–Arrundall é um reino muito bonito. - Raina disse assim que o silêncio se tornou constrangedor, ainda mais pelo modo como eu a olhava.

Odiava admitir, mas estava fascinado. Algo nela havia me prendido.

–Ah sim. - disse e pisquei confuso tentando me orientar. - Gostaria de sentar?

–Claro. - ela disse e nos encaminhamos para o sofá.

–E então princesa Raina, o que gosta de fazer? - fiz minha pergunta “padrão” já esperando pela resposta “padrão”.

–Gosto de tocar piano e escrever música. Minha baba diz que toco divinamente. - ela sussurrou entrelaçando as mãos nervosa.

Aquilo era interessante, finalmente eu não seria o único naquela casa que sabia tocar piano.

– O que gosta de tocar? - questionei curioso.

–De tudo um pouco. Mozart, Vivaldi, Bethoven, Debussy e algumas músicas de bandas atuais.

–Adoraria ouvi-la tocar.

–Adoraria tocar para você. - ela disse suave e corou assim que nos vimos.

–Sabe, eu gosto de sair para dançar a noite com meus amigos, e você sai muito? -questionei tentando mudar de assunto para não deixa-la mais envergonhada.

–Sair à noite?!- ela questionou confusa.

–É, ir para a balada. Dançar ao som de música eletrônica em uma boate com jogo de luz. - disse animado e saudoso, afinal fazia um bom tempo que eu não fazia isso.

–Acho que parece ser divertido. - ele disse sem jeito. - Nunca fui á lugar desses, meu pai não me deixa sair muito. Passei a minha vida toda trancada no palácio de Zarah. Arrundall é o primeiro reino que vejo sem ser o meu.

–Por que seu pai fazia isso?! Certo que você é uma princesa, mas não devia viver trancada em uma torre como a Rapunzel. Que tipo de pai é esse?!- questionei confuso.

Raina não tinha jeito de que aprontava, ela parecia mais uma garota frágil e tímida do que uma qualquer. Então, por que seu pai a deixava trancada?!

Nem eu ou meus irmãos quando aprontávamos não ficávamos enclausurados do mundo, e olha que não erámos santos.

–Por que ele faz isso com você? Por que você aceita isso? - questionei indignando.

–Acho que ele quer me proteger das pessoas que podem me machucar, e aceito isso por que ele é o meu pai e jamais iria contra ele. - ela disse suave e fiquei com pena dela.

–Se você se cassasse comigo pelo menos seria livre. - disse sem pensa e ela sorriu.

–Um casamento sem amor é a pior das prisões príncipe Lorenzo. - ela disse sabia e pisquei chocado.

Como alguém que não tinha vivido tudo o que vivi poderia ser mais sabia do que eu?!

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–E então, o que você achou dela? - Arabella questionou assim que entrei no meu quarto.

–Ela é ...- disse sem saber como terminar a frase.

–Especial. - ela disse e concordei enquanto me sentava em minha cama.

–Ela não é vazia e fútil como as outras. O que é encantador, e a simplicidade dela é incrível. - disse maravilhado e ela sentou ao meu lado sorrindo.

–Eu gostei dela. Raina seria uma boa esposa para você.

–Claro que não Bella, somos diferentes. - desconversei, afinal eu gostava de outra.

–Você é cego Enzo?! Papai e mamãe são como água e óleo, e veja só, estão juntos há 24 anos. Os opostos se atraem. - ela disse e sorri alto.

–Olha quem fala. Se fosse por isso você e nosso “primo” o príncipe de Mônaco já estariam casados. - provoquei e ela fechou cara.

–Ian não é nosso primo. E além do mais ele é um idiota convencido. E jamais me interessaria por alguém como ele.

–Não foi o que pareceu quando vi vocês dois no maior amasso no seu aniversário de 20 anos.

–Você sabe mesmo como acabar com meu dia não é?!- ela reclamou e saiu batendo a porta com força.

Enquanto eu suspirava e me deitava na cama pensando no encontro que tive.

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Estava indo em direção ao salão de jantar quando escutei as vozes de Lyssa e Raina no quarto da minha irmã e fui até lá.

As duas estavam sentadas no chão brincando de casinha o que me fez sorrir.

–Eu gosto de você Raina. - Lyssa disse de repente e Raina sorriu.

–Eu também gosto de você Lyssa.

–Espero que Enzo e você se casem, assim você vai poder brincar sempre comigo. - ela disse feliz e sorri.

–Lyssa, se isso não acontecer continuarei gostando de você e brincarei com você sempre que vier visita-la.

–Você promete?

–Prometo. - Raina disse e minha irmã a abraçou forte.

Quem era aquela garota que prometia algo que sabia que não poderia cumprir?! Por que vivia trancada em uma torre, mas mesmo assim ela deu sua palavra a minha irmã.

Definitivamente Raina era generosa, especial, única e encantadoramente linda.

O que me deixava confuso, pois sempre que ficava perto dela meu coração acelerava. Definitivamente algo estava acontecendo, e eu não fazia ideia do que era.