até as cadeiras. Suspirei, pelo menos ele não estava morto.

–Quando eu vou poder ver ele? –perguntei, Gabriel havia ido embora a quase uma hora, queria tomar banho e trocar de roupa, eu já estava aqui a quase quatro horas.

–Logo querida, ele ta dormindo agora. –disse Sr. Howell com um sorriso cansado.

–Porque o senhor não vai para casa dormir um pouco? Eu fico aqui. –disse eu com um sorriso para ele, que pareceu pensar na ideia.

–Qualquer coisa me ligue. –disse após vários minutos, se levantou e seguiu para fora do hospital, eu me levantei e fui para o banheiro. Olhei meu reflexo, eu estava demolida, meus cabelos estavam cheios de areia, já que eu havia corrido até Enzo quando ele caiu, e me sentado ao seu lado, meus olhos estavam cheios de olheiras, e meu corpo estava demolido.

Voltei para o saguão, até que uma enfermeira veio e me disse que Enzo havia acordado, quando passei pela secretaria, mostrei a língua para ela, “só familiares... Segura essa! ” Dizer que Enzo estava mal era uma grande mentira, ele estava era destruído, seu rosto lindo e jovem, havia envelhecido cerca de trinta anos em quatro horas.

–Oi. –disse eu fracamente, quando a enfermeira saiu, Enzo ergueu seus olhos para me ver e deu um sorriso franco.

–Você está horrível. –disse ele, com a voz rouca e baixa.

–Quem falando. –bufei e ele sorriu, mas logo se contorce um uma careta de dor.

–Fico feliz que está vivo. –digo eu e me sento na cadeira ao lado de sua cama.

–Eu havia prometido, lembra? –disse ele e eu me lembrei da primeira competição dele em que eu havia ido, quem diria que fazia uma semana arressem?

–Claro que sim. –disse eu, com a voz meio chorosa, e peguei sua mão, que descasava na cama, seguei-a forte, e dei um aperto, e pude sentir ele tentando retribuir, porém, o aperto não passou de uma simples mexida de um dedo.

Gabriel apareceu no quarto e viu nossas mãos dadas e sorriu.

–Finalmente! –gritou e começou a fazer uma dancinha terrível. Enzo tentou sorrir, pelo menos eu acho que era para ser um sorriso.

***

Eu passei quase dois dias, que era sábado e domingo, indo e vindo entre minha casa e o hospital. Até que Enzo ganhou alta, no domingo à noite, ele saiu do hospital de cadeira de rodas, e o Sr. Howell disse que era para mim ir visitar ele na sua casa, quantas vezes eu quiser, mas eu não sei bem o motivo, mas eu só ia lá quando Gabriel ia comigo, não que eu não queria ficar sozinha com Enzo, mas era que eu... Estava com medo do que poderia acontecer se eu me aproximasse mais dele. Então eu passei quase uma semana, da escola para casa, da casa para a escola, eu havia voltado a ser aquela nerd total.

Até que em uma segunda feira, quase duas semanas depois, Gabriel parou o carro na frente da casa do Enzo, e ele entrou, já não estava com o gesso na perna, mas ainda tinha dificuldades para caminhar, e seu rosto ainda estava cheio de machucados.

–Oi. –disse ele, fracamente, para mim.